O mito da reciclagem do plástico

Pessoal, a reciclagem do plástico não existe. E não é uma nova teoria da conspiração: é a simples realidade. Lamento, mas é mesmo assim. Eu também divido os plásticos, participo na recolha diferenciada, atiro tudo para o contentor amarelo. Mas sei que tudo o que estou a fazer produz resultados que estão muito aquém do que é afirmado. Mesmo assim continuo e convido os Leitores a fazer o mesmo: de seguida será explicada qual a razão mas, para já, vamos conhecer melhor este material.

As bolas de bilhar

Durante quanto tempo o plástico fica no ambiente? Ninguém pode responder com certeza, porque o material é uma invenção demasiado recente: podemos gerar estimativas e a suspeita é que a vida do plástico seja de séculos e milénios. As típicas garrafas PET de água, por exemplo, têm uma vida média estimada de cerca de mil anos, mais século menos século, dependendo das condições ambientais. Os pequenos tijolos da Lego? Podem poluir o ambiente durante até 1.300 anos. Porque o plástico foi criado para durar.

Desde que o tipógrafo de New York, John Wesley Hyatt, inventou o primeiro polímero sintético para uso industrial, a celulóide (em 1869), ao tratar uma mistura de cânfora e celulose com ácido nítrico, a procura de novos materiais moldáveis e “eternos” tornou-se o Santo Graal da química moderna. Hyatt queria criar um material artificial para substituir o marfim nas bolas de bilhar, acabou por fazer a fortuna do cinema.

A alquimia foi totalmente bem sucedida no início do século XX quando Leo Hendrick Baekeland inventou a baquelite a partir do fenol, um resíduo do processo de refinação do petróleo bruto. Nas mesmas instalações onde o petróleo era transformado em combustíveis líquidos para alimentar a revolução dos transportes, nasceu a indústria dos plásticos, algo que mudou para sempre as nossas vidas. Ao encontrar uma forma de ligar moléculas de hidrocarbonetos em longas cadeias de polímeros, materiais exóticos com propriedades surpreendentes poderiam ser criados de forma artificial: cloreto de polivinilo, poliestireno, polimetacrilato de metilo, poliamida, e assim por diante. Todos nomes horríveis que aprendemos a conhecer com os termos comerciais: PVC, Plexiglas, Nylon…

Um terço do plástico virgem é utilizado para produzir embalagens descartáveis que, após uma vida muito curta, transformam-se em lixo que pode poluir o ambiente durante séculos. Desde que o inventámos, há pouco mais de um século, fabricámos pelo menos 10 mil milhões de toneladas de plástico, o suficiente para envolver todo o planeta em celofane. E hoje já não podemos viver sem ele: o plástico está em todo o lado. Nos nossos dispositivos electrónicos, em todo o tipo de embalagens, nos nossos móveis, nos nossos brinquedos para crianças e até nas nossas roupas, onde há mais poliéster e nylon do que lã e algodão. Os carros e aviões, por volume, são metade feitos de plástico. Até a bandeira americana que os astronautas da Apolo 11 plantaram na lua foi feita de nylon.Sim, já poluímos a Lua também. Desde meados do século XX, a produção anual de plástico tem crescido exponencialmente: de 2 milhões de toneladas em 1950 para 380 milhões de toneladas em 2015. Mas mais de metade de todo o plástico foi fabricado nas últimas duas décadas.

Se o plástico tem tido tanto sucesso é porque, além de ser versátil, dúctil e durável, é muitas vezes mais leve e mais barato do que materiais como o vidro, a madeira ou os metais que substituiu. Tão barato, de facto, que depois de utilizado pode ser mais barato deitá-lo fora e substituí-lo em vez de recupera-lo e utilizá-lo uma segunda vez. Com o resultado que os aterros começaram a encher-se de resíduos que são tremendamente difíceis de eliminar. E não são eliminados.

Chove plástico

Em 2017, foi desolador para muitos descobrir através da investigação publicada em Science Advance que conseguimos reciclar apenas 9% dos resíduos plásticos produzidos em todo o mundo. Nove porcento, uma gota. Outros 12% são incinerados, libertando frequentemente fumos tóxicos. O resto, quase 80%, acaba em aterros de todo o tipo ou, pior ainda, directamente no ambiente.

Mas no ambiente “onde”? Difícil de dizer. Talvez a resposta correcta seja: em todo o lado. Uma vez que não é biodegradável, no ambiente o plástico tende a partir-se sob a acção dos agentes atmosféricos: pedaços cada vez mais pequenos que, empurrados pelo vento e pelas correntes marítimas, podem chegar a todo o lado. Os fragmentos com um diâmetro inferior a 5 milímetros, os microplásticos, acumulam-se mesmo nos locais mais remotos e inacessíveis do planeta, desde os picos dos Alpes até às profundezas dos oceanos e nos Polos.

Recuperar os microplásticos? Virtualmente impossível porque são agora parte integrante do ambiente. Entraram no ciclo da água, nos rios, descem até o mar, depois sobem à atmosfera por evaporação e caem de volta nas gotas de chuva. Chove plástico, literalmente.

Nos oceanos, onde entre 4.8 e 12.7 milhões de toneladas de plástico são despejadas todos os anos, os fragmentos mais pequenos são confundidos por comida pelos peixes e até foram já encontrados no zooplâncton. Mas o plástico não pode ser digerido: então sobe a cadeia alimentar e acaba por acumular-se nos organismos maiores, incluindo humanos. E não é tudo: o plástico também está presente em minúsculas quantidades na água que bebemos e no ar que respiramos. Com a consequência de que ingerimos cerca de 5 gramas de plástico por semana, o equivalente a um cartão de crédito.

O que faz o plástico dentro do nosso corpo? Outra questão complicada: ainda não é conhecido, por agora não podemos excluir que possa tornar-se um veículo de transmissão de bactérias e substâncias tóxicas. Os fragmentos de plástico podem de facto ligar-se aos agentes patogénicos, aos metais pesados e a compostos sintéticos perigosos. Mas não podemos excluir outras interacções químicas, por exemplo.

O plástico? Não gosta da reciclagem

Donde é que surgiu esta confusão toda? Culpa só do tipógrafo Hyatt e das suas bolas de bilhar? Ou é culpa daqueles que atiram o lixo para o chão ou não se esforçam o suficiente na recolha separada do lixo? Se o mundo não consegue reciclar mais de 90% do plástico, deve haver um culpado.

Na realidade a coisa é bastante simples: o que não é contado é que os plásticos estão entre os materiais menos adequados para reciclagem. Enquanto o vidro ou o alumínio podem ser derretidos várias vezes para criar outros artigos da mesma qualidade, os plásticos tendem a degradar-se a cada tentativa de reciclagem. Os polímeros a partir dos criamos o plástico perdem força e maleabilidade. Por exemplo, as garrafas PET, um dos plásticos mais fáceis de separar e processar, podem ser utilizadas para fazer fibras de carpetes, mobiliário ou materiais de isolamento, mas não outras garrafas de igual valor comercial. A reciclagem de plásticos é um processo linear que se esgota frequentemente já na segunda etapa e termina inevitavelmente num aterro sanitário ou num incinerador. E isto implica que precisaremos de fabricar sempre plástico virgem. Uma boa notícia para aqueles que produzem as garrafas de PET no mundo: um milhão de exemplares a cada minuto.

Mas há mais: apenas uma fracção do plástico recolhido é efectivamente reciclado, por vezes devido a dificuldades técnicas, por vezes porque não é economicamente viável. Alguns plásticos não são adequados para reciclagem, outros não são suficientemente valiosos ou pode acontecer que seja difícil separar os plásticos dos outros materiais que compõem os objectos do quotidiano.

Atenção: isto não significa que não vale a pena reciclar, pois se até aquele pouco plástico que é possível recuperar acabasse já em incineradores ou aterros sanitários, em breve os nossos problemas ficariam ainda maiores. Mas não podemos ter a ilusão de que atirar os nossos resíduos para o recipiente certo irá resolver o problema e é um crime (ambiental) que esta mentira continue a ser espalhada. O plástico precisa de bem outras medidas, algo que não está nas mãos dos cidadãos.

“Culpa dos cidadãos”

A propósito: com petróleo a preços de saldo, hoje é ainda mais conveniente produzir plástico novo do que reciclar o usado, que já ninguém quer. Tanto é que a Europa e os Estados Unidos tentam exportar por qualquer meio, legal ou ilegal, para alguns dos Países mais pobres da Ásia e África, onde muitas vezes não existem instalações adequadas, de modo que os resíduos acabam por acumular-se em estradas, campos e cursos de água. O paradoxo é que este plástico, exportado onde o olho não vê e o coração não chora, é muitas vezes contado como reciclado, apesar de várias investigações terem demonstrado que é exportado e maioritariamente queimado de forma ilegal ou abandonado em lixeiras abertas. Onde acaba por encontrar o seu caminho para um rio e para o mar.

É mais mais barato carregar toneladas de resíduos num cargueiro com destino o outro lado do mundo do que eliminar o plástico localmente. E isso deve sugerir algo: de facto, sugere que a reciclagem não deve ser um grande negócio. Afinal, segundo a OCDE, a reciclagem de plástico é considerada uma actividade economicamente marginal nos Países de economia avançada. Desde que a China deixou de aceitar plástico do estrangeiro em 2018, alguns governos municipais nos EUA descobriram que a reciclagem é tão cara que simplesmente deixaram de a fazer. Escusado será dizer que custa menos fabricar plástico virgem em vez de o reciclar: aqueles que o produzem não têm de pagar os custos ambientais, que são passados para a comunidade e para as futuras gerações futuras.

No entanto, as preocupações sobre a acumulação de resíduos plásticos não são tão recentes como se poderia pensar. Datam do início dos anos 70, quando o plástico deixou de ser um símbolo de progresso e modernidade para tornar-se um emblema da infame cultura do descartável. Já em 1971, a cidade de New York introduziu um imposto sobre garrafas de plástico e, dois anos mais tarde, o Congresso dos EUA debateu a conveniência de proibir a utilização de recipientes não recuperáveis. Obviamente estas ideias enervaram as empresas da indústria petroquímica: falamos de nomes quais DuPont, Monsanto, Mobil, Exxon… O imposto de New York foi abolido e o debate no Congresso afundado.

Depois, quando finalmente ficou claro que a reciclagem do plástico não era economicamente viável, foi a vez dos governos municipais pagar os custos de recuperação e da eliminação dos resíduos, com dinheiro dos contribuintes porque “A culpa não é do governo, a culpa é das pessoas que, consciente e irreflectidamente, a deitam fora”. Música e letras de Margaret Thatcher, ano de 1988.

Cinquenta anos de campanha da indústria petroquímica (e das empresas de bebidas e embalagens, é bom não esquecer) conseguiram fazer-nos acreditar que o plástico é reciclável e que o gigantesco problema ambiental causado pelos resíduos pode ser resolvido atirando uma garrafa vazia para o caixote do lixo certo. É o mito da reciclagem do plástico. Uma estratégia que tem funcionado tão bem que ainda hoje indústrias e administradores públicos insistem no mesmo conceito, acompanhado pela promessa de que a inovação tecnológica desenvolverá processos de reciclagem milagrosos e plásticos amigos do ambiente.

Desistir do plástico?

A verdade? A reciclagem não existe mas encontrar alternativas tem-se revelado até agora muito mais difícil do que o esperado. No nosso mundo, desistir do plástico tornou-se irrealista e seria também desvantajoso em termos ambientais para certas utilizações, porque o transporte de mercadorias mais pesadas e volumosas em embalagens feitas de madeira, vidro ou metal precisaria de muita mais energia. E os plásticos também ajudam a preservar melhor os alimentos, reduzindo o desperdício, e a melhorar o isolamento térmico dos edifícios, levando à poupança de energia.

Então? Então “reutilização”. Por enquanto não há outras soluções: a única maneira de enfrentar seriamente o problema é travar o crescimento exponencial da produção de plástico virgem. Precisamos de incentivar a reutilização e abraçar a perspectiva de uma economia circular onde os artigos de plástico não são destinados ao aterro e são concebidos já para serem utilizados mais vezes. desde o momento em que são concebidos.

Isto não será fácil porque, como aconteceu na década de 1970, a indústria não ficará de braços cruzados a assistir. A “pandemia” da Covid-19 está na base do boom nos pedidos de máscaras e outros dispositivos de protecção contra o contágio. Tudo de plástico, obviamente, e mono-uso. Enquanto o Fórum Económico Mundial persegue a miragem do eléctrico renovável e “limpo”, atirando-se contra as emissões de dióxido de carbono (aquelas mesmas emissões que nos últimos anos fizeram aumentar em 25-30% as áreas verdes no planeta), nós engolimos plásticos e condenamos a futuras gerações a fazer o mesmo. Temos que reciclar? Sim, temos: é um dever tentar limitar os danos. Mas ouvir que “a culpa é das pessoas” é um refrão já velho: a culpa é em primeiro lugar da indústria do plástico e de quem a apoiar.

 

Ipse dixit.

Nota: elaboração do artigo do jornalista científico Giancarlo Sturloni.

9 Replies to “O mito da reciclagem do plástico”

  1. Muito interessante. Sabia que a taxa de reciclagem era baixa, não sabia que era tão baixa.
    O plástico coloca os mesmo problemas que o consumo de combustíveis fósseis, ou seja, as alternativas são ainda mais desastrosas para o ambiente.

  2. “a culpa é em primeiro lugar da indústria do plástico e de quem a apoiar.”
    A conclusão que tudo diz a quem tiver a coragem mental de a escutar.
    Mais importante e critíco, de pragmaticamente agir, pôr em prática.
    Reitero (uma vez mais), hoje mais do que nunca na nossa história, o poder do cidadão é o seu consumo… para o bem e para o mal.
    Consomes logo apoias, financias, dás poder e controle sobre… o teu mundo, o teu futuro.
    Consciente, ou inconscientemente, és TU o culpado pelo teu destino.
    Assume… Age… HOJE.

  3. Nunca percebi porquê que as pessoas separam o lixo, pois ao fazerem isso estão a trabalhar de graça para as autarquias e empresas de recolha e tratamento do lixo e resíduos, com a agravante de estarem a por em causa os postos de trabalho nesse sector.

    Colocar o vidro no vidrão e o papel no papelão está correcto, porque a reciclagem desses materiais é viável; quem não se lembra, daqueles que nasceram no Século XX até à Década de 1980, de ir ao vidrão colocar as garrafas ou devolvê-las para receber o dinheiro da tara?

    1. Julgo que haja países onde a diferenciação do lixo é recompensada financeiramente a quem o fizer. Aqui, na república das bananas trabalhamos para as empresas de reciclagem de graça e se não separarmos o lixo somos considerados maus cidadãos. Estou como tu, JF, essas empresas precisam de empregar mais pessoas ou então que desembolsem algum dinheiro para compensar o trabalhos dos cidadãos. Não pode ser tudo lucro somente para os do costume…
      Só mais uma coisinha: algumas empresas de reciclagem têm como donos ou sócios, engenheiros que foram empregados camarários. Alguém consegue estabelecer aqui uma ligação clara entre esses ex-empregados, as empresas de reciclagem e a câmara onde trabalharam?

  4. Tal qual o Krowler, também me surpreendi.

    Na minha cidade há uma das sedes do projeto TAMAR ( que visa a proteção, tratamento e repovoamento da população de tartarugas marinhas ) e é impossível não se indignar com a quantidade de plásticos e entulhos encontrados dentro destes animais, que são mostrados no acervo de vídeos e fotos do projeto.
    Embora não esteja diretamente ligado ao assunto, o projeto , que fica na praia da Barra de Lagoa , faz periodicamente a soltura dos filhotes de tartarugas, que a partir da areia se deslocam até a beira do mar. Já tive a oportunidade de assistir um desses trabalhos, que são acompanhados por turistas , habitantes locais e estudantes de escolas primárias.
    Por que lembrei-me disso ? Só para não esquecermos de que ainda fazem coisas boas no mundo , mesmo que aparentemente muito singelas.

    Certa vez, vi no programa “Vice” ( que passava tempos atrás na HBO ), uma matéria sobre uma região do Oceano Pacífico, que segundo eles, devido às correntes marítimas, se acumulavam uma quantidade quilométrica de plástico. A reportagem também mostrava alguns projetos desenvolvidos para coletar e reciclar o material flutuante.

    Outras matérias sobre o assunto também se encontra fácil na internet.

    https://www.ucs.br/site/noticias/com-contribuicao-da-ucs-projeto-de-limpeza-dos-oceanos-faz-primeiro-teste-no-pacifico/

    Ao ler este post , agora me pergunto , seria viável ?

    Malvado Max.

  5. Durante os anos 80, em Portugal as cervejas vinham em garrafas de vidro com tara, retornáveis, e vendíamos o papel de jornal a um depósito.
    Tinhamos poucos brinquedos, e a fruta que comiamos era local e “da época”.
    Sumos só nos aniversários, de resto era água da torneira.
    A roupa e sapatos passavam de irmão para irmão.
    Eramos muito mais ecológicos e saúdaveis, mas não o sabiamos…

  6. Mais um mito que cai, mais um produto do mundo da aparência.
    Tem coisas muito simples que qualquer administração pode determinar; eliminar sob peso de multas, sacos plásticos de qualquer negócio de vendas. Se é preciso impermeabilidade, há papéis atualmente perfeitamente impermeáveis.
    Outra coisa simples, dependendo da vontade governamental: não aceitação de garrafas pet, voltando ao uso do vidro.
    Mas essas coisas não acontecem porque no mundo das aparências, a separação do lixo doméstico dá a impressão de cuidado ecológico. As crianças aprendem desde pequeninas a realizar essa tarefa, crianças “ecológicas”.
    Enquanto isso, reciclagem real, economia de coisas não bio degradáveis, economia de alimentos rejeitados, compras adequadas ao consumo, é coisa que as famílias “ecológicas” não fazem. São os reis do desperdício de roupa, de comida, de papel, de tudo.
    O consumo e uso abusivo de tudo pode vir a não fazer parte da vida doméstica, comercial e industrial. Mas depende de educação, de regulação governamental, de cuidado constante.
    Logo é muito mais fácil viver a “ecologia das aparências”, enquanto o mundo rico despeja todas as suas m. na cabeça dos povos condenados a morte.

    1. O problema é mais profundo e chama-se DESCONTROLE POPULACIONAL, que à partir daí passa a justificar as bizarrices das governanças fantoches dos interesses das elites econômicas, entre eles, o da reciclagem.

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