A libertação do Afeganistão

Basta de férias, tenham vergonha! É tempo de voltar ao trabalho. Começa aqui uma nova época de Informação Incorrecta, com música, gastronomia, concursos, hospedes internacionais e muitas orações, como do costume.

A propósito: Covid ou Afeganistão? Comecemos com algo exótico, vamos com a guerra de libertação no Afeganistão. Porque disso tratou-se.

 

A libertação do Afeganistão

Não gostamos dos Talibãs? O Leitor não sei, eu pessoalmente não gosto. Mas o conto dos poucos “revoltosos” que em dez dias conquistam um inteiro País contra a vontade dos habitantes não convence: estamos a falar de mais de 30 milhões de indivíduos, estamos a falar de forças de seguranças governamentais organizadas e treinadas pelas Americanos ao longo de 20 anos. Mal equipados, numericamente inferiores, os Talibãs conseguiram o sucesso só com o apoio popular, o que explica também um exército regular que derreteu-se como neve ao sol.

Pelo que podemos não gostar de Talibãs e afins, mas são eles os legítimos donos daquele território e agora, após 20 anos de ocupação estrangeira, podem finalmente decidir qual o futuro do País deles.

Do outro lado temos uma nova derrota dos Estados Unidos, mais uma após os fracassos no Iraque, na Líbia, na Somália, na Síria… Começa a ser complicado manter as contas em dia: é isso que dá exportar a democracia em Países que não a querem. Mas esta é uma derrota um pouco diferente, mais pesada e não acaso muitos evocaram o espectro do Vietname. Há geopolítica, há petróleo, há drogas, há o “terrorismo”… Mas vamos com ordem, pode ser?

Os Talibãs, como afirmado, podem ser não apreciados do ponto de vista religioso, social e cultural, apesar de, em parte, tudo isso ser também mistificado e caluniado até ao extremo pela propaganda ocidental. Aquela propaganda que neste momento caiu no desespero através de órgãos de comunicação que choram a “queda” da civilização ocidental no Afeganistão. Aquela mesma propaganda que nem um pio dedicou ao longo de vinte anos sobre o extermínio que tem custado dezenas de milhares de mortos, nunca contados porque os mortos do inimigo não devem ser contados. Provavelmente nunca iremos saber quantas famílias, quantas mulheres, quantos filhos, quantos casamentos, quantas casas foram arrasadas até ao chão, destruídas e pulverizadas pelas bombas americanas e por aquelas da Nato.

Um crime que durou 20 anos e que nasceu de uma gigantesca mentira, como aquela que tinha servido para justificar o assalto e a destruição do Iraque. Se no caso de Saddam Hussein a desculpa tinham sido as armas de destruição maciça, obviamente nunca encontradas, no caso do Afeganistão tudo começou com o 11 de Setembro de 2001: um atentado no qual nenhum afegão participou e cuja alegada “mente” (aquele Osama bin Laden formado pela CIA) foi depois (supostamente) encontrado no Paquistão.

A verdade era bem outra, nunca confessada: controlar o Afeganistão significa controlar as vias de acesso ao coração do mundo, ficar na fronteira da Rússia, da China, do Irão, perto da Índia. Significa pôr as mãos na maior produção planetária de ópio. Significa trânsito de gás e de petróleo. Estas as razões pelas quais o Afeganistão estava na mira dos neocons.

A organização Al Qaeda, uma invenção da CIA liderada por Osama bin Laden (provavelmente um agente duplo dos americanos), forneceu o pretexto para uma invasão supostamente contra as actividades terroristas. Na realidade: uma deliberada agressão contra um País soberano.

 

Petróleo e gás

 

Petróleo, dizíamos. E gás também. Já antes de 2001, os EUA tinham tentado convencer os Talibãs a aceitar a construção do Gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia (também conhecido como Duto Trans-Afeganistão, TAP ou TAPI), obtendo reposta negativa. Líder do projecto era uma das companhias petrolíferas mais importantes da América do Norte, a Unocal Corporation, na qual convergiam os interesses tanto da família de Bush quanto da família de Osama Bin laden (lembram-se do único avião que na noite entre 11 e 12 de Setembro de 2001 foi autorizado a abandonar o espaço aéreo dos EUA? Lembram-se de quem transportava de volta apara a Arábia?).

O gasoduto fazia parte dum projecto de maior alcance: a ideia era ligar a Ásia Central ao Oceano Indico, portanto conectar as reservas de hidrocarbonetos de Uzbequistão, Tagikistão, Cazaquistão através duma passagem pelo Afeganistão até chegar ao porto de Karachi, no Paquistão. Mas para isso era necessário também desestabilizar alguns Países da área, sobretudo aqueles onde maior era a resistência ao projecto: nasce assim o clima de constante tensão na faixa que já engloba não apenas o Médio Oriente (o caso do Irão e o mais recente da Síria) como também alguns Países da antiga União Soviética (Arménia, Azerbaijan, Kyrgyzstan, Tajikistan, Uzbekistan), o Paquistão e o Afeganistão, sem esquecer a “Revolução Açafrão” de 2007 em Myanmar.

A ideia é simples: “aquecer” para depois “normalizar” aquela faixa do planeta que detém grandes reservas de hidrocarbonetos e/ou que se encontra na relativa via de trânsito, também para permitir que Washington consiga infiltrar-se mais ou menos estavelmente no coração da maior massa continental do planeta. Este é o sentido dos “valores ocidentais” que continuam a ser impingidos em regiões que com os nossos valores não sabem o que fazer.

Drogas

 

Já muito foi dito acerca do crescimento exponencial do cultivo do ópio após a ocupação dos Estados Unidos, num País que com os Talibãs tinha conseguido erradicar uma tradição milenária. Para saber mais:

Portanto seria supérfluo acrescentar algo a não ser uma nota curiosa: até poucas semanas atrás, Washington controlava o mercado mundial da cocaína e do ópio através da ocupação dos maiores produtores, a Colômbia no primeiro caso e o Afeganistão no segundo. Obviamente tudo não passa dum mero acaso.

 

Democracia

 

Como sempre, os nossos crimes são disfarçados sob o pretexto das boas intenções porque nós somos bons. Os outros é que são maus. Invadimos um País soberano como o Afeganistão? Sim, mas é explicado que isso foi para o bem nosso (luta ao terrorismo) e dos afegãos que viviam numa realidade que desconhecia os valores democráticos. O primeiro ponto é clamorosamente falso, mas o segundo?

É verdadeiro: o Afeganistão nunca foi um País democrático (nem durante a ocupação ocidental, verdade seja dita) e, após a derrota ocidental, tornou a ser aquilo que era. O mesmo aconteceu no Iraque ou na Líbia, por exemplo. Porque, pasmem-se!, é possível viver sem democracia. Isso é inconcebível aos olhos das massas ocidentais, devidamente formatadas já a partir da época escolar.

Mas se a instrução fosse uma coisa séria, hoje não teríamos dificuldades em reconhecer que a exportação dos “valores ocidentais” é a repetição da conversão forçada actuada durante a época das Descobertas e a conseguinte colonização de América, África e Ásia. Na altura, a Europa tinha que converter os “selvagens” porque detentora da “verdadeira” e “única” fé; hoje é todo o mundo “democrático” que tem que converter os “atrasados” para o “verdadeiro” e “único” regime político admissível.

Há séculos enviavam-se os missionários devidamente escoltado pelos soldados, hoje as tropas abrem a estrada para legiões de burocratas, ONGs e empresários que tentam implementar aquela abstracta entidade que chamamos de “valores ocidentais”. A História repete-se, como sempre acontece. E nós não temos memória disso, como sempre.

 

Recursos históricos

 

Mas dá para ficarmos consolados: não somos os únicos sem memória. Toda a operação dos EUA e da NATO tem sido um total esquecimento do passado. E, paradoxalmente, são os americanos os que mais deveriam saber o que significa invadir e tentar controlar o Afeganistão. Em 1979 a então União Soviética já tinha tentado implementar os seus valores pseudo-comunistas com resultados terríveis: 10 anos de guerra, mais de 14 mil soldados mortos, uma retirada inglória. Doze anos depois foi a vez da tentativa americana: 20 anos de guerra, mais de 12 mil mortos contando os homens de Washington e da Aliança Atlântica, os contractors privados e os óbitos entre as fileiras do remendado exército governamental afegão. E a mesma retirada inglória (e caótica).

Será que no Pentágono alguém achou que, sem as armas fornecidas pelos ocidentais (como durante a ocupação soviética), a resistência não teria conseguido aguentar-se? Talvez. Ou talvez não: a guerra é sempre um bom negócio.

 

Os Talibãs

 

Mas afinal, quem são estes Talibãs? Eis um breve retrato encontrado no site do grupo Sky, que como fonte provoca gargalhadas mas que dá para ter uma vaga ideia (em futuro veremos de ter material mais sério):

O termo “taliban”’ em língua Pashtu (a segunda língua mais falada no Afeganistão e também difundida no Paquistão) significa “investigador”’ ou “estudante”. O movimento, nascido durante a década de ‘90 na madrasse, escolas corânicas paquistanesas, foi oficialmente formado em 1994 em Kandahar, a segunda cidade afegã, com Mullah Mohammed Omar à cabeça, antigo combatente entre os Mujaheddin islâmicos na guerra entre o Afeganistão e as tropas soviéticas que ocuparam o País entre 1978 e 1989.

Os Talibãs nasceram com o desejo de restabelecer o equilíbrio no Afeganistão após a retirada do exército soviético e com o objectivo de implantar nos territórios conquistados um estilo de vida baseado na interpretação mais ortodoxa da Sharia, a lei islâmica, com execuções públicas para aqueles que desobedeceram aos preceitos religiosos, a obrigação da burka para as mulheres e da barba para os homens [porque segundo Sky estas são as principais características da ortodoxia islâmica…, ndt].

Os Talibãs organizaram-se rapidamente em milícias. Após a conquista de Kandahar em 1996, tomaram também Cabul, parcialmente apoiada pela população por se terem imposto como substitutos do governo através de planos de recuperação económica e reconstrução das infra-estruturas destruídas durante a guerra com a União Soviética.

O Emirado Islâmico do Afeganistão foi assim fundado que, em poucos anos, passou a controlar quase todo o País – com excepção de algumas regiões do nordeste – sem um líder político semelhante ao das democracias ocidentais, mas sob a orientação do Mullah Mohammed Omar. O Paquistão, os Emirados Árabes e a Arábia Saudita foram os únicos Estados do mundo a reconhecer a legitimidade do Emirado e a apoiá-lo com dinheiro e ajuda humanitária. Segundo muitos peritos, o exército talibã ainda é financiado pela Arábia Saudita. […]

Os Talibãs rejeitam a ideia de eleições e de estruturas democráticas. Os cidadãos afegãos que colaboraram com a diplomacia internacional, os meios de comunicação ocidentais e os exércitos de outros países são considerados “traidores”. Quando chegaram ao poder nos anos ‘90, os Talibãs proibiram o cinema, a música e a televisão. As mulheres – que não estavam autorizadas a ter relações com homens excepto com o seu pai, marido ou outro membro da família – estavam proibidas de conduzir desde carros a bicicletas, de usar maquilhagem ou joias.

Em 2001, os Talibãs destruíram as estátuas de Buda de há dois mil anos esculpidas na rocha do vale de Bamiyan [e esta foi mesmo uma bestialidade, ndt], apesar dos apelos da comunidade internacional para não o fazer devido ao seu valor histórico e cultural: a interpretação da lei islâmica pelos Talibãs proíbe qualquer representação de “ídolos”.

Os líderes talibãs fugiram para o Paquistão, para Quetta, na região do Belucistão. Ao longo dos anos, o grupo continuou a recrutar combatentes e organizou-se de forma descentralizada, conseguindo continuar a ter influência em muitas áreas afegãs. […]

Após a morte do Mullah Mohammed Omar, anunciada em 2015 mas datada de 2013, os Talibãs foram liderados por Akhtar Mansour, que foi morto por um drone americano no Paquistão em 2016, e por Hibatullah Akhundzada, o actual líder e chefe da Justiça durante os anos do Emirado. […] Nascido em Kandahar, filho de um teólogo, Akhundzada manteve juntos os militantes envolvidos em lutas internas pelo poder após a morte de Mansour.

Outra figura importante é Abdul Ghani Baradar, combatente contra os soviéticos nos anos ‘80 e co-fundador dos Talibãs juntamente com Mohammad Omar. Durante os seus cinco anos no Emirado, ocupou cargos militares e administrativos, incluindo o de Vice-Ministro da Defesa. Preso em 2010 em Karachi, Paquistão, foi libertado em 2018 sob pressão dos EUA. Após a assinatura dos Acordos de Doha, foi nomeado chefe do gabinete político dos Talibãs. Ele seria um dos candidatos mais prováveis à presidência do novo governo.

Também no poder está Siraj-ud-din Haqqani, líder da rede Haqqani, fundada pelo seu pai e considerada uma das facções mais perigosas para as tropas da NATO durante as décadas de missão militar. O chefe da comissão militar que estabelece as linhas estratégicas contra o governo afegão é Mullah Yaqub, filho de Mohammad Omar.

Segundo os peritos americanos, os Talibãs têm pelo menos 60.000 combatentes armados activos, que poderiam aumentar para 200.000 com o recrutamento de outras milícias ligadas às guerras locais. A estes devem juntar-se 10.000 combatentes estrangeiros, na sua maioria paquistaneses mas também provenientes de vários países da Ásia Central, do Uzbequistão ao Turquemenistão, bem como de grupos de chechenos e uigures da China.

São estes os Talibãs? Não propriamente. Na verdade é muito difícil dizer agora que são de verdade os “novos” Talibãs. Parecem certamente muito mais moderados e unidos e “para já prometem, entre outras coisas, respeito pelos direitos das mulheres e das minorias, negando também qualquer próxima retaliação contra aqueles que tomaram o outro lado nos últimos anos.

Sabemos que os Talibãs são uma espécie de galáxia com profundas diferenças de pontos de vista, interesses e visão religiosa. Como vimos, há também entre eles combatentes que não são afegãos e, no geral, o grupo é o espelho da sociedade afegã, que está longe de ser uma realidade monolítica: no País convivem seis etnias (os pachtuns, 52% da população; os hazaras, 19%; os tajiques, 21%; os uzbeques, 5%, mais Baluchis e Aimak), vários idiomas (além dos dois oficiais, o Dari e o Pashto, há também línguas de origem turca mais o Nuristanti, o Urdu e o Balúchi) e até diferenças religiosas (apesar da grande maioria dos habitantes ser islâmica sunita). Uma sociedade que ainda vê na comunidade local (aquela que no Ocidente chamamos de “tribo”) um elemento absolutamente central da vida.

O futuro

O futuro do Afeganistão não promete nada de bom, bem pelo contrário. Nem tinham partido as últimas tropas e eis que reaparece o ISIS com duas bombas na zona do aeroporto de Kabul. Sim, é aquele mesmo Estados Islâmico que viaja em pickup Toyota novinhos em folha. As intrusões do ISIS constituirão provavelmente o maior desafio do novo regime nos futuro próximo. E perceber a razão não é complicado. Observamos o mapa:

No Norte o Afeganistão faz fronteira com três antigas repúblicas soviéticas, Turcomenistão, Usbequistão e Tajiquistão:

  • o Turcomenistão possui as quartas maiores reservas mundiais de gás natural e substanciais recursos petrolíferos. Só o campo de gás de Galkynysh está estimado em cerca de 21.2 triliões de metros cúbicos.
  • o Usbequistão extrai anualmente 80 toneladas de ouro, sendo o sétimo produtor no mundo. Os depósitos de cobre do Usbequistão ocupam o décimo lugar no planeta e as reservas de urânio estão entre as dez maiores (a extração de urânio no País ocupa a sétima posição mundial). A companhia nacional de gás do Usbequistão ocupa a 11ª posição mundial na produção de gás natural e existem significativas reservas de petróleo e de gás ainda não exploradas.
  • o Tajiquistão é o mais azarados dos três Países: não tem recursos naturais significativos. Para compensar, o Tajiquistão é um importante estação de trânsito para os narcóticos afegãos e algumas papoilas opiáceas são criadas localmente.

No Norte-Leste o Afeganistão tem uma curta mas importante fronteira com a China, um corredor largo pouco mais de 20 quilómetros mas suficiente para conectar o País dos Talibãns à região de Sinquião onde mora a minoria Uigures. São exactamente aqueles Uigures que nos últimos anos ocuparam as crónicas por causa do alegado “genocídio” operado por Pequim, supostamente fruto da actividade antigovernamental dos Uigures: motins de 2009, bombas em Cotã em 2011, ataque em Março de 2014 no estação de comboio de Kunming, bomba em Abril de 2014 na estação de comboio de Ürümqi, bombas em Maio de 2014 num mercado de rua em Ürümqi, etc. Não é difícil imaginar a origem das armas utilizadas.

No Leste e no Sul, o Afeganistão faz fronteira com o Paquistão, um País islâmico que tem de ser controlado por perto do ponto de vista ocidental por causa da sua política estrangeira “flutuante” e dos relativos perigos que podem afectar negativamente os substanciais investimentos ocidentais.

No Oeste o Afeganistão tem mais de 600 quilómetros de fronteira com o Irão: não é preciso dizer mais nada.

Resumindo: os Estados Unidos acabaram com a ocupação militar mas com certeza a presença continuará a ser importante. É impensável que Washington decida abandonar definitivamente o Afeganistão, a região é demasiado importante. Não podendo actuar de forma directa com as suas tropas (os custos anuais tinham-se tornado exorbitantes: quase 2.300 mil milhões de Dólares em 20 anos), lógico pensar que as operações serão conduzidas por interpostas pessoas, nomeadamente através daquele “terroristas” que tanto jeito deram nas várias frentes do planeta.

Vamos continuar a seguir os desenvolvimentos no Afeganistão porque haverá de que falar.

 

Ipse dixit.

15 Replies to “A libertação do Afeganistão”

  1. Pronto: era o que faltava para II voltar a ser o que é.
    Olá Max: artigo objetivo, sucinto, absolutamente inteligível, revelando conhecimento dos acontecimentos tais quais, sem puxar a sardinha para cá ou para lá (como costumamos dizer) e apontando subjetividades, quando elas aparecem.
    Ufa Max!! eis a marca de II, aquilo que nós comentaristas, em geral, não conseguimos, ainda que sejamos os “melhores do universo digital”. Uma marca que preenche as lacunas de conhecimento para orientar quem quer saber. O inverso não só dos mídia da narrativa oficial, mas da maioria dos que se dizem alternativos.
    È por isso que precisas estar dentro de II, e permanecer dentro.
    Subjetivamente falando, só abro mão de “umas feriazinhas” anunciadas. Abraços de boas vindas.

    Agora sobre a matéria:
    Cá comigo, não acredito em uma vitória, como ocorreu por parte dos vietcongs, que definiu outro rumo político social para o Vietname.
    Há algumas coisas engraçadas que são semelhantes, como a saída dos militares, burocratas e muuuitos aliados internos, introduzidos ou afegãos (que obviamente não são simples tradutores). E, como sabem perfeitamente o que fizeram, bate o desespero.
    Os nativos preferem os seus aos estrangeiros, têm a memória da desgraça que significa os internacionais.
    Percebo um acordo, que vem sendo costurado de longa data com os talibãs. Tipo: nós te deixamos a maioria das armas que vocês precisam,( atenção que a lista em boa hora apresentada pelo Krouler, está longe de ser o que de melhor possuem os americanos) mas vocês nos dão carta branca para dar continuidade ao negócio do ópio,( onde gente de peso não pode perder seus investimentos, onde o dinheiro precisa continuar a ser lavado pelos grandes bancos) e muitas coisas desse jeito.
    Mas, infelizmente os ocidentais não sabem cumprir acordos, e antes mesmo de acabar o teatro da saída, já mostraram as capacidades dos seus fdp, terroristas que continuam totalmente a seu mando.
    Infelizmente, tenho de concordar contigo: a guerra não acabou. Apenas, agora os afegãos não aliados (talibãs) tomaram conta da burocracia de gestão. Aquela fotografia deles sentados na cadeira governamental dá água na boca. Mas vai exigir muita união e competência para lá permanecerem.

  2. Voltando à normalidade 🙂 com este tema quente, tenho uma dúvida que é a seguinte:
    Aparentemente os EUA ‘abandonaram’ o Afeganistão permitindo aos Talibãs, de forma demasiado fácil, tomar o poder.
    Ao que tudo indica, o Afeganistão vai aderir à iniciativa chinesa Belt and Road.
    Isto é uma contradição nos diversos aspectos, mas existe uma ou mais possibilidades.
    Ou os EUA vão substituir o modo de ocupação clássico, trocando o aparato militar, caro, por uma ocupação financeira, mais insidiosa e eficaz, ou então existirá outra possibilidade que me está a escapar, e que pode estar relacionado com este novo formato menos ortodoxo dos Talibãs.

    1. EXCELENTE TEXTO! Este texto devia ser lido pelas loucas feministas,esse grandessissimo putedo podre que anda a destruir o mundo via esquerdalha zog.Sem a zogaria podre que se intromete no mundo inteiro,a pouco e pouco a paz começaria a reinar no planeta.
      O Afganistão nunca vai ser livre porque isto da zogaria americana ter abandonado o país é uma treta e a chungaria lixo esquerdalho zog xuxalista gay europeia;Onu,UE,Unicef,Amnistia internacional,Unesco,feminismo,animalismo/ambiente,human rights organizations,etc…vai tudo pressionar o Afganistão exactamente como faz a todos os outros paises do mundo impondo a sua tirania podre absurda vaxx/pandemia,igualdade/identidade do genero,gayismo,etc…por isso é que eles andam a esvaziar a Arábia com migrações massivas para a Europa porque cá são mais faceis de controlar e a Arábia vazia fica todo o petrol e o outros recursos naturais nas mãos da zogaria podre,o tal povo escolhido…as mulheres são o alvo mais facil com o facilitismo dos lugares de chefia nas entidades acima mencionadas e outras de relevo e para manterem esses cargos com alto salario e vida de luxo unem-se e impera o feminismo xuxalista podre. Mulheres fora de cargos politicos e de entidades sociais relevantes será meio caminho para a paz mundial.
      Ass: Basilio xuxa vira casacas esquerdalho direitalho das hortas dd Sintra

  3. EXCELENTE POST! Este site Informação Incorrecta É ACTUALMENTE O MELHOR SITE DA INTERNET! PARABENS!
    Ass: Basilio Xuxalhão das hortas de Sintra

    1. Basilio X… O Patriarcado foi a pior invenção de organização social. Como é que metade da humanidade se considera superior e autorizada a controlar a outra metade?
      E como é que frequentadores deste blog ainda circulam, apoiam, subscrevem, defendem e apelam à continuidade deste paradigma?
      Teresa Faria

  4. Meu caro, li detalhadamente o artigo é possível que os talibãs não sejam tão maus como a comunicação social os pinta … pessoalmente acredito que sejam ainda piores, fazem me recordar uma piada antiga …
    Como distinguir um talibã de uma besta ?
    Pelo olhar inteligente da besta !!!
    Apesar de tudo o que diz o artigo estar corretíssimo , tenho a sensação de que permanece um elefante na sala …
    O retirada do Afeganistão é má demais para ser obra do acaso , e não me digam que éra caro …nada é caro para quem imprime o dinhero que quer e o Império nunca foi conhecido por ser poupadinho. Tudo mais parece uma cortina de fumo … um pretexto … seja para abrir as portas á bela Kamala … seja para provocar ainda mais a bicharada …ou porque sentiram uma urgente necessidade de se dedicarem a outras actividades ainda mais malévolas …ou como no Pingo Doce … uma promoção de 3 em 1 .
    Em todo o caso nada de bom pode vir a seguir não é apenas Cabul que está a ferver … Washington… Paris …Berlim … Roma … parece que estamos a criar as condições para um incêndio global ainda pior que o do Afeganistão .

  5. Olá Teresa: Benvinda aos comentários. Da minha parte posso te responder o seguinte.
    Em matéria de poder me parece haver e já houve 3 possibilidades: patriarcado, matriarcado, dominação de 1% da humanidade sobre os demais. esta última vivemos todos, inclusive os que não sabem.
    E ainda dentro do que vivemos, aparece oculto nas sombras, sem burca ou barba, o patriarcado ou o matriarcado.
    Deves saber, mesmo no nosso país, bem perto de nós, por exemplo, pais que violam, estrupam filhos, engravidam filhas, com o consentimento e ajuda de mães. Deves saber que pais vendem filhas para a prostituição, vendem filhos recém nascidos tanto para gente que vai adotá-los e trata-los com humanidade como para quem vai aproveitar seus pedaços úteis ao transplantes e jogar fora os restos. Ou ainda vende-los para experimentos.
    Mas, tudo isso e muito mais existe escondido, a não ser as intermináveis listas de crianças desaparecidas nas rodoviárias e delegacias de polícia, sem contar as não notificadas. Não conheces nenhuma mulher espancada diariamente pelo marido ? Não observas a subserviência de muitas mulheres aos maridos, companheiros, namorados, “amigos”, em matéria financeira, doméstica, tudo em troca de uma gota de amor e da aparência de felicidade ? Observa as frases mais comuns: “filho, pergunta para o teu pai”, “Estou a fim de fazer esse curso, mas tenho de falar com o meu amor”
    E tudo isso acontece, sem que apareça, sem mesmo que os protagonistas se deem conta, pois afinal vivemos numa democracia, em liberdade, e o império que temos como matriz e exemplo é o panteão de todas as liberdades.
    Agora vamos dar um pulinho no mundo da burca e da barba.
    Lá o patriarcado é visível, escancarado sob a égide de uma religião, Aparece nas coisas mais triviais: mulheres na rua só embrulhadas em panos da cabeça aos pés, homens necessariamente com barbas, e tantas coisas mais.
    Tem até curiosidades “infernais” para nós ocidentais: a mulher pode ter sexo a vontade antes de casar ( eu já acho isso uma pequena vantagem), mas depois de casada só em família, ou seja, com o marido ou com o pai (já essa parte eu não gosto, simplesmente porque nasci e me criei na minha cultura ocidental, embora seja uma crítica dela).
    Então, Teresa, compreendo a tua aflição, mas do meu ponto de vista, como dizemos aqui no país: de março a abril não há o que rir. A nossa, cultura Teresa, foi se constituindo num cinismo, mentira e hipocrisia absolutamente nojentas.
    Pensa Teresa que o certo ou errado depende da cultura, da religião predominante, das mentes, dos psiquismos construidos ao longo dos tempos. Bom, eu penso que ninguém tem o direito de determinar o certo ou o errado para as outras culturas.
    Se nós tivéssemos nascido lá seria para nós insuportável, uma ofensa ao corpo feminino, meninas, jovens e mulheres desfilando na areia de praias com uma fita mimosa separando as duas nádegas, uma na cintura e outra no busto tentando tapar o bico dos seios. E no nosso país “é tão legal” que até as velhas não deixam de curtir o sol do mesmo jeito, exibindo as pelancas, gorduras, rugas, e todas as marcas do tempo.
    Olha só, para mim pelancas, gorduras e rugas são coisa que enfeia o corpo feminino, E eu fujo disto como o diabo da cruz. Para a cultura Aimara, para os indianos, japoneses e para outras tantas culturas são traços que expõem a longevidade, e com ela a experiência e a sabedoria. Já eu procuro expor minha sabedoria e experiência de outra maneira. Que é isso senão coisas da nossa cultura? Um abraço.

    1. olá Maria,

      Muito obrigada pelas boas vindas.
      Na realidade, penso que vou continuar a não comentar ou comentar muito pouco. Sou essencialmente leitora. Na “Torre de Babel com confusão de línguas” em que nos coloca o nevoeiro informacional, ter casualmente encontrado o blog do Max foi, como já lho disse uma vez, “encontrar água no deserto”. Funciona como o meu fio de sanidade. Tinha a perceção de que o quarto poder é controlado por uma minoria com objectivos especificos. Que a educação/formacão funciona como engarrafamento de mentes para as colocar a pensar e a responder da mesma maneira, que o trabalho massificado e remunerações de miséria coloca as pessoas no patamar da sobrevivência sem tempo para pensar. Reagem e engolem o que os superiores mandam, compram e acreditam no que o quarto poder publicita e vende. Estamos progressivamente a ser transformados em gado, por um pequeno punhado de pessoas. Não é novo. Já na antiga Roma se dava “Pão e Circo”…Mas ter a perceção, é completamente diferente de ler análises que considero brilhantes, baseadas em factos e com fontes disponibilizadas para consulta. Para mim, foi um abrir portas e ir para além da imaginação.
      E isto coloca-me ao nível de leitora. Sei que sei muito pouco e disponho de poucos recursos para sustentar qualquer participação.
      No entanto, considero que o grosso dos participantes quer ver para lá do óbvio e das “verdades” impingidas. Quer demarcar-se desse paradigma. Obviamente todos temos o nosso ADN e o ADN cultural. Mas se, para já, ao longo da vida o ADN herdado ainda não é passível de grandes correcções, o ADN Cultural é passível de ser identificado e corrigido. Não é um fatalismo nem uma obrigação para quem consegue reflectir sobre ele. E aqui reflecte-se e debate-se…

      Teresa

      1. Olá Teresa!

        E peço desculpa também pelo atraso na resposta: ainda bem que Maria fez as honras da casa. Obrigado pelas boas palavras, mas uma frase deixou-me a pensar. Esta frase: “Sei que sei muito pouco e disponho de poucos recursos para sustentar qualquer participação”.

        Teresa, não sei que ideia tens (desculpa tratar-te por “tu” mas acho mais prático) acerca de Informação Incorrecta, mas podes ter a certeza que este não é um refugio para mentes superiores. Não há génios por aqui (além de mim, entendo lololol) e os recursos que temos são aqueles disponíveis para a Humanidade toda, não mais. Tenho a sorte e a honra de conhecer pessoalmente alguns entre os comentaristas, poucos infelizmente, e podes ter a certeza de que por aqui andam pessoas “normais”, pessoas que respeito sobremaneira não por terem recursos sobrenaturais mas simplesmente porque pensam com a cabeça deles. E esta é uma dote cada vez mais rara e sempre preciosa. Doutro lado, o facto de teres-te tornado Leitora significa que tu também estás fartas que sejam os outros a pensar por ti. Ou seja: tens os mesmos recursos que temos nós.

        Sabes muito pouco? Boa, assim já somos dois. E acredita que não é falsa modéstia a minha: tenho plena consciência de não saber. Sabes como nasceu Informação Incorrecta? Não nasceu porque Max um dia pensou “Mundo! Vou pôr o meu imenso conhecimento ao teu dispor”. Nada disso. Nasceu assim: havia um blog italiano (que entretanto fechou) que encontrei tal como tu encontraste este. E pensei “olha este fulano quantas coisas é que sabe!”. E decidi abrir a versão portuguesa, literalmente a tradução dos artigos italianos (com autorização do interessado). Felice (este o nome do fulano) depois dalguns tempos decidiu fechar porque ao fazer este “trabalho” podes começar a ter problemas, mas na altura eu já tinha conseguido aprender algo acerca de onde encontrar as fontes, em quais confiar, em quais não… e continuei. Foi só isso. A minha sorte foi aquela de ter encontrado as Marias, os Krowlers e todas as outras pessoas que teimam em fazer funcionar o cérebro.

        Perdoa-me mas não gosto deste sentimento de alegada “inferioridade” como não gosto de transmitir destas páginas uma imagem “exclusiva” porque nada disso reflecte a realidade. Lembra que eu aprendo com os comentários e aprendo muito, assim como os Leitores aprendem com os comentários de todos. Por vezes é suficiente uma frase de poucas palavras, como aquela que escreveste, para obrigar a reflectir. Achas pouco? 🙂

  6. Olá Teresa: insisto em que tua participação como comentarista. Além de leitora nos traria muitas coisas boas.
    Aqui há vários tipos de comentaristas: há os que buscam dados, pesquisam, e outros como eu que apenas comentam.
    Faz vários anos que cansei de pesquisar, por exigência de ofício, e passei ao mundo da admiração.
    Em II e só aqui, comento em função da experiência, dos sentimentos e da intuição. Acho que qualquer das contribuições é válida, e tenho certeza que tu sabes mais que dizes.
    Quanto ao blog/blogueiro tenho os mesmos sentimentos que tu. Max é uma das pessoas mais inteligentes que conheço, dotado de sentimentos puros, o que é raro em pessoas muito intelectualizadas Tenho pelo blog e por ele, que é uma extensão da sua personalidade e do seu brilho, um amor muito especial, que me faz vir aqui quase todos os dias a conversar, sem me preocupar se estou dizendo bobagens ou não. Tenho todos os comentaristas e mesmo Max para me corrigir, se quiserem.
    Então te sintas a vontade, entra na sala , que aqui a gente tem muito a aprender.

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