EUA: o verniz estala

Ano de eleições presidenciais para eleger o novo Rei do Mundo: os “progressistas” estão a dar o máximo para derrotar Donald Trump e evitar que este prossiga com as suas políticas anti-globalistas. Russiangate, Covid-19, agora a questão racial, nada disso parece ter efeito. Algo está errado nesta estratégia?

O que diz Moon of Alabama

O americano blog Moon of Alabama acha que este não é o caminho certo e relata quanto afirmado pelo Professor David Schultz em Counterpunch: na coligação do Partido Democrata há hoje uma fractura:

O assassínio de George Floyd por um polícia de Minneapolis não tem apenas a ver com a morte de um homem negro. A sua morte também matou uma aliança histórica, mas não fácil, entre o Partido Democrático, os sindicatos e o movimento dos direitos civis. A reacção à sua morte está a pôr fim aos últimos vestígios dessa coligação histórica do New Deal que caracterizou a política progressista na América nos últimos 50 anos, inaugurando uma era em que o Partido Democrata e a comunidade dos direitos civis parecem estar em desacordo com o mundo do trabalho e dos sindicatos.

Pergunta o blog: quando foi a última vez que estes políticos-milionários fizeram algo pela classe trabalhadora?

A “zona autónoma” de Seattle parece ser gerida pela Black Lives Matter:

Vêm de uma variedade de grupos e interesses, desde organizadores de Black Lives Matter a grupos de trabalho e de bairro. Muitos querem que o distrito policial seja transformado num centro comunitário e que grande parte do financiamento do departamento seja redireccionado para os serviços sociais e de saúde.

“O que você vê aqui são pessoas que encontram-se e amam-se” disse Mark Henry Jr. de Black Lives Matter. “Vejo pessoas com diferentes estilos de vida… aprendendo umas com as outras.”

A área foi estabelecida depois da polícia ter abandonado o distrito de Capitol Hill.

A chefe da polícia, Carmen Best, disse que a decisão de abandonar o distrito de Capitol Hill não era sua e que se opunha a ela.

Então, quem disse à polícia para abandonar o distrito?

Pepe Escobar suspeita que os Democratas estejam a utilizar a “zona autónoma” como uma técnica de “revolução colorida” para se oporem directamente a Donald Trump:

A Zona Autónoma Capital Hill (CHAZ) é apoiada pela cidade de Seattle, dirigida por um presidente da câmara democrata, que também é apoiado pelo Governador do Estado de Washington, também democrata.

Não há qualquer hipótese de o Estado de Washington utilizar a Guarda Nacional para esmagar a CHAZ. E Trump não pode assumir o comando da Guarda Nacional do Estado de Washington sem a aprovação do Governador, mesmo que ele tweete “Retomem a vossa cidade agora. Se não o fizerem, faço-o eu. Isto não é um jogo”.

É esclarecedor ver como pode ser aplicada a “contra-insurreição” no Afeganistão e nas zonas tribais, para ocupar o Iraque, para proteger a pilhagem de petróleo/gás na Síria Oriental. Mas não em casa. Mesmo que 58% dos americanos estejam totalmente de acordo: para muitos deles, a comuna pode ser igual ou até pior do que a pilhagem.

Mas depois há aqueles que se opõem firmemente. Entre eles: o “Carniceiro de Fallujah” Mad Dog Mattis, os coloridos profissionais da revolução da NED [National Endowment for Democracy], a Nike, JP Morgan, o aparelho do Partido Democrata e praticamente toda a estrutura militar dos EUA.

Escobar salienta que Black Lives Matter, como organização, não tem uma verdadeira agenda política, pelo menos em comparação com os movimentos dos anos ’60. É apoiada por fundos corporativos e pela Fundação Ford. O botão Donate na sua página web leva ao Act Blue, um serviço democrático de recolha de donativos também activo para as campanhas de Bernie Sanders e Joe Biden.

Agora, é interessante realçar que Moon of Alabama não é um blog republicano: o seu autor, Billmon, sempre teve posições claramente de Esquerda.

Será que os Democratas acreditam que podem ganhar eleições com uma tal “estratégia de tensão” contra a “lei e ordem” de Trump? Se assim for, estão a cometer um grande erro. A “maioria silenciosa” que votou a favor do Nixon também votará a favor do Trump.

Interessa? Sim, e muito.

Mas porque tudo isso deveria interessar quem não vive nos Estados Unidos?

A resposta mais simples (e parcialmente errada) é que o Presidente dos EUA é também o homem mais forte da primeira potência mundial, cuja esfera de influência abrange boa parte do planeta.

Uma resposta mais articulada explica que em jogo não está apenas a cor da próxima presidência mas sim o rumo que o planeta tomará após ter conhecido o nome do candidato vencedor: nesta altura, Donald Trump é o maior obstáculo que trava a plena implementação do regime globalizador e uma sua reeleição seria uma desgraça na óptica do projecto progressista.

Mas há algo mais. Há alguns anos os especialistas estão a prever a dissolução dos Estados Unidos em duas ou até mais realidades distintas e separadas: agora mais do que nunca este cenário parece estar próximo da realidade. O desespero progressista está a trazer à tona todas as divergências que convivem no interior do EUA: são divergências bem profundas mas, sobretudo, são divergências que têm reflexos no resto do planeta.

Na Europa, por exemplo, os órgãos de comunicação estão firmemente nas mãos das corporações progressistas e isso influencia de forma determinante a visão dos EUA que é oferecida ao público. Segundo os diários do Velho Continente, Trump não passa dum louco, uma espécie de Hitler fracassado contra o qual ergue-se o “Bem” progressista. Como resultado, todos os movimentos políticos definidos “populistas” (como a Lega em Italia), e apoiados pelo Presidente americano, são tratados como encarnações do “Mal”, algo que, mesmo tendo a maioria dos votos dos eleitores, deve ser rejeitado.

Este é um espectáculo inédito: desde sempre, a ingerência americana nas políticas dos outros Países tinha sido homogénea, unidireccional. O bem supremo era o interesse dos Estados Unidos e isso conseguia compactar as políticas democratas e republicanas, pondo em segundo plano as respectivas diferenças. Hoje já não é assim e a mudança é histórica: pela primeira vez, a luta entre os dois partidos políticos sai dos confins nacionais porque já não tem no centro os interesses do Império mas a supremacia política duma facção contra a outra.

Em jogo não está o futuro dos Estados Unidos mas o rumo que o planeta todo tem que seguir. Por esta razão, o destino dos cidadãos americanos conta relativamente: são piões que podem ser utilizados, arriscando até atirar-los contra as forças do Pentágono. São dispensáveis, tal como dispensáveis são os mesmos Estados Unidos: as multinacionais não precisam dum velho papel que diz “Nós, o Povo…”, faz tempo que transferiram as suas fábricas para lá do oceano.

O que interessa são Wall Street (ignorada pelos protestos) ou a City de Londres (idem). O resto pode sempre ser substituído.

Os Democratas transportam a campanha política contra o candidato republicano nas praças de todo o mundo, hostilizam ainda mais a Rússia e acarinham a China: pela primeira vez, um dos partidos americanos encontra o aliado num País que, teoricamente, representa a maior ameaça económica ao poder do Império.

O verniz estalou

Tudo isso deixa ainda mais claro o que se está passar. Já não é tempo de cuidar do verniz: este pode tranquilamente estalar porque em jogo não está apenas a supremacia no Congresso mas sim a implementação dum projecto global, com interesses igualmente globais. Não há por aqui o choque entre a ideologia democrata e aquela republicana: esta é a apenas a fachada atrás da qual é possível ver a luta entre o desejo globalizador das multinacionais e uma visão mais conservadora tanto da política quanto da economia.

Como irá acabar? A minha opinião pessoal é a mesma de Moon of Alabama: o desespero progressista está a dar força àquela América rural que deseja ordem e tranquilidade. É a América que no Domingo se encontra na igreja, que trabalha no campo, que não gosta de Los Angeles ou New York, que desconfia dos imigrantes. Uma América geneticamente anti-comunista, ignorante e obtusa até, que encontra o seu Presidente nas palavras simples e directa dum Trump.

É uma América imensa, que “empurra” os Estados Democratas para as bordas do mapa. Ganhar aquelas terras não será fácil. Os Democratas sabem disso e são levados a tomar medidas cada vez mais extremas para tentar inverter a situação. É a decomposição do colosso americano.

 

Ipse dixit.

14 Replies to “EUA: o verniz estala”

  1. É isso aí Max, obrigada pelo detalhismo que me falta. Só gostaria de apostar na re eleição de Trump, não por ele, mas pelo que ele significa. Temo que para o relógio político, 5 meses é muito tempo. Tempo de inventar novas falcatruas e, no limite, tempo para tomar a medida já tomada contra JFK e outros tantos.

  2. «…para tomar a medida já tomada contra JFK e outros tantos…»

    Tenho reflectido sobre essa questão.

    O combate que o Presidente Trump tem vindo a desenvolver contra o neoliberalismo e os globalistas, ambos identificados como o Estado Profundo (Deep State), só pode ser levado a cabo se o próprio estiver bem calçado, com uma estratégia bem definida, forte, coesa, e disciplinada para poder enfrentar essa facção.

    John Kennedy e Bob Kennedy (entre outros) tentaram fazê-lo e foram assassinados.

    Mas os tempos são outros, hoje o regime da Inglaterra e os seus mercenários (que são o rosto do Estado Profundo) não possui a mesma força de outrora, o próprio corrupto e inepto sistema financeiro e económico neoliberal criado e controlado pelos Ingleses, está a desmoronar-se.

    Vamos ver o que os próximos tempos nos trarão e esperar que a aliança entre a Federação da Rússia (FR) e a República Popular da China (RPC) com o Presidente Trump, comece a dar os seu frutos.

    Outra questão importante é o papel do clero e do Vaticano; quem ler atentamente as declarações do sr. Bergoglio ou dos funcionários clericais Portugueses (no Brasil não faço ideia), vê claramente que estão comprometidos com a agenda política, económica, e social proposta pela Nova Ordem Mundial globalista.

    Agora resta saber se dentro do clero haverá uma facção com força suficiente para enfrentar essas as forças do mal, como dizem os católicos.

  3. O blog : Moon of Alabama é um blog onde o editor e o administrador são anónimos ( muito transparente) não possui publicidade ( nem precisa) as suas ideias são predominantemente de esquerda (a puxar mais para a esquerda) , não é preciso pensar muito para perceber como se financia mais esta plataforma de ” comunicação”
    Como corolário do artigo intrigam-me estas afirmações :

    “…É a América que no Domingo se encontra na igreja, que trabalha no campo, que não gosta de Los Angeles ou New York, que desconfia dos imigrantes… ”

    “… Uma América geneticamente anti-comunista, ignorante e obtusa até… ”

    A esquerda sempre teve ódio a religião… é uma questão de inveja e competição pela idolatração de divindades
    E claro! …desconfia dos emigrantes, porque nesta altura de anti racismo exacerbado fica sempre bem associar anti-comunistas a racistas …
    E como absurdo acaba também por associar religião … a quem desconfia de imigrantes. ( Tem tudo a ver…)
    Já no final quando o leitor esta programado para reter uma conclusão, ai, surgem associadas os epítetos ( anti-comunista ) …e em sequência ( ignorante ) e ( obtusa) não basta o absurdo de classificar TODA a América “rural” ??? quando nem 3% da população se dedica a agricultura como também de “anti comunista” , mas isso não basta , tem de ser também Ignorante e obtusa !
    Alias não gostar de Los Angeles ou New York é… obviamente coisa de gente ignorante e obtusa ! Só é pena o autor do artigo não dizer em que estudos se baseou , para além da sua imaginação ( suponho que sejam estudos com mais de 100 anos…)
    Ou seja , ser anti comunista… é o pior defeito que alguém pode ter. E quem é pode ser classificado como anti comunista ? quais os critérios ? é simples! São todos os que não são comunistas …

    E alguém sem filiação politica mas que não se queira deixar manipular ? É obviamente, um anti-comunista ! Só pode…

    Mais um bom trabalho de lavagem cerebral .

    1. Fogo, tinha-me esquecido de P.Lopes que recusa-se admitir certas coisas…Peço desculpa, aqui vai a versão corrigida:

      “É a América atea e rural, aquele 3% da população que deu a maioria ao Trump, a América culta e inteligente e por isso heroicamente anti-comunista, a América que discute de Hobbes e de Descartes com os imigrantes mexicanos e as vacas Holstein-Frísia (que já pelo nome percebe-se que são cultas)”.

      De facto acho que assim está melhor, muito mais próximo da realidade. Mas uma actualização de P.Lopes acerca das condições culturais e religiosas das áreas centrais dos EUA (ou da Bible Belt, no sul-leste) não seria nada mal. E sobretudo: pare de ver qualquer frase como um sórdido ataque das falanges comunistas!

      1. Meu caro Max:
        O seu blog apresenta-se como ” Isento” e o meu estimado blogueiro como : ” ultrapassou há muito o dualismo Esquerda – Direita e isso influencia o teor do blog.”
        Assim foi durante muito tempo, recordo ainda os seus sábios conselhos de ” verifiquem sempre as fontes”
        E assim foi …, detectei que a orientação do blog mudou e questionei o meu estimado Max sobre a razão de colar artigos do Strategic Culture Foundation (STF) Um blogue sediado na Rússia mas que esconde isso, que não revela o seu proprietário nem a forma como se financia , que diz ser uma ” fundação” mas não é uma personalidade jurídica nem revela a sua localização e que os artigos que apresenta são 99.9% para defender a visão da Rússia no mundo.
        Mas a sua resposta foi apenas …silêncio.
        Repare que poderia ter-me respondido em… 7 linhas. Ou poderia apenas dizer que não deseja responder a pergunta e eu respeitaria o seu desejo. ora essa !
        Em vez disso usou as mesmas 7 linhas para um discurso errático de Hobbes a Descartes passando por vacas Holstein-Frisia e imigrantes Mexicanos …
        E o meu caro Max diz-me que eu me recuso a admitir certas coisas ???
        Tenho familiares e amigos comunistas , (comunistas a portuguesa porque alguns até são católicos e praticantes) e falamos de politica e respeito as suas opiniões e a amizade dura a longos anos pelo simples facto de que nenhum de nos deseja influenciar dissimuladamente o outro. E nada obsto a que o meu caro associe o seu blog a um veículo de propaganda Chinês e Russo, o blog é seu ! Nada contra isso! Repito , nada contra… mas então devera ainda assim continuar a apresentar-se como isento?
        Admito que não goste dos meus comentários, e compreendo isso. Mas desejo-lhe ao longo da sua carreira de bloguista várias opiniões dissidentes e educadas como aquela que procuro transmitir, pois no dia em tiver uma multidão de gente a aplaudir de pé tudo o que diz, desconfie que alguém não lhe está a dizer a verdade.
        É para reflectir apenas, o meu caro Max poderá reservar-se ao cómodo silencio a que já me habituou.

        1. P.Lopes!

          Na verdade respondi em relação ao facto de escolher Strategic Culture. Depois vou ver e ponho aqui o link.

          Quanto ao facto deste blog ser comunista ou socialista. P.Lopes pode pensar o que mais lhe apetecer, como é óbvio; mas eu riu-me só perante a ideia de eu ou o blog poderem pertencer a uma destas categorias.

          Mais: um dos meus medos foi sempre aquele de passar por um seguidor das políticas de Direita. Sabe qual a razão? Simples: em Informação Incorrecta é possível encontrar vários artigos contra o Comunismo/Socialismo, mas nem um, por exemplo, contra o Fascismo ou o Nazismo.

          Isso acontece porque escolhi não dedicar espaço ao assunto, não porque fascinado pelas ideologias de Direita: sempre achei maior a ameaça da Esquerda que tem uma capacidade de persuasão sobre as massas bem maior do que as ideologias de Direita. O efeito-valium do Marxismo ou do Leninismo não tem equivalentes no mundo da Direita.

          Simples, portanto, entender que I.I. não se tornou de repente um bastião repleto de bandeiras vermelhas. Em primeiro lugar porque se assim fosse não teria o mínimo problema em comunica-lo aos Leitores. Em segundo lugar, e mais importante ainda, porque Strategic Culture não é comunista. E neste aspecto não entendo a sua insistência: mas de verdade acredita que a Rússia seja comunista? Mas de verdade acredita que a China seja Comunista? Custa-me imaginar isso mas sou obrigado a pensar que sim, de facto P.Lopes acredita que aqueles Países ainda sejam comunistas.

          O que posso dizer? Não sei, é difícil combater um dogma, porque o seu é um dogma que vai contra as evidências. Posso só repetir-lhe quanto dito ao longo dos anos: na minha óptica, nunca houve um País realmente comunista, todas as tentativas descarrilaram rapidamente para regimes totalitários baseados no culto da pessoa. Mais: a época das experiências comunistas acabou, é o passado. Propor o Comunismo hoje é o equivalente a organizar uma nova cruzada para a libertação de Jerusalém. Aliás, talvez a cruzada poderia fazer mais sentido do que um regresso ao Comunismo.

          Permita-me uma sugestão que, claramente, pode atirar directamente para o caixote do lixo: livre-se do pesadelo comunista. Passou, foi enterrado. Hoje os perigos são outros.

          “É para reflectir apenas, o meu caro Max poderá reservar-se ao cómodo silencio a que já me habituou.”

          Vou ser muito breve: eu nunca comento quanto escrito por Maria. Devem ter passado meses da última vez que comentei algo de Maria. Acha que não considero digno dum comentário quanto escrito por ela? Engana-se: o de Maria é sempre o primeiro dos comentários que leio. Não confunda o meu silêncio com a falta de consideração, às vezes é exactamente o contrário.

          Ah, aqui vai a minha resposta, que foi publicada no dia 10 de Junho (http://informacaoincorrecta.com/2020/06/09/uma-familia-muito-moderna/):

          “O que Strategic Culture faz não é defender o Comunismo (não teria encontrado espaço em I.I.) mas sim defender uma visão alternativa do Capitalismo. Então isso significa que I.I. converteu-se ao Capitalismo? Absolutamente não: neste aspecto o rumo de I.I. permanece aquele de sempre, contrário aos vários -ismos.
          Mas Strategic Culture tem uma dote: independentemente de concordar com as ideias expressas, demonstra que a visão ocidental da política e da economia não é a única possível, existem alternativas já implementadas. Mais: faz isso ao defender não uma revolução vermelha (o pesadelo de P.Lopes) mas sim apresentando ideias que são aplicadas em regimes capitalistas diferentes do nosso, tais como a Rússia ou a China.

          É claro que o sistema russo ou aquele chinês não são o sonho da minha vida: são diferentes de nós, isso sim, mas sempre de Países capitalistas estamos a falar, inseridos no grande mercado global que capitalista foi, é e será nos próximos tempos. Todavia, nesta altura de homogeneização forçada, de pensamento único obrigatório, dar voz a quem pensa de forma diferente é um dever. E se a voz em questão irrita os media de regime (o nosso regime!), mais do que um dever torna-se um prazer.”

          P.Lopes já leu esta resposta, e respondeu até:

          “Porquê a parceria com Strategic Culture Foundation (SCF) e não com outros?”

          Aceitam-se sugestões. E não estou a brincar.

          “Quem financia SCF?”

          Não faço ideia, para mim até pode ser o Kremlin.

          “Se sabemos onde está SCF e é recomendado por II … não havia necessidade de “copiar/ colar ”

          P.Lopes talvez não reparou, mas SCF publica em inglês. O que I.I. publica são as traduções em Português. A não ser que todos os Leitores me digam “Olha Max, nós todos falamos tranquilamente o inglês”, pelo que estou a fazer um trabalho desnecessário e paro já.

          “O pesadelo de P. Lopes não é apenas uma revolução vermelha, o pesadelo de P. Lopes são todas as formas de colonialismo mental onde também se inclui as revoluções vermelhas ou de outras cores e os meios de propaganda disfarçados de meios de informação onde SCF se inclui”

          P. Lopes sabe perfeitamente que a quase totalidade dos indivíduos aqui no Ocidente é submetida a uma rigorosa propaganda de sentido único que elimina qualquer possibilidade de ouvir vozes dissonantes. Dar espaço a estas vozes dissonantes, mesmo que não estejam totalmente em linha com as ideias do blog, reflecte o que costumo fazer eu, como já disse várias vezes (e como aconselho fazer): não apenas ler tudo mas concentrar-se em particular naquilo que não reflecte o meu pensamento, porque ler o que já sei só para encontrar confirmações e poder sentir-me inteligente parece-me estúpido.

          “Pensar de forma diferente??? Rússia e China pensam diferente? Sim, mas não para melhor!”

          Eu nunca disse “leiam SCF porque aí encontrarão a Palavra”. Aliás, faço questão, no fim de cada artigo, de lembrar que as opiniões dos intervenientes podem não reflectir aquelas de I.I. Não é algo “pró-forma”, é o que se passa. Claro, se depois P.Lopes ignora e acha que I.I. tornou-se a vanguarda comunista…

          Em qualquer caso, repito: aceitam-se conselhos acerca de publicações “para melhor”.

          “SCF paga para ter os seus artigos divulgados no II?”

          Tomara. Um par de garrafas de vodka já não seriam mal…

          P.Lopes, tenho que repetir quanto já escrito. Se o blog recebesse dinheiro por publicar determinados artigos, os primeiros a sabe-lo seriam os Leitores. A minha filosofia é muito simples: façam o que quiserem e deixem que eu possa fazer o que quero. É esta a razão pela qual não há censura nos comentários: se tudo se passar nos limites exigidos pelo respeito do próximo, qualquer intervenção é lícita, independentemente das ideias contidas. Da mesma forma, gero o blog segundo as minhas ideias e não tenho nenhum problema em comunica-las aos Leitores. O Leitor não gosta? Paciência. E é apenas uma questão de dinheiro (o alojamento no WordPress não é gratuito): antes I.I. estava hospedado no Blogger, portanto sem custos, mas a filosofia era a mesma.

          Pelo que: alguém quer pagar para eu publicar traduções? “Meus senhores, a partir de hoje no blog, ao lado dos meus artigos, aparecem também traduções que são publicadas prévia compensação económica”. Muito simples. Se ainda não escrevi algo assim é porque ninguém paga um cêntimo. E nem um par de garrafas de vodka, que tanta faltam fazem.

          P.Lopes, entendo que possa ter sofrido um trauma ligado ao Comunismo, mas isso não significa que todos os que pensam de forma diferente da sua sejam agentes de Moscovo. Já repeti até a náusea que, na minha óptica, o Comunismo pode ficar bem num museu e nada mais. Foi-se. Morreu. Desapareceu. Desintegrou-se. Enterrou-se. Esvaeceu. Partiu. Deixou-nos. Eclipsou-se. Mais do que isso não sei o que dizer. E acredite: com toda a boa vontade, não sei mesmo o que acrescentar. Quer que jure? ?Juro. Quer que faça jurar o Leo também ? Leo, chega aqui… nada, está a comer. Mas também ele é um feroz anti-comunista (como todos os cães).

          1. Max, sem querer me intrometer nessas querelas, mas o teu trauma é negar o que tenho certeza que identificas. De que tudo passa absolutamente pelo comunismo, seja o formatado pelos fabianos como um subproduto da própria ordem burguesa-liberal-capitalista e difundido pelo mundo, como o que carrega a essência da lógica social contida no conceito original e pré-marxista de comunismo. Pelo comunismo passa inclusive a salvação…

            1. Olá Chaplin!

              O que acho é que o futuro que está a ser construído é o resumo das várias experiências dos últimos séculos. E no meio destas experiências há o comunismo também, com certeza. Mas seria um erro pensar num futuro apenas comunista.

              Pegamos no caso da China, sobre o qual estava a escrever mesmo agora porque estou absolutamente convencido de que aquele seja (infelizmente) o modelo do nosso futuro. A China é comunista? Mas nem pensar: está perfeitamente inserida na lógica do mercado “livre”, onde a exploração do “proletariado” é extrema, em muito superior ao que acontecia nos antigos regimes comunistas e ao que acontece no Ocidente. Um mercado “livre” que é acarinhado pelo regime e cujos actores principais são explicitamente atraídos pelo governo local. Um mercado “livre” que é utilizado sem respeito das basilares normas da concorrência (dumping, moeda artificialmente desvalorizada, etc.).

              Portanto, um País que opera no mercado “livre” de forma brutal (no limite da escravidão) e cujos traços comunistas podem ser encontrados na forma como são tomadas as decisões políticas (já não tanto os planos quinquenais que passaram de moda mas os objectivos específicos para galvanizar a produção, a exportação e a liderança no sector tecnológico). Resumindo: o pior do Capitalismo conjugado com o pior do Comunismo.

              Mas Pequim não fica por aqui: enquanto desenvolve este sistema híbrido capital-comunista, acrescenta outro ingrediente abraçando os membros da elite, formando algo que faz lembrar não tanto a oligarquia soviética (bastante limitada intelectualmente e demasiado virada para o “interior”) quanto a classe aristocrática dos antigos regimes monárquicos (e, de facto, a elite transnacional é a aristocracia dos tempos modernos).

              No artigo que vou publicar amanhã vou explicar mais em pormenor as diferenças entre este modelo e o velho regime soviético porque não apenas elas existem mas são determinantes para entender que o comunismo é apenas um dos vários ingredientes desta “sopa chinesa”.

              Quanto à possível salvação: não sei, juro. Às vezes penso que a única solução possa ser o anarquismo, mas estou consciente de que o ser humano é demasiado subdesenvolvido para lidar com tamanha utopia…

              1. Oi Max! Concordo com a análise. Mas a China é um mundo dentro do mundo. Imagina o que fazer para governar quase 1,5 bilhão de olhos riscados de duas patas…e cuja realidade até pouco tempo era basicamente agrícola. Muita mágica necessária. Hoje há ca. de 300 milhões de chineses enriquecidos, é muito, mas é pouco num mega universo como o chinês. Nesse contexto, fica difícil até para censurar muitas iniciativas do governo chinês. O que está pegando é o fim da imposição legislativa inglesa em Hong Kong, peça chave na composição financeira do extremo oriente.

          2. Meu caro Max:
            Antes de mais, vamos esclarecer o seguinte: Independentemente das definições de comunismo, este sempre foi uma das mascaras da tirania, as mascaras mudam a tirania mantem-se, poderemos discutir com base em definições se China ou Rússia são comunistas, e estaríamos apenas a discutir a mascara … tenho outra visão mais simples e mais empírica: China, Rússia, Venezuela, Coreia do Norte … diz-me com quem andas dir-te-ei quem és! Independentemente da mascara que usas.
            Posto isto; nunca entendi o blog como comunista, o que notei foi a aproximação a uma plataforma de informação conotada como “comunista” ou “de esquerda” nas quais notei dissimuladamente traços de uma programação neurolinguística que visa invariavelmente defender a visão do mundo destes atores (assumidamente comunistas ou não mas com um plano de dominação em comum) Eles não procuram apenas derrotar o império Americano mas sim, tomar o seu lugar e continuar a escalada para a escravização humana, escolhe-los seroa saltar do lume para a frigideira ,( a melhor opção seria antes saltar para fora do lume e da frigideira)
            Concordo na integra com o seu raciocínio que transcrevo com a devida vénia e subscrevo na integra:
            “sempre achei maior a ameaça da Esquerda que tem uma capacidade de persuasão sobre as massas bem maior do que as ideologias de Direita. O efeito-valium do Marxismo ou do Leninismo não tem equivalentes no mundo da Direita.
            E assim é difícil compreender a forma como terminou o seu comentário:
            “Foi-se. Morreu. Desapareceu. Desintegrou-se. Enterrou-se. Esvaeceu. Partiu. Deixou-nos. Eclipsou-se… “
            Porque então achar ameaçador algo que reiterou tanto ter desaparecido???
            Acho que a minha visão coincide com a sua apesar de explicada de forma diferente, o comunismo não desapareceu, está a passar por uma metamorfose, e de novo irá surgir em sua gloria pois tal como o meu estimado Max eu também reconheço a capacidade de persuasão do “comunismo” o qual apelido de “ditadura perfeita” porque é a única onde os escravos se julgam donos do sistema.
            Não entendo a seu silencio como falta de consideração, falta de consideração seria antes fazer perguntas fundamentadas e receber de resposta uma dissertação de Hobbes a Descartes passando por vacas Holstein-Frisia e imigrantes Mexicanos …seria mais fácil ter respondido logo em vez de estar a guardas tudo para depois despejar enquanto me exorta a abandonar os meus dogmas e traumas.
            De facto não vi a resposta, lapso meu, acontece, recordo-lhe que também num anterior post do blog sobre o “ credito Social Chines” (CSC) lhe procurei demonstrar que se tratava de um mito urbano e sem fundamento e não documentado nem atestado por ninguém com conhecimento direto, e enviei-lhe o link e indiquei-lhe o minuto em que um sociólogo profundamente conhecedor da realidade chinesa explicava como um seu artigo foi mal interpretado e descambou nessa teoria, e que ali era veiculada pelo SCF… não obstante aqui surge de novo o fantasma do CSC … que mais uma vez entendo fazer parte de uma concertada programação neurolinguística .
            Estou convicto que a propaganda não se combate com propaganda oposta, mas apenas com uma visão sóbria e imparcial …em SCF não vejo nada de imparcial em II via, dai achar que havia um conflito de objetivos e até mesmo a questão das traduções acho pouco porque o Google faz a tradução automática do blog, não quero com isto recomendar o demoníaco Google (não me interpretem mal)
            Depois de ler SCF comecei a detetar um padrão de neurolinguista associado a outros blogs do género que parecem ter uma motivação comum e até onde o fictício Credito Social Chines se insere, comecei a associar isso a uma teoria que já possuía, a do novo “comunismo verde” que esta a ser preparado nos bastidores pelos mesmos que patrocinaram a revolução bolchevique, agora sob a capa moderníssima e insuspeita da Inteligência Artificial … mais um devaneio de P. Lopes…
            Note que as perguntas que lhe fiz encontram-se (acho eu) na linha de raciocínio preconizada pelo II, … verificar as fontes… questionar sempre … Mas creio que ao questionar o II usando as mesmas ferramentas que este recomenda acabou por ser mal recebida a minha abordagem, o que obviamente lamento.
            Terminando o comentário que já vai demasiado longo, reitero o mais importante, desejo as maiores felicidades ao Blog II e ao meu caro Max.

  4. Não vejo nada de concreto que implique em algo que represente uma ruptura no poder supranacional, e muito além de “progressistas” e “conservadores”. No máximo, estão a indicar a possibilidade de fracionar territorialmente/politicamente os Estados que foram unidos num arranjo comandado pelas elites judaicas inglesas-francesas-alemãs num contexto onde era fundamental compartilhar imensos mercados inexplorados. Acredito que, após fracionado, as regiões “progressistas” se aliem a China, e as “conservadoras” se aliem a Federação Russa.

  5. Mas o fato é que já não se pode mais esconder a verdade, graças a essa grande revista chamada INTERNET, as máscaras estão caindo progressivamente, por isso temos aqui no Brasil o Presidente Jair Bolsonaro e nos Estados Unidos o Presidente Donald Trump, e embora toda a oposição esperneie, o mundo vai ter que engolir esses dois por mais tempo, e mais para frente no tempo o final da Igreja Romana e toda sua pirâmide de poder , kkkk, boa noite

  6. O que impressiona, mesmo aqui neste blog, o quanto as pessoas se movem, na maior parte do tempo, pela falsa visão dualista entre “capitalistas” e “comunistas”, gente que já tem uma vida nas costas e persistem nesta visão tacanha, barata, mesmo que vivam num mundo onde a única ordem praticada seja a do deus-capital, e onde cabem as mais variadas roupagens, inclusive do tal “comunismo made George Soros”…

  7. Afinal, o que move a espécie humana? Ainda conseguimos diferenciar nossas motivações advindas de nossa natureza em relação a enxurrada de motivações advindas do condicionamento civilizatório? E em caso positivo, o que fazemos com isso?
    Qual nossa responsabilidade pela nossa própria corrupção existencial? Ou será que vamos morrer pensando que a corrupção está sempre longe? Que nossos familiares, amigos e colegas são vítimas e os outros (o mundo em geral) são os vilões?
    Não conheço ninguém que se acha ou se diz corrupto. Na aparência não há corrupção, mas de fato estamos rodeados por os mais variados tipos de corrupção, e os piores são aqueles que nos impossibilitam de admitirmos para si mesmo.
    E isto não é de um país, de um continente, é civilizatório. Naturalizamos o estado de corrupção. O caos já aconteceu…apenas não queremos ver…

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