Europa: a teimosia “verde” faz aumentar o consumo de carvão

A publicação alemã Deutschen Wirtschaftsnachrichten (DWN, que podemos traduzir como “Notícias Empresariais Alemãs”, de propriedade do grupo sueco Bonnier) é o carvão que actualmente assegura o fornecimento de electricidade aos Alemães (no original: Kohle sichert derzeit die Stromversorgung der Deutschen)

Segundo os dados do Instituto Federal de Estatística, o carvão foi a fonte de energia mais importante no terceiro trimestre deste ano: 31.9% da quantidade de electricidade introduzida na rede foi gerada em centrais eléctricas alimentadas a carvão. Com um aumento de 22.5%, a energia do carvão também registou uma forte subida em comparação com o mesmo período do ano passado.

No terceiro trimestre mais de metade (56.9%) da quantidade total de electricidade utilizada na Alemanha (118.4 mil milhões de kilowatts-hora) veio de fontes de energia convencionais quais carvão, gás e energia nuclear (gerada na vizinha França, pois os Verdes em Berlim quiseram acabar com o nuclear). Em comparação com o mesmo período do ano passado, a percentagem aumentou 2.7 por cento.

Com os preços do gás que sobem para máximos históricos, a Ministra Federal dos Negócios Estrangeiros, a verde Annalena Baerbock (membro do think tank European Council on Foreign Relations, já convidada no World Economic Forum e pró-israel), disse que os três partidos no governo tinham concordado que o recentemente gasoduto North Stream 2 não satisfazia os requisitos da lei energética europeia:

Isto significa que, no seu estado actual, este gasoduto não pode ser aprovada.

Resultado: os preços do gás dispararam, com consequências para toda a Europa. O combustível alcançou os preços máximos de sempre. O preço do gás holandês para o próximo mês, a referência europeia, subiu mais de 3% até 119.50 Euros, superando o máximo estabelecido em 5 de Outubro, quando tinha subido para 117.90 Euros.

Entretanto, nas páginas do inglês Oil Price (num artigo retomado também por Zero Hedge) aparece o artigo World Leaders Have To Face The Truth About Oil Demand (“Os Líderes mundiais têm de enfrentar a verdade sobre a procura de petróleo”):


    • Em todo o mundo, os decisores políticos estão a lidar com a realidade da energia cara.
    • Choques nos preços, escassez de energia e pobreza energética estão no mapa após dois anos consecutivos de sub-investimento na indústria do petróleo e do gás.
    • Os líderes mundiais podem ter de reconhecer que a procura de petróleo e gás está aqui para ficar no futuro previsível.

“Os nossos produtos fazem o mundo girar”, diz o CEO da Chevron Mike Wirth no Congresso Mundial do Petróleo desta semana em Houston. A declaração ecoou um sentimento expresso por outros executivos petrolíferos no evento: o petróleo e o gás são indispensáveis e continuarão a ser indispensáveis para o futuro previsível.

Isso não é certamente o que as organizações ambientais querem ouvir. Não é certamente o que a Administração Biden e a União Europeia querem ouvir. No entanto, é a dura realidade.

A Europa debate-se com preços recorde do gás, enquanto os seus abastecimentos estão a esgotar-se ao ritmo mais rápido em cerca de uma década, devido a um início de Inverno mais frio do que o habitual em grande parte do Continente. Nos EUA, os preços da gasolina tornaram-se uma prioridade máxima para uma Administração que chegou ao poder com a promessa de reduzir o consumo de combustíveis fósseis do País. Quer gostem ou não, abandonar o petróleo e o gás não será tão fácil como os ideólogos verdes esperam.

“Compreendo que admitir publicamente que o petróleo e o gás desempenharão um papel essencial e significativo durante a transição e para além dela será difícil para alguns”, disse o CEO da Aramco, Amin Nasser, ao Congresso Mundial do Petróleo. “Mas admitir esta realidade será muito mais fácil do que lidar com a insegurança energética, inflação desenfreada e agitação social à medida que os preços se tornam intoleravelmente altos e os compromissos missões-zero dos Países começam a desmoronar-se”, disse conforme citado pelo Financial Times.

O preço da electricidade já está a tornar-se intoleravelmente elevado em muitas partes da Europa, até há pouco tempo era uma forma de energia segura e acessível. Isto, a menos que seja abordado com urgência, poderia de facto conduzir a agitação social: há poucas coisas mais inflamáveis do que a opinião pública em pleno Inverno, no meio duma escassez de energia e com o risco de apagões.

“O petróleo e o gás continuam a desempenhar um papel central na satisfação das necessidades energéticas mundiais e nós desempenhamos um papel vital no seu fornecimento de uma forma com baixo teor de carbono”, disse Wirth da Chevron, citado pelo Wall Street Journal.

O abastecimento também é apertado devido ao sub-investimento, que é pelo menos em parte o resultado da pressa em substituir o petróleo e o gás por energia renovável.

Tal como um relatório do IHS Markit e do International Energy Forum afirmou esta semana, o investimento deste ano no sector seria de cerca de 341 mil milhões de Dólares, o que está 23% abaixo dos níveis de investimento pré-pandémicos de 525 mil milhões de Dólares, e isto apesar da crescente procura global de matérias primas, observa o relatório.

“O investimento em petróleo e gás terá de regressar aos níveis anteriores à Covid e aí permanecer até 2030 para restabelecer o equilíbrio do mercado”, escreveram os autores do relatório; o Secretário-Geral do IEF (International Energy Forum) diz que “a crise energética na Europa e na Ásia este Inverno é uma antevisão do que podemos esperar nos próximos anos”.

Isto não cairia certamente bem entre os defensores das energias renováveis como o chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, e o chefe do Green Deal da UE, Frans Timmermans. Contudo, não há muito tempo, Birol apelou à OPEP+ para produzir mais petróleo e à Rússia para bombear mais gás na Europa, enquanto Timmermans foi forçado a admitir que o gás tinha um papel a desempenhar na transição energética.

“O sub-investimento em petróleo e gás antes das energias renováveis e outras tecnologias de baixo carbono estarem prontas para satisfazer a procura de energia poderia criar crises energéticas recorrentes do tipo das que vimos na Ásia e na Europa nos últimos meses”, disse Daniel Yergin da IHS Marki [fornecedor americano de informações globais, ndt]. Acrescentou que estas crises poderiam levar a consequências económicas negativas. Estes, por sua vez, são susceptíveis de desencadear a agitação social acerca das quais falou Nasser da Aramco no Congresso Mundial do Petróleo.


Teimosia “verde” para quê?

O grande e actual problema energético é essencialmente um problema de prematuridade. As fontes de energias alternativas não estão prontas para satisfazer a procura de energia e o resultado tem sido uma retirada prematura da capacidade de geração dos combustíveis fósseis, deixando os Países com falta de energia básica.

Não é por acaso que alguns Países como o Reino Unido e a Suécia tiveram de reiniciar centrais alimentadas a carvão: no caso do Reino Unido, para preencher uma lacuna entre a oferta e a procura de electricidade, no caso da Suécia para exportar electricidade para a Polónia a fim de a ajudar a evitar apagões. O que causou a escassez na Polónia? Simples: ventos fracos e paragens de algumas centrais eléctricas.

A mudança prematura para energia eólica e solar está a deixar os Países vulneráveis às condições meteorológicas e, paradoxalmente, a aumentar a sua dependência dos combustíveis fósseis.

Pergunta: mas os decisores não entendem? Possível que ninguém esteja a aperceber-se que falta energia no Velho Continente (e não apenas aí)?

É verdade que os políticos vivem numa dimensão que não é aquela do comum cidadão, mas também é verdade que o sector energético é estratégico em qualquer País; por isso, achar que tudo não passa dum erro (o mesmo erro repetido simultaneamente num sem número de realidades?), no qual a classe dirigente está a insistir por pura teimosia, faz muito pouco sentido.

É evidente que há um projecto, desenvolvido em modo sinérgico no panorama europeu, e que este projecto passa pela escassez de energia, (uma escassez planeada ou acidental). Mas qual projecto pode valer o risco de agitação social? Porque manter calmo um cidadão enquanto está a morrer de frio na casa dele não é simples.

Pessoalmente continuo a desconfiar das coincidências. No prazo de dois anos tivemos a Covid, que deu um golpe abismal na economia mundial, agora temos a crise energética que arrisca deixar tanto a Europa como alguns Países da Ásia sem energia suficiente para uma tão vacilante como incerta retoma. A impressão é que o Velho Continente se encontra no meio dum conflito que está a desenrolar-se em mais do que uma frente e que tem como objectivo a conquista do poder por parte duma “nova” aristocracia financeira. “Nova” com muitas aspas, como é claro, pois os nomes são sempre os mesmos; mas “novas” serão sem dúvida as relações de poder que irão a ser determinadas.

Afinal é isso que podemos ler no Great Reset do World Economic Forum, uma “Grande Reposição” que agora encontra os seus melhores campeões no meio das fileiras verdes, progressistas e aquecimentistas.

Portanto: um projecto “verde”. Ou isso ou são simplesmente uns idiotas. O que não pode ser excluído de todo.

Nota: tanto para evitar mal-entendidos, lembro que Informação Incorrecta sempre defendeu uma mudança no sentido “verde”, tendo dedicado ao assunto vários artigos no passado. Nada mudou neste aspecto: os combustíveis fosseis terão que ser substituídos com algo menos poluente e toda a sociedade terá que aprender a viver duma forma mais integrada com o ambiente. O que está em causa não é a bondade da ideia em si, quanto a sua repentina, improvisada, irresponsável e até ridícula aplicação.

 

Ipse dixit.

3 Replies to “Europa: a teimosia “verde” faz aumentar o consumo de carvão”

  1. Se os estados desempenham as suas funções de forma competente e ficaz, como explicar aos seus povos que não são mais necessários? Como levá- los a aceitar o esvaziamento das suas funções enquanto estados soberados? Como lhes retirar a governança sobre as terras?

    O NWO não pode gerir o mundo, deter o mundo (GPPP), da forma feudalista pretendida, enquanto existir a “corporação” Estado como é hoje percecionada.

    Há que provar aos povos, mostrar-lhes, que os estados se tornaram não só supérfulos, mas até perigosos para o seu bem-estar e para o seu futuro, corruptos, negligentes, incapazes de gerir os novos desafios e ameaças com que nos deparamos atualmente… para lá da qualquer redenção.

    ALERTA… Tende cuidado com os “romanos” que vos trazem “presentes”.

  2. Olá Max e todos: conflitos de poder nos “palácios”. Os produtores de gás e petróleo (esta parte dos que mandam) estão revoltados. Esta história de revolução verde a toda pressa, e para eles, até sem pressa, não propicia a continuidade tranquila dos seus lucros, a verticalidade das suas iniciativas, sempre assegurando-lhes mais vantagens.
    Historicamente assassinam toda sorte de concorrência…lembram do automóvel movido a água?
    Suas declarações resolutas demonstram que querem tomar as rédeas do comando, e voltar à normalidade anterior.
    Sem dúvida, briga de cachorro grande! Reconheço que os cães ferozes, muitos deles estão dos dois lados da arena, eles conseguem esta proeza.
    Quanto a nós, servidores e consumidores incautos, só assistimos. Já perdi a conta de quantas vezes a energia elétrica domiciliar, o gás, a gasolina , o diesel aumentaram o preço ao consumidor nestas paragens, Agitação social? Nem pensar.

  3. Grande Max,

    Sim, a transição verde tem muito pouco de verde, mas é uma forma de convencer as pessoas a seguir directivas “técnicas”. O mesmo se passa com a “pandemia”. As duas têm finalidades idênticas, o controlo da população por uma equipa não eleita, essencialmente desconhecida da população em geral e que fará aquilo que bem entender, o aplauso da populaça é já garantido e este louvor daqui a pouco será congénita.

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