Parados, no meio do mar, olhando as gaivotas

Breve actualização acerca do Baltic Dry Index.

Em queda livre há 21 dias, na prática deixou de fazer sentido como indicador. Há demasiados navios utilizados como armazéns no meio do mar: mercadorias da China e da Índia simplesmente esperam tempos melhores.

Mas se o BDI deixa de ser fiável, não podemos esquecer as razões: um forte abrandamento da procura.

Como reportado num recente artigo (A bonança, 19 de Dezembro):

Os armazéns ocidentais estão cheios e os navios chineses receberam ordem para navegar à velocidade mínima: menor custo de carburante perante a não necessidade de entregar as mercadorias.
O raciocínio é o seguinte: porque correr se depois ninguém compra? Melhor ir devagarinho e poupar no carburante. Entretanto, com um pouco de sorte, alguém vai comprar algo e os armazéns ficam com um pouco de espaço.

Nada mudou. Aliás, mudou sim: os navios são cada vez mais e a velocidade é cada vez menor.

O difícil, agora, é perceber qual o rumo.

Dum lado temos declarações encharcadas de optimismo, segundo o qual os Estados Unidos encontraram a tão esperada estrada da retoma: até o número de desempregados diminuiu.
E, como se não fosse suficiente, temos o bom desempenho das Bolsas ocidentais ontem.

Doutro lado, temos um claro indicador segundo o qual as mercadorias estão paradas: ninguém tem pressa de vender simplesmente porque ninguém compra.

Um enigma sem solução?
Nada disso: em casos como este, a verdade acaba com o emergir.
E com uma certa pressa também.

Ipse dixit.

Gráfico: Euroinvestor

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