A guerra está perto

O aviso foi lançado no dia 21 de Junho: navios dos EUA rumo ao Golfo Pérsico.

Poucos dias depois (23 de Junho) é a vez de Kafe Kultura que relança:

As Guardas da Revolução iranianas e outras unidades estão a ser concentradas na região do Mar Cáspio contra o que o Irão alega ser uma concentração de forças israelitas e americanas nas bases aéreas do Azerbaijão, prontas para atacar as instalações nucleares iranianas.

Temos que esperar uma guerra? A resposta é sim.

Israel não aceita outras potências nucleares no Médio Oriente e está disposta a arriscar um ataque contra o Irão na tentativa de parar o programa nuclear de Teheran.
No artigo de 22 de Junho escrevemos que uma invasão estava fora de questão:

Uma guerra-relâmpago? Esta é uma opção mais credível, mas muito arriscada.

De facto uma invasão não seria viável nesta altura. Mas, embora os riscos permaneçam intactos, parece que Tel Aviv opta por um ataque relâmpago, com objectivos as instalações nucleares do Irão.

Para nós uma coisa está certa: o Médio Oriente nunca voltará a ser o mesmo.

Vamos com ordem.
Watch International propõe uma análise de Ruben Weizman:

[…]Sempre em relação aos preparativos para a guerra, um site islâmico informou que, segundo várias testemunhas, nos últimos dias aviões de transporte C130 descarregaram material e tropas israelitas na cidade saudita de Tabuk, uma confirmação dos acordos secretos entre a Arábia Saudita e Israel para um ataque às centrais nucleares do Irão.

Os planos Israelitas começam a ser claros. Se fossem confirmados os aviões de Israel no Azerbaijão, isso teria resolvido o problema da distância dos alvos, enquanto que o apoio dado pela Arábia Saudita (e, de forma indirecta, pelo Egipto) confirma que os Países árabes são a favor de um ataque militar. Os navios de guerra no Golfo Pérsico poderiam lançar salvas de foguetes contra instalações nucleares iranianas mais longínquas. Dentro de minutos tudo estaria terminado e o programa nuclear iraniano completamente apagado.

Se assim for, seria muito provável uma reacção das tropas iranianas e as aeronaves presentes na Arábia Saudita e no Azerbaijão estariam acima dos objectivos em questão de minutos. Para completar a estratégia de Israel existe a notícia divulgada ontem pelo comando do IDF duma “importante” deslocação de tropas ao longo da fronteira de Israel com o Líbano, outra frente quente especialmente na expectativa de uma resposta do Irão.[…]

O que parece claro é que a operação “atacar o Irão” agora começou e não será fácil para ninguém impedi-la.

Não acaso ontem o chefe da CIA, Leon Panetta, disse que o Irão estaria na posse de urânio suficiente para construir duas bombas atómicas e definiu esta como uma notícia “chocante”.
Chocante só se for para ele, pois é sabido há vários meses nos círculos perto da CIA e do Mossad que o Irão tem suficiente urânio enriquecido, com uma percentagem muito elevada, que pode ser usado para construir bombas atómicas.

O significado dessa declaração é bem outro: a CIA pela primeira vez em muitos meses faz abertamente essa revelação, o que só pode significar uma coisa: a política terminou o trabalho, e agora a palavra passa a outras instituições. Quais? Fácil imaginar.

E não seria uma ideia nova. O seguinte artigo é de Março de 2009:

É certo que, se um ataque for actuado fará com que, por parte do Irão, haja uma resposta descrita como “terrível” pelas autoridades religiosas iranianas, uma resposta que poderia levar a uma reacção enérgica de outras potências nucleares que poderiam, por sua vez, entrar em cena.

Segundo Loyd Rudmin “os Estados Unidos têm cerca de 10.000 alvos no Irão. As principais instalações nucleares, incluindo a central nuclear de Bushehr, na costa do Golfo Pérsico, perto do Kuwait, e a central de enriquecimento de urânio em Natanz, em Isfahan. Bushehr é uma cidade industrial que tem quase 1 milhão de habitantes. Nada menos que 70 mil engenheiros estrangeiros que trabalham neste concelho, que inclui um grande depósito de hidrocarbonetos. Natanz é o principal local de enriquecimento de urânio para o Irão, ao norte de Isfahan, que também possui instalações de pesquisa nuclear. Isfahan é uma cidade património mundial, com uma população de 2.000.000 habitantes.

Sabemos, de facto, que o Irão não é um alvo novo para os Estados Unidos.

De acordo com a opinião de Peter Symonds, analisando os resultados dum estudo publicado por cientistas britânicos, os EUA preparam um terrível ataque contra o Irão.
Num artigo publicado em Agosto de 2008, esses pesquisadores “fazem uma estimativa que gela o sangue pela violência destrutiva que os Estados Unidos usariam em ocasião dum ataque ao Irão”. Concluem que “os EUA fazem preparativos para destruir as armas de destruição maciça, o Irão, o seu poder nuclear, o seu regime, o seu exército, o seu aparelho de Estado e as suas infraestruturas económicas, em poucos dias ou algumas horas”.

Os EUA põem agora à disposição de Israel os próprios conhecimentos e planos? Sem dúvida.

Oficialmente a opção diplomática ainda não chegou ao fim.
Ainda segundo o Chefe da CIA, Israel está disposto a dar tempo aos EUA para explorar a diplomacia:

Eles sabem que as sanções terão um impacto, eles sabem que se nós continuarmos a pressionar o Irão teremos um impacto e nós queremos que haja tempo para mudar o Irão diplomaticamente, cultural e politicamente, em vez duma mudança militar.

Mas a verdade é que as margens de manobra são extremamente reduzidas.

Não esquecemos um pormenor: quem quer esta guerra agora é basicamente Israel. Enquanto declarar uma guerra teria consequências importantes no eleitorado norte-americano, o governo de Tel Aviv não tem que responder a ninguém pois a oposição interna é muito fraca. Os dirigentes de Israel querem eliminar de uma vez por todas o risco iraniano. E se Israel quer, Israel obtém.

Quando e a que preço são as únicas incógnitas.

Fonte: Kafe Kultura, Watch International, Voci dalla Strada, Il Corriere della Sera

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