Quando foi para a Universidade de Oxford, a família dela já havia sido capaz de juntar-se ao 1% da população com o maior rendimento e quando, no decorrer do curso de estudos em Oxford, casou-se com Dennis, esta parte já tinha-se tornado 0,1% da população.
Apesar de pertencer a este 0,1%, não foi considerada suficientemente rica para tornar-se líder do Partido Conservador, que era controlada por parte do 0,01% da população, ou seja, os super-ricos da sociedade britânica.
A eleição dela como Presidente do partido foi vista como uma “revolta” dos ricos contra os super-ricos. Esta rebelião, no entanto, era fictícia, porque Margaret Thatcher serviu com grande entusiasmo e docilidade os super-ricos.
Em 1945, quando Margaret Thatcher tinha 20 anos, os super-ricos (0,01% da população) recebiam 123 vezes o rendimento médio do Reino Unido. Quando festejou os 40 anos, em 1965, esta diferença de rendimento foi reduzida pela metade, ou seja, 62 vezes (os super-ricos recebiam 62 vezes o rendimento médio): e foi reduzida ainda mais, tento que quando foi eleita como o Primeiro-Ministro do País, em 1978, tinha alcançado o valor mais baixo, 28 vezes.
É supérfluo dizer Claro que os super-ricos odiavam esta diminuição, tal como as políticas de redistribuição que estavam na base dela. Por isso, suportaram com todas as forças Margaret Thatcher, que no breve papel de líder do Partido Conservador tinha-se mostrado ser aliada e a melhor aposta para o futuro.
Mas, para vencer, era preciso enfraquecer o Partido Trabalhista, o que foi conseguido, dividindo-o.
Os super-ricos apoiaram (secretamente, às vezes nem tanto) a criação do Partido Social Democrata, que dividiu a Esquerda, o ponto-chave para a explicar a derrota do governo trabalhista.
Mas a maior vitória de Margaret Thatcher, como ela mesma reconheceu, foi a mudança do Partido Trabalhista, que tornou-se New Labour ou Terceira Via; e, uma vez substituído o partido conservador no poder, continuou as mesmas políticas neoliberais que o Governo de Thatcher tinha começado.
As políticas neoliberais da Thatcher eram as mesmas do Presidente dos EUA, Ronald Reagan: um ataque frontal contra o trabalho e os sindicatos, implementado políticas redistributivas contrárias àquelas postas em prática pelos governos anteriores.
Por isso, quando, em 1999 Margaret Thatcher deixou o poder, o super-ricos (0,01%) ganhavam 70 vezes mais do rendimento médio: uma política que foi mais tarde continuada pelo New Labour, de modo que em 2007 o 0,01% da população recebia 144 vezes o rendimento médio. Mais de que em 1945.
De acordo com o relatório Political and Social Exclusion de 2013, 50% da população (a classe trabalhadora e a classe média) em 2007 tinha um rendimento menor do que em 1983 e sente-se inseguro. Hoje 30% da população vive em casas inabitáveis e/ou insuficientes, 7% não têm dinheiro para comer e é subnutrida. Uma em cada três pessoas não têm dinheiro suficiente para aquecer a casa.
No final das contas, os super-ricos não podem queixar-se e o mesmo acontece com os ricos (9% do total) e o restante 40% dos cidadãos (classe médio-alta).
E os outros? A outra metade da população britânica? Não vai nada bem e para alguns é francamente mau.
Paciência: é assim que funciona o Liberalismo.
Ipse dixit.
Fonte: Vicenç Navarro
Olá Max: eis aí um modelo de governante! Não é sem razão a sua "popularidade" nos meios de comunicação, e até um filme ridículo, estrelado por uma grande atriz. Quando não funcionam exatamente assim, os governantes são tachados de ditadores, em geral. E a população segue acreditando, e dando todo aval…Anda me parecendo que o maior problema da humanidade é nunca saber de onde parte o seu próprio prejuízo…daí que o poder precisa se manter circulando, sem alvo identificável, e a maioria dos humanos cegos, surdos e mudos no labirinto. Abraços
Me pergunto até onde vai o desejo das elites; querem governar um cemitério?
A maria e o Ricardo Luiz tocam nos pontos-chave desta questão.
Se por um lado os super-ricos e ricos tiram e muito bem partido dos meios que têm ao seu dispor para manter o Staus Quo, mantendo grande parte da população na ignorância, sendo que, esta parte da população aquela que de certa forma os sustenta, quer do ponto de vista económico/financeiro bem como do ponto de vista politico.
Tambem é bom realçar que, quanto maior for o numero de pobres e muito pobres, mais dificil ficará a vida dos ricos.
Este é um dilema muito interessante. Penso que existe aqui um equlibrio do ponto de vista económico ( já para não falar de politico) muito instável.
abraço
Krowler
Oi Krowler, quanto a esse entrave da pobreza há uma saída que as elites estão usando, extermínio. Por enquanto velado…
O problema vai ser quando aplicarem de uma vez por todas a "teocracia" em forma de lei de modo a eliminar todos os "indesejáveis" sociais. Os mesmos som e tom dos fascismos do começo do século XX.
Errr, esqueci…
Panorama da pior das obras de ciência-ficção transformado em realidade.