Aquecimento Global: a neve no Sahara

Pela quarta vez em quarenta anos, caiu neve em Ain Sefra, a cidade argelina conhecida como a “porta de entrada do deserto” e localizada a uma altitude de 1.000 metros, perto das Montanhas Atlas. As temperaturas caíram até três graus negativos na província de Naama e uma fina manta de neve depositou-se sobre as dunas do deserto do Sahara. Das quatro vezes que nevou no deserto ao longo dos últimos 40 anos, duas aconteceram nos últimos três anos: 2018 e 2021.

Vai alguma ironia acerca do Aquecimento Global? Não, nem vale a pena…

 

Ipse dixit.

9 Replies to “Aquecimento Global: a neve no Sahara”

  1. Calmex… tem ligação com o aquecimento global? Sim, tem. Como? Dinâmica atmosférica. O quê é isso? Trocas de energia e fenómenos físico-químicos em interacção permanente.
    O que se passa? Mais energia no sistema, maior dinamismo nas interacções e transferências entre as diferentes camadas atmosféricas, assim como entre a camada de superfície e os oceanos.
    No particular, a maior acumulação de energia/calor sobre o ártico, é uma das causas que amplia o fenómeno ondulatório da “jetstream” na alta atmosfera ao mesmo tempo que a empurra para latitudes mais baixas. É como se a forma levemente ondulada de um bolo fosse sujeita a calor e se deforma-se duplicando ou triplicando a ondulação inicial. Também, acresce que se a acumulação for suficiente alta, o circulo interno é rompido, dando origem a um vórtice polar que descarrega o calor central e o frio circundante em direcções perpendiculares… imaginem as luzes de um farol costeiro, as luzes (calor) projetam-se em duas direções opostas e a zona escura (frio) nas direções perpendiculares a essas.
    Estes fenómenos são temporários, pois o sistema procura sempre o equilíbrio e estes fenómenos são em si mesmo um mecanismo de recuperação desse equilíbrio. Quando sucedem, introduzem fortes alterações nos fenómenos atmosféricos mais usuais, alcançando inclusive as zonas mais próximas dos trópicos.

    1. Olá alfbber!

      Aprecio imenso a explicação e com certeza está certeira. Além disso gosto da ideia do sistema que procura sempre o equilíbrio. Gosto de verdade, não estou a ser irónico. Todavia…

      Todavia em 2017 o Dr. Ross McKitrick, conhecido como o “pai do aquecimento global”, afirmava que os dados do mundo real não mostram qualquer aquecimento global: “O resultado final é que a ciência climática, tal como codificada nos modelos, está longe de estar estabelecida”. E isso apesar da análise de McKitrick ter salientando que a anteriores previsão (do cientista da NASA James Hansen) acerca das emissões de dióxido de carbono estavam próximas do que foi observado: simplesmente não houve aquecimento.

      Doutro lado, já em 2014 o IPCC teve que admitir que as temperaturas não variavam há 18 anos.

      Sempre em 2014, e pelo segundo ano consecutivo, os glaciares do Pólo Norte voltaram a aumentar até um espantoso 43% no mesmo período. São os mesmos glaciares que, segundo, Al Gore (Prémio Nobel pelo seu trabalho de sensibilização para as alterações climáticas) previa como totalmente desaparecidos no Verão… de 2014.

      Mas se visito as páginas da World Metereological Organization (agência da ONU) posso ler isso: “2019 conclui uma década de calor global excepcional e de clima de alto impacto” (https://public.wmo.int/en/media/press-release/2019-concludes-decade-of-exceptional-global-heat-and-high-impact-weather). Do mesmo artigo:

      “A temperatura média global para o período de Janeiro a Outubro de 2019 foi de 1,1 ± 0,1 °C acima das condições pré-industriais (1850-1900). As médias quinquenais (2015-2019) e decenais (2010-2019) são, respectivamente, quase certamente o período quinquenal mais quente e a década de registo. Desde a década de 1980, cada década sucessiva tem sido mais quente do que a última.”

      Então marcha atrás: não houve nenhuma pausa de 18 anos no aumento das temperaturas, tudo procede segundo os modelos. Confirma a NASA (https://data.giss.nasa.gov/gistemp/):

      “O esquema básico de análise de temperatura GISS foi definido no final dos anos 70 por James Hansen quando foi necessário um método de estimativa da mudança global de temperatura para comparação com modelos climáticos globais unidimensionais. O método de análise foi totalmente documentado em Hansen e Lebedeff (1987). Vários artigos que descreviam actualizações da análise seguiram-se nas décadas seguintes, mais recentemente o de Hansen et al. (2010).”

      É o mesmo Hansen que tinha errado as previsões uma década antes…

      Portanto peço desculpa tanto pela minha ignorância quanto pela minha falta de fé na teoria, mas gostaria que alguém conseguisse apresentar dados incontrovertíveis, o que parece cada vez mais uma quimera: ao longo de anos de pesquisa encontrei tudo e o contrário de tudo, o que é bastante aborrecido. Entendo que a Climatologia seja uma disciplina jovem e ainda em pleno desenvolvimento; mas, dada a seriedade do assunto, seria preciso muito mais cuidado tanto por parte das instituições quanto por parte do mundo da comunicação social. Porque, como afirmado, o assunto é grave; porque temos o direito de saber qual a realidade; porque a falta de clareza e as contradições permitem que terceiros interessados instrumentalizem o assunto (lobby das petrolíferas, das renovaveis); e porque a falta de seriedade arrisca desacreditar não apenas a teoria em si mas toda a disciplina.

      Nota: alfbber, obrigado pela explicação científica, algo sempre muitíssimo bem vindo por aqui 🙂

  2. Não faltam artigos que explicam como o aquecimento dos oceanos, devido as mudanças climáticas, criam as condições para uma nevasca gigantesca.

    “Cada um acredita no que quiser acreditar” , será a frase impressa na lápide de meu túmulo.

    Moro na região sul de um país tropical, onde anos atrás fazia frio no inverno. Há 5 anos não compro um casaco novo , pois a única peça que tenho, uso em raríssimos dias no ano.

    Para mim, o clima mudou , está mais quente. Não acredito que seja unicamente por ação humana e aceito a tese de que possa estar sendo afetado pelo ciclo de vida do Sol.

    1. Ola Sergio!

      Por aqui está um frio desgraçado, há anos não ligava o aquecimento!

      “Não acredito que seja unicamente por ação humana e aceito a tese de que possa estar sendo afetado pelo ciclo de vida do Sol.”

      Completamente de acordo. Aliás, gostaria poder publicar algo “sério” acerca do assunto, mas não é simples: teorias não faltam, já os factos…. Na verdade o mesmo Sol é ainda objecto de estudo por nossa parte. E por vezes tendemos a esquecer o facto de estarmos a viver nas proximidades duma estrela, algo fascinante e não totalmente entendido: mas, em qualquer caso, uma força imensa, a mesma que possibilitou a vida neste planeta.

  3. Ocorrência atual do colapso do vórtice polar… a explicação é um pouco técnica, mas de fácil entendimento…
    https://www.severe-weather.eu/winter-weather/snow-cold-forecast-europe-mk/

    A conjuntura atual é muito favorável a eventos extremos:
    -A Terra (o Sistema Solar) está atualmente a receber uma carga elevada de raios cósmicos, o que tem influência direta na termodinâmica interna dos planetas (núcleo e manto). É um bocadinho como injetar nitro no turbo (vá viram algum dos filmes denominados “Velocidade Furiosa”), mas aqui é coisa pouca, ok, nada de “filmes”. O núcleo da Terra acelerou um pouco.
    -Decorre o fenómeno denominado como El Ninã (não confundir com o El Ninõ), o qual atingiu no mês de Janeiro o seu pico de influência, começando agora a diminuir essa influência sobre os oceanos, a qual se faz sentir mais no hemisfério sul e na zona do pacifíco, embora tenha impacto sobre a generalidade do planeta.

    As ciências que estudam a dinâmica planetária, lidam com as mais complexas interacções conhecidas. Estamos na infância do conhecimento inerente aos acontecimentos que constatamos. Qualquer afirmação, proveniente de quem quer que seja, no sentido de reivindicar uma determinada agenda deve (tem de) ser encarada com o maior cepticismo.

    A visualização mais adequada é a dos padrões conhecidos ao longo das eras, pormenorizando para os últimos 100.000 anos, no que toca ao padrão da oscilação da temperatura planetária. O desenvolvimento humano contribuirá como factor de influência, mas será algo diminuto dado a dimensão do sistema em si. Para ser disruptivo teríamos de estar na presença de algo como uma guerra nuclear, um impacto de um asteróide de dimensões razoáveis (ao nível dos kms), grandes erupções contínuas de inúmeros vulcões ao redor do planeta,… perceberam né.

    No princípio (2006) eu caí como um “patinho” no prognóstico apresentado pelo Al Gore e andei uns anos a tentar perceber o quão grave poderia (ou não) vir a ser a situação. Hoje, percebo que a propaganda visou encolher para o espaço de anos/décadas, o que pode de facto vir a ocorrer no espaço de várias décadas/séculos (muitos).
    O que apurei e para já mantenho, salvo novos dados e melhor ciência, é o sistemático aquecimento médio do planeta, o que nos irá incomodar pelo simples facto de hoje ocuparmos todos os cantos da terra e de forma a mantermos um impacto horrível nos seus eco-sistemas. Teremos de nos ir adaptando e gostaria de acreditar que o faremos com “cabecinha”, mas…
    A subida dos oceanos manter-se-á como uma constante durante todo o milénio, pois os dados atuais indicam que o ciclo natural de aquecimento do planeta não se deverá inverter (pelo menos) antes do meio do milénio.
    A ver vamos, mas nós já cá não estaremos. É educar os filhos e netos para que eles possam ensinar quem depois virá.

  4. Faltou dizer que a respeito do impacto nos eco-sistemas, de forma a que de facto poderá estar em causa, não a sobrevivência da espécie humana mas o seu desenvolvimento (e das suas sociedades), o maior perigo advém da POLUIÇÃO.
    Este factor é, deveria estar a ser encarado como o “inimigo público nº1” do planeta.
    Parece-me no entanto que o “Great Reset” não passará por aí… é só cosmética, para que não se ponha em causa o modelo de produtividade vigente e o “status” dos seus adventistas.
    É através da POLUIÇÃO que acredito que nos podemos lixar… mesmo.

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