UAPs: entre realidade e psyops

Curiosa notícia que apareceu nas páginas da revista online Military.com, publicação dedicada aos membros das Forças Armadas dos EUA, veteranos e respectivas famílias: espera-se que o Congresso dos EUA aprove uma nova lei que permita o financiamento da engenharia inversa dos UFOs.

A engenharia inversa, por vezes chamada de “retroengenharia”, é o processo de análise da forma e função de um objecto criado por outros. De facto, é uma forma de transferência de tecnologia que ocorre frequentemente no exército (por exemplo, quando um avião avançado inimigo for abatido).

Por outras palavras, o governo dos EUA quer oficialmente tentar descodificar qualquer tecnologia de UFO encontrada na Terra.

As equipas de peritos do Pentágono e da comunidade de inteligência responderiam assim de forma rápida aos avistamentos de UFOs e poderiam conduzir investigações no campo ao abrigo da legislação de Defesa destinada a ser aprovada pelo Congresso.

Os legisladores querem que os peritos científicos e técnicos analisem dados sobre os objectos bem como quaisquer materiais recuperados ou efeitos médicos, de acordo com o texto do projecto de lei divulgado nas últimas semanas.

O projecto de lei exige que todos os resultados sejam recolhidos num novo gabinete conjunto acerca dos UAPs (o novo termo utilizado para indicar os avistamentos de UFOs em âmbito militar) e entregues ao Congresso em relatórios anuais e aos comités da Defesa em encontros bianuais.

Trata-se da legislação mais significativa jamais aprovada nos EUA e surgem na sequência de encontros de alto nível com objectos desconhecidos relatados pela Marinha. O Congresso nunca antes aprovou legislação sobre UFOs e certamente nada próximo do âmbito da linguagem utilizada neste projecto de lei, como afirma Douglas Dean Johnson, um investigador que acompanha de perto os desenvolvimentos relacionados com os UAPs no governo.

O Deputado da Arizona Ruben Gallego, um dos patrocinadores do projecto de lei:

Proteger os nossos interesses de segurança nacional significa saber quem e o que estão a voar no espaço aéreo dos EUA. Neste momento, o nosso sistema de localização e identificação dos UAPs está espalhado pelo Departamento de Defesa e outros departamentos e agências do governo federal.

Entre os principais patrocinadores, além de Gallego, encontram-se a Senadora Kirsten Gillibrand (Democrata, New York), Marco Rubio (Republicano, Flórida), Roy Blunt (Republicano, Montana), Martin Heinrich (Democrata, New México) e Lindsey Graham (Republicana, Carolina do Sul).

As medidas surgem apenas duas semanas após o Pentágono ter anunciado a criação dum novo grupo destinado a recolher e analisar incidentes com UAPs.

Para além dos investigadores no terreno para uma resposta rápida, o Congresso também quer que o Pentágono e a comunidade de inteligência criem um plano científico que inclua todo os UAPs que excedam o “estado da arte conhecido na ciência ou tecnologia”.

Military.com continua lembrando como a Marinha confirmou a autenticidade de três vídeos mostrando UAPs durante os exercícios de treino ao largo de San Diego em 2004 e ao largo da Costa Leste em 2015, avistamentos acompanhados pelas declarações de pilotos de caças e membros da tripulação dos navios acerca de manobras “inexplicáveis” por parte de objectos sem meios de propulsão visíveis.

Em Junho, a Secretária Adjunta da Defesa Kathleen Hicks ordenou ao Pentágono que criasse o seu grupo UAPs no mesmo dia em que o Gabinete do Director dos Serviços Secretos Nacionais divulgou um relatório há muito esperado sobre os avistamento por parte de militares. O relatório contém 80 “incidentes” com objectos desconhecidos, acontecimentos capturados por múltiplos sensores, e 18 avistamentos de objectos que mostravam características de voo invulgares.

O relatório concluiu que os UAPs poderiam constituir uma ameaça à segurança nacional, sendo necessárias “rigorosas análises adicionais por múltiplas equipas ou grupos de peritos técnicos para determinar a natureza e validade destes dados”.

Em relação ao Pentágono, o seu novo grupo de monitorização e análise, chamado Airborne Object Identification and Management Synchronization Group ou AOIMSG, seria uma forma mais organizada de recolher e analisar os relatórios. O porta-voz do Pentágono, John Kirby:

Vamos ser o mais transparentes possível, mas não, não quero deixar-vos com a impressão de que haverá uma espécie de batida de tambor regular de dois em dois meses, sabem, de algum tipo de relatório que é publicado num website.

O grupo é dirigido por Ronald Moultrie, subsecretário da Defesa dos Serviços Secretos e de Segurança, e supervisionado por um conselho executivo chefiado por Moultrie e pelo Tenente-General James J. Mingus, director de operações do Estado-Maior Conjunto.

Entre realidade e psyops

A ver vamos. O risco é que o assunto UFOs possa ser utilizado para uma clássica psyops perpetrada pela inteligência militar dos EUA com o objectivo de condizionar a população. E, de facto, já circulam teorias neste sentido, com os UAPs encarados quais drones ou aeronaves não tripuladas construídas pela China ou a Rússia.

Os líderes militares americanos passaram décadas na tentativa de obstruir e demolir a questão UFO: agora, de repente, parecem a dar crédito aos avistamentos, que nem foram os primeiros relatados por membros das Forças Armadas dos EUA. De facto, os avistamentos UFO desde sempre estiveram associados a campos de treino militares ou áreas de alta segurança nos Estados Unidos. As repetidas “fugas de informações” dos últimos meses, obviamente permitidas pelo Pentágono, aumentam as suspeitas.

Outra pergunta obrigatória: porque é que o fenómeno UFO ou UAP parece estar associado apenas aos militares dos EUA? Porque as Forças Armadas russas ou chinesas, que têm tecnologia de vigilância comparável à dos americanos, não fazem qualquer menção pública aos avistamentos nos respectivos Países? Material nestes sentido não faltaria.

Por qual razão, se a intenção for desvendar o mistério dos UFOs, os EUA não pedem oficialmente a colaboração de outros Países nesta investigação? Por qual razão não envolver uma estrutura já existente como a NATO, por exemplo? Não podemos esquecer que os avistamentos acontecem em todo o planeta e, nas palavras dos responsáveis norte-americanos, trata-se dum problema de segurança.

Por qual razão, se os UPAs são encarados como um mistério relativo a veículos com uma atitude aparentemente “inteligente” e de origem desconhecida, não é publicamente envolvida a NASA? Especialista sobre meios de propulsão e exobiologia poderiam dar imenso jeito neste sentido.

Pelo contrário, o alarmismo está a alimentar a especulação de que o espaço aéreo dos EUA está a ser invadido por armas de alta tecnologia desenvolvidas pela Rússia ou pela China, e isso numa altura de crescente tensão entre Washington e aqueles Países, com conversas das chefias para evitar a possibilidade de uma guerra.

O fenómeno UFO é real, antigo e ainda espera que seja dada uma explicação. Utilizar o assunto apenas para uma psyop perpetrada pela inteligência militar dos EUA, com o objectivo de controlar ainda mais a população, seria ao mesmo tempo uma grande ocasião perdida e um golpe mortal na actividade de todos os que tentam estudar os acontecimentos com seriedade e rigor.

 

Ipse dixit.

Imagem: UFO fotografado durante a vaga da avistamento da Bélgica, entre 1989 e 1990. Estes objectos foram vistos no País por mais de 13.500 pessoas, das quais 2.600 apresentaram declarações escritas (fonte The Guardian).

6 Replies to “UAPs: entre realidade e psyops”

  1. Olá Max, acredita mesmo que o Elon Musk espera ir ao planeta Marte, colonizar e transformar aquele lugar com foguetes ? O gênio da eletricidade Nicola Tesla inventou o disco voador, projeto que causou toda essa novela de UFOs e extraterrestres, agora que há a necessidade dos discos aparecerem oficialmente, tem que haver uma boa desculpa para justificar a mentirada toda, devem chamar isso de projeto Osama Bim Ladem, ou algo parecido pois a operação clipe de papel já acabou.

  2. Oi Max: todos os dias o império expele m…..muitas ás vezes em um só dia.
    De qualquer forma estou interessada nos conhecimentos que vens acumulando sobre o assunto. Como dizes, quero conhecimento sério.
    Abraços

  3. *APROVADA: LEI DE DEFESA DOS ESTADOS UNIDOS INCLUI AGÊNCIA INVESTIGATIVA DE UFOS*

    https://ufo.com.br/noticias/aprovada-lei-de-defesa-dos-estados-unidos-inclui-agencia-investigativa-de-ufos

    Após a aprovação na Câmara dos Deputados há uma semana, agora o Senado fez o mesmo, deixando apenas a assinatura do presidente Biden para que a esperada agência de investigação ufológica ocorra dentro da Lei de Autorização de Defesa
    Nacional (NDAA).

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