Olá todos: Max nos brinda com informações objetivas bem organizadas, que da minha parte agradeço muito. Sei lá quem disse uma coisa interessante: pensar globalmente, agir localmente.
Mesmo sem grandes informações, tateando meio que intuitivamente, me parece que para quem busca alternativas de sobrevivência não seria oportuno gastar energia com organização de grandes massas, até porque a humanidade em geral esteve e está condenada a burrice crônica.
Que tal arranjar uma terrinha, plantar sua comidinha, como eu faço e me dou bem, embora nem por isso fique livre dos pesticidas que estão nas sementes já globalmente manipuladas!?
Que tal praticar pequenas trocas com o excedente com vizinhos?
Por exemplo: eu troco ovos por farinha, troco feijão por mel, e nisso sem alarde, em 10 anos, nos envolvemos 50 pessoas, dessas que não sabem nada de política global, mas sabem economizar o pouco que têm e ainda sabem distinguir pelo cheiro ou ausência de, comida de veneno puro!?
Que tal construir uma casinha boa e confortável basicamente com o que os idiotas jogam fora e não entendem ser material de construção!?Que tal fazer um grande buraco no chão até encontrar água pura, potável (no meu caso foram 7m e meio, pedras abaixo)e eis a autosuficiência no líquido mais precioso no mundo!?
Que tal buscar um controle pessoal da energia elétrica que utiliza!? No meu caso, tenho um bom geradorzinho (na verdade ainda não encontrei petróleo, nem sei como refiná-lo em óleo diesel HIhihi…) mas melhor que pagar a luz tão cara por estes pagos do sul do Brasil!?
Que tal arranjar umas placas de energia solar e ter água quentinha a disposição!?
Que tal subir bem alto, bem alto, fincar uma torre de radio transmissão, captar sinal dos satélites a girar em torno do planetinha terra e dispor de internet, que está longe de ser uma maravilha mas me permite ler o Max e falar com vocês!?
Que tal gastar o mínimo dos mínimos em roupa, faze-las em casa, brincar de inventar modas pessoais em vestuário, utensílios domésticos e móveis!?
Que tal não se deixar seduzir por nada que consuma inadvertidamente!?
Que tal testar e fazer funcionar os próprios remédios que um corpo já desgastado pela idade, como o meu estão exigindo!?
Que tal valer-se dos amigos bichos e de sua inteligência e amizade real para garantir a segurança da sua toca/casa/paraíso possível!?
Que tal usar o precioso tempo para trabalhar nisso tudo, estudar isso e muito mais com paciência e afinco, conversar com quem sabe das coisas práticas, possíveis de serem feitas, exequíveis, e ensinar aos que estão próximos/distantes como sobreviver nesse mundinho que o Max descreve com precisão cirúrgica!?
E, muito mais que sobreviver, inverter a ordem desejada das coisas no único espaço onde cada um tem controle da situação: a sua própria vida!?
Sei que vários de vocês vão me achar simplória, talvez idiota, mas sinceramente, até agora eu não encontrei sabotagem mais gostosa, prazeirosa e rendosa para fazer. Muitos abraços.
Este comentário já mereceu a (justa) publicação no blog de Burgos também. “Justa” porque Maria deixa aqui algumas ideias bem interessantes.
Antes demais: Maria (e não sei se era esta também a intenção) acaba de descrever algo que parece ter saído da saga cinematográfica de Mad Max mas que representa um futuro bem possível. Para não dizer provável.
Eu sei, isso soa de forma esquisita agora, enquanto estamos aqui, nas nossas lindas casinhas, rodeados por telemóveis, televisões LCD, frigorífico que dispensa água fresca e gelo à vontade. Mas já pararam para pensar? Quanto tempo acham que pode durar?
Não quero vestir o hábito do monge e começar a percorrer as ruas gritando “Penitência! Penitência!”; mas sabemos que o futuro dificilmente poderá ser tão risonho: falta de recursos, um sistema económico e financeiro em crise profunda, isso sem falar das grandes decisões que já alguém tomou por nós.
Os magníficos 30 anos, os que seguiram o fim da Segunda Guerra Mundial, não voltarão, não há condições.
Há água para todos?
Há comida para todos?
Há energia para todos?
Há uma estabilidade política que possa garantir o correcto funcionamento da sociedade e das suas instituições perante algo de (in)esperado? Lembrem do que aconteceu com a queda do Império Romano.
Se o Leitor achar que a resposta for “sim”, então pode acabar já de ler este artigo e voltar a ligar a televisão.
Se a resposta for “não”, então as sugestões de Maria fazem todo outro sentido.
E mesmo que houvesse água, comida e energia para todos (e acho que há por enquanto), como podemos pensar que a miragem do eterno crescimento possa tornar-se realidade num mundo limitado qual é o nosso?
Depois há outro aspecto, mais imediato: viver segundo as nossas regras, não segundo as regras dos outros.
Parece fácil, mas não é.
Aliás, nós nunca fazemos isso.
O que compram ao visitar um supermercado? Onde adquirem a vossa energia? Como enchem o depósito do vosso carro?
Quantos canais de televisão têm? 50? 100? E quantos deles costumam ver com regularidade? Quatro? Cinco? 10 no máximo? E porquê?
Ao não estar em forma, onde vão? À farmácia? Lógico. E compram o que o farmacêutico sugere ou começam a questionar coisas do tipo: “Mas quem é que produz esta porcaria de medicamento? E que tem dentro?”
Da comida falámos num recente post, não é o caso de repetir.
E quando chegar a altura das eleições, vão votar em algo que você escolheram ou em alguém que outros escolheram por vocês? Esta é democracia? Têm a certeza?
Pagam as taxas? Mas acham isso normal? Conselho: parem um segundo para pensar no assunto. E entretanto questionem: onde acaba o meu dinheiro? É utilizado para quê? Pois estas são perguntas que não costumamos fazer, consideramos tudo isso como absolutamente normal, parte duma sociedade “normal”.
Seria possível continuar com uma infinidade de exemplos, pois ao analisar o nosso dia a dia podemos perceber uma coisa: poucas das nossas escolhas são livres. Poucas das nossas decisões são verdadeiramente decididas por nós.
E aqui chega Maria. Que sugere outro estilo.
Voltar ao básico, desligar as nossas antenas, continuamente sintonizadas para a recepção dos input externos, e começar a tratar do nosso, em primeira pessoa. Procurar a nossa água, utilizar remédios naturais, implementar um sistema de troca, desfrutar o que a Natureza tem para dar, que não é pouco.
Alguém tem algo em contrário? Espero bem que não.
Porque Maria não está a propor algo de “outro mundo”, está a propor algo que os nossos avós bem conheciam. E com eles, todas as gerações que atravessaram a História, até as últimas décadas.
É um sistema de vida mais à medida dos seres humanos, funcionou ao longo de milénios, porque não poderia funcionar agora?
Todavia há problemas.
Por exemplo: quem mora numa cidade pode achar aborrecido furar junto à praça da Câmara à procura de água para depois ficar preso.
E mesmo a questão da electricidade não é tão simples: experimentem pôr a funcionar um gerador, 24 horas por dia, num condomínio.
E depois tentar convencer os vizinhos (já histéricos por causa do barulho do gerador) que seria boa ideia investir algumas dezenas de milhares de Euro num painel fotovoltaico.
Entretanto teremos que tentar acalmar os filhos que choram porque na escola são considerados “desgraçados” por causa da roupa não de marca e até preparada por nós.
Eu não acho Maria nem “simplória” nem “idiota”, como ela escreve; só que a realidade do campo é bem diferente daquela da cidade.
Há muitos anos vi um excelente filme de Akiro Kurosawa, Derusu Uzala (no Brasil o título é o mesmo, em Portugal foi traduzido com um tristérrimo A águia das estepes: quem fez uma tradução assim deveria ter sido linchado na praça pública), o qual tratava também deste aspecto: o choque entre a vida na cidade e a vida nos campos, a incompatibilidade destas duas formas de existência.
E muitas das coisas propostas por Maria não são viáveis para quem hoje em dia mora nos grandes bairros metropolitanos.
Muitas sim, mas não todas.
Mesmo tendo um jardim pequeno, é possível cultivar algo.
Ok, o tomate assim obtido estará cheio de pesticidas e terá absorvido todos os gases dos escapes. Mas podemos sempre servi-lo para a nossa sogra.
Ok, agora a sério. Acho que cultivar a nossa própria comida é importante. É um passatempo, uma forma de produzir algo de “nosso” e, quem sabe, pode sempre tornar-se útil no futuro.
Muito útil.
Eu cultivo o manjericão! Pois quem é de Génova não vive sem manjericão…e a salsa, que Leo costuma comer quando não está bem disposto. A propósito: quem ensinou ao Leo que a salsa ajuda a tratar-se? Ninguém, é um instinto dele. Quantos dos nosso instintos foram “sufocados”?
Vamos em frente.
A troca. Ideia maravilhosa. Na internet há já uma tentativa para tornar a troca algo de prático, e funciona. Se bem lembro, a ideia foi duma mulher que começou com amigos e vizinhos; a ideia pegou e hoje existe uma comunidade que , via internet, efectua troca de produtos.
Estas são notícias que não aparecem nos media; e nem aqui, pois em verdade não lembro como se chama esta associação dos Estados Unidos, se não estou errado.
Mas a origem não interessa, é a ideia que conta. Sem necessariamente abrir sites na internet, porque não experimentar a coisa entre amigos, pessoas conhecidas, vizinhos? Afinal, qual o risco? Não vamos mudar o mundo com isso, mas nem piora-lo. E a satisfação de ter algo sem passar pelo dinheiro?
Fazer roupa e utensílios em casa? Porquê não? Se alguém tiver jeito com o bricolage, pode ser uma boa ideia. Porque o móvel adquirido tem de ser melhor daquele que podemos construir a partir da madeira?
Resposta: porque provavelmente o móvel adquirido acaba com o custar menos. Verdade.
Mas desejamos mudar algo ou não? Então porque temos de continuar a entregar dinheiro a empresas que mandam vir o móvel de cartão prensado da China, que se por acaso apanhar um pouco de chuva dissolve-se literalmente, quando podemos construir o nosso com bons materiais e sem explorar o trabalho dum fulano que ganha 1 Dólar por dia?
Limitar os gastos deveria ser um assunto supérfluo, mas não é.
Quanta água deitamos para o lixo (literalmente) ao puxar o autoclismo? Peguem numa garrafa de um litro e meio enchida com água, levantem a tampa do reservatório do autoclismo e posicionem a garrafa de pé, do lado oposto ao dos mecanismos.
Poupa-se um litro e meio de água de cada vez.
Assumindo apenas uma utilização diária do autoclismo (mas quem puxa o autoclismo uma vez só por dia?) são quase 550 litros de água poupados num ano. Acham pouco?
Não podemos mudar o mundo ao enfiar uma garrafa de água no autoclismo. Mas é um passo, pequeno mas sempre um passo. Ou é melhor nada?
Existem milhares de maneiras para poupar. Poupar no ambiente e poupar nas nossas carteiras. Além disso, água e comida são bens preciosos, deita-los no lixo é um pecado particularmente grave e uma enorme falta de respeito.
Televisão? Aqui em casa há uma guerra entre Leo e eu dum lado e Guida do outro: mas de verdade precisamos de internet 50 Mb e 100 canais de televisão? Guida acha que sim, Leo e Max acham que não, mas como estamos em democracia ganha Guida.
Quando estava em Italia tinha a minha bonita antena parabólica, com a qual captava não um mas dois satélites (nomeadamente: Sírio e HotBird 8, no Brasil haverá com certeza os correspondentes), grátis, um total de algumas centenas de canais.
Agora os satélites dão também para internet. Porque temos de pagar os vários fornecedores via cabo que aplicam tarifários sem sentido e atrás dos quais podemos encontrar as caras do costume?
Seria possível continuar, mas este post, que já é bem comprido, ficaria com dimensões preocupantes.
O que interessa é o seguinte: temos de desligar dum mundo que é concebido unicamente para os consumidores compulsivos (isso é: nós).
Não é uma forma de vida natural, e se o Homem conseguiu evoluir ao longo dos milénios não foi graças aos centros comercias, mas graças às ideias, que são gratuitas.
Maria apresentou algumas ideias, boas ideias.
A escolha, como sempre, é do Leitor.
O que desejamos deixar aos nossos filhos? A sabedoria de utilizar o cartão de crédito ou uma forma de ser pessoas autónomas e pensantes?
E nós? Tudo o que somos deve ser resumido num “trabalhas-consomes-morres” ou há algo mais do que isso?
Ah! E mais uma vez: obrigado Maria!
Ipse dixit.
Incrível… Escreveu tanto e o meu cérebro parou e ficou fixado na foto da retrete!!!
Será que só tenho pensamentos de merda? Se calhar…
Mas, agora brincadeira à parte, a solução do bidão/garrafa no autoclismo é apenas em último caso. Podemos sempre começar por colocar a bóia na sua posição mais baixa, depois podemos ter o sistema de descarga dupla, e só depois disto, se verificarmos que a quantidade de água é absurda, então vai de bidão/garrafa…
Quanto à Maria… é fantástico o modo de vida que leva… o único senão é que não dá para 7 biliões de parasitas!
Max
Muito obrigado Max pela
excelente complementação, parabéns.
Espero que as palavras "simplórias" de Maria se torne um manifesto em todos os Blogs e sites nesse nosso mundo tão "moderno" e tão "tecnológico", e talvez as pessoas compreendam que viver como Maria vive de modo "simplório" é a solução.
Fica a pergunta:
Quem quer ser vizinho da Maria?
Abraços
(Será que a Maria gosta dos 4 patas?, se gosta, acho que também vou querer ser seu vizinho)
Voz
Eu acho que, bem organizado até dava, mas todos nós tínhamos que abdicar de MUITAS coisas, principalmente os ocidentais.
E então as corporações e o banqueiros, como ganhavam?? Se nós não consumirmos, isso é um problema..
Li um artigo á dias, em que em 2050, precisaremos de 3 planetas só para conseguir manter a sociedade estável (em crescimento), o crescimento exponencial é lixado.
Mesmo assim acho que é mais provável acharmos 2 planetas para explorar, do que mudar o nosso estilo de vida, de livre vontade.
Saudaçoes
Mudança é preciso.
Disciplina também.
Max
Olha isso Max, não tem nada a ver com o post, mas quero mostrar uma noticia que lí a pouco.
Já estão a preparar o mundo para um Ataque de Falsa Bandeira.
[Com rebeldes dando a guerra por vencida e as forças de Muamar Kadafi enfraquecendo dia após dia, fica cada vez mais difícil de se acreditar na possibilidade de uma reviravolta na guerra da Líbia.
Cresce, no entanto, o temor de que fanáticos admiradores do ditador mudem o foco e ao invés de tentar retomar o poder partam para o terrorismo como via de vingança. Acompanhe as principais notícias sobre o conflito.]
Aqui vai o link da notícia:
http://wp.clicrbs.com.br/mundozh/2011/08/27/siga-o-radar-de-noticias-dos-conflitos-na-libia-–-2708/?topo=13,1,1,,,13
Caros Max, Maria e amigos,
Não sei se estou contando novidades, mas esta consciência, esta nova maneira de encarar a vida, existe e se chama PERMACULTURA. Nascida na Austrália por alguém que não me lembro o nome. Se trata de uma nova forma de viver e produzir todo o necessário ao ser humano numa área auto sustentável, onde todo o excedente é trocado por produtos que aií não são produzidos. Aqui no Brasil temos alguns destes pequenos núcleos. Inclusive, alguns dão até cursos sobre o assunto. Um abraço a todos.
Boas
Por experiência própria já fiz dois móveis (mais por causa do preço do que por razões mais ecológicas) e sim, ficaram mais baratos do modelo que vi numa loja da especialidade. São os meus dois móveis favoritos cá em casa xD
Tenho andado a tentar arranjar forma de reutilizar a água do lavatório para o autoclismo (inspirado pelo grande Jacque Fresco) mas ainda não arranjei maneira (sugestões?)
Sobre a economia do autoclismo, eu posso dizer o seguinte: aqui em minha casa, o que funcionava era um autoclismo clássico (daqueles com uma bóia a flutuar em água, escondida dentro da parede)…e porque aquilo já era antigo e dava problemas, foi instalado um autoclismo de caixa. O botão desse dito autoclismo não só serve para descarregar a água, como para PARAR a descarga de água, quando acharmos que não é preciso continuar a despejá-la para a sanita. É uma solução bastante eficiente, a meu ver.
olá Max e Burgos: obrigada pelos comentários. Na verdade, queria mesmo que vocês explorassem minha intervenção para poder conversar. Absolutamente pertinentes as perguntas e reflexões dos comentaristas, tenho me feito estas questões ao longo do tempo. Então para discutí-las é preciso que lhes diga que minha vida a grosso modo passou por alguns ciclos, digamos: infância e adolescencia burras, juventude e maturidade de trabalho assalariado e viagens incomuns. Do primeiro, aprendi como não viver, e do segundo reuni pistas para como viver. Do primeiro colhi a convivência com alguns colegas doutores absolutamente imbecis e um ou outro aluno fantásticamente geniais. Do segundo, por rotas alternativas aquelas turísticas ou institucionais, com olhos de muita curiosidade, aprendi bastante. O mais cedo possível caí fora da vida institucional com uma pequena aposentadoria e a decisão de deixar um "legado" (que decididamente não seria os livros que escrevi, as conferências que dei ou as teses que julguei). Algo mais sério, mais importante…tinha só 50 anos, nenhuma herança, nenhuma propriedade e os ordenados mensais, mensalmente gastos, quando comecei esta maneira de estar no mundo (que hoje o Walner me diz que até tem nome, imagina só!).Nunca me arrependi, embora esteja sempre retificando percursos, iniciativas e outros movimentos. O que vale é que estimulo alguns pelo exemplo, aprendo muitíssimo, vivo a felicidade possível num mundo em desgraça, ajudo meus amigos animais, aproveitei uma terra considerada impossível e repassei-a melhorada para atuais vizinhos que amam os animais (portanto tu és benvindo, viu Burgos!).
E agora, sem mais prolegômenos, conversando com as tuas reflexões, Max:
Sim, economia solidária é uma iniciativa, teóricamente ligada a um economista de nome MaxNieff, de pensamento libertário com obras em espanhol sobre o assunto, em especial relato de experiências locais pela América latina e Chiapas, no México. Na prática funciona onde alguem se dispuser a provar que é operacional e rendosa.
Sim, práticas de "faça você mesmo", eficientíssimas nos EUA dos anos 60 e 70,nas técnicas domésticas, deixaram obras escritas e traduzidas pelo mundo afora de como fazer quase tudo, recuperar quase tudo, arquivar, operar, organizar e aproveitar
quase tudo com o mínimo de custos. Na prática, basta alguem decidir-se a por em andamento, e "a massa segue", como se fora moda.
Continuando…
Não, e isso me parece bem significativo: não se trata da vida no campo, até porque o campo no Brasil pertence aos grandes latifundiários (50% das terras pertence a 1% dos proprietários rurais). Se trata das periferias de cidades, de terrenos em pequenas cidades, e de uma espécie de cinturão verde exequível em grandes cidades. Parte dessa teoria se encontra nos desenvolvimentos a escala humana propostos por intelectuais anarquistas contemporâneos, em especial nos EUA, tais como Murray Bookchin. Na prática, basta querer encontrar um terreno de tamanho razoável, considerado impossível de construir e impossível de produzir, portanto bem barato, comprá-lo, como fizemos aqui em pequenas prestações, quebrar em torno de 10.000 cabeças de pedra a partir dos rochedos existentes no terreno, como fizemos, torná-lo muito bonito, com muros de arrimo e terraços para plantação, técnicas milenares de asiáticos e indígenas latino americanos e repassá-los a vizinhos "escolhidos". 10 anos e pronto, quase tudo feito, embora esse é um projeto que nunca termina, e muito se modifica e atualiza ao longo da execução.
Uma das coisas fundamentais que venho aprendendo é que a vida é mais dependente e menos atônoma na medida em que vivemos cercados por caixas pretas, ou seja, artefatos e mentefatos, por assim dizer, que não conhecemos a história, o funcionamento, a tecnologia física ou política empregada. Daí sermos alvos fáceis da propaganda, da aparência, do costume, da tradição ou da moda. Faz jábastante tempo que tento dominar em termos de conhecimento o que utilizo, do que me cerco. E isso produz efeitos surpreendentes.
Finalmente o principal- o legado-. Da velha aposentadoria economizou-se muito mais do que se imaginava a princípio. E esse dinheiro serve para dar para quem tem inteligência, competência e independência suficientes para por em marcha iniciativas decentes, em especial para os amigos de 4 patas.Mudar o mundo, o seu próprio mundo, aquele dos seus próximos por afinidade de sentimentos e iniciativas concretas pode ser um legado bom nesse planetinha besta que não sabe sequer tratar de si.
Amigos, desculpem o tamanho grande do comentário. Foi uma tentativa de discutir as sempre oportunas colocações do Max.
Muitos já cultivam essa idéia, que não é nova, inclusive eu. Economia é a ordem na casa. Também reaproveitar objetos que iriam para o lixo. Mas a "burrice crônica" (ah, ah), essa não tem solução, jamais terá.
Agora, com essa explosão populacional alarmante e incurável, que tal nos dizer onde se encontram umas terrinhas para uma chacarazinha e para fazer tudo isso?
Querida Maria
Não se desculpe do tamanho do comentário, para nós (eu e meus donos) foi uma aula, mas não daquelas que os adolescentes costumam odiar, e sim uma aula de como viver a vida, sem se preocupar se está agradando ou não a terceiros.
Fiquei feliz com o convite, muito obrigado, mas nunca teria coragem de abandonar meus donos que tanto me amam. Faz mais ou menos dois anos que meus donos procuram um sítio ou uma chácara para viver, assim que chegar a aposentadoria, minha dona adora gansos, patos, e vários outros animaizinhos, ela já está a preparar a chácara em pensamento, e eu já me candidatei para pastorear o rebanho (hehehehehe). Fiquei muito empolgado com esse modo de vida que tu levas, já pedi a meus donos para pesquisarem e começarem a colocar em prática tão logo possível.
De qualquer modo seremos vizinhos, pois também moramos no sul do Brasil, meus donos são Gaúchos.
Um grande abraço pra você Maria, e mais uma vez, obrigado.
Caros amigos,
antes demais (e mais uma vez) belíssimo post – obrigado pela reflexão Max.
Querida Maria, devo dizer que o seu estilo de vida é mágico e aquilo com que sempre sonhámos (eu e a minha Pipa). Actualmente vivemos em Lisboa, mas somos naturais de Benavente (eu) e Setúbal (ela).
Benavente é uma pequena vila a nordeste de Lisboa e Setúbal é uma pequena cidade costeira a sul de Lisboa, com uma baía lindíssima.
Temos ambos 25 anos, mas detestamos o tipo de vida que levamos. Não há relações humanas e vives constantemente num stress desenfreado que a sociedade te imprime. Eu, mais do que ela, estou bem disperto para os assuntos relacionados com o Capitalismo Parasitário que vivemos e a condição mental que nos impõe.
À semelhança do Max, lá em casa quem consome a TV é ela…eu passo semanas sem a ligar. Quanto quero estar entretido com coisas que não contribuem em nada para a minha evolução intelectual, ligo a Wii ou jogo PC. Mas prefiro isso e estar consciente de estar a ser entretido, do que ver as notícias manipuladoras.
Voltando ao campo…
À tempos pedi a um casal amigo, que vivem na zona do Pinhal Novo e têm uma quinta, que me avisassem quando iniciassem as novas plantações para que eu pudesse aprender com eles.
Fomos (eu e Filipa) à quinta à 2 semanas e digo-vos: nunca me senti TÃO ÚTIL nos últimos tempos, como naquele dia. De tal forma, que agora pretendemos continuar a acompanhar e iniciar novas plantações/sementeiras. O contacto com a terra é muito próximo, trabalhá-la e sentir o seu cheiro. É divertido, é relaxante, é social, sei lá…é muito bom! Adorei e vou continuar.
Quanto à Permacultura, tenho andado a pesquisar sobre a 'coisa' desde à dias e acho que o seu método holístico é fenomenal e recomendo a que todos aprendamos sobre isso.
Tantas vezes me questiono: quando houver um cataclismo muito grave e esta gente toda ficar desalojada e com fome – ninguém sabe como plantar uma batata ou uma couve. As pessoas vivem longe da Terra, do nosso querido planeta que tanto nos dá.
Eu quero mudar de vida, e como tal, tenho projectos em mente que pretendo concretizar. Mas também tenho muitas questões, vejamos:
– Preciso de um terreno, não tenho, logo, tenho de comprar. Mas só tenho 25 anos e não tenho dinheiro para um terreno no interior do país (onde é mais barato).
– Ok, até consigo o terreno, mas existe uma coisa chamada IMI (imposto municipal sobre imóveis), logo, tenho que ter uma actividade para conseguir esse dinheiro. Posso sempre vender do que que produzo.
– Preciso de água. Faço um furo. Menos mal.
– Preciso de energia. Aí, a porca torce o rabo. Para ser auto-sustentável, preciso de investir em painéis fotovoltaicos ou moinhos geradores, apesar de existir a energia geotérmica: em qualquer uma das formas, preciso de dinheiro para investir.
– Preciso de construir uma casa. Ok, haverá algum material que eu não consiga obter sem ser a comprar.
Enfim, isto para mostrar que ainda me restam algumas questões a serem respondidas, mas eu não pretendo desistir e quero mudar de vida. O sucesso da nossa espécie, está no estreitamento da nossa relação com o Planeta Terra, não de uma forma parasitária, mas num modelo simbionte.
Amigos comentaristas, caro Max, querida Maria – deixei algumas questões no ar, se alguém me puder ajudar, agradeço prontamente.
Com os melhores cumprimentos,
— —
R. Saraiva
PS: Como funciona a internet via satélite? Também quero dar um chuto no meu fornecedor de TV por cabo.
Para quem quizer começar e não sabe como procure uma autêntica "Biblia Sagrada" à muito esquecida: Guia Prático da Auto-Suficiência de John Seymour
ola Saraiva: com relação a internet, uso ondas de radio para internet. Não sei de há possibilidade aí perto de Lisboa, mas aqui é o sistema mais independente e barato. Por um lado te livras das teles, celulares e telefones fixos, mas por outro opero com apenas 3Kb, o que não me impede de usar arquivos bem pesados, acesso a skype, baixar filmes e documentários, nada mais nem menos do que preciso.
Vamos ver se consigo pensar contigo e os teus 25 anos. Concordo que precisas uma renda mínima para terreno, casa, produção. E principalmente: a produção não se faz num piscar de olhos, nem o sistema de troas funciona magicamente, de um dia para o outro. Lembra que para tanto necessitas de outros que precisam ser conquistados, ou seja, ter confiança em ti para aderir ao projeto, perceber que realmente a coisa funciona e carrega vantagens para todos os envolvidos. Se hoje eu tivesse 25 anos e estivesse fixada pelas bandas de Portugal, o que não me parece ruim, experimentaria um negóciozinho independente de patrão ou salário fixo, mas que me desse condição de inventar a partir do que os outros jogam fora ou não valorizam tipo reforma de móveis usados, reciclagem da coisas relegadas ao esquecimento ou ao lixo pela maioria das pessoas como garrafas plásticas, pneos, brinquedos, roupas etc. Por sinal começaria como brincadeira de pequenas trocas entre amigos e, logo que me sentisse firme, transformaria em vendas para juntar dinheiro e então dar mais um passo, tipo adquirir um terreno bem ruim. É sempre bom testar nossos limites e possibilidades, dando um passo firme e depois o outro. Bom, não entende isso como conselhos porque não servem a ninguém, mas uma ou outra pista para fazer a experimentação de ti mesmo.Abraços