Hoje era suposto publicar a actualização dos dados da EMA. Só que o tempo é pouco, pelo que fica para o dia de amanhã. Hoje artigo curto e rápido dedicado a um documento do americano Federal Bureau of Investigation (FBI), algo tornado público há alguns dias.
Assunto: pressões e intervenções estrangeiras para alterar ilegalmente o resultado da votação durante as eleições presidenciais de 2016. Estão a pensar na Rússia? Errado. Espreitem noutro lugar. Que tal israel?
Embora censurado, o texto publicado pelo site L’AntiDiplomatico é em grande parte decifrável. Começa com uma frase contida numa mensagem privada trocada através de uma aplicação Google, e que, devido a uma ordem judicial, a empresa teve de colocar à disposição das autoridades. O autor da mensagem é Jerome Corsi, um personagem da Direita internacional; o destinatário é um grande amigo de Donald Trump: Roger Stone, também homem da Direita. Na altura em que a mensagem foi enviada (12 de Agosto de 2016) Trump estava a concorrer para a Casa Branca, mas Corsi avisava Stone, “Ele vai perder a menos que nós intervenhamos. Temos material de inteligência crucial”. Crucial para fazer vencer Trump, claro.
Quem é esse “nós” começa-se a adivinhar a partir do local de onde Corsi fala: Jerusalém.
Mas graças a duas outras trocas de mensagens que tiveram lugar anteriormente (21 e 25 de Junho do mesmo ano) sabemos com certeza que, nesta operação israelita para alterar fraudulentamente o resultado da competição para a presidência dos Estados Unidos, estava presente o então líder de israel, Benjamin Netanyahu. Este último não é indicado directamente pelo nome, mas com as iniciais PM: Primeiro-Ministro. Não só isso. Também compreendemos quem é o intermediário político nomeado por Netanyahu: Tzachi Hanegbi que apenas um mês antes tinha-se tornado membro do governo israelita. Os seus campos de acção oficiais diziam respeito à Defesa, à Inteligência e aos Negócios Estrangeiros; áreas que, sem dúvida, são bem adequadas à missão a realizar.
O governo de Tel Avive teme Trump caia num armadilhas, aqueles fenómenos que, durante uma campanha eleitoral, fazem que uma das frentes envolvidas comece a perder terreno no último momento. São chamadas de “Surpresa de Outubro” porque costumam ser accionadas pontualmente naquele mês, quando pouco falta para as eleições de Novembro e os eleitores vão às urnas com a memória fresca desse escândalo na cabeça.
É por isso que, a 9 de Agosto de 2016, os israelitas, tramite Corsi, evidentemente bem informados avisaram, com uma mensagem alarmante, de tal forma que está tudo em letras maiúsculas: TRUMP IN FREE FALL. OCTOBER SURPRISE COMING! (“Trump em queda livre. Surpresa de Outubro a chegar!”, página 16 do documento). Ou seja: cuidado, porque Trump, por causa da armadilha, entrará em queda livre. E a armadilha contra o republicano chega: a 7 de Outubro, às 16 horas, um dos jornais mais seguidos, o Washington Post, publica um artigo que revela declarações fortemente misóginas proferidas por Trump, incluindo a já bem conhecida frase sobre a liberdade de agarrar as mulheres a partir do órgão genital delas. Trump, de facto, acusa fortemente o golpe, como esperado por israel. Mas, graças ao aviso, a contra-medida já está pronta e Corsi pede a Roger Stone que a deixe ser posta em prática, porque, pelo contrário, “a História não nos perdoará”.
No mesmo dia começam a ser divulgadas pelo WikiLeaks os e-mails de John Podesta, do grupo da candidata democrata Hillary Clinton: são e-mails bem pesados que, entre as outras coisas, deixam vislumbrar a implicações dos Democratas com a pedofilia (Pizzagate). Em 2018, Corsi foi visado pela investigação do Procurador Robert Mueller sobre os seus contactos com o antigo conselheiro de Donald Trump, Roger Stone, e o conhecimento do material de WikiLeaks. Corsi negou quaisquer contactos ou conhecimentos sobre o assunto, apesar dos documentos do tribunal mostrarem que Corsi estava a actualizar Stone sobre as iminentes divulgações de WikiLeaks.
Sabemos como a história acaba: Trump derrota a Clinton, obtendo as chaves da Casa Branca. E, graças ao documento do FBI, agora sabemos que naquelas chaves é possível vislumbrar as impressões digitais do governo israelita e não aquelas dos eleitores dos Estados Unidos.
A assinatura final do documento diz “Robert S. Muller”, o Procurador que também investigou as alegadas interferências da Rússia no mesmo processo eleitoral de 2016. Como é, então, que a investigação sobre a Rússia ocupou as páginas dos diários mundiais e aquela sobre a interferência de israel foi ignorada?
Resposta: porque neste último caso o alvo era israel. Isso não é dito de forma tão explícita, claro está, mas a verdade é que as últimas três páginas do documento são dedicadas à “Moção para selar o mandado e documentos relacionados e para exigir a não divulgação ao abrigo do 18 U.S.C. § 270SB)”, onde é explicado que “existe também um interesse governamental imperioso na confidencialidade para justificar o pedido de selagem”.
O sigilo deveria ter durado um ano a partir de 2018, pelo que em 2019 poderia já ter sido divulgado. Mas a verdade é que não viu a luz até hoje.
Ipse dixit.
Olá Max: preciosa informação! Seria bom que nós leitores compartilhássemos o artigo nas redes sociais que acaso utilizem.
É curto, os que não gostam de ler, conseguem ir até o final, é de fácil compreensão e contribui para desmanchar a historinha de que a Rússia é sempre a que interfere.