“Liberdade” ao estilo canadiano

Um dia antes do Primeiro Ministro canadiano Justin Trudeau ter invocado poderes de emergência para reprimir os manifestantes do Freedom Convoy, a televisão pública canadiana CBC (a mais antiga do País) raciocinou acerca do conceito de “liberdade”, concluindo que este é agora um conceito de “Extrema Direita”.

No artigo Why the word ‘freedom’ is such a useful rallying cry for protesters (“Porque é que a palavra “liberdade” é um grito de manifestação tão útil para os manifestantes”) a CBC afirma que “liberdade” é agora um “termo maleável” e está “aberto à interpretação”, citando a utilização feita pelo comboio de camiões canadiano, que a peça rotula como um movimento de Extrema Direita.

A CBC cita Barbara Perry, directora do Centro Sobre Ódio, Bias e Extremismo da Universidade Técnica de Ontário, segundo a qual liberdade “é um termo forte…. Podes defini-lo e compreendê-lo e de alguma forma manipulá-lo de modo que faça sentido para ti e que te seja útil, dependendo da tua perspectiva”.

Perry ofereceu a inevitável comparação com o 6 de Janeiro (invasão do Capitólio nos Estados Unidos) afirmando “Penso que talvez se inspire no que temos visto nos Estados Unidos ao longo do último ano e meio mais ou menos, que levou às últimas eleições e aos acontecimentos de 6 de Janeiro”.

O artigo também cita outra “especialista”, Elisabeth Anker, professora associada de Ciência Política na Universidade George Washington, que argumenta que “a liberdade é um conceito escorregadio”. Anker diz:

Nos círculos de Extrema Direita, [a liberdade individual] traduz-se frequentemente em alguém que se recusa a estar vinculado por normas de igualdade, tratando todas as pessoas da mesma forma, quer para remediar a discriminação racial ou a discriminação de género.

A “especialista” acrescentou também que quando a Direita exerce os seus direitos é “liberdade violenta”, o que pode facilmente levar ao perigo, à discriminação e à anti-democracia. Vice-versa, parece que a CBC esteja a utilizar correctamente a liberdade quanto espalha desinformação acusando os camionistas de serem na realidade “agentes russos”. Durante uma emissão no começo deste mês, a pivot da CBC Nil Koksal ofereceu ao membro do Parlamento Marco Mendicino a teoria segundo a qual “Há a preocupação de que os actores russos possam continuar a alimentar as coisas à medida que este protesto cresce. Talvez até instigando-o desde o início” e acrescentado o apoio do Canadá à Ucrânia, inimiga da Rússia, como prova (aqui o vídeo).

Outro meio de comunicação social canadiano, o Globe & Mail, também saltou a bordo do carro de “a liberdade é ódio” com a peça How truck convoy supporters like Pierre Poilievre have weaponized ‘freedom’ (“Como os apoiantes do Freedom Convoy como Pierre Poilievre armaram a ‘liberdade'”): o autor (jornalista e membro da redação) Gary Mason diz que a liberdade é “uma palavra que se tornou um código para a política de identidade branca e a arma de eleição da Extrema Direita nas guerras culturais”, acrescentando que “nem sempre foi um conceito usurpado para fins egoístas e maliciosos”.

O Pierre Poilievre citado no título do artigo é o deputado conservador que criticou o Primeiro Ministro canadiano na passada Segunda-feira, apelando ao fim das restrições anti-Covid e das punições contra as pessoas no Canadá que exigem o respeito das suas liberdades. Inclusive, Poilievre faz parte dos blue tories do Partido Conservador do Canadá, o segundo partido do País em ordem de representantes eleitos, não propriamente uma formação de Extrema Direita.

Pelo que: a liberdade pode ser o direito de protestar e dizer “não” quando um governo tenta forçar um procedimento médico? Não, esta não é liberdade, é Extrema Direita. Praticamente “Fascismo”. A verdadeira “liberdade” é aceitar as imposições do governo sem protestar.

Assim hoje descobri ser de Extrema Direita, quase um Fascista. E pensar que aqui já fui acusado de estar ao soldo dos comunistas. Nunca se pára de aprender.

 

Ipse dixit.

3 Replies to ““Liberdade” ao estilo canadiano”

  1. A resistência lusitana, um Viriato sem medos, fala claro sem que voz lhe doa…
    https://rumble.com/vuws4r-portugal-prime-minister-antnio-costa-murderer-and-genocide-assassino-e-geno.html
    https://rumble.com/vv080c-president-of-portugal-accused-of-genocide-and-murder-marcelo-acusado-de-gen.html

    Não sei se têm conhecimento que o Dr. Rui da Fonseca e Castro é o representante português no Processo “Grande Júri” pelo Tribunal Popular de Opinião Pública…
    https://grand-jury.net/

    Vamos ver como o vão tentar lixar.
    Se o circo “pegar fogo”, eu vou dançar, beber, festejar e sobre a fogueira saltar.

  2. ‘Assim hoje descobri ser de Extrema Direita, quase um Fascista. E pensar que aqui já fui acusado de estar ao soldo dos comunistas.’

    Também já tive uma experiência semelhante, e fui inclusive apelidado de neo-fascista e mais qualquer coisa que não me lembro.

    A liberdade sempre foi incómoda para todos aqueles que lutam contra ela e hoje, mais do que nunca, esta questão está no epicentro de um conflito global entre duas partes em confronto, os agressores e os agredidos. No meio de toda a desinformação que existe, convém não perder o foco.

  3. Quem não entende o que somos (Max, Krowler, eu e outros) tem de nos classificar de alguma coisa que esteja explicada para eles. Eu mesma adoro a minha classificação. “louca” Mal sabem aqueles que me classificam que a loucura por vezes exprime uma lucidez que muitos não têm. E eu não tenho a lucidez da loucura, possuo talvez uma vida pensada por mim mesma e experiências uma pouco distantes da maioria.

    Ahhhh, estes especialistas, como os conheço! Tanto tempo com eles convivi, que acho até que aprendi a entende-los.
    Eles têm um lugar onde se impõem, convivem e reforçam uns aos outros: as instituições que o formam e que eles eternizam e se eternizam nelas. Às vezes pessoas com vidas, experiências e cérebros diferentes são levadas a optar por elas, depender delas e até acreditam promover nelas mudanças. Foi o meu caso, que até foi mais satisfatório que eu poderia esperar. Mas para a maioria que tudo faz para enxotar estes diferentes, ou neutralizá-los, somos como os cães que caíram do caminhão de mudança no campus universitário.
    Louca para a maioria dos especialistas, lenda viva para muitos estudantes, tive tempo para estudá-los.
    Em geral pessoas aparentemente concentradas nos estudos, nas suas pesquisas, sempre financiadas, quase sempre divulgadas. É só aparência: se estudam, não aprendem; a maioria dos seus trabalhos publicados foram feitos por aprendizes, em nada contribuem e pior, afirmam erros ou mentiras deslavadas. Sabem bem viver ,com restaurantes caros, onde encontram seus “pares” financiadores, geralmente próximos a instituições de pesquisa e órgãos decisórios que frequentam amigavelmente.
    Uma relativa aproximação denota pessoas com baixo nível cognitivo, inseguras, medrosas, traiçoeiras, muitos abalados psiquicamente. Por princípio, odeiam os diferentes, e especialmente aqueles cuja inteligência não conseguem disfarçar, sejam eles alunos, colegas, ou funcionários, sobre os quais exercem ou tentam exercer rígida hierarquia.
    Apenas uma observação: pessoalmente viajei muito, quase sempre com alguns alunos, e SEMPRE do meu bolso. Nunca pedi financiamento para tal, ao contrário dos especialistas de todos os matizes.
    Podem crer que a maioria destes especialistas descritos, a maioria doutores, são bem mais infelizes do que a maioria de nós, comuns mortais.
    O egoísmo, a prepotência, a necessidade de enganar, a íntima sensação das besteiras que costumam dizer e divulgar lhes mantém o sentimento de inveja e mal querer. Compõem e ensinam, pelo exemplo, o caldo de cultura da delinquência acadêmico/científica.

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