O ouro e a fraude

Diz Ferreira (que agradeço e cumprimento!):

Se não existe ouro em Fort Knox, continua a pergunta que não quer
calar, para onde vai o ouro extraído deste planeta? Max, não me venha
com essa que é para fabricação de brincos, pulseiras, aneis, etc.

Ferreira, até parece que estou aqui para convencer o pessoal de que tudo está bem 🙂

Vamos dedicar algumas palavras acerca do metal, pode ser?

O ouro: quanto?

Antes de mais: o ouro é pouco, muito menos daquilo que é possível pensar. Esta é uma das razões do seu valor: se o ouro fosse disponível em grandes quantidades, o valor cairia.

Mais ou menos quanto ouro existe?
Até hoje foram extraídas 171.300 toneladas (dados de final de 2011). Muito? Nem por isso: todo o ouro caberia numa sala de forma cúbica com 21 metros de lado. É menos do volume da água presente em 4 piscinas olímpicas.

E as reservas? Ainda pior: estima-se que no sub-solo existam ainda 25.000 toneladas que é possível extrair. Tanto para ter uma ideia:

Não é muito, pois não?
O ouro é utilizado:

  • nos componentes electrónicos (computadores, comunicações, motores jet, contactos eléctricos, etc.)
  • na astronáutica (camada de revestimento do satélites artificiais) 
  • na medicina (electroforese, odontologia, no tratamento da artrite reumatóide, em terapias anti-tumorais, nos microscópios electrónicos, etc.)
  • na fotografia (ácido cloroáurico)
  • no desporto (prémios)
  • na cozinha (receitas decorativas)
  • no vestuário (filos de ouro nos tecidos e acessórios)
  • no sector bancário (reservas auríferas)
  • nos ornamentos (anéis, colares, etc.)

Tudo isso é feito unicamente com o ouro que cabe no tal cubo com 21 metros de lado, pela simples razão que não há outro. Portanto, imaginar navios que transbordam ouro e que depositam o metal nos cofres dos Illuminati é pura fantasia: não existem navios cheios de ouro, o ouro extraído até agora nem dá para encher um único petroleiro (tipo Suezmax, as Very Large Crude Carrier de 200 mil toneladas ou as Ultra Large Crude Carrier de 300 mil).

Os bancos não têm ouro? A fraude

Onde está então o ouro? No lugar onde rende mais: no mercado.

Os bancos não têm ouro nos cofres? Não admira.
O ouro nos depósitos é apenas uma voz contabilística. Mas o ouro extraído dos cofres e posto no mercado rende muito, muito mais do que isso, sobretudo consideradas as avaliações dos últimos tempos, em que a procura do ouro não é devidamente equilibrada pela oferta, e as dificuldades que atravessam as instituições de crédito. É natural pensar que os bancos já há muito esvaziaram as respectivas reservas para…obter ganhos astronómicos? Talvez, ou talvez para tentar cobrir os “buracos” provocados por operações no limite da demência.

Doutro lado, não podemos esquecer que os bancos não são obrigados a declarar as operações revertíveis com as reservas auríferas, nem têm que especificar quanto ouro fica nos cofres, independentemente do tipo de operações (gold wap, empréstimos, depósitos, etc.).

Isto significa que muito do ouro supostamente guardado (como no caso de Fort Knox, mas também Federal Reserve, Bank of England, etc.) na verdade existe apenas como voz de orçamento, pois o metal já foi há muito. O ex candidato presidencial Ron Paul avançou a ideia duma investigação para saber quanto ouro realmente fica nos cofres da Federal Reserve: obviamente nunca será feito, pois todos sabemos que a quantia declarada está muito longe da realidade. Doutro lado, uma notícia deste tipo seria um shock no já desgraçado mundo a economia.

Este último facto pode também responder (ainda que de forma parcial) à pergunta feita pelo conceituado blog Zero Hedge: Where is the gold? “Onde está o ouro?”.

Sabemos que o dinheiro não passa dum pedaço de papel, sem valor intrínseco. O valor duma nota é dado pelo facto desta ser reconhecida como forma de pagamento pelos Estados, bancos centrais, bancos privados, empresas e cidadãos. Sabemos que a nota não tem valor em si, mas confiamos no facto de que as principais instituições económicas (bancos, por exemplo) guardam uma riqueza real “algures”, uma riqueza capaz de fazer frente a eventuais dificuldades.

O que aconteceria se fosse tornado oficial o facto destas mesmas instituições não ter ouro guardado?
O que aconteceria se os bancos tivessem que admitir de já ter vendido boa parte das reservas áureas e que os cofres estão agora vazios?
Que a “riqueza” dos bancos (centrais ou privados) não passa de papel, o mesmo papel que nós utilizamos e que sabemos não ter valor?

Em primeiro lugar seria evidente a fraude: todos, até os que não costumam seguir a informação
“alternativa”, perceberiam que o nosso sistema está baseado no nada. Consequência imediata: a queda do valor do dinheiro. E não é difícil imaginar o que poderia acontecer a seguir em termos de crise económica global.

Esta já por si é uma excelente explicação para a questão do ouro, sem que para isso seja preciso imaginar comboios de ouro para os cofres dos Rothschild (que já tem riquezas suficientes).

Não pode ser dito para onde foi o ouro, pela simples razão de que o sistema existe para continuar a fraude: é com esta fraude que são conquistados a riqueza e o poder, com o papel, com a finança, com a posse dos recursos (petróleo, gás, commodities), não com as barras de ouro.   

Não por acaso, alguns teorizam que a recente “travagem” na subida do preço do ouro foi uma manobra para salvaguardar o valor do dinheiro em circulação. Pessoalmente acho esta ser uma boa hipótese.

Então, para onde foi o ouro? Ou melhor: para onde foi o ouro que estava guardado nos cofres dos bancos? Mas de quanto ouro estamos a falar? Não das 171 mil toneladas extraídas até agora, pois nem tudo foi direitinho para os bancos (e ainda bem), aliás, foi uma quantia relativamente pequena.

Falamos de 17% do total que foi para os bancos centrais, mais ou menos 30.000 toneladas. Não é pouco (eu ficaria satisfeito só com uma tonelada, por exemplo), mas mesmo assim estamos bem longe das 4 piscinas olímpicas (nem dá para encher uma delas).

Não há explicação e, pelo que foi dito acima, nem pode existir uma explicação oficial.
A minha ideia é que os bancos simplesmente injectaram o ouro no circuito do mercado para conseguir dinheiro vivo, em particular após a crise de 2007-2008.

Para ver como é utilizado o ouro, pode-se espreitar o artigo A árvore do ouro. Se alguém tiver dados melhores, faça o favor de enviar, serão logo publicados.

Ipse dixit.

Fonte: Zero Hedge

5 Replies to “O ouro e a fraude”

  1. Olá Max: se tu e os leitores de ii quiserem organizar um alegre convescote em busca do ouro perdido no fundo do mar, estou pronta…ih,ih!
    Imaginem em 5 séculos de rapina de um continente inteiro, onde o ouro nem a prata eram alvo de cobiça, desde o alvorecer dos humanos ali…Imaginem as guerras marítimas e os afundamentos de embarcações carregadas de ouro e prata…durante 5 séculos. Acrescentem umas pitadas de submarinos do tempo da segunda guerra mundial, também afundados carregando novas pilhagens em busca de um lugar seguro para elas. E para completar…um alegre convescote aos reinos celestiais do Vaticano e todos seus tentáculos. É ouro para deixar os milhões de leitores e comentaristas de ii descansando em paz pelas próximas 7 vidas. Abraços

  2. Maria, podes contar comigo nessa empreitada.
    Outro problema com o ouro e que não se conta é que ha um consumo, ou seja perde-se a cada fundição e a cada eletrônico banhado que vai para o lixo, lá se vai uma parte para a terra do nunca, e isso não é contado, como pode fechar o balanço sem contar as perdas e a necessária valorização que isso acarretaria.

  3. Não esquecer de que quando se fala em ouro há que distingir ouro 999 (usado nas barras) e o restante usado em diversos fins como na joalharia.
    É uma pergunta que poderá responder um pouco à crise que nos cai na cabeça: Onde está o ouro?
    Há também que lembrar que existe nos "mercados" títulos de ouro, e coitados de quem os têm, que nada mais é que um papel.
    Hoje os Bancos estão a recusar a troca de ouro papel por ouro metal, pagando apenas o seu valor com outro tipo de papel (dinheiro).
    Isso mostra que os bancos não o têm. Mas também grave é que o número de titulos existentes superarem bastante (e bastante já é mesmo favor) a quantidade de metal existente.
    Era bonito de se ver a maioria trocar (tentar) os títulos por metal e ficarem de mãos a abanar.
    Também pode ser por isso que o valor do ouro está a ser atacado como se tem visto ultimamente.
    Forçar os possuidores de ouro/titulos a vender, para os mesmos serem adquiridos pelos bancos.
    Mas esta tactica está a sair mal, pois embora o valor esteja a baixar, e provocar certo receio a quem o tem como investimento, está a ter uma forte procura de quem já não dá valor ao dinheiro e quer encontrar um porto seguro.

    Nada como um desenho que diz tudo:

    http://1.bp.blogspot.com/-roPyobyzX-Q/UY7Upmh8BtI/AAAAAAAAJnA/ppSu774dhk4/s400/Gold+Currency+Wars.jpg

  4. Observo que o ouro é algo desconhecido em sua essencia, pois nenhum ser humano teve oportunidade de descobrir, testar, analizar, experimentar o ouro, visto que é inacessível para a massa, só nos é disponível em doses pequenas, e via de regra dopadas em formas de ouro 14, 18, branco, rosa etc.
    Nenhum "normal" pode descobrir realmente o que esse metal "arquetípico" (extranhamente venerado por todas as culturas)é capaz de fazer ou ser.
    O que sabemos do ouro é o que os que detem o ouro querem e permitem que nós saibamos!!
    Não acredito que seja só pela aparencia e pelas características fisico-quimicas que conhecemos,. que todo mundo se esbaldou em barbarizar só para ter o nobre vil metal!!!
    Tem mais coisa aí!
    Abç.

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