Muito barulho por nada.
Depois de ter falado claro e forte contra os excessos dos banqueiros e dos bónus excessivos, o governo liberal-conservador liderados por David Cameron bate em retirada e deixa que os bancos façam o desejado.
Quase 48 horas depois de ter criticado, mais uma vez, o nível dos prémios distribuídos aos executivos de topo, especialmente no caso dos bancos nacionalizados para evitar a falência, o Primeiro-Ministro britânico é obrigado a declarar que o governo não tenciona limitar a quantidade dos bónus.
E também anuncia que o imposto de 50% sobre o valor dos mesmos bónus, medida lançada pelo anterior governo trabalhista, não será confirmada.
Afirma um porta-voz de Downing Street,:
Precisamos de mais contenção e responsabilidade por parte dos bancos mas não temos a intenção de limitar os bónus de cada banco.
A decisão foi tomada apesar do anúncio de que os bónus para os banqueiros relativos ao ano de 2010 irá atingir um total de 7 biliões de Libras (cerca de 8 biliões e meio de Euros), segundo estimativas do Center for Economics and Business Research, com uma queda mínima em comparação aos prémios pagos no ano anterior, que foi de 7 biliões e 300 milhões de Libras.
O governo pede algo em troca: que os bancos abram mais as torneiras do crédito para pequenas e médias empresas, isso com o fim de impulsionar a economia.
Mas é apenas um convite, não uma ordem.
Quanto à taxa de bónus de 50%, será substituída por um imposto mais elevado sobre os balanços dos bancos.
Ed Miliband, líder da oposição trabalhista, afirma ser este um “corte nos impostos para os banqueiros.
E a luz verde para os bónus pode aumentar as tensões na coligação de governo, especialmente porque o Partido Liberal Democrata irá viver isso como uma traição em relação às promessas eleitorais.
Acusa a primeira página do jornal The Independent:O governo deve explicar por que se sente impotente, mesmo contra o Royal Bank of Scotland, um banco cujo 83% é detido pelo Estado, isso é pelos contribuintes, e que recebeu 45 biliões de Libras para evitar a falência; e pode continuar na mesma a distribuir bónus aos banqueiros.
Mas o governo, por enquanto, não explica.
Em vez disso, eis que chega um comentário de Bob Diamond, chefe-executivo do Barclays, o banqueiro com o bónus mais alto de toda a City londrina:
Eu digo não à ajuda do governo para os bancos que podem falir, nenhum banco deve tornar-se um fardo para os contribuintes.
De facto, o seu banco conseguiu salvar-se sozinho, ou melhor, graças aos investimentos do Emir do Qatar. Diamond será premiado com um bónus de 9 milhões de Libras, “um sinal de moderação” como o mesmo Diamond afirma, em comparação aos 20 milhões de prémio que levou um ano antes.
Também o leitor ficou com lágrimas de emoção nos olhos?
Fonte: LaRepubblica