Covid-19: as variantes

Segundo a versão oficial, o SARS-CoV-2 (o vírus da Covid-19) foi encontrado pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China, no Inverno de 2019; provavelmente estava em circulação já no mês de Novembro, mas há quem fale em Setembro.

Ao longo de muitos meses o SARS-CoV-2 portou-se bem, espalhando-se pelo mundo fora, assustando e infectando tudo e todos. Mas sobretudo: a sua atitude era aquela dum vírus sério, que se mantinha sempre igual a si mesmo para dar tempo às empresas farmacêuticas de encontrar uma vacina. Um vírus com sãos princípios.

De repente, eis a reviravolta: por razões misteriosas (casualidade? Pura maldade?) eis que o vírus decidiu mudar. Assim, sem razão aparente: muito triste, porque não é assim que se comporta um vírus à maneira.

Vamos ver mais em detalhe quais as variantes notas até agora:

  • Variante dinamarquesa (Cluster 5)

Uma variante encontrada na Dinamarca, chamada Cluster 5 (ou ΔFVI-spike pelo Statens Serum Institut, SSI), desencadeou uma rigorosa campanha de quarentena e eutanásia nas explorações de martas dinamarquesas. Descoberta na Jutlândia do Norte, acredita-se que tenha sido transmitida de martas para humanos nas explorações agrícolas.

A 4 de Novembro de 2020, foi anunciado que a população de martas na Dinamarca seria abatida para evitar a possível propagação desta mutação e reduzir o risco de novas mutações. Foram introduzidas restrições de viagem em sete municípios do norte da Jutlândia para impedir a propagação, o que poderia ter comprometido as respostas nacionais ou internacionais à pandemia.

A Organização Mundial de Saúde declarou que o Cluster 5 tinha uma “susceptibilidade moderadamente reduzida a anticorpos neutralizantes” e o SSI advertiu que a mutação poderia reduzir o efeito das vacinas em desenvolvimento, embora fosse pouco provável que as tornasse ineficazes.

Após o bloqueio e os testes em massa, o SSI anunciou a 19 de Novembro de 2020 que o Cluster 5 muito provavelmente tinha sido extinto. Tal como muitas martas.

  • Variante nigeriana (202012/01 – P681H)

Sequenciada pela primeira vez em Agosto de 2020 na Nigéria, as implicações para transmissão e virulência não são claras, mas tem sido referida como uma variante emergente pelos Centros de Controlo de Doenças dos EUA.

Sequenciada pelo Centro Africano de Excelência em Genómica das Doenças Infecciosas na Nigéria, esta variante apresenta a mutação P681H, partilhada com a variante inglesa. Não partilha outras mutações e, no final de Dezembro de 2020, esta variante representava cerca de 1% dos genomas virais sequenciados na Nigéria, embora possa aumentar.

Em Agosto a vacina encontrava-se ainda longe e os órgãos de comunicação não ligaram: a variante nigeriana passou quase despercebida.

  • Variante espanhola (20A.EU1).

Em Outubro de 2020, os cientistas descreveram uma variante, a 20A.EU1, observada pela primeira vez em Espanha no início do Verão e que tornou-se a variante mais frequente em vários Países europeus. Segundo o Medical Express, a nova variante que teve origem em Espanha e está ligada a um evento de superdifusão entre os trabalhadores agrícolas do nordeste do País.

Como no caso da nigeriana, a variante espanhola apareceu demasiado cedo, pelo que os órgãos de informação não ligaram: poucos fora de Espanha conhecem a variante espanhola.

  • Variante inglesa (202012/01 – B.1.1.7).

A variante inglesa, relatada a 14 de Dezembro de 2020, assumiu grande destaque nos meios de comunicação social: nesse dia, as autoridades sanitárias britânicas relataram a presença de uma variante do vírus SARS-CoV-2 que demonstraria uma maior difusibilidade. Com a versão inglesa, pela primeira vez, o grande público é informado de que os vírus mudam e que isso poderia criar problemas: mas, para nossa sorte, temos as vacinas que, distribuídas nos mesmos dias, tratam de tudo.

Os investigadores argumentam que níveis elevados de transmissão comunitária causam o aparecimento de estirpes virais, tais como uma nova variante. Uma descoberta incrível: ninguém antes tinha sequer imaginado uma coisa destas. Ou talvez sim, porque isso é o que fazem todos os vírus mas, simplesmente, decidiu-se não aprofundar o assunto entre as massas. Os mesmos investigadores afirmam que a nova variante evoluiu em alguém com um sistema imunitário suprimido, um sujeito que foi cronicamente infectado e espalhou o vírus durante meses.

Esta variante foi isolada em Setembro pelo Covid-19 Genomics UK Consortium and Public Health England (PHE) que lhe deu o nome de VUI – 202012/01 ou B.1.1.7; há provas de que esta variante tem 17 mutações em comparação com a estirpe original. O Professor Nick Loman, do Instituto de Microbiologia e Infecção da Universidade de Birmingham, diz que é surpreendente ver o crescimento desta variante, muito mais do que seria de esperar; tal como é surpreendente ver o número de mutações, significativamente maior do que é normal.

Segundo Alessandro Carabelli, investigador da Universidade de Cambridge, há 23 mutações nesta variante em comparação com a estirpe original; a variante inglesa é apresentada como altamente infecciosa, até 70% mais.

Na Grã-Bretanha, causou um aumento de mais de 50% das infecções numa semana. Esta variante causa um índice R0 mais elevado e isto determinou, de facto, que a variante inglesa no Reino Unido neste momento está “fora de controlo”. Isto de acordo com o que foi afirmado pelo Ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, em Dezembro de 2020.

A variante britânica, segundo os epidemiologistas da Nova Zelândia, é susceptível de tornar-se dominante a nível mundial num futuro próximo, porque é mais contagiosa, tendo taxas de propagação 50-70% mais elevadas do que a variante clássica.

  • Variante sul-africana (20H/501Y.V2 – B.1.351)

Na África do Sul, uma variante genómica chamada variante 501.V2 foi descoberta no início de Outubro de 2020 e propagou-se a cerca de 90% dos genomas sul-africanos testados pelo laboratório sul-africano Kwazulu-Natal Research Innovation and Sequencing Platform (Krisp). Parece que esta variante afecta, em comparação com outras estirpes do vírus SARS-CoV-2, mais jovens causando uma doença mais grave. A 4 de Dezembro de 2020, a África do Sul alertou a OMS.

Os investigadores britânicos, ao estudarem o assunto, descobriram que a variante inglesa não estava relacionada com a variante sul-africana. As duas variantes sul-africanas e inglesas partilham apenas uma das mutações consideradas determinantes da doença. Em ambos os casos, as variantes genómicas responderiam às vacinas e ao tratamento médico da mesma forma.

A variante sul-africana pertence ao grupo de elites das variantes, sendo muito acarinhada pelos órgãos de informação. Mas não tanto quanto a variante inglesa. Racismo? Black Virus Matter?

  • Variante inglesa-sul-africana

Não, nada de racismo. Os especialistas confirmam: em várias amostras virais pertencentes à chamada variante inglesa da SARS-CoV-2 foi observada uma mutação típica de outra variante, a sul-africana, que tornará o vírus mais capaz de fugir dos anticorpos. Portanto: uma mutação politicamente correcta que não discrimina e que bem simboliza o encontro de várias culturas.

O relatório do dia 2 de Fevereiro, da Public Health England (o braço executivo do Departamento de Saúde do Reino Unido), identifica uma mutação conhecida como E484K em pelo menos 11 amostras virais da variante inglesa colhidas em doentes no Reino Unido. O E484K era até agora típico da variante sul-africana do vírus (B.1.351): esta mutação ajuda o agente patogénico a escapar à vigilância do sistema imunitário.

Estudos científicos sugerem que esta “versão” é mais capaz de estabelecer reinfecções naqueles que já recuperaram de outras variantes da Covid. Além disso, as vacinas que foram testadas até agora na África do Sul, onde esta variante é predominante, demonstraram ser eficazes, mas de forma limitada.

A mutação E484K foi encontrada também na variante brasileira.

  • Variante Brasileira/Japonesa (B.1.1.248)

A variante B.1.1.248, mais conhecida como a variante brasileira e referida como a linhagem P.1, tem 17 mutações genéticas únicas de aminoácidos, 10 das quais estão na sua proteína spike, 4 mais do que a estirpe inglesa e 3 mais do que a sul-africana, incluindo a N501Y (como a variante inglesa B.1.1.7 e a sul-africana B.1 .351), E484K e K417N (como a variante sul-africana).

A modificação que a proteína apresenta no exterior do vírus poderia torná-lo o antigénio viral menos reconhecível para o sistema imunitário, sem afectar a sintomatologia, apesar do aumento da agressividade e da possibilidade de infectar os já afectados pela Covid-19 anteriormente.

A variante foi detectada pela primeira vez no Japão pelo Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIID) a 6 de Janeiro de 2021, depois de quatro pessoas terem regressado a Tóquio após visitarem o estado brasileiro do Amazonas quatro dias antes. A 12 de Janeiro, foram confirmados 13 casos locais da variante em Manaus, a capital do Amazonas e a maior cidade da floresta tropical amazónica. A nova linhagem esteve ausente nas amostras até Dezembro de 2020, quando foi identificada em 42% dos casos: isso sugere um aumento recente da taxa de propagação, o que desafiou o sistema de saúde brasileiro.

Uma preview de um artigo descreve como a variante surgiu pela primeira vez em Julho e foi detectada pela primeira vez em Outubro, mas na altura da publicação (Dezembro de 2020) a percentagem de propagação teria repentinamente aumentado, embora em grande parte (61% dos casos) restrita ao Rio de Janeiro. Há pouca informação sobre a capacidade do vírus de se propagar com esta mutação, sobre a resposta às vacinas e aos procedimentos de diagnóstico.

Quais os sintomas da variante brasileira? Embora aparentemente mais agressivos, são idênticos aos que já conhecemos:

  • febre
  • tosse seca e dor de garganta
  • fadiga generalizada
  • dores musculares
  • diarreia
  • conjuntivite
  • perda do sentido do paladar e do olfacto
  • mais raramente: dificuldade em respirar ou falta de ar, aperto ou dor no peito, perda de fala ou movimento.

A diferença é que esta variante parece ser mais agressiva. Ou talvez não: os dados neste aspecto são contrastantes. Como no caso da variante inglesa, fala-se de duma maior patogenicitá  mas até hoje faltam evidencias científicas. Antonio Mastino, microbiologista associado do Instituto de Farmacologia Translacional do Conselho Nacional de Investigação (emanação do governo italiano), esclarece que:

As variantes e mutações do SARS-CoV-2 actualmente em circulação, por um lado representam uma fonte de preocupação devido à maior capacidade de transmissão entre indivíduos, mas por outro lado devemos lembrar que a mutação é um processo natural de agentes patogénicos e que, com base no conhecimento actual, nenhuma destas variantes parece amplificar a patogenicidade do vírus. […] Não temos dados que sustentem a ideia de que as variantes inglesa, brasileira ou sul-africana sejam mais prejudiciais para aqueles que as contratam.

Por qual razão, então, logo após a descoberta duma nova variante os órgãos de informação pontualmente afirmam que esta é mais agressiva e mais perigosa? Quem espalha estes rumores? Uma maior capacidade do vírus em se espalhar não significa automaticamente uma maior patogenicidade (lembramos: um vírus demasiado agressivo é um erro evolucionista).

Só para lembrar: uma mutação do vírus não significa uma nova variante. Cada variante é caracterizada por um conjunto de mutações. No entanto, as mutações conhecidas são pelo menos 500.000, distribuídas desde Janeiro de 2020 até hoje: já na Primavera do ano passado falava-se em dezenas de milhares delas. O que é normal: é o que fazem todos os vírus.

Então, como é que as variantes apareceram em destaque apenas no último Outono? Na verdade, como vimos, as primeiras variantes tinham sido encontradas já no Verão de 2020, só que a comunicação social ignorou a presença delas. Vice-versa, quanto mais a vacina se aproximava, mais as variantes ganhavam espaço nas notícias e nem faltavam especialistas (sucessivamente desmentidos) que juravam que estas implicavam uma aumentada propagação e sintomas mais graves.

Tinha sido a variante espanhola a provocar o drástico aumento da “pandemia” em Espanha ao longo de 2020, até tornar o País a zona mais atingida na Europa ao longo dalgumas semanas. Como vimos, a variante espanhola saiu do País e alastrou pelo Velho Continente. Mas na altura nenhum órgão de informação falou em “variante espanhola”, era simplesmente “Covid”. E ainda hoje continua a ser ignorada (ver tabela abaixo).

Até hoje não há nenhuma prova que demonstre que as variantes sejam mais graves do SARS-CoV-2 original (CDC1, CDC 2, OMS). Única excepção, talvez, pode ser representada pela variante inglesa, mas trata-se de estudos preliminares que precisam de mais investigação. Nomeadamente, o New and Emerging Respiratory Virus Threats Advisory Group (Nervtag) concluiu que havia uma “possibilidade realista” do vírus tornar-se mais mortal, mas isto está longe de estar certo.

Actualmente, a situação é a seguinte (tabela de Wikipedia):

Variante Aumento transmissão Aumento gravidade Resistência às vacinas Difusão
Nigeriana Não Não Não Localizada
Inglesa 30-70% Potencial Não Global
Dinamarquesa Não Não Moderada Extinta
Sul-Africana Sim Não Investigada Global
Brasileira Investigada Não Investigada Global
Espanhola Ignorada Ignorada Ignorada Continental

Podemos pensar mal? Podemos pensar que as variantes foram ignoradas até tornarem-se úteis para assustar e convencer os cidadãos a aceitar a vacina? Não, não podemos pensar mal porque depois somos rotulados como teóricos da conspiração. Portanto temos que admitir que foi todo um mero acaso.

E as vacinas? Tudo controlado: os mesmos órgãos de informação, que anunciam catástrofes a cada variante descoberta, assumem que as vacinas disponíveis são eficazes contra todas as mutações até aqui conhecidas. Podemos ficar descansados. Mas também não: poderá ser necessário actualizar a composição. Moderna, por exemplo, já está a pensar introduzir uma terceira dose.

 

Ipse dixit.

3 Replies to “Covid-19: as variantes”

  1. A variante mais perigosa é sem dúvida a do vírus Inglês que tanto mal tem feito à Humanidade, não existindo até ao momento maneira de erradicá-lo de uma vez por todas.

    1. Não tenho formação em ciência ou medicina, mas se isto das variantes do vírus virar moda, a nível político será uma maravilha:

      – COVID-19: ‘Existem cerca de 4.000 variantes’ do vírus, afirma ministro britânico

      https://br.sputniknews.com/europa/2021020416895456-covid-19-existem-cerca-de-4000-variantes-do-virus-afirma-ministro-britanico/

      Há medida que o regime da Inglaterra se vai desfazendo em conjunto com o seu império sanguinário e o corrupto sistema económico neo-liberal da Cidade de Londres, estas variantes podem ser usadas como pretexto para manter constantemente os confinamentos e o uso de máscaras.

      1. Só não acerto no Totoloto:

        «…”Se temos um vírus que é 70% mais transmissível do que um vírus anterior, que era muito transmissível, e não se está em confinamento ele vai espalhar-se…»

        https://pt.euronews.com/2021/02/04/variante-b117-domina-reino-unido?_ope=eyJndWlkIjoiYzA2ODkzN2UxYzU5ZmVlZmEyMmFhNTM4M2U0ZGI0MDAifQ%3D%3D

        Já é tempo dos cidadãos Portugueses e demais cidadãos Europeus começarem a reflectir sobre o que realmente está por de trás de tudo isto.

        Tem-se feito um extraordinário trabalho nos campos da medicina e da ciência no que toca ao vírus SARS-CoV-2, inclusive desde Agosto de 2020 que já existe o tratamento para esta doença através da vacina Russa, Sputnik V, a primeira a ser desenvolvida e disponibilizada a nível global.

        Mas é chegado o momento de começar a analisar a situação política, económica, e social, que sob o pretexto de um vírus tem estado a ser instrumentalizada para fazer avançar a agenda globalista.

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