[podcastplayer feed_url =’http://rss.castbox.fm/everest/37abea0fd77c4638888640f9faeb31d5.xml’ number=’10’ podcast_menu=” cover_image_url=” hide_cover=’false’ hide_description=’false’ hide_subscribe=’false’ hide_search=’false’ hide_loadmore=’false’ hide_download=’true’ accent_color=’#334fff’]Short Description [/podcastplayer]
E falamos de livros. Aliás, dum livro: Théorie de la dictature, de Michel Onfray, publicado neste anos pela editora Robert Laffon.
Michel Onfray é um filosofo com um defeito: é francês. Mas, apesar disso, tem muitas ideias interessantes: costuma definir-se um pós-anarquista, anticomunista, anti-liberal, anticapitalista e simpatizante do socialismo libertário e do mutualismo de Proudhon, um assunto este que iremos aprofundar em futuro. Contrariamente a muitos filósofos teóricos, Onfray é alguém bem enraizado na sociedade e que não tem problemas em participar de forma activa na vertente social e politica. Um autor aconselhado, cujos livros podem ser encontrados nos links que ficam na parte final deste artigo.
Michel Onfray acaba de publicar um novo livro, como vimos, aquele “Teoria da Ditadura” que será possível ler em bom português perto do ano de 2097 ou pouco depois. Mesmo assim, vamos espreitar o conteúdo porque um dos pontos fulcrais da obra é a progressiva estupidificação das pessoas, algo que, segundo o autor, constitui um enorme problema.
Segundo Onfray, George Orwell era um pensador político de alto nível, alguém que antecipou o totalitarismo dos nossos tempos. Será este um exagero ou será que realmente entrámos numa nova forma de ditadura? Não, não há exagero: é importante realçar como não haja um regresso ao Nazismo ou ao Estalinismo, estas são formas de ditaduras que já tiveram o tempo delas e não voltarão. O que interessa não é como o totalitarismo costumava funcionar no passado, mas como o totalitarismo funciona hoje, na era da Internet, dos dados, dos smartphones. O totalitarismo de hoje não veste capacete ou botas. Mas vivemos numa sociedade feita de controle: o facto de podermos ser constantemente espiados, o facto de alguém estar constantemente a acumular dados sobre nós, etc., significa que esta sociedade do controle alcançou um ponto que nunca foi alcançado.
Vivemos numa espécie de escravidão voluntária com as novas tecnologias. Mas isso às vezes é extremamente perverso. Por exemplo, para garantir a confidencialidade e a segurança, é pedido para que sejam aceites certas coisas, mas, ao aceitá-las, transmitimos “voluntariamente” as nossas informações. É claro que podemos recusar, mas, ao fazê-lo, não podemos viajar de comboio, de avião ou fazer o que desejamos fazer.
Mas era isso que Orwell tinha antecipado? Orwell pensava como um romance, utilizava a ficção. Mas a sua ficção científica deixou de ser imaginária e tornou-se ciência. O ecrã da TV que controla tudo e de forma permanente existe hoje. Agora estamos naquele ecrã. Foi Orwell quem inventou certas coisas sobre o controle das pessoas e sobre a invisibilidade dos poderes, e é exactamente isso que distingue o antigo totalitarismo do novo totalitarismo. Na altura, o poder tinha um rosto que podia ser reconhecido, hoje quem decide? Quem são, onde estão as pessoas que tornam tudo isso possível? A resposta de Onfray é que aqueles indivíduos da Costa Oeste dos Estados Unidos têm um projecto de dominação sobre o mundo e não um projecto transhumanista.
E o Capitalismo? Segundo Onfray, o Capitalismo não desaparecerá porque é intrínseco aos homens. Uma visão demasiado pessimista? Não acho. Temos que admitir: a tendência para acumular mais do que precisamos é algo que sempre o Homem teve, assim como a ideia de propriedade privada, defendida com a força se necessário, surgiu bem cedo. Somarmos a vontade de melhorar a nossa condição de vida com objectos que não representam uma necessidade sempre foi presente. E foi assim também que nasceu o comércio, uma actividade que não é moderna mas que pode ser encontrada ainda antes do surgimento das primeiras civilizações: não o comércio de bens essenciais, mas o comércio de objectos desejados simplesmente porque “diferentes”.
A poucos quilómetros donde moro, em Palmela, perto do ano de 3.000 a.C., nasceu a cultura dos vasos campaniformes, objectos que depois foram encontrados na França, na Inglaterra, na Italia, na Áustria, República Checa, na Hungria, até na África do Norte. Os povos daquelas regiões não tinham vasos? Tinham, mas o comércio espalhou o desejo, a vontade de ter aquele objecto novo e exótico. Mas, para obtê-lo, era necessário pactuar com o comerciante e, ainda antes, acumular bens não necessários à nossa sobrevivência para depois emprega-los como moeda de troca. Era uma programação económica individual, baseada na procura, o que é a essência do Capitalismo.
O problema é que hoje o Capitalismo já não tem inimigos à sua frente. Com a queda do bloco soviético, o Capitalismo sentiu que poderia triunfar. Alguém, como o politólogo Francis Fukuyama, chegou a afirmar que este era o fim da História, a vitória completa do Neoliberalismo. Mas há um senão: o mundo não é composto apenas de Capitalistas e Comunistas, há outros actores neste conto, algo que a moderna civilização teima em esquecer e ocultar: os poderes espirituais. E o Islão é um bom exemplo disso.
E a democracia representativa? ainda poder ter um papel nisso tudo? Não. As pessoas e os seus representantes já não coincidem. Nos Parlamentos há uma super-representação de profissões liberais, como advogados ou professores, mas há poucos pastores, poucos taxistas, poucos estudantes. Isso significa que há uma parte da sociedade que simplesmente não está representada. E então, para ter esperança de ser eleito, é preciso ter dinheiro, entrar num sistema, assumir a forma de um partido. Essa democracia representativa já teve os seus dias. O referendo sobre o Tratado de Maastricht foi a personificação perfeita dos seus limites: os eleitos pelo povo votaram contra o povo.
Hoje os defensores da democracia gritam perante a ameaça do “populismo”. No entanto, é preciso diferenciar entre populistas e “popolicidas”. E o problema está aqui e não, como querem que acreditemos, entre populistas e democratas. Macron, Chirac e Mitterrand, tanto para ficar na França de Onfray, são antes de tudo “popolicidas”, são homens que não querem governar em nome do povo. O problema é a progressiva cretinização do povo. E aqui Onfray pode surpreender com o seu optimismo que entra em contradição com quanto afirmado antes acerca do controle: a grande vantagem de Internet é que as pessoas podem procurar informações alternativas. “É fantástico um povo que decide assumir as suas responsabilidades, o facto dum texto jurídico possa ser pensado e criticado pelo povo é uma excelente ideia”.
Outro assunto tratado por Onfray é a questão da desobediência civil, com uma observação muito pertinente. A desobediência civil funciona? Quando o filósofo americano Henry Thoreau falava de desobediência civil, falava da guerra contra o México. Quando Martin Luther King utilizou a desobediência civil, foi para combater o racismo. A mesma coisa no caso de Ghandi, que queria a independência da Índia. Hoje todos pensam a desobediência civil funcione em todas as circunstâncias. Mas é mesmo assim? Feitas as contas, percebemos que estes movimentos não actuam por uma grande causa comum, mas por razões particulares. Mas recusar-se a fazer o nosso trabalho não transforma ninguém num herói da Resistência: a desobediência civil deve ser reservada apenas para as grandes causas comuns.
E depois há a emergência climática.
A emergência climática é o falso bicho-papão do Capitalismo. Por exemplo, os carros eléctricos que são apresentados como ecológicos, não são ecológicos. Querem propor novamente um “Capitalismo Verde”, o chamado “eco-responsável”. Hoje, quando queremos comprar um produto, nos dizem que é “orgânico”. A verdadeira ecologia, à qual aspiro, é tomada como refém por essa ecologia urbana que está nas mãos da publicidade. Estamos a brincar com o aquecimento global, que é inegável, independentemente das suas causas verdadeiramente científicas.
Então Greta Thunberg é apenas uma garota nas mãos do Capitalismo Verde que usa a ecologia como uma ferramenta de vendas:
Com a idade dela, por mais inteligente que seja, não consigo imaginar como poderia ter os argumentos necessários para entender completamente todas as questões científicas subjacentes à questão ecológica.
Voltando ao “social”, Onfray analisa os diferentes movimentos nos quatro cantos do planeta. Hoje em dia já não é possível enviar soldados para as ruas, porque, mais uma vez, graças ao fluxo de informações, todos percebem imediatamente o que se passa. Mas receio que todos esses movimentos sejam apenas uma espécie de grande “tremor” democrático, depois do qual um ditador sai e outro entre para substitui-lo. Isso muda realmente alguma coisa? Certamente não será afastando Macron e colocando no seu lugar Muriel Penicaud (a Ministra do Trabalho) que uma grande revolução democrática pode ser feita. Todos esses movimentos são um sinal de que as pessoas estão fartas: não aguentam mais ver que existem tantas pessoas arrogantes ou que começam uma guerra apenas para ficarem ricas. Como Trump, que, com incrível cinismo, declara, depois de matar Baghdadi, que fez isso para proteger o petróleo. Hoje, graças à rede, as pessoas estão prontas para sair às ruas muito rapidamente. Essas revoltas populares animam mas, ao mesmo tempo, o perigo real é que sejam exploradas por demagogos que estão sempre lá prontos para desfrutar a ocasião. Os Coletes Amarelos da França já foram explorados por Mélenchon, devido à violência dos provocadores, dos Black Blocks, etc. Num certo sentido, esta é a lição da História: as pessoas sempre sofrem com essas desapropriações dos movimentos.
Duas palavras acerca da escola: Onfray afirma que “A língua é atacada”. O que significa? Significa, como explica o filósofo, que os nosso pais cresceram e estudaram em escolas do Estado, onde era preciso escrever sem cometer erros gramaticais ou erros lógicos, onde aprenderam alguns grandes clássicos da literatura. A destruição da escola levou à destruição da inteligência. Trata-se cada vez menos de educar um cidadão a pensar e criar cada vez mais um consumidor que paga. Aprendemos cada vez menos. Mas o cérebro é um músculo: se não o mantermos activo, começa a encolher.
A uma nota acerca da frase que acaba o novo livro de Onfray: “Não tenho a certeza se quero ser progressivo”. Na verdade, Onfray é contrário ao progressismo apresentado até hoje. O progresso não é um bem só por si: pode haver o progresso do mal ou o progresso da morte. Dizer a uma mulher pobre que pode alugar um útero para ter um filho não é uma forma de progresso. O jogo de colocar sistematicamente populistas maus contra progressistas bons não faz sentido. Ser conservador por vezes é uma mais valia, mesmo no caso dum socialista libertário ou dum anárquico como Onfray. Porque o que é bom é para ser mantido. Por qual razão afirmar que é preciso mudar tudo? Mudar a qualquer custo não faz sentido. E hoje, a impressão é que a nossa civilização esteja a avançar às cegas.
Ipse dixit.
Livros de Michel Onfray:
Obviamente podem experimentar encontrar algo no Google com os termos “Michel Onfray Pdf”, às vezes funciona, quem sabe? 🙂
A democracia surgiu num contexto social onde a grande maioria, os escravos não tinham voz. E permanece assim até hoje, apenas reconfigurada, cujo acesso censitario dessa maioria é totalmente desqualificado.
A propaganda das minorias: capitalismo ou caos.
Este comunismo jamais passou de mera função
do próprio sistema de poder, transformado em totalitarismos para denotar sua impossibilidade factual enquanto alternativa ao capitalismo .
Olá Anónimo!
Suponho que Você seja um apoiante do Comunismo. Posso estar errado, mas fazemos de conta que assim seja, pode ser? Só para falar. Então digo o seguinte: por favor, tentem meter-se de acordo.
Durante a Guerra Fria, a União Soviética afirmava ser uma força comunista e todos os partidos comunistas e socialistas ocidentais reconheciam isso. Na realidade, como sabemos, nunca houve um verdadeiro Comunismo na URSS, houve uns 15 dias de Socialismo, prontamente reprimido. Mas na altura dizer isso era blasfémia. Hoje, pelo contrário, todos a dizer que na URSS nunca houve Comunismo. Ok.
Em nenhum País do planeta alguma vez houve Comunismo e nem o Socialismo, dado que sempre ambos descarrilaram para um regime autoritário com culto da pessoalidade. Foi o caso da Cambodja, mais recentemente de Cuba, é hoje o caso da Coreia do Norte e da Venezuela. No entanto, não se pode criticar Cuba, um mito, e ainda menos a Venezuela, enquanto no caso da Coreia do Norte diz-se que as coisas não são tão más assim, que é toda propaganda. Depois, aqui nos comentários, todos a dizer que nunca houve Comunismo.
Então a pergunte é óbvia: mas vocês o que querem? Sabem o que é o Comunismo? Sabem o que é o Socialismo? Parece que não, porque como é possível afirmar que Cuba ou a Venezuela são realidades socialistas? Porque insistir a defender um indivíduo como Maduro que a única coisa socialista que conhece deve ser a fotografia de Lenin vista num livro nos tempos da escola? Como é possível defender ele ou um Fidel se depois Vocês são os primeiros a afirmar que Comunismo (e Socialismo) do ponto de vista prático “jamais passou de mera função do próprio sistema de poder”? Então defendem o quê? Defendem a função que foi atribuída ao Comunismo e ao Socialismo pelo Poder? Ou as ideias que nunca foram implementadas (então os vários Fidel e Maduro deveriam ser chamado de traidores)?
Caro Anónimo, não leve isso a mal, não estou a ataca-lo (talvez Você nem seja comunista!) nem quero ser provocatório: simplesmente tento entender o Vosso ponto de vista, porque não é nada fácil. Há muitas pessoas que dizem ser de Esquerda, mas depois entram numa série de contradições que é complicado interpretar.
O comunismo é impraticavel num mundo onde o indivíduo é formado por uma hierarquia de valores capitalistas. Tanto que este comunismo é chamado de utópico.
O comunismo é um vírus social que provoca uma doença mental onde cria a ilusão de que os escravos são os donos do sistema que os escraviza e essa é a razão pela qual o comunismo é tão perigoso e também por isso voltará a triunfar é a forma mais consensual de manter uma ditadura global .
Mais de 25 anos depois do fim da URSS começam a surgir falsas memórias de um comunismo que nunca passou de discursos e de propaganda , saudosismo de uma utopia não concretizada.
Se em 4 anos se apagam as más memorias de uma governação imaginem num geração o que não pode acontecer … e parece que aconteceu …os velhos saudosistas e os novos utópicos sem causa juntos, como diz a malta jovem “é a puta da loucura” . A bem da verdade, ninguém deveria ser aceite como comunista sem antes fazer um estagio num gulag , do mesmo modo que os bons rapazes da extrema direita deveriam antes fazer um estagio num campo de concentração.
Mas os tempos estão dominados por revolucionários do sofá e combatentes do facebook livre … que nem sabem escrever em português correto as ” espécie de ideias” que julgam ter.
Oremos …
Não meu humano irmão, o comunismo é inviável dentro da natureza humana, nosso cérebro funciona com estímulos, dum lado positivo e de outro negativo. Ele interpreta como recompensas as experiências do dia a dia. Uma eterna simetria do dia a dia enlouqueceria todos nós, o mundo não é o que é por acaso. Olhe na história, basta isso. Essa necessidade de gratificação unida a falsa noção de futuro nos trouxe até aqui, para o bem e para o mal. O comunismo, tal qual a democracia sempre foram e serão utopias
O facto de ser inviável só o torna ainda mais perigoso, depois dos fracassos por todos os locais onde proliferou ainda existem seres humanos que acreditam piamente que será a solução, chegando ao ponto de querer atribuir a um só homem nikita kruschev o descalabro de todo um sistema politico a nível mundial , chegar ao ponto de afirmar que os lideres soviéticos (e todos os outros déspotas como eles) não instigaram o culto da sua personalidade, é cegueira pura ! quererem combater os vícios da burguesia e depois acabam por escorregar para a verdade e mostrar que afinal são mais burgueses que aqueles que querem eliminar , procuram em bibliotecas de suposta “sabedoria” teses e desculpas para suportar desesperadamente a sua utopia e recusam-se a ver os milhões de vitimas que a sua ideologia espalhou pelo planeta, desculpando-se que o capitalismo poderá ter feito hipoteticamente algumas dezenas de vitimas mais … só pode ser doença mental.
Tenho um grande receio de totalitarismos, talvez infundado, porque o verdadeiro receio deve ser o de pessoas que não pensam com a própria cabeça e se limitam a seguir supostas ideologias… supostos lideres … que nada questionam e que sentem necessidade social de pertencer a uma qualquer manada, politica, religiosa ou filosófica .
Já agora… alguns livros ( Eruditos obviamente, porque todos os livros os são… ) apregoavam que Hitler era vegetariano… porque não suportava o sofrimento dos animais … Já agora Hitler também não cultivava a personalidade …
Continuem a querer dar banhos de cultura ao comum dos mortais e não abram os olhos para a realidade …
A “doença mental” mais humana que existe, falta de memória
É a ignorância mesmo!
Falar em comunismo ,ou melhor, em socialismo, enquanto ideologia, é algo muito distante do comunismo institucionalizado por alguns movimentos e tornado política de Estado. E para saber diferenciar um e outro, é preciso conhecer uma Organização criada na virada do século 18 para o 19, a Sociedade Fabiana, responsável pela difusão deste socialismo monstrengo.
«…Durante a Guerra Fria, a União Soviética afirmava ser uma força comunista e todos os partidos comunistas e socialistas ocidentais reconheciam isso…»
Até 1953, efectivamente, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi claramente uma «força comunista» como escreveu, tendo desempenhado um papel fulcral no desenvolvimento do país a todos os níveis, desde a economia ao estado social, da ciência e da cultura/educação, passando pela indústria e complexo militar, tornando-se numa super-potência europeia e mundial em todas essas vertentes superando países como os Estados Unidos da América (EUA) ou o regime da Inglaterra.
Qualquer dúvida relativamente a esta questão, basta consultar os arquivos de diversos países bem como os arquivos soviéticos, a literatura disponível sobre o tema, e demais documentos oficiais, para se confirmar tudo isto.
«…Na realidade, como sabemos, nunca houve um verdadeiro Comunismo na URSS, houve uns 15 dias de Socialismo, prontamente reprimido…»
Na verdade, o que escreveu é falso, quem estudar a História da Revolução Russa de 1917 (Século XX) e o que depois de sucedeu, consultar os arquivos de diversos países bem como os arquivos soviéticos, a literatura disponível sobre o tema, e demais documentos oficiais, sabe perfeitamente que a implementação da sociedade comunista foi aniquilada pela governação de Nikita Khrushchov, que entre as péssimas medidas de governo que praticou, usou pela primeira vez o Exército Vermelho para reprimir os cidadãos soviéticos que se oponham à sua política de destruição do sistema de governação comunista que até então tinha sido implementado; estávamos em 1962 do Século XX, tendo o massacre ordenado por Nikita Khrushchov ocorrido em Novocherkassk.
«…Foi o caso da Cambodja…»
O Khmer Vermelho no Cambodja, não é nem nunca foi um movimento político comunista/socialista; recomendo que leia um pouco mais.
O Khmer Vermelho, foi criado pelo regime da Inglaterra e a França (ambos desempenhando um papel discreto), com o suporte financeiro e militar dos Estados Unidos da América (EUA). De comunista ou socialista nada tinha esse movimento, aliás, o genocídio que aconteceu nesse país perpetrado por Pol-Pot foi amplamente apoiado pelo regime inglês e os seus aliados.
«…Cuba, é hoje o caso da Coreia do Norte e da Venezuela…»
A República de Cuba (RC), a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), e a República Bolivariana da Venezuela (RBV), nunca se afirmaram como seguidoras do comunismo/socialismo gerado na Rússia (antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)), os seus sistemas políticos são completamente antagónicos ao comunismo/socialismo soviético, e correspondem a uma interpretação própria desses povos sobre uma forma de governo que como é óbvio não pode ter uma forma standard ou globalizada de se implementar, pois todos os países, todos os povos, são diferentes nas suas realidades e necessidades.
P.S.: Qualquer dúvida, estudem História, e consultem os arquivos de diversos países, a literatura disponível sobre tema, e respectivos documentos oficiais, e já agora, as pessoas (se ainda estiverem vivas) que passaram por esses tempos e realidades.
Posto isto, e acima de tudo, toda e qualquer análise política ou histórica, deve ser feita de forma isenta e nunca parcial, independentemente dos ideais que cada um possa defender, pois só assim se encontra a razão dos factos.
Olá JF!
Só uma breve nota acerca do assunto União Soviética.
Ao escrever “houve uns 15 dias de Socialismo, prontamente reprimido” não quis fazer uma piadola mas descrever o que realmente aconteceu.
A revolução, aquela real, ocorreu no dia 8 de Março de 1917 e terminou com a derrubada do Czar Nicolau II. Dessa revolta nasceram um governo provisório e a União Soviética: os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, ocuparam essa nova frágil ordem e assumiram a liderança. Quando ocorreu a insurreição armada de 6 a 7 de Novembro de 1917 (ainda era Outubro no calendário juliano), a maioria dos soviets opunha-se à tomada do poder pela força. Lenin, com um autêntico golpe, foi contra a vontade dos soviets e usou a força para antes obter o poder e depois substituir em bloco os membros dos soviets. Um golpe, aquele de Lenine, que resultou apenas pelo caos total no qual se encontrava o País, com a guerra na frente ocidental e a guerra interior contra as forças fieis ao Czar.
Mas ainda não acabou. Na situação de caos da Rússia, em Dezembro de 1917 houve a eleição para a Assembleia Constituinte e o partido bolchevique acabou como sendo uma minoria. Pelo que, quando a Assembleia reuniu-se em Janeiro de 1918, Lenin ocupou militarmente a sede da Assembleia Constituinte e os protestos foram reprimidos pela força, tendo começado a fase do terror com a cumplicidade da Cheka, ancestral do KGB, que tinha sido estabelecida já em Dezembro de 1917.
O que quero dizer é o seguinte: os soviets eram a única e verdadeira expressão da vontade popular e os cidadãos mostraram duas vezes escolher a Assembleia recusando as ideias dos bolscheviques, antes na insurreição de 6 e 7 de Novembro, depois com as eleições da Assembleia em Dezembro. O povo não estava com os bolscheviques, estava com os soviets e na altura Lenine podia contar com uma força mínima de 15-20 mil homens. O poder dos soviets, única legítima expressão popular (que poderia ter conduzido a uma sucessiva fase comunista) durou poucas semanas, prontamente reprimida por parte dum pequeno grupo político-armado com um plano de dominação bem definido.
Lenine operou desta forma porque era ao serviço dos ocidentais? Não. Lenine actuou segundo uma ideia que pertence à vertente socialista (portanto proto-comunista) pela qual um grupo de “iluminados” tem o dever de assumir a liderança a qualquer custo para conduzir o País na direcção da libertação, começando com a eliminação da classe burguesa e a ocupação dos meios de produção. Nesta fase, qualquer oposição é considerada como inimiga, mesmo que a oposição seja aquela popular. Portanto, estamos perante um grupo de fanáticos, convencidos de estar na posse da Verdade Absoluta e que isso justifique qualquer escolha, até a mais cruel, porque o povo (segundo eles) não está em condições de entender (eles sim, obviamente). É o mesmo modus operandi do Estados Islâmico, que não tinha problemas em matar árabes só porque não aderiam ao ISIS. E isso não pode admirar porque sempre de fanáticos estamos a falar: não há muita diferença entre quem diz falar com Deus e quem acha ter a Verdade Absoluta, pois em ambos os casos são indivíduos convencidos da sua própria infalibilidade.
O que Nikita Khrushchov fez foi limpar (parcialmente) o País do esquema nascido com Lenine e aperfeiçoado por Estaline com a eliminação dos oponentes políticos internos e os Grandes Expurgos do final dos anos ’30. Estaline institucionalizou a fase “socialista” até torna-la razão de Estado e, com o passar do tempo, culto da pessoalidade. Doutro lado, o culto do líder supremo é a lógica consequência se o ponto de partida é a infalibilidade do chefe e não admira que este seja o fim de todos os regimes “comunistas”. Khrushchov abateu o culto da pessoalidade e criou a oligarquia que depois teria sobrevivido até a queda da URSS.
Resumindo: a Comunismo na União Soviética durou até quando duraram os soviets, poucas semanas. A partir daí, foi apenas uma ditadura (e não do proletariado) onde o povo não tinha possibilidade de opinião. Uma ditadura talvez com um bonito molde teórico, mas sempre ditadura.
Numa ocasião, alguém perguntou-me: Por que, afinal, o Lula incomoda tanto o homem de classe média? Respondi: entre outras razões secundárias, duas se destacam: a figura do Lula, no imaginário do alienado de classe média no Brasil (grande maioria), representa uma aproximação dos pobres, e como a classe média depende da imobilidade social dos pobres para continuar classe média, torna-se algo a temer e mais do que isso, repudiar. No mesmo imaginário, há o “monstro” do comunismo devorador de criancinhas., que entra em cena toda vez que o capitalismo produz mazelas. Levados pelo bater de tambor dos formadores de opinião à serviço da mídia de massas, esperam a chegada dos comunistas como os italianos esperavam os Tártaros…
Lenine e seu grupo de iluminados foi financiado pelo capital sionista, e para atingir dois primeiros objetivos; garantir a queda da monarquia Romanov e capturar o controle do processo revolucionário. Desde daí, se precipitaram desdobramentos, que independentemente do caso, não mais visaram o poder popular. Um lembrete: a maior fonte de produção de idiotização chama-se…capitalismo.
«…aperfeiçoado por Estaline com a eliminação dos oponentes políticos internos e os Grandes Expurgos do final dos anos ’30…»
É curioso que a suposta «…eliminação dos oponentes políticos internos…», método que dizem ter sido utilizado por José Estaline para solidificar o seu domínio político, de acordo com os documentos oficiais e a literatura disponível sobre o tema, não correspondem à realidade, muito pelo contrário, aqueles que foram aparentemente «eliminados» ou «expurgados» actuaram activamente contra os cidadãos Soviéticos e a Rússia (na época União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)).
Outro pormenor importante, é que não faz sentido José Estaline encetar uma violenta perseguição política aos seus opositores simplesmente porque representavam a «oposição», isto porque o próprio Estaline foi eleito legitimamente por maioria no congresso para presidir aos destinos do país e do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), inclusive apoiantes de Trotsky votaram em José Estaline.
O próprio Trotsky que exigiu as eleições, ao ver que tinha sido estrondosamente derrotado, justificou-se com o facto de Lenin ter afirmado que Estaline era «rude» e que só não foi eleito por causa da «burocracia estalinista». Isto é quase como as próximas eleições na Bolívia que só se podem realizar se Evo Morales e o seu partido não participarem no pleito, caso contrário a oposição perde novamente, ou então como Hillary Clinton que sempre que perde eleições ou o que quer seja diz que é culpa da Rússia.
«…Khrushchov abateu o culto da pessoalidade e criou a oligarquia que depois teria sobrevivido até a queda da URSS…»
Na verdade, José Estaline sempre se opôs ao culto que era feito à sua personalidade, o próprio o afirmou em diversas ocasiões:
«…Você fala da sua “devoção” por mim. Talvez esta seja uma expressão que pronunciou acidentalmente. Talvez… Mas se não for uma expressão casual, aconselho a descartar o “princípio” de devoção pelas pessoas. Não é o estilo bolchevique. Seja devoto da classe operária, do Partido, do Estado. Isso é algo bom e útil. Mas não confunda isso com a devoção das pessoas, esse enfeite vaidoso e inútil dos intelectuais sem caráter…» – Estaline em «Letter to Comrade Shatunovsky.»
Em outra ocasião, respondendo à Sociedade de Veteranos Bolcheviques, que propôs realizar uma campanha de propaganda para celebrar o 55 º aniversário de Estaline, o próprio escreveu o seguinte:
«…Sou contra, uma vez que estas iniciativas levariam à consolidação de um “culto à personalidade”, o que é prejudicial e incompatível com o espírito do nosso Partido…»
Quanto a Khrushchov, para além de bronco e político medíocre, que mentiu no congresso sobre os supostos crimes, perseguições, e assassinatos, levados a cabo por José Estaline, era conhecido como o «czar camponês», um idiota útil que abriu caminho para o restabelecimento da oligarquia russa, sem esquecer que o seu famoso relatório secreto sobre o período de governação estalinista nunca foi visto ou lido pelos membros do congresso nem pelos cidadãos soviéticos, mas foi parar ou aparecer misteriosamente nas mãos dos governantes dos Estados Unidos da América (EUA).
P.S.: A descrição que fez sobre o início da Revolução Russa e o período da actuação/governação de Lenine, despertou-me interesse, vou reler o que por aí há sobre o tema.
É Max, vez por outra aparece um francês que vale a pena. Mas concordo que é raro. Mas tem uma coisa dita pelo autor que não concordo: que a internet oferece a possibilidade aos povos de se informarem, escolher alternativas, dominar conhecimentos mínimos. Tens de considerar que falo de onde me encontro, mas observo que essa possibilidade positiva é cada vez mais diminuta.. Hoje li um comentário lúcido de uma internauta que diz tudo, e escrevo aqui na íntegra:
“Cumé que se faz pra explicar o que é uma cláusula pétrea, pra quem bate continência pra uma estátua da liberdade falsificada, na porta de uma loja brega??” Para quem não é catarinense trata-se de uma reprodução mal feita, enorme, da estátua da liberdade em NY que um comerciante estúpido com mais de 100 lojas no Brazil, tem a desgraçada ideia de plantar o mostrengo na frente de suas lojas, obviamente um defensor frenético do bolsonarismo.
Pessoal, este é para mim o tendão de Aquiles, pelo menos para quem sempre foi colonizado. Está acontecendo alguma coisa no cérebro das pessoas, deve ter sido provocada porque isso não pode ser natural, coisa esta que bloqueia totalmente a possibilidade de questionar qualquer coisa.
O Felipe, meu funcionário, pai da Mariazinha, tem uma teoria sobre porque as fake news que inundaram os celulares dos populares escolhidos cientificamente, fez a população definir seu voto nas últimas eleições presidenciais. Ele Filipe era um dos cientificamente escolhidos para a invasão das fake. Acompanhávamos diariamente a recepção de no mínimo dez mensagens bolsonaristas (eu nunca recebi qualquer coisa, que pena). O Filipe explica, que para seus amigos e parentes, que também sofriam o mesmo ataque aos cérebros,diziam que se tinha tanta recomendação dos bolsonaros, então é porque ele é o melhor.
Observam que essa ideia denota toda e qualquer possibilidade de questionar qualquer coisa . Talvez por isso os comentaristas brasileiros repetem ad infinitum as mesmas explicações. Os cérebros brasileiros são dominados pela força da repetição. Convenhamos que esses cérebros que se condicionam pela frequência estão bem próximos dos macacos, porquinhos das índia e outros.
Há fatos históricos que me fazem pensar. Em passado recente na Argentina, quando Eva Duarte de Perón estava já em seu leito de morte, ela exigiu que o exército entregasse 500 armas de última geração para 500 peronistas, e Perón desobedeceu aquela que estava muito mais longe em estratégia política. E deu no que deu. Quem sabe poderia ser diferente a vida dos hermanos depois da morte de Evita. Quando, no Brasil, a tentativa de de Jango de passar reformas estruturais no Brasil estava sofrendo reveses da burguesia interna e externa, em 64, Brizola no sul do país tinha o apoio das forças armadas, transformou a casa legislativa em barricada e distribuiu armas para os populares na gauchada, mas o Jango não quis “derramamento de sangue”, e fugiu. O velho Brisa, como ele dizia, vinha de longe, e chorou. E o Brazil deu no que deu. Teria sido diferente a vida dos brasileiros se tivessem derramado sangue de uma vez por todas? Não sei, mas tenho uma ideia.
Agora acompanho por todos os meios possíveis o passo a passo dos indígenas e sua rebelião na Bolívia. Por hora não desistiram de nada. Colunas permanentes de rebeldes descem de Alto, cercam La Paz, impedem a entrada de alimentos, cercam os locais de distribuição de gasolina, interrompem estradas, pedem a volta de Evo e a renúncia da golpista Agnes ( dona de televisão, com família traficante de drogas…) e o retorno da Pachamama aos palácios governamentais, e mais, convencem parte das forças armadas a apoiar seu movimento. Claro que há baixas, prisões, torturas e tudo que acontece nestas condições. Mas dispostos a morrer para não perder a condição de emancipados, obtida durante os 12 anos de Evo Morales Aymara. Enquanto isso o Evo e sua comitiva, salvos no México, DF, avisa que pretende voltar, mas oferece a conciliação de não apresentar-se as próximas eleições presidenciais. Com certeza é outro que não quer “derramamento de sangue”. E só para ter bem claro, os homens e mulheres indígenas não tem armas, a não ser as folhas de coca que mastigam dia e noite para ter energia para caminhar acelerado 20 km de Alto ( lugar de encontro de todos) até La Paz para ali fazer assembleias populares e tomar decisões. Haja coragem de alguns para a hipocrisia de outros!!! O mundo não gira, capota.
Índios nunca se sujeitaram à escravidão dos europeus, não sem razão foram aniquilados, o que poderá se repetir, massacre que será atenuado pela mídia dos mesmos brancos europeus…
Maria, também me pergunto ( assim como muitos ) se o Lula não deveria ter resistido a prisão. Na época , até achei que, se exilando ( e oportunidades para tal, não faltaram ) ele teria mais condições para articular uma suposta oposição ao governo. Mas seria como assinar seu atestado de culpa. Também nem ele, nem eu , nem ninguém acreditava que ele ficaria 580 dias preso. A resistência dele talvez levaria a muitas mortes. No caso do Evo e Brizola, penso que apesar de não evitar que as mortes acontecessem , provavelmente as estatísticas seriam bem maiores. Voltamos aquela velha questão, se os fins justificam os meios. Mas é difícil julgar e imagino o que não pesaria na consciência deles, quando uma decisão acarretasse em perdas de vidas.
Abraço.
Brizola era um dos expoente da Internacional Socialista, Organização global e criada pelo capital judaico.
Segundo Onfray, o Capitalismo não desaparecerá porque é intrínseco aos homens.
Esta é a essência do capitalismo, porque é intrínseco aos homens, tem todas as virtudes e defeitos destes e deixa sempre uma porta aberta, mesmo que ilusória, para todos aqueles que aspiram a que o dia de amanhã poderá ser melhor que o de hoje.
Os americanos sempre venderam o ‘american way of life’ como sendo um estado ultimo de evolução social. A Europa acompanha esta ideia, e quase toda a gente acredita nisto. É um sistema que todos lutam para manter porque dá esperança e a certeza de que viver fora dele é muito pior.
Li com toda atenção os comentários do pessoal que leu suficiente sobre a história da União Soviética para se manifestar. Não é o meu caso. Mas é sempre assim: se 3 pessoas falam sobre o assunto, são 3 narrativas que se opõem. Porque será que isso acontece? Parece que as coisas lindas que a palavra comunismo encerra faz com que se defenda que se comunismo houve na URSS, ele foi bom e seus líderes acertados.Os que se opõem a existência de comunismo na URSS, expõem os “podres” do regime, demonstrando a assertiva das suas opiniões. Mas tudo é descrito e defendido com muita paixão, talvez porque a ideia da humanidade feliz continua a povoar nossas cabeças.
Minha mãe tinha tal convicção no Estado Soviético que esteve empenhada em me mandar para lá para que o Estado tomasse conta de uma educação completa para mim, isso para uma criança com 10 anos. Eu ouvia os seus argumentos e, quando notei que a ideia estava tomando força, dada as ligações da dona Oly com os camaradas do partidão (legal ou ilegal não fazia diferença) no sindicato dos enfermeiros e pessoal da saúde, corri para o meu pai, informando a situação. Lembro exatamente do que ele me disse: ” a gente manda a tua mãe para fazer enfermagem na Sibéria primeiro. Como ela não volta de lá, tu não vais precisar ir”. Apesar desse fato ter ocorrido faz mais de 60 anos, sei perfeitamente a sensação de alívio que senti. Provavelmente porque minha mãe era por demais autoritária, ali não dava para conversar. Já o meu pai não se dizia isso ou aquilo, mas hoje sei que seu jeito de ser e agir tinha muito a ver com anarquismo.Era um cara com quem se gostava de conversar, se gostava de perguntar, e era bem humorado, embora 30 anos mais velho que minha mãe.
A última viagem longe que fiz foi a Rússia. É claro que uma pessoa que passa 20 dias entre Moscou e São Petersburgo, com a única finalidade de ver um pouquinho de natureza, cultura, urbanismo, nada mais. Claro que andei para lá e para cá no metrô, obra fantástica, monumental. Aquilo tinha sido construído nos tempos de Stalin, me disseram, e eu me perguntava se aquela maravilha tinha sido construída debaixo da alegria construtiva da mãe Rússia ou de gente semi escravizada. A dúvida me vinha a mente porque todas as obras monumentais que eu saiba em qualquer tempo e qualquer lugar, sempre foram erigidas sobre esqueletos humanos e animais. Não perguntei a quem me acompanhava porque sei que ouviria uma resposta contundente, fosse qual fosse. O problema é que continuo sem saber. E a esta altura da minha vida estou mais preocupada com os percalços passados, presentes e futuros que fazem soluçar a América Latina do que a história da URSS, que mesmo pessoas sérias não conseguem chegar a conclusões semelhantes.
Olá Maria.
Existe uma grande controvérsia com relação ao assunto pelo fato de não termos vivido ( nem de perto ) uma experiência comunista. Nossas considerações são baseadas em informação histórica ( nem sempre imparciais ) e pela suposta influência que o comunismo exerceria sobre nossa sociedade.
Cuba , pela exposição midiática , é o exemplo que mais nos chama a atenção. Será que Cuba realmente se transformaria numa ilha-cassino-norteamericana de luxúria e prostituição, como alegou Fidel , para justificar a revolução ? Jamais saberemos. No entanto, se perguntarmos , se Cuba estaria melhor se não fosse o bloqueio imposto pelos USA ? Certamente que a grande maioria responderia que sim.
No golpe de 64 , conseguiram convencer grande parte da população que o brasil estava sendo salvo das garras do comunismo ( até hoje, pasmem, o Bozo utiliza este mesmo argumento ) e as mazelas advindas desse golpe perpetuam até os dias atuais.
É como conhecer alguém, mais pela fama, do que pela convivência.
Para ilustrar como a questão é controversa:
Corria o ano de 1989 , eu estava em frente a catedral metropolitana de Florianópolis no comício da campanha do Lula (ainda jovem, seria a minha primeira eleição direta para presidente ) . O candidato a vice , Jose Bisol (PSB-RS ) ( que vc deve se lembrar , Maria, é do seu estado natal ) subiu no palco e a primeira coisa que ele disse foi : ” O primeiro comunista da face da Terra, foi Jesus Cristo”. Aquilo ficou martelando na minha cabeça.
Na mesma época , ao ler um artigo sobre a obra de Allan Kardec ( outro francês que vale a pena, nem que seja pela questão filosófica ) , quando claramente o assunto era o comunismo, eis a resposta: ” A igualdade das riquezas não é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres (…) a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.”
Porque lembro disso ? Justamente por ter um politico dando um caráter religioso ao comunismo, enquanto o codificador de uma doutrina religiosa com uma abordagem bem mais pragmática.
Realmente , é um assunto complexo. Basta observar a quantidade e o tamanho dos comentários. O que é ótimo.
Abraço.
Em tempo: Alegro-me pela volta do podcast e por perceber, pela animação do Max, que ele está recuperado. rs.. rs…
A opressão de maiorias é justificada pelas minorias desde que Aristóteles declarou haver 1 destino natural para que as últimas dominassem as primeiras.