Os administradores de Bank of America, BP, Johnson & Johnson, Salesforce e várias outras empresas estão a aderir ao Concílio Para o Capitalismo Inclusivo Com o Vaticano, uma nova organização empresarial afiliada à Igreja Católica que opera sob “a liderança moral do Papa Francisco”. É quanto relata a revista Fortune, que é um parceiro mediático do Conselho e que é uma das poucas publicações que consegue escrever “liderança moral de Papa Francisco” sem ironia.
“Um sistema económico que seja justo, fiável e capaz de enfrentar os desafios mais profundos que a humanidade e o nosso planeta enfrentam é urgentemente necessário”, disse o falso Papa num comunicado de imprensa, acrescentando que as empresas e os líderes empresariais do conselho “aceitaram o desafio procurando formas de fazer do capitalismo um instrumento mais inclusivo para o bem-estar humano integral”.
Bank of America, BP, Johnson & Johnson…? Ó Papa Chico, mas que raio estás a dizer? Mas leste os nomes?
O objectivo é “construir uma base económica mais justa, inclusiva e sustentável para o mundo”, seria este o esforço das Grandes Empresas para repensar o Capitalismo e os seus efeitos sobre as partes interessadas, e não apenas sobre os accionistas. “O diálogo mudou drasticamente em torno deste tipo de coisas”, diz o CEO do Bank of America, Brian Moynihan, um dos líderes desta cruzada. E acrescenta:
O Capitalismo está aqui para fazer a coisa certa, se for bem gerido. Estamos a fazer com que as pessoas digam: ‘Isto não é apenas a coisa certa a fazer, é moralmente a coisa certa a fazer e a coisa humana certa a fazer’.
Mas sem dúvida, é isso que pensam e dizem as pessoas, todas em coro.
As 28 empresas e organizações que aderiram ao Concílio comprometeram-se especificamente a implementar os seus quatro princípios orientadores:
- igualdade de oportunidades para todas as pessoas (todos escravos sem distinção)
- resultados equitativos (salários miseráveis para todos)
- equidade entre gerações (criança ou idoso sempre escravo é)
- justiça para aqueles na sociedade cujas circunstâncias impedem a sua plena participação na economia (quem se queixar vai direitinho para o desemprego)
É um bom programa, impossível não gostar. O Bank of America, por exemplo, comprometeu-se a divulgar as emissões de gases com efeito de estufa que financia até 2023 (uhi, que esforço…) e, no mesmo prazo, a contratar e a dar formação profissional a 10.000 pessoas de bairros de baixo e moderado rendimento (10 mil escravos novinhos em folha).
Lynn Forester de Rothschild, fundadora do Concílio e sócia gerente da Inclusive Capital Partners:
Fazer isto não é simplesmente um imperativo do mercado. Não é simplesmente perseguir o Dólar. […] Os mercados de capitais são uma força tão poderosa que temos de lembrar que as nossas acções, quem somos e o que somos, baseia-se na moralidade e na ética. E assim o Santo Padre está realmente a pedir-nos que ponhamos os lucros ao serviço do planeta e das pessoas.
Deficientes. Somos tratados como eméritos deficientes. Talvez seja merecido, não sei. Mas temos que reconhecer uma coisa: Lady Rothschild fala em pôr “lucros ao serviço do planeta e das pessoas”, mas não diz quais pessoas. Tecnicamente não é uma mentira.
Seja como for, o Concílio nasceu de um fórum global no Vaticano em 2016, organizado pelas revistas Fortune e Time (World Economic Forum, lembram-se?), e de um apelo aos líderes empresariais para se encontrarem com o Papa Chico, que assim falava na altura:
O nosso grande desafio é responder aos níveis globais de injustiça promovendo um sentido de responsabilidade local e também pessoal, para que ninguém seja excluído da participação na sociedade. […] Encorajo-vos a procurar formas cada vez mais criativas de transformar as nossas instituições e estruturas económicas para que possam responder às necessidades do nosso tempo e estar ao serviço da pessoa humana, especialmente daqueles que são marginalizados e descartados.
“Transformar as nossas instituições e estruturas económicas para que possam responder às necessidades do nosso tempo”. Interessante. Onde é que já ouvimos isso? Bom, não interessa. Quatro anos mais tarde, a Sra. de Rothschild reconhece que os actuais e futuros membros do Concílio ainda têm muito trabalho pela frente:
Na reunião do próximo ano, vamos medir-nos a nós próprios, vamos auto-relatar sobre a forma como cumprimos os nossos compromissos.
Reconhece que algumas empresas “podem decidir que não querem tentar, e poderá ser feita uma rotação no Concílio”, mas também mantém a fé. E aqui chega o grande final:
O que já estabelecemos entre nós é a ideia cristã da redenção. Vamos falhar. Mas isso não é motivo para não tentar.
Infelizmente o artigo de Fortune acaba aqui. Pena, estava a gostar deste tom de bondade com toques de açúcar, pura hipocrisia e mel. Mas não é difícil entender: depois da última frase, Madame Rothschild não conseguiu conter-se por mais tempo e eclodiu numa série de risos histéricos que exigiram a intervenção do seu médico-escravo pessoal, o Dr. Kranz. O sedativo, dois comprimidos de Zyclon A Light, fez efeito mas demorou e a revista já tinha ido para a impressão. Fica para a próxima.
Aqui, nós ficamos com o Papa Chico que lambe a mão do dono lembrando como seja preciso “transformar as nossas instituições e estruturas económicas para que possam responder às necessidades do nosso tempo”. De Davos já partiu a prenda: um São Bernardo com anexo frasco de bagaço para que El Papa possa beber à vontade até esquecer-se onde escondeu o último pingo de dignidade.
Bank of America, BP, Johnson & Johnson, Salesforce, Allianz, DuPont, Mastercad, State Street Corporation, The Rockefeller Foundation, Visa, estes são os novos amiguinhos do Chico e tudo à luz do sol, na cruzada para um Capitalismo “da Redenção”: mas estamos a brincar? Já não posso com este gajo. Por favor, tragam de volta o verdadeiro Papa: não era simpático, era uma autêntica seca, ainda por cima era alemão, mas nunca tinha caído tão em baixo.
Ipse dixit.
Cheira-me que isto ainda vai acabar mal tanto para o Vaticano como para os Ingleses.
Floco de Neve …assim fico preocupado contigo , dizem os especialistas que um dos sinais de covid é perder o olfato …e pelos vistos estás com sintomas severos.
Olá Max: Uma mão lava a outra, não é mesmo! O bispo de Buenos Aires em dias de tormento, acaba de fechar um grande negócio. Quem apoia e é apoiado pela igreja não deixara de alimentá-la com aquilo que ela come faz 2000 anos.
Tu vês Max estas corporações, bancos, famílias tradicionais, eles não sabiam o que estavam fazendo. Agora eles se redimiram perante o papa, e tudo vai ser diferente.
E o papa é infalível, a palavra dele é o sopro do divino, é a palavra de deus. Então para todos os fiéis e correlatos falou o papa, só pode ser bom. E o capitalismo inclusivo está na boca até dos Opus Dei, numerosos aqui na cidadezinha.
Mas pensa Max, estes sócios de deus, aquela gangue que fechou o acordo, pode levar uma rasteira . Eles sim, não se deram conta que negociaram com a multinacional mais longeva e poderosa do mundo, o tempo e a paciência ensinam…
E é só dar uma olhadinha nos acordos visíveis e invisíveis da dita corporação. Só para exemplificar, o Vaticano foi sócio e apoiador do Reich, enquanto parecia mesmo que ia durar 1000 anos. Assim que o nazismo começou a perder poder, o sócio mais esperto suspendeu unilateralmente o acordo e ficou com todo o dinheiro que pode arrancar.
Esse pessoal é pós graduado em vigarice, e estes milionários devem estar embevecidos com o golpe de marketing que conseguiram espalhar pelo mundo sem preocupações.
Cuidado, milionários, vocês não sabiam da vida dupla, tripla que o generoso a quem o Max chama de Chico andou tendo aqui no Cono Sul ? Quem viveu viu.
Distribuirão a riqueza dos outros claro está. Sinto pena dos que tem algo guardado, dinheiro suado.
Pois então. O Vaticano atual não tem nem sombra do poder que detinha até a secularização na Europa séculos atrás.
Pelos vistos o sr. Bergoglio é a favor do rendimento básico universal:
https://basicincome.org/news/2020/12/pope-francis-advocates-basic-income-in-new-book/
Sempre achei o rbu uma interessante ideia, desde que a prestação seja atribuída aos cidadãos sem qualquer tipo de conceção por parte dos mesmos, mas agora deparar-me com o CEO do Vaticano a vir à praça fazer força pelo rendimento básico universal o quanto antes, é claramente de desconfiar.
Onde se lê «conceção» leia-se «concessão».