Uma família muito moderna

David Rockefeller afirmou numa entrevista ao diário italiano La Stampa, em 2008:

Temos de envolver a China na resolução dos problemas globais. […] A China ajudará a mudar o mundo, mesmo que seja uma nação autoritária, não como nós, não uma democracia. Sem a China não podemos trabalhar numa solução global.

E uma “solução global” significava, segundo ele, “renovar” e “abordar a agenda global”, ir além das fronteiras políticas e ideológicas do século XX.

A realidade mostra que as principais instituições deste planeta, que controlam os cartéis militares, financeiros, energéticos, governamentais, sanitários, empresariais, mediáticos e educativos, estão a tornar-se cada vez mais globais, integrados horizontalmente para além das fronteiras nacionais. Os Rockefeller souberam planear com previdência, muito mais cedo do que seja possível pensar.

Direita e Esquerda: instrumentos

A história desta família Rockefeller mostra um projecto global e uma visão de futuro que não enfatiza as posições concorrentes das nações, religiões e ideologias nacionais: há um fio comum, aquele da integração, que impulsiona as decisões e os investimentos.

Os Rockefellers trabalham com governos e multinacionais de todo o mundo há mais de 100 anos para criar uma “nova ordem global”. Uma indicação importante das actividades dos Rockefellers provém das suas relações com os regimes comunistas, por exemplo.

Na sequência da Revolução Russa, com a petrolífera Standard Oil conseguiram adquirir 50% dos campos de crude no Cáucaso, embora a propriedade tivesse teoricamente sido nacionalizada. Em 1927, a Standard Oil construiu uma refinaria na Rússia, um dos primeiros investimentos americanos na País após a Revolução. E foi com David Rockefeller ao leme do banco Chase Manhattan que a primeira sucursal de uma instituição de crédito americana foi aberta em Moscovo antes, e na China depois (em 1972, após a visita de Richard Nixon).

Direita? Esquerda? Estes são conceitos bons para entreter o povo, mas que não têm sentido na óptica do nível superior, o nível da elite. Neste patamar, as distinções políticas são apenas instrumentos explorados para implementar uma clara agenda que tem como fim uniformizar a sociedade.

Rockefeller retratou entusiasticamente a China e a Revolução Cultural chinesa:

Seja qual for o preço da Revolução Chinesa, é óbvio que foi bem sucedida, não só em termos duma administração mais eficiente e empenhada, mas também em termos de promoção de uma moralidade elevada e comum. A experiência social na China sob a liderança do Presidente Mao é uma das mais importantes e bem sucedidas da história da humanidade.

Paramos para reflectir: o que pode levar um dos capitalistas de maior sucesso a elogiar um sistema que é anti-capitalista por definição? A resposta é simples: o Capitalismo não é o fim mas um mero instrumento, tal como o Comunismo. Ambos os sistemas permitem alcançar objectivos de meio termo, mas não são o ponto de chegada. Permitem também experimentar soluções que, eventualmente, poderão ser implementadas de forma definitiva mais tarde, na nova sociedade.

Será que a grande experiência social que hoje se realiza em todo o mundo em nome da luta contra a Covid-19 receberá o mesmo aplauso?

Os Rockefeller estabeleceram negócios e estreitas relações com vários líderes comunistas como Fidel Castro, Nikita Khrushchev e Mikhail Gorbachev. Enquanto a administração Reagan apoiava a guerrilha anti-marxista em África, os Rockefeller deslocava-se para 10 Países do continente para declarar que o Marxismo africano não representava uma ameaça para os Estados Unidos nem para os interesses comerciais americanos.

O Capitalismo “revolucionário”

Uma contradição? Não. O próprio Rockefeller explicou isso numa cimeira sobre a América do Sul:

O Capitalismo, não o Marxismo, é o sistema revolucionário. Os governos apenas tentaram, falhando lamentavelmente, imitar os êxitos do sector privado.

Algumas décadas mais tarde, o colapso dos regimes comunistas e a passagem para a economia das multinacionais ter-lhe-ia dado razão. Mas como é possível explicar este fenómeno? Como é possível definir como “revolucionário” um dos sistemas aparentemente mais conservadores?

Para responder temos que não perder de vista o objectivo final, que, lembramos, é a construção duma estrutura de governação global. Neste sentido, o Comunismo tal como foi implementado no bloco soviético consegue “converter” as pessoas à ideologia com a imposição; mas, como é óbvio, trata-se duma conversão forçada, obtida com o uso da força. É este um regime complexo, onde o Estado tem que estabelecer o caminho e, ao mesmo tempo, controlar duma forma quase paranóica a adesão da massa, reprimindo-a quando for o caso e criando assim descontentamento.

No Capitalismo, pelo contrário, o papel Estado é reduzido, boa parte das tarefas de “desenvolvimento”, doutrinação e “controle” são delegadas ao sector privado. Mas, mais importante ainda, consegue-se que sejam as massas a pedir aquelas medidas que vão na mesma direcção da agenda das elite. O caso da Covid-19 demonstra, além de qualquer dúvida, que são os mesmos cidadãos a pedir mais restrições à liberdade e a participarem com entusiasmo (fruto do medo) na implementação das medidas de controlo.

Tudo isso é possível porque, enquanto no Comunismo as massas têm obrigatoriamente que casar a ideologia dominante, no Capitalismo o cidadão é “livre” por definição e tem a ilusão de poder escolher. “O Capitalismo, não o Marxismo, é o sistema revolucionário” porque só com a economia de mercado é possível “revolucionar” o sistema com a total adesão das massas.

A China

Então, como explicar os elogios dos Rockefeller à China de Mao? Para entende-lo temos que abandonar a nossa tradicional forma de construir o juízo baseado “no que é agora” para passar a julgar “o que será no futuro”. Portanto: julgar em perspectiva.

Os Rockefellers começaram a investir na China há 100 anos. O Conselho Médico da Fundação Rockefeller da China foi criado em 1914.

As actividades da Fundação Rockefeller e do PUMC (Union Medical College of Beijing) na China abrangeram, em termos programáticos, a educação científica e médica, incluindo a educação clínica em ambiente hospitalar, e projectos de educação e demonstração no domínio da saúde pública. Este programa envolveu a transferência da ciência e da medicina ocidentais para a China.

Esta transferência representou:

  • financiamento para a aquisição de instrumentos tecnológicos especializados, máquinas, mobiliário e outros instrumentos característicos da ciência e da medicina ocidentais
  • apoio à formação sobre métodos e fundamentos intelectuais da ciência e da medicina ocidentais, sobre a utilização de tecnologia especializada.

Uma parte integrante da transferência de tecnologia através destes programas foi a infusão de grandes somas de dinheiro que financiaram a construção, salários, equipamentos, ou seja, a infra-estrutura de uma nova elite médica chinesa.

Resultado? Um sucesso global. Foi a China que apontou o caminho para uma “uniformidade global” sem precedentes, algo que colocou o mundo inteiro num estado de emergência, levando a medidas e regras até ontem inimagináveis e inaceitáveis, pelo menos nos chamados Estados “democráticos”. A China deu o primeiro passo e mostrou a “formas eficazes de vencer a ameaça”: o mundo inteiro passou por um processo de chinesização da sociedade. Não esquecemos este “pormenor”: foi a cidade chinesa de Wuhan a implementar o confinamento obrigatório, foi a Organização Mundial da Saúde a elogiar publicamente as medidas utilizadas pelo governo chinês. A partir daí, o lockdown foi considerado normal, pedido pelos cidadãos de todo o mundo até.

Vale a pena lembrar aqui o documento de 2010 elaborado pela Fundação Rockefeller, Scenarios for the Future of Technologyand International Development:

Durante a pandemia, os líderes nacionais no mundo mostraram a sua autoridade e impuseram regras e restrições rigorosas, desde a obrigação de usar máscaras até ao controlo da temperatura corporal em áreas comuns, como estações de comboio e supermercados.

Mesmo após o fim da pandemia, este controlo e vigilância autoritária dos cidadãos e das suas actividades manteve-se inalterado e até se intensificou. Para se protegerem da propagação dos crescentes problemas globais – da pandemia ao terrorismo internacional, passando pelas crises ambientais e pela crescente pobreza – os líderes mundiais assumiram um controlo ainda mais apertado do poder.

Mais pode ser encontrado neste artigo. Quem escreveu este “cenário” tinha uma ideia clara da direcção que o mundo teria tomado nos anos seguinte. E foi Pequim, a capital dum sistema misto onde conseguem conviver um partido oficialmente “comunista” e o empreendedorismo privado, que indicou o caminho.

Com a pandemia, a OMS forneceu o ponto de partida para a dissolução da velha ordem mundial. Os Rockefeller estavam certos: os chineses estão a dar um enorme contributo para a “revolução”. Este é o “julgar em perspectivas”: a família Rockefeller não elogiava Mao pela implementação dos ideais “comunistas” mas sim por estar a criar um País com um potencial enorme, dirigido por um partido único que, se bem moldado ao longo das décadas, teria contribuído de maneira fundamental para a “revolução” capitalista.

Era uma vez o CO2

Um passo atrás, necessário porque o Coronavirus foi apenas o último capítulo, em ordem temporal, dum processo que está a desenvolver-se há muito.

Valerie Rockefeller Wayne, Presidente do Fundo Rockefeller:

Sempre foi o nosso compromisso investir no ambiente. A minha filha de oito anos não me beija quando tenho batom, sabe que é feito com óleo de palma e sabe que para cultivar palmeiras é destruído o habitat natural do orangotango.

Parecem décadas, mas foi apenas há alguns meses atrás: nas televisões aparecia uma virgem sueca que repreendia os poderosos e anunciava catástrofes. Era Greta Thunberg, líder da cruzada verde.

Desde os anos 80, o Fundo Rockefeller tornou-se um grande apoiante do programa de aquecimento global. Na sua revisão do Programa de Desenvolvimento Sustentável, o Fundo Rockefeller orgulhava-se de ser um dos primeiros grandes activistas do aquecimento global, citando o seu forte apoio tanto à formação (já em 1988) do Painel Internacional sobre as Alterações Climáticas (IPCC) como à criação, em 1992, da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas.

E ninguém realçou como esta a batalha contra os combustíveis fósseis foi financiada e conduzida por aquela família que com a exploração do petróleo construiu o seu império: a família Rockefeller, a mesma que agora apoia os debates sobre as alterações climáticas e que financia cientistas, ambientalistas e ONGs envolvidas no activismo de base contra o Big Oil e a indústria dos combustíveis fósseis. O debate global sobre o clima é financiado pelo petróleo.

O mundo deveria ter mudado em nome da emergência do CO2. A União Europeia queria gastar 270 biliões de Euros por ano na “protecção do clima”. O objectivo era reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 80-90% até 2050, através da criação de cidades “inteligentes”. Mas será que a transformação num “Novo Mundo”, controlado e monitorizado em nome do CO2 e do aquecimento global, demorou demasiado tempo? Não aconteceu suficientemente depressa? Os esforços de Greta não foram suficientes? Ou será que de repente apareceu um inesperado aliado, sob forma de vírus?

Porque o vírus fez o milagre. Os obstáculos a um “mundo inteligente” foram varridos, as portas abriram-se, fomos catapultados num planeta onde as apps controlam quem é são e quem espalha a Peste Negra. É apenas uma fase inicial, mas sem dúvida muito promissora.

O vírus varreu o Dióxido de Carbono, metaforicamente e literalmente. Os Rockefeller, pelo contrário, ficam. Não são os únicos e nem são os piores. Mas são incontornáveis.

 

Ipse dixit.

22 Replies to “Uma família muito moderna”

  1. ” …o Capitalismo não é o fim mas um mero instrumento, tal como o Comunismo Ambos os sistemas permitem alcançar objectivos de meio termo, mas não são o ponto de chegada …”

    Se ambos são instrumentos equivalentes do mesmo fim, se o fim é inexoravelmente mau para o cidadão comum, então o que leva o blog II a continuar a denuncia do capitalismo selvagem e abre as portas ao comunismo descarado representado por Strategic Culture Foundation ?

    Parece-me estranho continuar a apontar conjunturas a nível estratosférico quando nem a conjuntura do nosso blog conseguimos compreender …

    1. Desculpe o desabafo P.Lopes, mas a sua insistência nesse tema, leva-me a pressumir que uma densa névoa vermelha lhe tolda a visão, impedindo-o de ver mais além.
      Ferramentas de contradição ao “statuo quo” são imprescindiveis nestes tempos, mesmo que não as melhores ou as ideais. O propósito serve o objetivo… parece-me.
      Sou, serei o primeiro a opor-me a regimes autoritários como o russo ou o chinês ou similares, mas também o primeiro a contestar ideologias imperiais e ou coloniais.
      Louvei, apoio a ação do Putin na Síria ou na Crimeia, reconhecendo os objetivos próprios, inerentes e indissociáveis da Russia, assim como louvei e apoio a contestação dos USA e Japão no mar da China. É o jogo jogado e quer queiramos ou não estamos nele envolvidos. E, mesmo detestando a situação em que somos indiferentemente todos colocados, somos peças no tabuleiro. Daí, impõe-se à opinião a ação, pois só através dela existe o movimento que se deseja com determinado sentido. Infelizmente, o futuro escreve-se por linhas tortas.
      O propósito de hoje serve um objetivo, o de amanhã outro… desde que saibamos manter o norte, é claro. Pela história do II, que ainda hoje se continua a escrever, acredito que a bússola se mantém firme. Claro que, é sempre útil a critica construtiva e pela parte que me toca aprecio bastante as suas… sempre vigilante. Bem haja.

      1. Desabafe meu caro Alfbber, desabafe ….Tenho uma visão um pouco diferente, acho que o Strategic Tretas Foundation não é um meio de informação mas parte de uma máquina de propaganga e por isso deteto uma anomalia na bússola, o comandante do navio nada diz sobre isso e como membro da tripulação acho que devo fazer notar a anomalia … propaganda de qualquer cor não foi até aqui o rumo deste navio…agora é. Quanto ao facto de por vezes termos de optar pelo mal menor e /ou fazer acordos até com adversários é uma estratégia legítima mas note que não é sobre isso que estou a questionar o comandante do navio, o que questiono é, pegando na sua deixa … se a bússola ainda se mantém firme? E na ausência de resposta creio que a dúvida fundamentada é legítima.
        Abraço.

    2. Meu caro P.Lopes, até gosto de alguns de seus comentários ( obviamente , o fato de eu gostar ou não, é irrelevante para vc ), mas percebo que vc tem colocado uma visão mais aguçada, toda vez que lê um artigo publicado pela SCF e consequentemente surgem criticas ao II.

      Não seria a sua lente que esteja desregulada e distorcendo para o vermelho ?
      Ou contraiu um virus ( este sim, uma verdadeira praga ) que circula no brasil : o Bolsonavirus ? Este vírus tem a capacidade de transformar a mente do infectado , de tal forma , que ele passa a enxergar em tom avermelhado , todo pensamento ou idéia que não seja conivente com a mente do contaminado.

      Dizem que Cloroquina resolve.

      Sem ofensas, abraço.

      1. Olá Sérgio não é irrelevante que o nosso raciocínio seja compreendido, é importante tal como o são as críticas construtivas e assim, agradeço.
        Eu crítico o II … admito que sim mas essencialmente eu faço perguntas que acho serem importantes para todos aqui e que lá vão ficando sem reposta… é possível que eu esteja a ver mal, não sei, seremos sempre maus juízes em causa própria, mas quem poderia esclarecer, agradece automática e antecipadamente todos os comentários mas depois remete-se ao silêncio, parecem longe os tempos em que se consideravam os comentários o sal do blog… o cozinheiro deve estar a achar a receita demasiado salgada , mas por outro lado não sou obrigado a comer tudo o que me põem no prato.
        Abraço.

    3. OIá P.Lopes!

      A Rússia de Putin é comunista? Eu não vejo Comunismo nenhum. O que vejo é uma clara economia de mercado. Que, como P.Lopes sabe, é o contrário do Comunismo.

      Nem a China nesta altura pode ser definida como comunista: é uma economia de mercado dirigida por uma oligarquia que ainda se esconde atrás da fachada vermelha. E a diferença entre as duas realidades é que na China não é admitida uma oposição de tipo político, tendo apenas um partido; na Rússia a oposição existe.

      Na Rússia há uma forma de governo semi-presidencial; o presidente é o chefe de Estado e é eleito por sufrágio universal directo com um sistema de dois turnos. O mandato presidencial tem uma duração de seis anos e não pode durar mais do que dois mandatos consecutivos. O Presidente nomeia o Primeiro-Ministro e, sob proposta sua, nomeia e revoga ministros, tal como pode demitir todo o governo.

      A Federação Russa está basicamente estruturada como uma democracia representativa, com o governo federal composto por três ramos:

      Ramo legislativo: A Assembleia Federal bicameral da Rússia, composta por 450 membros da Duma e 166 membros do Conselho Federal.

      Ramo executivo: O Presidente, que reside no Kremlin, é o comandante em chefe das forças armadas, pode vetar as leis antes de estas se tornarem oficiais, nomeia os mais altos cargos oficiais do Estado, incluindo o Primeiro-Ministro, que devem ser aprovados pela Duma, a Câmara Baixa do Parlamento.

      Ramo judicial: O Tribunal Constitucional, o Supremo Tribunal, o Supremo Tribunal de Arbitragem e os tribunais federais inferiores, cujos juízes são nomeados pelo Conselho da Federação Russa sob proposta do Presidente, são responsáveis pela interpretação das leis e podem abolir as leis que considerem inconstitucionais.

      A Rússia tem um parlamento bicameral. A Assembleia Federal é composta por uma câmara superior conhecida como Conselho Federal, composta por 170 delegados que exercem funções durante quatro anos (cada uma das 85 subdivisões administrativas nomeia duas), e uma câmara inferior conhecida como Duma do Estado, que inclui 450 deputados.

      A lei eleitoral prevê a distribuição de assentos entre as listas que ultrapassaram a barreira dos 7% à escala nacional. Os principais partidos políticos são a Rússia Unida, o Partido Comunista da Federação Russa, o Partido Liberal Democrático da Rússia e a Rússia Justa. No total, os partidos nacionais registados são 25, depois há os partidos regionais.

      Por acaso,a Rússia tem a mesma forma de governo de Portugal: semi-presidencial. A diferença reside no tipo de semi-presidencialismo: na Rússia é “Premier-Presidential” (mais próxima do Presidencialismo puro), em Portugal é “President-Parlamentary”. Curiosamente, o primeiro tipo (o Premier-Presidential, aquele da Rússia) é idêntico ao praticado em Taiwan, desde sempre considerado um bastião contra a China comunista.

      O que Strategic Culture faz não é defender o Comunismo (não teria encontrado espaço em I.I.) mas sim defender uma visão alternativa do Capitalismo. Então isso significa que I.I. converteu-se ao Capitalismo? Absolutamente não: neste aspecto o rumo de I.I. permanece aquele de sempre, contrário aos vários -ismos.
      Mas Strategic Culture tem uma dote: independentemente de concordar com as ideias expressas, demonstra que a visão ocidental da política e da economia não é a única possível, existem alternativas já implementadas. Mais: faz isso ao defender não uma revolução vermelha (o pesadelo de P.Lopes) mas sim apresentando ideias que são aplicadas em regimes capitalistas diferentes do nosso, tais como a Rússia ou a China.

      É claro que o sistema russo ou aquele chinês não são o sonho da minha vida: são diferentes de nós, isso sim, mas sempre de Países capitalistas estamos a falar, inseridos no grande mercado global que capitalista foi, é e será nos próximos tempos. Todavia, nesta altura de homogeneização forçada, de pensamento único obrigatório, dar voz a quem pensa de forma diferente é um dever. E se a voz em questão irrita os media de regime (o nosso regime!), mais do que um dever torna-se um prazer.

      1. Retenho duas afirmações:

        1 “…na Rússia a oposição existe. …”

        E recordo-lhe Boris Nemtsov, opositor político de Putin assassinado em 2015 próximo do Kremlin , Anna Politkovskaia, jornalista assassinada em 2005 depois da sua cobertura sobre a 2.ª Guerra da Chechénia… no geral desde 1992 cerca de 50 jornalistas foram mortos em toda a federação russa e mais: Alexander Litvinenko em 2006 Sergei Magnitsky em 2009 … portanto a oposição na Rússia está bastante… “inspirada” …

        2 “A Federação Russa está basicamente estruturada como uma democracia representativa. …”

        E realço a palavra … “basicamente” … sim… na pratica é uma ilusão… tem um Czar que decide e os representantes fazem como os pinguins do filme de animação “Madagáscar” sorriem e acenam.
        Ok , muito haveria para falar sobre a Federação Russa (FR) , mas as minhas perguntas nunca se dirigiram a FR, dirigiam-.se ao blog II .

        Porquê a parceria com Strategic Culture Foundation (SCF) e não com outros ?
        Quem financia SCF ?
        Afinal esta pergunta destina-se a por em pratica um velho conselho do blog:
        “ Sigam o dinheiro”
        Existe uma infiltração do SCF no Informação Incorreta (II) é obvio … a postura de SCF é diferente de II, porque razão não se limitar apenas á menção da existência de um blog recomendado como SCF e ter ao invés disso , literalmente de “copiar / colar” os artigos de SCF em II ?
        Se sabemos onde está SCF e é recomendado por II … não havia necessidade de “copiar/ colar ” ?
        Mas não… temos de copiar/ colar … temos de repetir … a mensagem tem de passar …
        E neste paragrafo vou lhe responder a um quesito especifico:
        O pesadelo de P. Lopes não é apenas uma revolução vermelha, o pesadelo de P. Lopes são todas as formas de colonialismo mental onde também se inclui as revoluções vermelhas ou de outras cores e os meios de propaganda disfarçados de me meios de informação onde SCF se inclui .

        O meu caro Max termina a sua possível resposta com :

        “…Todavia, nesta altura de homogeneização forçada, de pensamento único obrigatório, dar voz a quem pensa de forma diferente é um dever. E se a voz em questão irrita os media de regime (o nosso regime!), mais do que um dever torna-se um prazer….”

        Pensar de forma diferente??? Rússia e China pensam diferente? , Sim, mas não para melhor !
        Pensava eu que pensar de forma diferente era pensar a bem da humanidade e contra todas as formas de opressão e colonialismo mental …
        Pensava eu que II estava nessa demanda …
        Mas II parece querer, e sentir prazer, apenas em irritar o regime … acho muito pouco.
        Por fim, e uma vez que as perguntas fulcrais continuam sem resposta, vou ter de simplificar para tornar mais fácil ao meu caro blogueiro não perder muito tempo com um velho marreta …e resumo tudo a uma pergunta:

        SCF paga para ter os seus artigos divulgados no II?

        1. E se pagar? Serás surpreendido? O dinheiro (capital) dita tudo e é “deus” neste mundo capitalista tão venerado…

          1. Sabes bem que não, mas não achas que já está na altura de perceber os meandros desta espécie de parceria com o Strategic Tretas Foundation ?

            1. Devemos buscar identificar todos os meandros possíveis, e não fixar-nos naqueles que nos agradam, ou acabamos naquela de mocinho x bandido…brincadeirinha que larguei qdo ganhei um brinquedo chamado “Forte-Apache”…qdo tinha cerca de 8 anos de vida…

              1. Por mais infantil que essa brincadeirinha pareça, a brincadeirinha que aqui se desenvolveu depois da minha pergunta sobre se SCF pagava para ter artigos seus colados no II parece me ainda mais infantil . Não só não obtenho resposta como o artigo seguinte é … sexo! Nada melhor para mudar rapidamente de tema e fazer esquecer tudo, é a boa maneira capitalista … que atinge a apoteose com o comentário do nosso camarada JF com uma alusão a puxar á badalhoquice de um famoso slogan do manifesto comunista… E neste contexto falar de dinheiro é tema tabu ?

  2. «…foi a cidade chinesa de Wuhan a implementar o confinamento obrigatório…»

    Se o confinamento obrigatório implementado pelo governo da República Popular da China (RPC) na província de Wuhan, não teve nada a ver com a «pandemia» de covid-19, sendo que somente essa zona do país foi confinada, porquê que uma grande parte dos restantes países da Europa e do Mundo decidiram implementar o confinamento total e consequente bloqueio e destruição das próprias economias?

  3. Confesso que uma certa ficha me custou muito a cair, mas sobre o “comunismo” da China e da Rússia e o “capitalismo selvagem” do império, isto não mais me confunde. “Decidi” que todos funcionam como capitalismo, mais ou menos selvagem, com a diferença que os que são chamados comunistas têm no Estado o conglomerado de governo e poder mais significativo.
    E, portanto, como estas famílias poderosas sempre souberam que ideologia é discurso, efeito de superfície, que o que interessa a todos é dominação (de diferentes formas, diferentes estratégias), exploração do trabalho e maior ou menor dos trabalhadores, então atuam em todas as frentes, e são vencedoras porque mais inteligentes, inclusive.

    1. Complementando teu raciocínio. O comunismo (não o teórico utópico) e o capitalismo são filhos da mesma mãe (adivinhem…), só que um pede mesada no sábado, outro no domingo…

  4. Muito antes dos Rockefellers, a finança judaica anglo-saxã já estava assentada numa bela base chinesa, ainda hoje sob a legislação imposta pela banca. O nome da base? Hong Kong, a City Londrina asiática…

  5. O mundo tem uma ‘deadline’ à sua frente que é a ‘Inteligência Artificial’, a qual poderá estar a 10, 20, 30, …, anos de distância. A verdadeira IA (e não aquela dos novos telemóveis) nas mãos ‘erradas’ pode mudar drasticamente o jogo.
    Tem também outras ‘deadlines’; população crescente, destruição de espécies, ecossistemas e poluição.
    Não havendo planeta B, a única solução será transformar o planeta A em B, através da correção dos problemas elencados. Para isso acontecer será preciso criarem-se as condições ideais para se fazerem os ajustes necessários.
    A nós, só nos resta participar ativamente para retardar o plano.

  6. Duas coisas que eu tenho certeza na vida, 1- Religião é uma doença mental, 2 Comunismo é outra doença mental. Karl Marx era um escritor pobre e sem recursos, seus livros nem venderam tanto assim mas graças a promoção desses “iluminados”, depois de alguns anos tornaram-se uma espécie de credo. Veja só: A partir daí, o lockdown foi considerado normal, pedido pelos cidadãos de todo o mundo até. Imagina quem pediu isso? provavelmente foram os vendedores ambulantes (camelôs), ou o pessoal que perdeu seu emprego nos empreendimentos do turismo, pqp, é assim que constroem o mundo em que vivemos, fazer o que ? é melhor aturar isso do que viver na China, berço dos vírus e do trabalho escravo, aqui pelo menos eu posso ler o II que lá na China provavelmente é bloqueado, mesmo tendo cá uns artigos tingidos de vermelho.

    1. Mal menor o de cá sem qualquer margem para dúvidas. No entanto, não é por lá o “berço dos vírus”, aliás nem sequer é só um… esses encontram-se do nosso lado do planeta.
      Mas, também não tenho quaisquer dúvidas que o regime chinês trabalha arduamente para implmentar um “berço” por lá… ‘imperius rex’?

  7. “1- Religião é uma doença mental, 2 Comunismo é outra doença”

    Lololol….nunca tinha lido isso. Bem visto 🙂

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