Exclusivo: a Rússia invadiu a Ucrânia mas a Europa respondeu com o hidrogénio verde

Como previsto pelas agências de intelligence ocidentais e por alguns órgãos de comunicação, às 03:00 (horas local) de hoje começou a invasão da Ucrânia por parte dos russos. Os soldados saíram dos quartéis para atravessar a fronteira entre os dois Países, mas muitos repararam que estava frio e o mesmo Putin concordou que o tempo estava horrível, aconselhando regressar para a cama. As poucas milícias que chegaram até a Ucrânia bateram à porta mas ouviram “Ocupado!” e desistiram por uma questão de educação.

Estas notícias, que Informação Incorrecta aprendeu de fonte segura (a minha irmã que, lembro, é ucraniana e sabe o que diz) e que agora apresenta aos seus Leitores em exclusiva, confirma uma realidade simples e evidente: Max nunca erra e a previsão dum iminente confronto entre Rússia e NATO estava certa. Mas se na análise não havia falhas, como é que a comunicação social fica em silêncio perante os acontecimentos desta madrugada? Em parte porque a maioria dos jornalistas ocidentais estava a dormir naquela hora, em parte para não preocupar em demasia os Leitores e, em parte, por uma questão de ego: admitir que I.I. tinha acertado em tudo seria um golpe demasiado duro.

Então eis que os diários em pânico fingem que nada aconteceu e publicam notícias contrastantes: a Rússia retirou as tropas, afinal não retirou nada, a ameaça passou mas talvez não. Em Moscovo até goza-se e pede-se que o Ocidente publique o calendário das invasões para que os Russos possam programar as férias.

Ah-ah-ah: muito divertidos este comunas.

As mentiras

Vamos adaptar-nos a esta mentira, fingir que nada aconteceu, e espreitamos as notícias divulgadas hoje sobre a crise ucraniana, pois agora começa a corrida para demonstrar que Informação Incorrecta estava errada e para salvar a cara.

Joe Biden afirma que ainda há espaço para a diplomacia enquanto Vladimir Putin anuncia a retirada das tropas. O único que diz a verdade é o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, homem justo e sábio, segundo o qual “de momento, só ouvimos falar da retirada. Quando acontecer, todos a verão”. Assim fala-se. E mais: o seu Ministério da Defesa denunciou um ataque cibernético “sem precedentes”, algo que “ainda está em curso” nestas horas e que “infelizmente encontrou pontos vulneráveis” (como sempre diz o Max: instalem um firewall).

Na Bielorrússia, pelo contrário, continuam as mentiras atrás de mentiras. O que esperar dum País que nem tem a coragem de definir-se “russo” e quer só confundir com aquele “Bielo”? “Nem um único soldado russo permanecerá na Bielorrússia” após o fim dos exercícios conjuntos das tropas de Moscovo e Minsk na fronteira com a Ucrânia. Isto é quanto afirma o Ministro dos Negócios Estrangeiros Vladimir Makei (reparem: “Vladimir”, como Putin…), negando as especulações de que os 40.000 soldados russos, agora destacados no território para um exercício militar em grande escala chamado “Resiliência Aliada”, acabarão então por ficar estacionados no País. Já na Segunda-feira, o ditador bielorrusso Aleksander Lukashenko tinha declarado que “a retirada das tropas terá lugar quando for decidido com o Presidente Putin” e um encontro entre Putin e Lukashenko em Moscovo está agendado “para esta semana”. O exercício teve início a 10 de Fevereiro e espera-se que termine a 20: envolve simulações centradas na resposta a ataques aéreos externos, em actividades antiterroristas e na defesa de estruturas críticas. E, claro está, a invasão desta madrugada.

Na União Neuropeia, a simpática Ursula von der Leyen foi visitar as páginas da Administração dos EUA, entendeu algumas das frases aí presentes, fez cópia/cola (a especialidade dela) e apresentou tudo como uma sua ideia:

Enviamos uma mensagem muito clara à Rússia: não escolham a guerra. O caminho da cooperação ainda é possível […] Mas tenhamos cuidado, apesar das notícias de ontem, a NATO ainda não viu quaisquer sinais de uma redução na escalada das tropas. E, se o Kremlin escolher a violência contra a Ucrânia, a nossa resposta será forte e unida.

Dado que os membros do Parlamento já tinham adormecido após a primeira frase, ninguém conseguiu travar a Presidente antes que a coisa entrasse no reino do absurdo: assim a simpática Ursula continuou prometendo atingir “interesses estratégicos, diferenciando a nossa economia”, descrevendo a Europa como “o líder mundial em componentes de alta tecnologia” e concluindo que “a Rússia está completamente dependente de nós, as nossas sanções podem realmente deixar uma marca e o Kremlin sabe disso”.

Nesta altura, um assistente conseguiu passar-lhe um copo de água com um calmante, mas antes deste fazer efeito Ursula ainda teve tempo para afirmar que “estamos prontos” e que, caso a Rússia utilize a energia como arma, “vários Países estão prontos para aumentar as suas exportações de GNL [gás natural liquefeito, ndt] para a UE” e que “já reforçámos o nosso gasoduto pan-europeu e a nossa rede de interconexão eléctrica. Esta será também a espinha dorsal do fornecimento de hidrogénio verde”. Só então o comprido fez efeito e Ursula voltou ao tablet com a sua série favorecida (Elite) da Netflix.

Entretanto, o governo alemão confirmou a sua intenção de realizar uma reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 à margem da próxima Conferência de Segurança de Munique. As conversações deverão ter lugar a 19 de Fevereiro, como afirmado pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Christopher Burger. Uma reunião fundamental pois o G7 distingue-se pela sua notória imparcialidade, sendo constituído pelos representantes de EUA, Canadá, França, Alemanha, Japão, Itália e Reino Unido.

Joe Biden tem uns problemas. Na sua comunicação de ontem continuou a rosnar, lembrando que a Segunda Guerra Mundial tinha sido inevitável (mas nada disse acerca de Waterloo) e convidando os cidadãos americanos a deixar a Ucrânia por razões de segurança. No entanto, admitiu que a diplomacia ainda está viva e que “há espaço” para ela.

Diplomacia? Nem pensar segundo o Secretário-Geral da NATO, antigo membro da formação marxista-leninista Rød Ungdom e próximo Governador do Banco Central da Noruega, Jens Stoltenberg: Moscovo mente de forma descarada. Na reunião dos Ministros da Defesa da NATO, que teve início nas últimas horas, afirmou que não há nenhuma retirada e que, pelo contrário, a concentração das forças “parece estar a aumentar em massa“.

Palavras do burgo

No meio destas mentiras inimagináveis, as únicas palavras de verdade chegam do cantinho à beira mar plantado, Portugal, com duas notas incontornáveis.

A primeira fala da mesa à qual Putin apareceu sentado tanto durante o encontro com o Presidente francês e funcionário de casa Rothschild, Macron, quanto com aquele com o Chanceler alemão, Olaf Scholz. O Público informa que o diário italiano Corriere della Sera (outro gigante da informação) descobriu o construtor desta peça de mobiliário, tal Renato Pologna, dono de uma fábrica em Como, na Lombardia. A mesa de carvalho tem seis metros de comprimento e 2.60 de largura. O tampo é uma peça única e foi lacado a branco com perfis de folha de ouro e decorações feitas à mão no topo. O seu valor? Rondaria os de cem mil Euro.

Tudo isso pode parecer um pormenor inútil para não dizer estúpido mesmo. E é estúpido, de facto. Mas por vezes são pormenores assim que conseguem capturar a atenção de pessoas com reduzidas capacidades intelectuais.

O segundo realce vai para a opinião do advogado e professor universitário José Conde Rodrigues, publicada no diário Expresso. Após uma profunda meditação, Rodrigues concluiu que:

1. “São as ideias, e os homens por detrás delas, que movem a história”, uma reflexão esta que mudou-me como homem mas sobretudo como zebra.

2. A Rússia “assenta num modelo de Estado que subverte a separação de poderes, despreza a pluralidade política, renega a diversidade cultural, religiosa e social, e atua nas relações internacionais como se vivesse no século XIX”. Ohhhhh…

3. “Caberá ao Ocidente a tarefa de quebrar esse efeito, isto é, parar essa narrativa triunfal, esse avatar do mundo hobbesiano, feito da força e da astúcia de Putin. É pena que a União Europeia não tenha uma só voz, forte, legitimada, para vencer esse combate em nome do direito e da liberdade”. Tranquilo professor, Ursula já disse que com o nosso hidrogénio verde a Rússia está feita ao bife.

Conclusão

Ouçam o Goucha… desculpem, esta é a publicidade. Dizia, ouçam o Max: a invasão já teve lugar, falhou por causa doo frio e não se fala mais disso. Os Leitores de Informação Incorrecta agora sabem a verdade. E não, não agradeçam: não fiz mais do que o meu trabalho. Assunto fechado.

Agora vamos ver como o Ocidente consegue gerir a situação: determinado a negar os acontecimentos para não ter que admitir a superioridade de Informação Incorrecta, será preciso construir uma versão que justifique a não-intervenção russa e a escolha da diplomacia qual solução.

Com certeza será exaltada a “força” da classe política ocidental, “firme e compacta” perante o perigo despótico russo, a potência da resposta “democrática” e a capacidade de dissuasão da NATO que tanto assustou Moscovo ao ponto de obriga-la a uma rápida marcha-atrás. Palmadas nas costas também em Bruxelas, apesar de ninguém ligar (justamente) ao que aí pensam ou fazem, e votos de reciproca confiança e fidelidade nos dois lados do Atlântico. Que depois significa “Washington manda e a Europa obedece”.

Mas seria deveras interessante poder espreitar nas conversações entre os dois protagonistas (EUA e Moscovo) para perceber o que ficou e será combinado como moeda de troca para encenar a vitória da diplomacia. Esta é um do ut des, um dar e receber para alcançar a reciproca satisfação. Qual terá sido ou será o objecto de troca entre Washington e Moscovo?

 

Ipse dixit.

4 Replies to “Exclusivo: a Rússia invadiu a Ucrânia mas a Europa respondeu com o hidrogénio verde”

  1. Como diz o provérbio… “Prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.
    Gentes da Rússia, vieram a terreiro avisar que tinham conhecimento de preparativos para uma eventual “false-flag”, ao estilo do que se passou na Síria e que o Presidente da Ucrânia não controlava uma parte substancial do exército ucraniano.
    Sabemos bem que assim é. Quem controla os ukro-nazis não é Kiev.
    Não podemos deixar de considerar que o referido evento de “falsa-bandeira”, poderia não estar circunscrito aos conhecidos “ataques químicos”, como aconteceu na Síria, mas também a um “ataque biológico”.
    Entre os vários biolabs “supervisionados” por terceiros na Ucrânia, um fica prós lados de Carcóvia, outros dois prós lados de Dnipre e outro ainda a norte da Crimeia. Destes locais ás linhas da frente é um saltinho.
    O risco permanece, não confinado ao dia 16, mas sim desde até pelo menos ao domingo… para já.
    Prognósticos só no fim do jogo e esses são voláteis… como o tempo.

    Concordo que possa já ter existido um acordo, ou uma espécie de “troca” de interesses prioritários.
    Esse teria obrigatoriamente uma componente geo-económica, relevante para a posição difícil dos EUA.
    E, obrigatoriamente a Rússia teria a sua componente geo-estratégia, mesmo que diluída no tempo.

    Um bom começo, passaria pelo desmantelamento dos biolabs que acima referi.
    Outro, pelo fim do apoio aos ukro-nazis e sua retirada da linha da frente.
    Ora, é aqui que pode a “porca torcer o rabo”.
    Terá Biden (CFR), decisão soberana sobre Boris (RIIAD)?
    Sobrepõem-se os interesses do FED aos interesses do BoE?
    E os mavericks (Soros e a IM), acatam, ou jogam sujo?

    Eu cá, cruzo os dedos atrás das costas, bato três vezes na madeira e acompanho… o tempo.
    A ver vamos, como será feita a história dos homens.

    1. ADENDA
      Outro “discurso”, outro cenário… Volodymyr Shalkovsky, embaixador ucraniano na Austrália…
      ‘There are 15 nuclear reactors in Ukraine, and it’s hard to even imagine what will happen if Russia launches a missile strike when we have 4 operating nuclear power plants.’

  2. Conflitos, sejam diplomáticos ou bélicos, são peças publicitárias/midiáticas (de falsa bandeira ou não) montadas pelas elites econômicas que usam e abusam das governanças fantoches dos países envolvidos para que seja criado algum pretexto, e que tem como finalidade maior, gerar medo e imobilidade das maiorias, e muito lucro para seus autores…

  3. A Sra. Úrsula deve ter nascido sem uma parte grande nos corpos/almas: a vergonha. Talvez por isso ela não tenha se desenvolvido suficientemente e apareça no mundo dos adultos com um corpo tão reduzido.

    Eu aposto que nesta história mal contada toda, a Rússia tem interesse em apropriar-se das republicas independentes coladas na Ucrânia e estas regiões com mais de 40% de russos deve estar cansada de guerra, de sucessivas invasões de seu território por nazistas nada gentis. É possível que seus povos fiquem muito satisfeitos com uma solução tal qual a Criméia, e Putin mais satisfeito ainda em alargar seu território distanciando seus polos alvos preferenciais do ocidente (Moscou e São Petersburgo) dos domínios ocidentais.
    A esta altura, a Ucrânia já desistiu de pertencer à OTAN. Uma boa diplomacia com a Rússia pode render mais.
    Solucionando seus interesses, a Rússia só fica jogando xadrez com ocidente, que só sabe jogar bala, grosseria e vírus, para divertir-se com a estupidez dos opositores e encher os noticiários com mais mentiras favoráveis ao império e ocidente perdedores, que são nada mais que os povos europeus e norte americanos.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: