Tim Jackson: será possível crescer e ser felizes?

Prometi?
Pois prometi.

Por isso eis a entrevista com Tim Jackson, o autor do livro Prosperity without growing. Economis for a finite planet.
O leitor não sabe do que estou a falar? Mau leitor, mas tenho que fazer tudo neste raio de blog? Aqui vai o link.

A entrevista original foi publicada pelo site Tierramérica. Jackson fala da economia, do ambiente, do cimeira de Copenhaga, do futuro.

Crescimento Vs. Felicidade

Em seu livro, você afirma que o crescimento económico nos países industrializados está deixando as pessoas menos felizes e destruindo a terra.

A contínua busca pelo crescimento coloca em risco os ecossistemas dos quais dependemos para uma sobrevivência de longo prazo. Também há ampla evidência de que uma riqueza material maior nos países industrializados não faz seus habitantes felizes, muito pelo contrário.

Além de determinado nível de renda, não existe uma correlação de que isso seja directamente proporcional à felicidade.

Se a era do crescimento terminou, o que ocupará seu lugar?
É necessário redefinir a riqueza e a prosperidade com base nos parâmetros de “capacidade de florescimento” de Amartya Sem (ganhador do Nobel de Economia em 1998). O florescimento se define como ter o suficiente para comer, ser parte de uma comunidade, ter um emprego que valha a pena, uma moradia decente, acesso a educação e serviços médicos.

E o que acontece com os países em desenvolvimento?

As nações industrializadas precisam dar essa virada para criar um espaço que permita ao mundo em desenvolvimento melhorar o desempenho de sua economia. Este crescimento tem de ser sustentável e estar dentro dos limites ecológicos.

A actual desigualdade entre nações ricas e pobres é uma razão primordial para que o mundo industrializado necessite fazer esta correcção de rumo.

Por que o desagrada tanto a COP-15 ter acabado em um acordo de dez páginas em lugar de um tratado internacional vinculante?

É um documento cheio de ar quente e promessas vazias, cozinhado pelas duas grandes super-potências mundiais. Realmente, isso é o melhor que temos para mostrar após 17 anos de negociações? É uma política climática dos canhões. O tratado climático não foi o único fracasso em Copenhaga. A governabilidade mundial foi ao fundo do poço.

Quais temas essenciais não fizeram parte das negociações da COP-15?

O debate sobre o crescimento não figurou. Tanto esta questão como uma distribuição justa do espaço ecológico têm de estar na mesa. De outro modo, as negociações não saem do lugar.

O que pensa dos actuais esforços para reduzir as emissões de carbono usando mecanismos como a limitação de emissões contaminantes e o comércio de créditos?

Não é possível conseguir uma economia baixa em carbono sem uma mudança importante na própria economia. Pequenos ajustes não funcionarão. As corporações vêem o clima como a nova oportunidade de negócios. Os mecanismos de mercado agora são as ferramentas predominantes percebidas como uma mudança e que são boas para as empresas, mas são ruins para o público.

Consideremos a bastante divulgada ideia de que o crescimento pode continuar desde que suas emissões de carbono (e outros impactos ambientais) diminuam em grande proporção. Em 2050, em um mundo de nove biliões de habitantes, onde todos vão querer um estilo de vida ocidental, a intensidade do carbono de cada dólar de produção deverá ser, pelo menos, 130 vezes menor do que agora. Isso é simplesmente impossível.

O que acontecerá até as negociações da COP-16, em Dezembro, no México?

Penso que deve haver maior pressão internacional e um impulso em relação a questões políticas fundamentais, como a regulação dos mercados financeiros, os sistemas de contas nacionais e a óbvia pressão para criar um fórum viável para a governabilidade climática, bem como a medição do progresso social (no estilo do informe da Comissão de Medida do Desempenho Económico e do Progresso Social da França, encomendado em 2009 a Sem e ao também Nobel de Economia Joseph Stiglitz).

É necessário que Estados Unidos e China participem dos debates mais amplos sobre crescimento e justiça.
É interessante que neste momento haja, por exemplo, um pouco mais de humildade e abertura no Fórum Económico Social, como não ocorreu até agora.

Sinais de esperança? Possivelmente.

Fonte: Tierramérica

2 Replies to “Tim Jackson: será possível crescer e ser felizes?”

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