Hoje doi-me o chip

Bip, bip, bip…é o futuro que avança.

Para implementar uma medida importante mas não bem-vinda, existem várias maneiras.

Uma, por exemplo, consiste em criar uma lei que obriga ao respeito da nova medida. Só que desta forma a medida é vista como uma imposição, haverá sempre quem tente fugir à regra, além dos óbvios protestos.

Um método mais subtil, e com maiores possibilidades de sucesso, é começar com o mostrar o lado positivo da medida, convencer um especifico grupo de pessoas de que a nova medida é um importante factor de avanço, uma mais valia.
Em breve, serão estas mesmas pessoas a falar bem da medida em questão; e, nesta altura, o trabalho estará feito.
O ideal é focalizar a atenção naquelas áreas de maior sensibilidade para a maioria dos cidadãos.

Que tal filhos e saúde?

Mais controle, mais liberté?

Começamos com os filhos.

Depois de cães e gatos, caixotes do lixo, livros, animais, roupas e passaportes, um chip RFID (radio frequency identification) irá equipar as crianças de um asilo em Paris. A empresa produtora do chip é a Lyberta (reparem no nome: muito perto de “Liberteé”, “liberdade” em Francês), cujo chefe Patrick Givanovitch afirma:

O estudo visa aumentar a segurança das crianças; vamos instalar detectores em todas as salas e, graças ao chip inserido numa camisa, os homens no controle de vídeo poderão saber a todo o momento onde está uma criança, especialmente se entrar ou sair do jardim de infância. Em caso de saída inesperada, uma mensagem de texto será enviada automaticamente para alertar os pais e a direcção do instituto.

A ideia de implementar chips electrónicos nas crianças de três anos (implementar na roupa, por enquanto) parece satisfazer as necessidades do momento: reduzir o custo do pessoal de segurança, saciar a sede de segurança dos pais e dos cidadãos em geral. Mas é uma boa ideia?
Dominique Ratia-Armengol, presidente da associação francês de psicólogos infantis:

Fechar os filhos numa gaiola virtual acabará com alimentar o medo e a sensação de estar permanentemente em perigo; um risco que, no entanto, não existe. O uso do chip visa reduzir a presença dos professores, que, ao contrário, são fundamentais para o crescimento das crianças.

Se, apesar da polémica, o protejo será confirmado em Paris, será a primeira vez que esta tecnologia é usada na Europa.

Nos Estados Unidos, pelo contrário, o sistema é já activo: fez a sua estreia há poucas semanas num jardim de infância em Richmond, Califórnia. O chip é inserido num casaco que acompanha todas as crianças, o custo anual é de 50 000 Dólares, mas estima-se uma poupança de 3.000 horas de trabalho para os funcionários da escola, que agora estão satisfeitos.
Simone Beauford, docente do instituto:

Já não tenho que gastar o meu tempo no preenchimento do registo com a altura da entrada e da saída de cada criança. Eu apoio: menos burocracia, mais ensino.

E o trabalho está feito.

O paciente emissor

A saúde?

A reforma do sistema de saúde, defendida e feita aprovar pelo presidente dos EUA, Barack Obama, refere, entre as outras coisas, um aparelho chamado “registo de sistema” (Class II, parágrafo 1, secção B)

Mas o que exactamente esse dispositivo?
Nas páginas 1001 e 1004 da lei, o dispositivo é descrito mais em detalhes:

[…] Um dispositivo transpoder de rádio frequência implementável, capaz de gravar os créditos, a história clínica do paciente, com imagens analíticas padronizadas que permitam o compartilhamento dos mesmos em diferentes áreas, para além de quaisquer outros dados julgados como oportuno pelo Secretário.

O dispositivo de classe 2 já foi aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration).

Ninguém aqui quer parar as “modernices”.
Eu mesmo sou consumidor de tecnologia e aprecio a mais valia que esta representa. O facto de estar aqui, eu a escrever e o leitor a ler um blog, significa que a tecnologia, quando usada de forma correcta, pode dar uma enorme contribuição para o bem estar das pessoas.

As dúvidas são outras. E a mais importante é a clássica: quem controla os controladores?

No caso do chip de saúde, há diversos pontos obscuros.

Quem terá acesso a estas informações?
Hospitais, pessoal medico, sem dúvida. E quem mais? Quais as medidas de segurança? Como posso estar certo, eu cidadão, de que os meus dados serão lidos só quando isso for preciso e nas sedes mais apropriadas?
Não existe esta segurança, fala-se de “compartilhamento em diversas áreas”.

E que significa que o chip terá de gravar dados clínicos “para além de quaisquer outros dados julgados como oportuno pelo Secretário”?
Quais dados?

São perguntas que por enquanto ficam sem resposta.

Pena, pois a ideia em si é notável: o paciente pode até chegar inconsciente no hospital, mas com um simples receptor o medico pode saber, por exemplo, de quais patologias sofre, as eventuais alergias, os medicamentos que está a tomar…

O seguinte vídeo é uma publicidade da Verimed Healt, empresa especializada na identificação dos pacientes e na qual não podia faltar uma área “verde”, sensível às temáticas ambientais. Por enquanto a VeriMed não comercializa o produto, mas os testes prosseguem.

Esta publicidade conta uma parte da história. Só uma parte.

Mais notícias acerca da VeriMed podem ser encontradas no artigo do blog Nova Ordem Mundial.
Bip, Bip.

Fontes: ECPlanet, Verimed
Vídeo: Marcelo Dias

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