O dono da Amazon, Jeff Bezos, a primeira pessoa no mundo a exceder 100 biliões de Dólares em activos, o homem que luta com Bill Gates pelo título de indivíduo mais rico do planeta, está a pedir ao público doações para dar suporte básico aos seus 800 mil funcionários que estão a sofrer devido à pandemia de COVID-19.
Bezos anunciou:
Estamos a implementar o Fundo de Auxílio Amazon com uma contribuição inicial de 25 milhões de Dólares focada em apoiar os nossos parceiros de serviços de entrega independentes e os seus motoristas, os participantes no Amazon Flex e os funcionários sazonais em dificuldades financeiras durante este período difícil.
O fundo também apoiará funcionários e contratados em todo o mundo que enfrentam dificuldades financeiras devido a desastres naturais ou circunstâncias pessoais imprevistas. Aqueles que se candidatarem podem solicitar uma subvenção de até 5.000 Dólares.
Beth Galetti, vice-presidente dos Recursos Humanos da Amazon:
Nunca estive tão orgulhosa das nossas equipas em todo o mundo. As pessoas apoiam umas às outras, cuidam umas das outras e dos outros enquanto fazem o que fazemos melhor: servir os clientes.
A Amazon criou um fundo de auxílio para os seus funcionários e está a pedir a nós doação. É a mesma Amazon que vale quase um trilião de Dólares. A mesma Amazon que pagou uma taxa federal de imposto de rendimentos negativa em 2018. A mesma Amazon que não pagou um cêntimo de impostos mas que recebeu milhões de Dólares em subsídios do governo.
Um homem que vale mais de 100 biliões de Dólares e ganha uma média de 230.000 Dólares por minuto pede ao público para ajudar os seus empobrecidos empregados. E pede ao público afectado pela consequências do Coronavirus. Bezos não está nas melhores condições para ajudar a sua equipa? Sem esquecer que a Amazon é conhecida por ser uma péssima empregadora. Forçados a desistir das pausas no banheiro, muitos trabalhadores do armazém da empresa são forçados a usar fraldas durante os seus turnos. Outros funcionários relatam trabalho em ambientes inseguros e punições em caso de acidentes. Uma empresa que não proporciona aos seus funcionários acesso regular a água limpa.
Os trabalhadores da Amazon são pobres. Realmente pobres. No Arizona, por exemplo, os próprios dados da empresa sugerem que um em cada três empregados depende de senhas de alimentação para colocar comida na mesa. É o 28º maior empregador do Estado, no entanto ficou em quinto lugar na lista do maior número de funcionários inscritos no Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP). Em todos os Estados Unidos a história é a mesma. Na Pensilvânia, por exemplo, a Amazon é o 19º maior empregadora, mas está em quinto lugar na lista de inscritos na SNAP.
E agora a Amazon, a empresa dirigida pelo homem mais rico, a empresa cujas vendas aumentaram durante a pandemia, está a fazer uma angariação de fundos online. E pede a todos nós que façamos uma doação para apoiar os seus armazéns temporários e os motoristas com contratos “flexíveis”.
A Amazon, no topo do qual há Jeff Bezos, cujas doações muitas vezes lhe trazem consideráveis elogios por parte dos media. A doação de um milhão de Dólares para ajudar no caso do incêndios australianos de Janeiro gerou manchetes que glorificavam a sua generosidade. Mas, um milhão de Dólares equivale a pouco mais de três minutos dos seus rendimentos: e agora pede que a ajudar os seus funcionários seja o público. Será como diz Linsey McGoey, professora de sociologia na Universidade do Essex, Reino Unido, segundo a qual “a filantropia pode e é deliberadamente usada para desviar a atenção das várias formas de exploração económica que estão na raiz da desigualdade global de hoje”?
Enquanto Bezos está a pedir doações, ao mesmo tempo tem um problema: como utilizar asa suas imensas riquezas? Em 2018 ele disse:
A única maneira de eu ver esses recursos financeiros utilizados é converter os meus ganhos da Amazon em viagens espaciais”. Basicamente isso é tudo.
Os seus empregados podem ter outras ideias sobre como Bezos poderia usar a sua fortuna.
Mas é bom ficarmos atentos pois aquele de Bezos pode ser um caso limite mas de certeza não será o único. Após o fim do psicodrama Coronavirus, não serão poucas as grandes empresas privadas que irão chorar para obter dinheiro público. Estão a ver os bancos?
Ipse dixit.
Fonte: Mint Press
Nota: Se mastigam um pouco de inglês ou de espanhol, tomem nota da organização de jornalismo Mint Press.
Olá Max e todos: não sei não, mas acho que, quando a riqueza e o poder chegam a este ponto dos maiores bi, trilionários, esses gajos ainda que quisessem, não seria aconselhável melhorar minimamente o padrão de miséria que garantem àqueles que da empresa dependem, e que seria o padrão ideal de manutenção do limite da subserviência e da sobrevivência para todos os demais, para que eles mantenham seguro seu status quo. Afrouxar o garrote significa dar asas para alguns voarem e arrancar-lhes a maldita cabeça. A máxima riqueza depende irremediavelmente da máxima pobreza. Toda esta palhaçada, todas estas mentiras, todas estas formas de guerra, toda esta tecnologia social, política e econômica são esforços consistentes e constantes que o poder faz funcionar para manter o sistema de pé: máxima riqueza e máxima pobreza. Fissura um e o sistema desmorona.
É mesmo à milionário (bi ou tri), sempre a tentar que sejam os outros a assumir as suas responsabilidades. Se assim não fosse, também milionários não seriam.
Claramente um bem feitor, ao estilo Lex Luthor.
O homem não vale 100 bilhões, isso é o valor da EMPRESA caso fosse vendida agora. Os 230 mil por minuto, isso é também a EMPRESA. Isso inclui rendas, custos operacionais, salários, etc etc etc…