Os estabelecimentos que se recusam a fechar: Io Apro

Mais de 60 mil restaurantes italianos a partir de hoje vão permanecer abertos à noite, em violação do decreto governamental recentemente aprovado. O movimento IO APRO (“eu abro”) tem crescido exponencialmente durante os últimos dias e, obviamente, os meios de comunicação social está a tentar colar-lhe o rótulo: “inconscientes”, “negacionistas”, “criminosos”, etc.

Na verdade, IO APRO pede apenas uma coisa e bastante simples até: continuar a trabalhar. O movimento não sugere revoluções, apenas a liberdade de trabalhar. Todos os restauradores envolvidos adoptam as medidas anti-Covid e estão dispostos a adoptar regras ainda mais restritivas desde que seja dada a oportunidade de manter o negócio aberto.

O encerramento das actividades, imposto pelas últimas decisões por parte do governo, não tem qualquer fundamento: é mais fácil ser infectado num restaurante que implementa todas as precauções ou num autocarro cheio de gente? Esta é a questão. Em lugar nenhum as autoridades conseguiram resolver o problema dos meios de transporte e dos lugares públicos: mais simples retirar as pessoas de restaurantes ou ginásios, parando as actividades e empurrando os donos para uma situação económica insustentável. Atenção: as actividades menores, pois falta a coragem para ir contra as grandes cadeias de distribuição.

Mas a pergunta é: quantos e quais surtos de Covid-19 começaram a partir de actividades como restaurantes, ginásios, lojas de vário tipo? Se um governo decide tomar estas medidas, evidentemente está na posse de estudos que demonstram esta hipótese: é possível vê-los, partilha-los? Ou tudo tem que ser reduzido ao sentimento de culpa incutido nos cidadãos?

Para além do movimento nacional, IO APRO está a organizar os níveis regionais e urbanos, através das plataformas Facebook e Telegram, pelo menos até a censura não intervir. Obviamente, restaurantes e clientes não estão sozinhos mas serão acompanhados por uma rede de advogados que os orientará caso surjam problemas com as autoridades. É evidente a existência deste risco, em particular no caso dos donos dos estabelecimentos: mas as regras do governo (fecho das actividades, limitação na circulação, etc.) violam de forma flagrante mais do que um artigo da Constituição, portanto cada penalidade será contestada por uma equipa de advogados que se disponibilizaram gratuitamente.

Neste momento, a grande maioria dos participantes deste movimento são restauradores mas as inscrições continuam a aumentar. Vamos ver nos próximos dias o que acontece: será interessante observar a reacção do regime.

 

Ipse dixit.

17 Replies to “Os estabelecimentos que se recusam a fechar: Io Apro”

  1. Um pequeno vídeo relacionado com esse movimento Italiano:

    https://twitter.com/RadioSavana/status/1349726616109215750

    «…as regras do governo (fecho das actividades, limitação na circulação, etc.) violam de forma flagrante mais do que um artigo da Constituição, portanto cada penalidade será contestada por uma equipa de advogados que se disponibilizaram gratuitamente…»

    Por cá, a Ordem dos Advogados, apresentou uma queixa-crime relativamente ao caso da nomeação do sr. José Guerra para o cargo de procurador Europeu:

    – Ordem dos Advogados apresenta queixa ao MP sobre caso do procurador europeu

    https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/ordem-dos-advogados-apresenta-queixa-ao-mp_5ff5a72b2fcd985cba85815d

    O curioso no meio disto tudo, é que o Governo e a Presidência desde Março de 2020 colocam de forma infundada os cidadãos Portugueses em prisão domiciliária, atentam e prejudicam gravemente contra a saúde dos mesmos e a Saúde Pública, promovem e praticam pseudociência, estão a destruir a economia do país, a República, o Estado de Direito, e as Liberdade Civis, mas no entanto a Ordem dos Advogados nada fez ou faz para impedir estes crimes.

    Max, para quando a queda do Governo liderado pelo sr. Conte? Politicamente, que alternativas ou mal-menor existe dentro das forças políticas em Itália, que possam ser legitimadas pelos cidadãos Italianos?

    1. A queda de Conte? Para breve: está a chegar uma chuva de dinheiro da Europa. E, mais importante ainda, há 50 nomeações em lugares de topo da Administração Pública que devem ser feitas: puro poder. Não vão deixar estas riquezas nas mãos deste zé ninguém…

  2. O grande problema é lidar com os egos inflados das pessoas. E pessoas, defino como governantes e publico em geral.

    Não conseguimos tratar a situação com a devida seriedade e bom senso como ela exige.

    Preferirmos partir para o radicalismo: lockdown total ou Carnaval ? Negacionismo ou fraude ?

    Vejo pessoas perderem seus empregos, enquanto outros padecem em uma proporção que jamais vivenciei.

    Ontem na cidade de Manaus, no estado do Amazonas , os hospitais não tinham oxigênio para tratar seus doentes afetados com o que vcs quiserem chamar : gripezinha, Covid, H1N1, frescura de maricas, alucinação coletiva , etc.

    Quando o prefeito pediu ajuda , há alguns dias atrás, o milico-ministro da saúde queria obrigar os médicos a entupirem o rabo dos pacientes com cloroquina.

    Quando a situação explodiu, a ponto dos médicos ( todos comunistas, antifascistas, vermelhinhos, foice no martelo ) gravarem um video pedindo ajuda, porque os pacientes estavam morrendo na fila por não conseguirem respirar.

    Enquanto o exército , no final do ano, fez compras de material bélico , não havia aeronave que pudessem transportar os tubos de oxigênio.
    Então, a Venezuela, sim, pasmem, a Venezuela ofereceu ajuda. E todo mundo com medo que o brasil se transformasse numa nova Venezuela.

    E vai explodir mais situações como essas em breve no Rio de Janeiro e no litoral de Santa Catarina , esperem para ver.

    Infelizmente, nossa sociedade não conseguiu esquecer suas diferenças e deixaram de traçar um plano em conjunto com racionalidade e humanidade.

    E mais uma fez, eles ( sejam lá quem forem ) venceram.

    O castigo será receber o mesmo tratamento dado ao gado. Não é a toa que chamam de imunidade de rebanho.

    Aceitem , que dói menos.

  3. Olá Sérgio!

    Li a história do oxigénio e da ajuda da Venezuela. Falo cada vez mais raramente de coisas brasileiras nos artigos porque logo começam a aparecer as guerras entre pró-Lula, anti-Lula, pró-Bolsonaro, etc. e já não tenho paciência para estas coisas. Lamento, uma boa percentagem de Leitores é originária do Brasil, mas parece impossível falar de certas coisas sem entrar num combate sem sentido porque, enquanto ficam entretidos com Esquerda vs. Direita, o mundo vai em frente.

    Só posso acrescentar que o que está a passar-se no Brasil não é uma excepção. Por aqui não falta oxigénio, mas os sistemas de saúde já demonstraram amplamente a impreparação perante a emergência, verdadeira ou criada que seja. Em Portugal, por exemplo, foram bloqueadas todas as intervenções cirúrgicas que não sejam urgentes: de facto, se agora não tiveres Covid, passas para o fim da fila.

    Os custos em termos humanos são incríveis mas a comunicação social não fala disso para não espalhar o pânico. É uma escolha que faz sentido mas que ao mesmo tempo oculta a verdadeira gravidade da situação. Na Wikipedia portuguesa, por exemplo, há algumas páginas dedicadas aos impacto da Covid em vários sectores da sociedade civil (socioeconómico, direitos humanos, política, religião, cinema, desporto, futebol…) mas falta a Saúde (única excepção: um pequeno parágrafo dedicado à saúde mental).

    Entretanto eis que de repente surgem as variantes inglesa, sul-africana, japonesa… e o passaporte sanitário na Dinamarca, enquanto em Portugal nem podemos sair de casa. Tudo muito bonito, sem dúvida…

    1. Max, não foi a Venezuela que ofereceu O2 aos hospitais de Manaus, é a White Martins que importará de sua subsidiária venezuelana. Esta operação não tem nada a ver com o governo do ditador Nicolas Maduro.
      Eu, como médico, lamento profundamente o que está acontecendo no Amazonas.
      É inadmissível que pessoas morram por falta de insumos, algo que poderia ser evitado com uma boa logística.
      Vale a pena lembrar que o governo do Amazonas comprou ventiladores que não funcionam através de uma loja que vende vinhos.
      Não quero politizar nada, mas é prudente que saibam a verdade. Por exemplo, a prefeitura de Manaus desativou 85% dos leitos de UTI entre julho e outubro de 2020.
      Para uma região que tem carência de atendimento médico isso foi a pá de cal.
      Além do mais, para aqueles, que desconhecem, a constituição de 1988 estabelece que a responsabilidade dos serviços médicos de emergência é dos municípios, não do governo federal.
      Desculpe se me alonguei, mas acho que os fatos devem ser mostrados sem viés político.
      Abraço

      1. “Vale a pena lembrar que o governo do Amazonas comprou ventiladores que não funcionam através de uma loja que vende vinhos.”

        Pelo menos não tinham os comandos em chinês, como aconteceu por aqui… 🙂

        Para os Leitores não brasileiros: a White Martin é uma empresa multinacional brasileira que actua no mercado da fabricação de gases industriais e medicinais. Faz parte do grupo alemão-norte-americano Linde plc, como a Praxair.

        “a prefeitura de Manaus desativou 85% dos leitos de UTI entre julho e outubro de 2020.”

        Sem comentário…

        Obrigado Edurado!

      2. Olá Eduardo

        Está em vários sites:

        https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/01/14/venezuela-diz-que-ira-oferecer-oxigenio-ao-amazonas.htm

        Vc pode acreditar em quem quiser.

        Aliás , se vc fosse meu vizinho e batesse na minha porta me pedindo um pouco de pó de café , porque o seu tinha acabado. Eu lhe concederia de bom gosto, mas lembre-se: o café não é meu , é da Melitta.

        Não sou advodado , mas acho que quando há uma situação de emergência médica geral no país, considerada grave ( claro , não pelos negacionistas ) ela é de jurisdição federal, sim.

        “Não quero politizar nada, mas é prudente que saibam a verdade. Por exemplo, a prefeitura de Manaus desativou 85% dos leitos de UTI entre julho e outubro de 2020”.

        Sinceramente , não entendi o que vc quis dizer com isso . Já se passaram 2 meses e meio depois dessa data. As festas de fim ano , o inicio do verão , férias , ocupação das praias, provocaram um aumento na procura de hospitais em quase todos os estados e não estou dizendo que todos os casos são de Covid. A situação tornou-se mais critica nos últimos dias.

        1. Olá Sérgio, lamento que você não tenha entendido o que eu escrevi. Está bem claro, basta juntar os pontos , menos leitos disponíveis maior sobrecarga do sistema.
          Simples assim!
          Quanto ao UOL como fonte de notícias …..prefiro não comentar
          Abraço.

          1. Posso te passar de mais outros 10 sites diferentes, no mínimo, se vc quiser. Mas cada um acredita no que quiser , até em presidente mito.

            1. Agradeço Sérgio, tenho minhas fontes que considero confiáveis. Além do mais tenho meus próprios filtros.
              Quanto ao mito, não tenho político de estimação.
              Imagino que você, como ser pensante, também não tem.
              Bom final de semana!

    2. Se houvesse alguma condição de fazer algum comparativo entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, eu poderia gastar um tempo escrevendo, mas não há a mínima condição de faze-lo dentro de um nível minimo de racionalidade.

  4. Alguém encontra este movimento na imprensa portuguesa?
    Fiz uma pesquisa rápida e nada…

  5. Olá pessoal: que eu saiba, a Alemanha já manifesta alguns restaurantes boicotando o boicote que fizeram a eles. Mas o movimento ainda é pequeno.
    Na Espanha parece reinar a apatia total. Existe bares que só servem café porque não tem condições de oferecer mais. A situação é crítica, os comedores de apoio social repletos, crise esta aprofundada pela nevada mais forte em um século. Creio que a Espanha tornou-se a Argentina atual da Europa
    Nos EUA, imagina…lá é o país da lei e da ordem.
    Já no Brazil, resolve-se o possível por baixo da mesa. Sei de bares e restaurantes no Rio e em S.P. que fizeram um puxadinho atrás para receber clientes fiéis, distribuem comida em hotéis de praia, entregam marmitas. O povo brasileiro está acostumado a curtir uma boa miséria, e já desenvolveu alguns recursos de sobrevivência. Além dos negócios ilegais grandes e pequenos que “fizeram da crise uma oportunidade”, e estão a todo vapor.
    Por outro lado, em Joinvile, a cidade mais rica de Sta. .Catarina, está abrindo muitas vagas para as metalúrgicas e grandes empresas. Não sei as condições de emprego, mas sei que estes grandes empreendedores não deixam também de “fazer da crise uma oportunidade”.
    Tendo em vista tudo isto, os italianos estão de parabéns tocando seu movimento. Espero que o exemplo crie raízes e prospere em outros lugares.

Obrigado por participar na discussão!

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