OST: teste Linux

Aviso: este artigo é especial no sentido que tem que ser lido só por quem estiver realmente interessado no assunto. Qual assunto? Leiam todo o artigo para entende-lo.

Ok, ok, vou facilitar: fala-se de Linux.

 

Olá pessoal!

Hoje dia em que o blog pede ajuda aos Leitores! Pois o que se passa é o seguinte: comecei a trabalhar num sito dedicado aos sistemas operativos Linux. Nada de técnico, bem pelo contrário: OST (este o nome do site) quer ficar muito longe de tudo o que for técnico para tratar quase exclusivamente dos aspectos práticos.

Dito de outra forma: imaginemos um Leitor que nada sabe acerca de Linux mas que, por alguma misteriosa razão (provavelmente um mal-estar psicológico), deseje experimentar um sistema operativo diferente de Windows, Apple ou Android. Ou seja: um Leitor que tornou-se um completo anormal.

E aqui começam os problemas: donde começar? O que é Linux? O que é uma distro? O que é um flavour? Qual a diferença entre um desktop Xfce e um KDE? Mas sobretudo: é possível trocar de sistema operativo sem perder as funcionalidades às já quais estamos habituados?

Obviamente, antes de mais, é meu dever tentar dissuadir o Leitor: Linux?!? Um sistema operativo gratuito? Sem backdoors? Totalmente controlável? Sem medo de vírus? Com milhares de programas grátis? Com comunidades sempre prontas a ajudar em caso de problemas? Com gastos de energia reduzidos? Com menores utilização de disco rígido e memória do nosso computador? Epá, eu ficaria com o meu bonito Windows antes de envergar para aventuras desconsideradas.

Dito isso, e se o Leitor quiser mesmo fazer-se mal, aqui entra em cena OST: testes dos sistemas Linux feitos na óptica de quem nada entende de Linux e afinal nada quer entender (exactamente o que se passa com a maioria dos utilizadores Windows, Apple, etc.). Alguém que seja apenas um sistema operativo prático, que funcione sem dar problemas. E grátis, já agora.

Preparei o primeiro teste relativo ao sistema Zorin. Problema: eu sou utilizador Linux, há muito. Então posso ter errado algures: posso ter subestimado alguns pontos, posso ter tomado outros como garantidos, etc.

Então aparecem os Leitores que, armados de boa vontade, leem o teste e sugerem, criticam, emendam, censuram… enfim: ajudam. Como prémio, todos os Leitores que ajudarem poderão descarregar gratuitamente uma cópia do sistema operativo Ubuntu a partir do site oficial da produtora. Pago eu, não se preocupem…

Eis o teste de Zorin, versão 15.3 Lite de 63 bits (entretanto, há poucos dias, saiu a versão 16 mas pouco importa). Faltam todas as imagens (OST abundará neste sentido) e a pontuação vai de 0 até 10. Sinto que falta algo mas não sei o quê…

Seja como for: boa leitura e muito obrigado!


Zorin OS 15.3 Lite 64 bits: quase um Windows…

O primeiro teste é relativo àquele que considero um dos mais simples dos possíveis sistemas operativos para quem acaba de chegar do universo Windows: Zorin. Neste sentido é muito complicado encontrar problemas com um sistema que parece ter sido pensado para cativar os utilizadores Microsoft já a partir da estética. Mas será o factor visual indicador duma verdadeira facilidade de utilizo? Ou pode haver surpresas?

Projectado na Irlanda, Zorin tem como base Ubuntu e está em circulação desde o ano de 2009. A partir daí soube conquistar as simpatias de muitos usuários Linux. Hoje está disponível em três versões: Core, Lite e Pro, pois este é um dos raríssimos sistemas operativos Linux que oferecem uma versão paga (a Pro, obviamente). Por aqui vamos ficar com a versão mais indicada para os computadores “velhotes”, aqueles com até 15 anos de idade. Que não conseguiriam rodar um Windows 11 mas um Linux sim. No específico: a versão Zorin OS 15.3 Lite de 64 bit (mas está disponível a versão 32 bit também).

Instalação: 9.0

O download é de 2.2 Giga, normal como tamanho. O processo de instalação é simples: uma série de ecrãs nos quais é pedido o nosso idioma (há o português), a disposição do teclado (outra vez: português), se desejamos instalar já as actualizações disponíveis e o tipo de instalação (se desejamos instalar Zorin no disco rígido todo ou apenas numa parte dele; e se desejamos encriptar tudo). Por fim: o nome da conta e a relativa password. Depois é só esperar: passados 12 minutos o sistema está instalado, já com as actualizações, e podemos reiniciar o computador.

É o processo-padrão para as derivadas de Ubuntu e é quase impossível encontrar dificuldades. Tudo corre sem problemas ou atrasos.

Arranque: 9.0

No total 15 segundos desde o arranque até o Ambiente de Trabalho. Notável.

Ambiente de Trabalho e Menus: 7.5

O desktop é muito simples. Até demais: não há nada nele alem do wallpaper e da barra de tarefas. Isso pode desorientar: um par de ícones não teriam ficado mal. Em contrapartida o visual é elegante e refinado. Não perfeito mas o esforço nota-se e está bem conseguido.

Os utilizadores mais experientes do panorama Linux logo irão reparar na falta do ícone do terminal na barra das tarefas, mas é uma escolha que pessoalmente aprecio: evita assustar inutilmente, transmitindo a ideia do Linux sempre agarrado às linhas de comando. Zorin não precisa disso. E quem quiser utilizar o terminal, sabe onde encontra-lo, também porque os menus são bastante claros, com os itens essenciais em bom destaque.

Por esta razão as tarefas básicas são facilitadas: tudo está no menu em baixo à esquerda, como ficamos habituados com os sistemas Windows. Abrir o navegador, escrever um documento ou controlar o correio são algo imediato.

Uma importante mudança que aconteceu nos sistemas Linux ao longo dos anos foi a simplificação da gestão dos ficheiros. Antigamente, guardar ou procurar um ficheiro era enervante, obrigando a navegar entre pastas com nomes estranhos. Felizmente aqueles tempos acabaram: a estrutura das pastas de itens quais documentos, imagens, músicas, etc. em Zorin é extremamente parecida à estrutura que encontramos nos sistemas da Microsoft. E, honestamente, tudo torna-se muito mais funcional.

Programas: 5.5

A versão Lite de Zorin não vem carregada de inutilidade, pois é evidente que a ideia de base foi aquela de manter tudo simples criando um ambiente “familiar” para quem chega do universo Windows. Resultado conseguido, sem dúvida.

Pessoalmente teria optado para um conjunto de programas diferente, sobretudo no que diz às secções Multimedia e Gráficos: faltam o reprodutor de vídeo VLC (aquele disponível, o Parole, funciona bem mas não é o VLC…), falta um reprodutor só de músicas, falta um instrumento para operações de desenho e manipulação de imagens básicas (GIMP é demais para tarefas simples). Percebe-se a vontade de manter leve o sistema, mas algo mais teria sido simpático.

Em qualquer caso é possível instalar novos programas com o aplicativo Software que atinge do repositório Gnome. Software é muito simples (e lento a carregar as imagens): escolhe-se a categoria, lê-se a descrição do programa e, se gostarmos, é só carregar em Instalar. Intuitivo.

Software serve também para visionar os programas já instalados e para verificar as eventuais actualizações.

Aos olhos de quem utiliza Linux há alguns tempos, falta o Synaptic Manager, que dá acesso a dezenas de milhares de programas. Mas neste caso faz sentido: o Synaptic pode “assustar” que acaba de chegar do universo Microsoft e Zorin é dedicado especificamente aos “órfãos” de Windows.

Importante: Zorin disponibiliza Wine, que permite a execução de programas desenvolvidos para Windows, mas não PlayOnLinux, que no meu entender é ainda melhor. É sempre possível instala-lo de outra forma, mas para um sistema que pretende substituir Windows, seria preferível tê-lo de base.

Personalização: 6.5

Simples. Mas poderia ser ainda mais simples.

Como acontece em muitas distros, os vozes são “espalhadas” entre várias opções do mesmo menu. Por exemplo, do menu principal podemos escolher Definições onde encontramos Aparência (que regula ícones, tipo de letras e outras coisitas ainda), Ambiente de Trabalho (wallpapers, menus, outra vez ícones), Perfis de Cor, Screensavers e Zorin Appearance.: tudo intervalado pela configuração do firewall, as actualizações, as unidades amovíveis (como usb)… Não acho ser um esforço impossível reunir todas as definições da aparência numa só categoria: trata-se de funcionalidade. Pena que Zorin caia no mesmo erro.

Quanto à personalização em si: bastante simples pois trata-se de escolher com o rato as entre as opções possíveis. O facto de tudo estar traduzido em Português faz que seja sempre claro o que estamos a fazer.

Redes e conectividade 6.0

Nenhum problema de conexão: Zorin detecta logo a rede fixa. Tudo bem com o bluetooth também, mesma coisa com a rede wi-fi. Então por qual razão apenas a suficiência como voto?

Porque a versão Lite não é compatível com Zorin Connect, um programa que permite dialogar via wi-fi com o nosso smartphone, trocando imagens, contactos, mails… A falta de Zorin Connect é uma questão técnica, não uma escolha dos programadores; mas é verdade que um sistema operativo plenamente funcional hoje tem que permitir uma fácil comunicação com os dispositivos Android.

Zorin Connect está disponível nas versões Zorin Pro (paga) e Core (gratuita), mas não na Lite.

Gestão Recursos: 5.0

Zorin “custa” e não pouco: 1.0 GB de memória utilizada sem nenhuma aplicação activa é uma conta elevada para um sistema que se auto-define lite (“leve”). Além disso, o processador não pára quieto, saltitando entre 0 e 20%. É verdade que Zorin está baseado no Ubuntu com ambiente Gnome, que de leve nada tem; e isso tem reflexos positivos no aspecto. Mas é preciso também considerar que esta versão é especificamente pensada para computadores já velhotes e, neste sentido, uns “gastos” mais regrados seriam preferíveis.

Para compensar, Zorin ocupa pouco espaço no disco rígido: só 9.4 GB. Mas não é suficiente.

Os requisitos para instalar Zorin OS Lite:

CPU 1 GHz Single Core – Intel/AMD 64-bit ou 32-bit processor
RAM 1 GB
Storage 10 GB
Display 1024 × 768 resolution

Praticidade: 7.5

Um dos pontos fortes desta versão de Zorin. O sistema relativamente leve é responsivo e estável durante todo o teste: o limitado número de aplicações disponíveis após a instalação torna ainda simples as tarefas mais comuns.

Não é o sistema mais leve, mais responsivo, mais performante ou mais apedrejado no universo Linux: mas tudo o que houver funciona bem e não apresenta complicações.

E o “pesadelo” do terminal? Podemos esquece-lo. Está sempre disponível, mas como tem que ser: um acessório, não uma obrigação.

Manual: 4.5

Não há. Mau. Podemos pensar que nem no Windows há um manual, o que é verdade: mas competir não significa necessariamente igualar as falhas…

Para compensar há a página Get Started with Zorin, onde são descritas as principais operações, e um bom fórum de apoio online. Pena que tudo esteja em inglês.

Conclusões – Média votos 6.66

Pode Zorin substituir dignamente Windows? Sim, pode. Até nesta versão mais leve se o usuário não tiver necessidades particulares. Com Zorin é possível fazer tudo o que um utilizador mediamente faz com o seu computador. Como já referido: navegar, controlar o correio, criar documentos, conectar o telemóvel, ouvir música, assistir vídeo… tudo duma forma imediata.

Doutro lado, se a cidade italiana de Vicenza decidiu adoptar Zorin nos seus 900 computadores desde 2016 haverá uma razão.

Zorin representa uma das melhores formas para transitar desde o ecossistema Windows até o de Linux. Este foi sempre o objectivo principal da equipa irlandesa que trabalha no projecto Zorin e o objectivo foi alcançado: tudo foi estudado para que o antigo usuário Windows sinta “ar de casa”.

É possível ir mais além? Há alternativas? Sim, há: a mesma equipa de Zorin oferece também o superior Zorin OS 16 Core, versão que oferece mais. E até está disponível uma versão OS 16 Pro, que custa 47.97 Euros (IVA inclusa) e que proporciona os melhores programas disponíveis como também a assistência personalizada já integrada no OS, mais melhores wallpapers para o ambiente de trabalho (com fundos de Windows e Mac também), instrumentos para produtividade avançada…

Vale a pena passar para as versões superiores? No meu entender não, pelo menos não desde logo. Uma vez acostumado ao ambiente Zorin, será o usuário a decidir se avançar para um sistema superior, inclusive para aquele com algumas mais valias perante um (muito limitado) investimento económico pode ou não valer a pena.

Zorin OS 15.3 Lite será plenamente suportado (actualizações de software e patches de segurança) até Abril de 2023, pelo que teremos todo o tempos para avalia-lo da melhor forma ante de decidir.


Então, o que acham? Obrigado pela colaboração!!! 🙂

 

Ipse dixit.

4 Replies to “OST: teste Linux”

  1. Olá Max!

    Parabéns pelo artigo, estou alinhado contigo na sua avaliação desta OS.

    Usei o Zorin por um tempo, achei ele muito confortável, uma vez que também sou um filho do Windows tentando abandonar o pai e ir para o Linux.

    Instalei esta versão Lite em um notebook muito “jaguara”, com apenas 2GB de RAM, e ele não performou bem – realmente peca nesta parte de gestão de recursos. Mas se eu o tivesse instalado em um computador com mais recursos, teria sido uma excelente escolha para este contexto.

    Uso alguns programas velhos como Adobe Pagemaker e de forma incrível consegui operá-lo nesta instalação Wine default que acompanha a OS. Surpreendentemente, eu uma versão 64bits, consegui rodar o saudoso Elifoot 98 – por ser um programa 32bits, em Windows 64bits é possível rodá-lo apenas em alguma VM.

    Em geral, achei uma distro muito boa para quem não tem toda a ginga que um “linuxeiro” tem fora do Windows. Pena que este meu notebook é muito vagabundo – nele, só o AntiX rodou bem.

    Um abraço!

  2. P.S.: Nesta pegada do Zorin, existe uma distro brasileira que quer ser realmente um clone do Windows, não um “based”, que é o LinuxFx. Eles se autointitulam de WindowsFx, e realmente usam ícones e temas para tentar fazer alguns usuários acharem que estão no Windows – o que acredito que ocorra com usuários do nível do “meu pai”. DIreitos autorais a parte, que é um tema polêmico (ladrão ou anárquico?), é uma boa distro, mas que requer um computador potente.

  3. Incompreensível é o facto de dar-se atenção ao Ubuntu/Mint, quando o 1º é derivado do Debian e o 2º do 1ª, enquanto o “Pai” o mais “purista” de todos, é esquecido.
    O bom das Distros (Distribuições do Linux) é que se não gostas de uma, muda.
    Ao contrário do Windows em que tudo imposto pela MS, e mesmo o controle da máquina. Vai chegar o dia que terás apenas o direito de usar o que oferecer e mais nada.
    No linux, a liberdade é quase total, põe-se e dispõe-se ao gosto. O que varia de uma para a outra é apenas o suporte (empresarial ou comunidade), os programas pré-instalados e o ambiente gráfico. Em muitas delas é possível instalar os mesmos softwares e ambiente gráfico (KDE, Mate, Gnome, Cinnamon, Budgie, LXQt, Xfce). Qualquer um deles personalizaveis.
    Aqueles que nunca experimentaram é porque estão dependente do uso de algum programa especifico “Windows Only” por e principalmente pelo “conformismo”.
    O mundo Linux tem alternativa a tudo, tudo gratuíto. Se o verdadeiro entrave é as duas situações mencionadas, quantas vezes uma versão do Windows não fez mudar a lógica do funcionamento? Quantas vezes tiveram de aprender/reaprender a usar algum softwware ou nova versão?
    O tempo em que o uso de Linux era algum “bicho” complicado à base de comandos no terminal, já lá vai, hoje praticamente é todo gráfico, mesmo a simples instalação de algum software.
    O bom disto tudo é que, se não gostas de alguma coisa no funcionamento, altera-se, não é imposto!
    Para quem queira começar, pode encontrar as diferenças entre as Distros em: https://distrowatch.com/
    Sempre é possível colocar dois (ou mais) sistemas na mesma maquina (ou mesmo em modo virtual) e indo aprendendo, com o tempo o Windows parece um mundo mesmo fechado.

Obrigado por participar na discussão!

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