Democracia Directa: um sistema possível?

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Num podcast anterior, Os Cinco Erros da Democracia, vimos quais as falhas do actual sistema democrático na óptica dum diário económico, o italiano Il Sole 24 Ore. Fui espreitar outras publicações, como The Economist, e também aí fala-se de “crise da Democracia”.

Saltitando pela internet, encontrei depois um artigo do Huffington Post acerca da Democracia Directa, algo em que estou particularmente interessado. Vou citar os trechos mais significativos.

O periódico começa com uma observação:

A verdade é que não existe uma versão da democracia directa que, além da instituição do referendo de hoje, seja perfeita. O povo soberano tem o direito e o dever de ser representado. Tudo o resto não é democrático.

Portanto: Democracia não é a liberdade de poder exprimir a nossa vontade com o voto, Democracia é o direito de sermos representados. Interessante. Mas vamos em frente.

Antes de tudo, é um problema do funcionamento da própria democracia. Na sua versão “dura”, a democracia directa substituiria completamente aquela representativa, ou seja, o Parlamento dos representantes eleitos pelo povo. A abolição do Parlamento pode ser fonte de algum prazer, mas o facto é que uma solução tão extrema exigiria um fortalecimento qualitativo e quantitativo paralelo da burocracia ou de uma “casta” (seja dito num sentido não depreciativo) envolvida na implementação da vontade popular.

O que não é verdade de todo. Um dos grandes problemas das modernas Democracias é mesmo este: o excesso de burocracia. Não seria preciso criar burocracia nenhuma, os funcionários estatais existem já, e alguns são muito qualificados. No máximo podemos falar de reorganização da burocracia mas não de criação de mais burocracia.

A versão “soft”, por outro lado, não contempla a abolição da mediação e da representação política. A classe política sobreviveria, mas muito reduzida nas suas funções e provavelmente também nas suas dimensões. Basicamente, esta deveria obedecer ao que as pessoas estabelecem de tempos em tempos com o voto, online ou no papel.

De facto, a sua autonomia única se materializaria na escolha de como implementar a vontade popular. […] No entanto, há também uma diferença que a maioria das pessoas subestima: o Parlamento deixado em pé seria um fantoche, pois não seria mais possível, nem faria sentido, identificar uma linha política, ainda que não vinculativa. Não faria sentido ter uma maioria e uma oposição, talvez nem mesmo um governo, porque todas as principais decisões políticas tipicamente pertencentes a uma maioria parlamentar e a um governo seriam substituídas pela consulta popular.

O horror, meus senhores, o horror. Uma classe política que deveria obedecer aos cidadãos. Conseguem imaginar algo mais perverso? Pior do que Sodoma e Gomorra.

Esta imagem do Parlamento como fantoche nas mãos dos cidadãos ditadores é hilariante. O Huffington Post substitui o termo “instrumento” com aquele de fantoche para exasperar o discurso acerca da Democracia. Mas, na verdade, o Parlamento deve ser o instrumento, ou “fantoche”, dos cidadãos, deve respeitar e seguir sempre as decisões populares. Caso contrário, o Parlamento ganharia autonomia ao ponto de ficar desligado das votações. Os programas apresentados durante as campanhas eleitorais não são um “acessório”, são contractos que os partidos propõem aos cidadãos. E, uma vez aprovados, deveriam ser respeitados, sempre. Pelo que, o Parlamento deveria ser, não apenas em teoria, o instrumento nas mãos dos cidadãos e não naquelas da classe política.

Conclui o sábio Huffington Post:

A verdade é que não há versão da democracia directa que funcione.

“Ámen” podemos acrescentar.

Mas o Huffingotn Post não é o único que levanta dúvidas. As objecções mais frequentes são de que não existe a tecnologia para implementar a Democracia Directa; a visão segundo a qual a Democracia Directa pode funcionar apenas em realidades muito pequenas; ou ainda, a ideia de que os cidadãos não têm a preparação suficiente para tomar decisões complexas, o que levaria a uma situação de caos.

Esta última objecção é defendida também por aqueles que gostam de definir-se como “democráticos” mas que, na verdade, não acham os cidadãos suficientemente inteligentes e preparados para tomar decisões complexas. Esta ideia não é nada mais de que a teoria apresentada nos últimos meses segundo a qual nem todos deveriam votar, porque há cidadãos “ignorantes”, pelo que os eleitores deveriam superar um exame antes de poder exercer os seus direitos democráticos.

Pessoal, temos que ser claros: a palavra Democracia deriva do grego antigo, δημοκρατία (dēmokratía ou “governo do povo”), termo criado a partir de δῆμος (demos ou “povo”) e κράτος (kratos ou “poder”). Ou reconhecemos ao povo, todo o povo, a capacidade de exprimir a sua opinião, ou não podemos ser definidos como “democráticos”. Qualquer outra forma de voto que elimine camadas de cidadãos do processo eleitoral não pode ser definida como “Democracia”, simplesmente é outra coisa.

Agora, todos estes discurso, a começar pelo artigo do Huffington Post, indicam o quê? Indicam claramente que qualquer País onde funcione a Democracia Directa deve ser uma tragédia, um caos no meio do qual é impossível tomar qualquer decisão, dominado pela casta burocrática. Não é difícil imaginar também os níveis de sofrimento do povo, com pobreza generalizada, um economia em pedaços, desemprego astronómico, até violência nas ruas.

É este o caso da Suíça, único País do mundo que aplica a Democracia Directa. Sendo natural de Genova, conheço bem a Suíça que fica a um par de horas de carro da minha cidade. Passei algumas férias na Suíça ou simples fins de semanas e tenho também parentes que residem em Italia e atravessam diariamente a fronteira para ir a trabalhar na Confederação Helvética. E posso confirmar: a Suíça é um horror, há cadáveres nas ruas, crianças que choram por terem perdidos os País por causa da fome, quando um etíope visita a Suíça chora e deixa uns trocos nas caixas da esmola que podem ser encontradas em cada esquina. Ou talvez não.

Já oiço as dúvidas: Mas a Suíça é um País pequenino, aí é simples fazer Democracia Directa”. Lembro que a Suíça tem 8.5 milhões de habitantes, pelo que não ficamos tão longe dos 10 milhões de Portugal. Pelo que, retomo um velho artigo, publicado em 2012, acerca da Democracia Directa.

O referendo, instituído desde 1848, é um meio utilizado com uma espantosa frequência.

Quando possível, todos os referendos e as restantes consultações eleitorais são reunidas num único dia, pelo que na Suíça vota-se quatro vezes por ano (mas podem ser mais em caso de necessidade).

Qualquer cidadão pode recolher 50.000 assinaturas (tempo limite: 100 dias), pedir um referendo (artigo 141 da Constituição) onde conta a maioria simples.
Mais: 100.000 cidadãos podem pedir a revisão total ou parcial da Constituição (artt. 138 e 139).

Outras medidas são obrigatoriamente submetidas à aprovação popular (art. 140).

Ehhh..mas quem sabe qual o custo…

O custo é reduzido, é apenas uma questão de organização. Claro, num País como Portugal, onde cada votação é uma ocasião para encher os partidos com fundos públicos, a despesa é astronómica. Mas os Suíços, que não gostam de deitar o dinheiro fora da janela, actuam de forma diferente: o voto pode ser expresso de forma tradicional, nas urnas, via correio, via internet ou via sms.

Mais: o Parlamento suíço não é formado por políticos de profissão. As Câmaras Federais costumam reunir-se quatro vezes por ano, ao longo de três semanas: isso permite que os políticos trabalhem entre uma sessão e a outra, em vez de parasitar. A ideia de base é que com parlamentares mais próximos da realidade, seja possível ter também uma política mais realística.

Em cada aldeia, vila ou cidade há um Parlamento, onde todos os cidadãos votam e podem apresentar propostas. Apenas nas cidades maiores existem Parlamentos eleitos. Nestas reuniões dos cidadãos são votados todos os aspectos da vida pública, desde a utilização do espaço público até os financiamentos.

O orçamento da administração pública é decidido pelas Câmaras Federais que, em caso de subida das taxas ou impostos, tem que pedir autorização aos cidadãos com um referendo.

A democracia directa existe já e tem um nome: Suíça.
Funciona? Ou será que a Suíça é uma País de pobres desgraçados que vivem no caos e na miséria?

Decida o Leitor:

  • Desde 1515 a Suíça não participa em guerras
  • Desemprego 3,9%
  • Inflação +0,7%
  • O rendimento pró-capita na Suíça é de 63.536 Dólares/ano. Maior do que nos Estados Unidos, Dinamarca, Holanda, Emirados Árabes…
  • Segundo uma investigação do The Economist, entre as primeiras 10 cidades onde melhor é a qualidade de vida, duas (Genebra e Zurique) são suíças. Segundo a investigação Mercer, as cidades são três (Genebra, Zurique e Berna).
  • Crime particularmente baixo: a Suíça encontra-se nos primeiros dez lugares da classificação dos Países menos violentos do planeta.
  • E quanto às medidas impopulares: a proposta dos sindicados para aumentar os dias de férias (de quatro para seis semanas/ano) foi chumbada no passado mês de Março com 66,5 dos votos contrários. Era a terceira vez que a proposta era apresentada e, tal como em 1985 e em 2002, não passou o referendo.

Esta é a democracia directa, sem representantes parasitas.

Além disso é preciso acrescentar o seguinte: os resultados de um referendo federal não implicam a obediência a uma lei referendada por um cantão que tenha votado contra. Por exemplo se um cantão votar contra uma lei e em todos os outros cantões fora aceite, essa lei não entra no cantão que tenha votado efectivamente contra. Pelo que, esta forma de Democracia Directa limita um dos problemas da Democracia, a assim chamada “ditadura da maioria”, na qual todos têm que obedecer às decisões da maioria, mesmo que não estejam de acordo.

Pessoal, a Democracia representativa é apenas uma das formas democráticas possíveis, não a única e nem a mais eficaz. A Democracia representativa é fraca, é um alvo fácil para quem deseje implementar um regime oligárquico, sobretudo numa altura como esta, onde a Democracia representativa deve conviver com um sistema económico particularmente agressivo.

Pessoalmente sinto-me cada vez mais distante das ideias democráticas, cada vez mais vejo a Democracia como “ditadura da maioria”, acho que a solução deve ser algo que tenha em conta alguns princípios da Anarquia, um sistema político este acerca do qual a ignorância é soberana: é suficiente pensar que o termo de “anarquia” é hoje utilizado como sinónimo de “caos”. Curioso, porque “caos” é também a forma como o Huffington Post define a Democracia Directa, pelo que parece que qualquer sistema político diferente da actual Democracia Representativa tem necessariamente que acabar no caso total.

Seja como for: por enquanto estamos a viver em regimes democráticos onde as votações são a entrega dum cheque em branco ao partido político que ganha. Porque sejamos honestos: se o partido vencedor não respeita os pactos, hoje o que podemos fazer? Não vota-lo nas eleições seguintes? Sim, mas entretanto teremos que esperar anos. Mas a coisa pior, aos meus olhos, é que esta Democracia representativa nem é capaz de assegurar o pluralismo das ideias. Hoje, na maioria dos Parlamentos, há apenas partidos que defendem o actual sistema de mercado “livre” no âmbito da Democracia Representativa.

Pergunta: que raio pluralidade é esta?

Para acabar: eis um vídeo dum cara (à brasileira!) que diz coisas interessantis. Não concordo com muitos pontos de vista, no caso da Democracia Direta diz coisas contrárias ao que eu digo, mas o cara raciocina, né?, então vamos ouvindo e vendo e reparem que ele tem outros mídias que a galera pode seguí no canau Youtubi dele (Ideias Radicais).

 

Ipse dixit.

Fontes: Huffington Post, Informação Incorrecta: Os Cinco Erros da Democracia, Da democracia representativa e da alternativa

Múicas: Burt’s Requiem by Alexander Nakarada, https://www.serpentsoundstudios.com, Music promoted by https://www.free-stock-music.com, Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

17 Replies to “Democracia Directa: um sistema possível?”

  1. Um capitão do Uganda a comandar soldados Suíços … não vai acabar bem … Um capitão suíço a comandar soldados do Uganda …pior ainda … Achei o artigo promissor mas um pouco fraco, a teoria de que o modelo da democracia directa vai resolver problemas de governação faz lembrar a tentativa do império americano de exportar a sua “democracia” para todo o planeta como se fosse algo de miraculoso. A razão pela qual o sistema funciona na Suiça é apenas porque os Suíços o escolheram e o aperfeiçoaram, uma planta que cresce nos Alpes é inútil transplanta-la para a Península Ibérica do mesmo modo que transplantar um sobreiro para os Alpes … não resulta.
    Lamento que dos dados apresentados sobre a Suiça não constasse os índices escolares, académicos e culturais , talvez se esses dados fossem aqui revelados se compreendesse mais facilmente que o sistema de governação suíça não deriva de nenhum dos vectores apresentados antes pelo contrario todos os vectores apresentados são uma consequência do nível, escolar, académico e cultural dos Suíços, dai que eu entenda que é inútil discutir modelos de governação sem apostar fortemente na formação escolar, académica, cultural… e humana . Não estou a dizer que a casa não deve ser construída… é uma linda casa… apenas recomendo que não se comece a construir pelo telhado .
    Porém… nada é para sempre, embora seja verdade tudo o que se diz sobre a Suiça , não é menos verdade que os ” Suíços” são uma espécie rara a caminhar para a extinção, conheci a Suiça há 30 anos atrás e conheço hoje e a “multiculturalidade da treta” em que mergulhou são um acidente a espera de acontecer , atingindo o nível estapafúrdio de se querer fazer um referendo para retirar a cruz da bandeira suíça por ser um símbolo das cruzadas e portanto uma ofensa religiosa para os não cristãos… talvez lhe pareça estranho mas sinto-me mais seguro em Portugal que na Suiça. O modelo suíço passou o seu auge e entrou em decadência e na sua tentativa desenfreada de segurar as rédeas adoptou uma politica fiscal de fazer inveja a uma qualquer ditadura em que os imigrantes são forçados a pagar na Suiça COM EFEITOS RETROATIVOS avultados impostos de uma qualquer humilde casa que possuem em Portugal como se uma residência de ferias luxuosa se tratasse …
    Não acredito que os suíços sejam tão felizes como se quer fazer crer no seu artigo, são mais ricos? Sem duvida ! Mas felizes ? Duvido.

    1. Concordo que o modelo suíço, nos moldes implementados, só funciona na Suiça, claro. Porém lhe pergunto: Se o modelo suíço, que é tecnicamente recente, já passou seu auge e está em decadência, o que é de nosso sistema? Estamos abaixo do auge?
      Em minha opinião ao menos os suíços estão a tentar algo, o que em vista do sistema em que vivemos já é algum tipo de vitória.

        1. Bem legal essa informação sobre como funciona a corrupção no sistema deles. Diz bastante sobre o ser humano, não me surpreendeu o fato da lavagem de dinheiro, fato velho já este, me surpreendeu o fato de que mesmo em uma sociedade culturalmente avançada a corrupção se dá tão fácilmente quanto um cargo em uma empresa. Como o ser humano se presta a papéis tão pequenos é o que me impressiona. Achava que era falta de cultura e estudo, agora já sou obrigado a achar que é inerente a nós mesmos. Bom, diante disto não acho mais que o sistema seja tão diferente, só é mais avançado, possivelmente estamos a ver nosso futuro.

  2. P. Lopes!

    Estava para responder, depois li a frase :”sinto-me mais seguro em Portugal que na Suíça”…então nada, ficamos assim que é melhor.

    Tanto para dar um par de boas gargalhadas, podemos comparar Portugal e Suíça nas seguintes tabelas:

    Índice de felicidade: https://en.wikipedia.org/wiki/World_Happiness_Report (dados de 2018)
    Índice da miséria: https://en.wikipedia.org/wiki/Misery_index_(economics)
    Índice de corrupção percebida: https://en.wikipedia.org/wiki/Corruption_Perceptions_Index
    Índice de satisfação na vida: https://en.wikipedia.org/wiki/Satisfaction_with_Life_Index
    Índice de encarcerarão: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_incarceration_rate
    Índice do desemprego: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_unemployment_rate
    Índice de homicídios: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_intentional_homicide_rate_by_decade#2010s
    Índice de esperança de vida: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_life_expectancy
    Índice de censura: https://en.wikipedia.org/wiki/Censorship_by_country

    Como disse, conheço, e bem, a Suíça: não por ter ouvido falar dela mas porque ainda hoje costumo frequenta-la. De Génova são duas horas de carro e o chocolate de lá é algo especial. E bem gostaria que Portugal estivesse em “decadência” como está a Suíça…

    Adios!

  3. Meu caro Max, rir é sempre saudável e suponho que se está a rir comigo e não a rir de mim. Trancrevo : https://jornalggn.com.br/crise/a-suica-lava-mais-branco/

    ” Jean Ziegler, autor do livro A Suíça lava mais branco, de 25 anos atrás. Na época, Ziegler já alertava: “A Suíça é o principal local de lavagem de dinheiro do nosso planeta, o local de reciclagem dos lucros da morte”.
    Agora, com o vazamento de contas secretas do HSBC ele avisa: “É apenas a ponta do iceberg”.
    “Existe uma corrupção institucional na Suíça. Na maioria dos países, o órgão que regula os bancos é uma entidade estatal. Na Suíça, trata-se de uma empresa semi-privada e que é paga pelos bancos. Uma agência que regula bancos bancada pelos bancos. Há ainda um segundo aspecto. A lista de pessoas com contas no HSBC já era de conhecimento das autoridades suíças desde 2012, quando a relação de contas circulou entre os governos. Berna sabia que o dinheiro vinha das drogas colombianas, da máfia, do terrorismo e da lavagem de dinheiro. Mas até hoje nenhum processo foi aberto”. (01/03/2015)

    Permita-me concluir que o exemplo de pais que escolheu para ilustrar o seu modelo favorito de governação é apenas o pior do planeta e arredores a encarnação de todos os demónios que este blog parece querer exorcizar .
    Mas isso ilustra também que quando o dinheiro é muito qualquer modelo de governação serve, note que nada aponto contra o seu modelo de governação sugerido mas insisto…o exemplo não presta.
    Quanto á observação de ser um pais pacifico … Não me lixe ! A Suiça lucrou com TODAS as partes em conflito é um pacifismo mórbido e velhaco .
    Ainda sobre a sua observação que conhece a Suiça, suscita-me dúvidas se conhece como turista para comprar chocolates ou se conhece quem la trabalha e ajudou a construir a Suíça que existe hoje e agora se vê confrontado com ” terrorismo de estado” acho que não necessita que lhe explique o que significa aplicar impostos retroativamente (…)
    Sobre todos os links que me enviou a tentar demonstrar a superioridade do modelo Suiço … pense lá bem … um estado detido pelos bancos permitiria alguma vez que os média falassem mal do seu feudo ? E ainda mais a wikipedia ? Então agora começamos acreditar em tudo o que a wikipedia diz ?

    Meu caro detecto aqui uma grave incoerência no exemplo apresentado só por isso vou ter de lhe retirar um pontinho da sua carta de bloguista … só um … ok ? Juizo!

    1. Acho que os dois estão falando de coisas distintas, acho que um está falando do sistema e o outro sobre o funcionamento interno da sociedade, todos sabemos que em qualquer nação existe o nível do sistema (onde reside o poder, logo as decisões destinadas as massas) e o nível social (onde reside nós o povo, na dita vida real) não confundam os dois níveis como se do mesmo tratasse.

    2. P. Lopes!

      “A Suíça é o principal local de lavagem de dinheiro do nosso planeta, o local de reciclagem dos lucros da morte”.

      Não entendo: para demonstrar que a Democracia Directa não funciona, traz o exemplo de como são geridos os bancos privados? Eu escrevi em algum lado que a Democracia Directa é como uma varinha mágica que trata de todos os males do mundo, que torna boas as pessoas e faz arrepender os ladrões? Não me parece.

      “Permita-me concluir que o exemplo de pais que escolheu para ilustrar o seu modelo favorito de governação é apenas o pior do planeta e arredores a encarnação de todos os demónios que este blog parece querer exorcizar.”

      E conclui isso após ter visto como são geridos o bancos? Melhor que não espreite como são geridos os bancos daqui, vai ficar com pesadelos. Mas ainda não entendo como isso tenha a ver com a Democracia Directa.

      “Quanto á observação de ser um pais pacifico … Não me lixe! A Suiça lucrou com TODAS as partes em conflito é um pacifismo mórbido e velhaco”.

      Ou seja: está a dizer-em que os Suíços lucram com a nossa estupidez. Mais uma prova do facto de ser um País superior. Mas não pacifista (algo que não escrevi): o seu exército tem 140 mil efectivos contra os 44 mil do Português.

      “Ainda sobre a sua observação que conhece a Suiça, suscita-me dúvidas se conhece como turista para comprar chocolates ou se conhece quem la trabalha e ajudou a construir a Suíça que existe hoje e agora se vê confrontado com ”terrorismo de estado” acho que não necessita que lhe explique o que significa aplicar impostos retroativamente (…)”

      Sim, eu de facto tenho esta mania de dizer “conheço aquele País” porque fui lá para comprar uma caixa de chocolate. Vejo que P. Lopes tem uma opinião bastante elevada do blogueiro.

      “Sobre todos os links que me enviou a tentar demonstrar a superioridade do modelo Suiço … pense lá bem … um estado detido pelos bancos permitiria alguma vez que os média falassem mal do seu feudo ? E ainda mais a wikipedia ? Então agora começamos acreditar em tudo o que a wikipedia diz?”

      Exacto, é tudo falso. Só P. Lopes viu a verdadeira Suíça. Doutro lado, eu vou lá só para comprar chocolate, nunca tive ou ainda tenho nenhuma outra ligação com aquele País, o que posso entender?

      “Meu caro detecto aqui uma grave incoerência no exemplo apresentado só por isso vou ter de lhe retirar um pontinho da sua carta de bloguista … só um … ok ? Juizo!”

      Se não tivesse retirado outro ponto teria estranhado dado que não faz outra coisa. Mas concordo, afinal este blog é mesmo uma tanga.

      Adios!

      1. Pronto… lá vamos nós outra vez, meu caro a sua resposta parece-me um pouco magoada, o bloguista é um bom bloguista ok mas um comentador tem direito á sua opinião, nunca tive jeito para coro muito menos um coro que diz ámen a tudo o que o bloguista escreve, não se trata de ser falso ou verdadeiro trata-se de perceções da realidade.
        Bem… desta vez reconsidero e não vou tirar nenhum ponto, fica só uma advertência ….mas para aproxima é a sério. hummm ? Juizo!

        1. P. Lopes!

          Voltei agora dum fim de semana no Alentejo e encontro o quê? O seguinte:

          “meu caro a sua resposta parece-me um pouco magoada” […] “mas um comentador tem direito á sua opinião, nunca tive jeito para coro muito menos um coro que diz ámen a tudo o que o bloguista escreve”.

          E sim, este seu comentário (e não os anteriores) magoou, pelas seguintes razões.

          1. descreve a política do blog por aquilo que nunca foi e que ainda não é: um lugar onde o Leitor não tem “direito à sua opinião” e onde só são feitos “coros” em prol do ego do autor.
          2. passa um atestado de idiotas a todos os outros Leitores, aqueles que, segundo P. Lopes, participam nos coros de exaltação do blogueiro maníaco, coros que dizem “ámen a tudo o que o bloguista escreve”.

          Mentir acerca da política do blog, algo que cuidei ao longo de 10 anos, e descrever este como um lugar onde uma opinião contrária não é permitida, é algo que deixa triste. Se o blog fosse algo assim, então este comentário teria sido apagado, tal como muitos outros comentários ao longo deste tempo todo. Mas não, nem me passa pela cabeça apaga-lo, uma decisão radical que foi tomada apenas raras vezes em Informação Incorrecta. O que, diga-se de passagem, é uma atitude esquisita no blog dum maníaco, não acha P. Lopes?

          Em caso de dúvidas, é só visitar a mole dos comentários contrários ou até insultuosos que nunca pensei apagar e que nunca serão apagados. E acredite, há comentários maus mesmo, até há coisas que eu escrevi e que gostaria não ter escrito, algo que gostaria de apagar. Mas não, faço questão de deixar tudo como está, tudo fica aí tal como foi publicado.

          Da mesma forma, e mesmo para defender a livre participação de qualquer Leitor, não posso admitir que P. Lopes ou qualquer outro comentarista ofenda os colegas Leitores, acusando-os de ser um conjunto de seres sem carácter que se dobram perante as manias de grandeza do blogueiro. P. Lopes, faça o favor de voltar para o seu lugar, que é no meio de todos nós comuns mortais: por aqui não há heróis solitários que se erguem entre a massa fraca e escrava para afrontar o terrível blogueiro tirano.

          Aprendi a apreciar os comentários de P.Lopes, que não poucas vezes obrigam a reflectir (e é este o tal “sal do blog”). Se já não consegue continuar a fazer isso sem dirigir uma ofensa pessoal ao blogueiro, descrevendo-o como uma criatura frustrada perante um comentário que não alimente o enorme ego dele, não se preocupe, prossiga e acredite: não ligo, bem outros são os problemas da vida.

          Mas um mínimo de respeito, aos menos para os outros colegas Leitores e, talvez, para um blog que nada pede, é algo do qual não se pode prescindir, ok?

          Juízo! 🙂

          1. Meu caro, não consigo compreender … tem a certeza que esteve um fim de semana no Alentejo? Alentejo mesmo ? Porque ninguém volta do Alentejo nesse estado de nervos …

            Da expressão ” nunca tive jeito para coro muito menos um coro que diz ámen a tudo o que o bloguista escreve” Falei em abstrato … sem me referir a ninguém e pensando sobre escrever em blogs em abstrato.
            Mais ainda, participar num coro de leitores que concorda com tudo o que o bloguista pensa não é uma ofensa, para lhe dar um exemplo um pouco distante, eu concordo com tudo o que disse Khalil Gibran sem acrescentar uma virgula, e se me acusarem de pertencer a “um coro” que concorda com tudo o que Khalil Gibran disse e pensou sentir-me-ei orgulhoso disso.
            Tudo o que o meu caro disse no seu comentário eu não vou considerar, acusar-me de ” Mentir acerca da política do blog ”
            ” ofenda os colegas Leitores, acusando-os de ser um conjunto de seres sem carácter que se dobram perante as manias de grandeza do blogueiro. ”
            Não me revejo nesses acusações ! No entanto reitero que nunca é minha intenção ofender ninguém.
            Se algum comentador se sentiu ofendido com a minha observação, apresento as minhas desculpas e reitero que não tive qualquer intenção de ofender, bem antes pelo contrário.

            A discussão sobre o modelo de democracia direta e reafirmo que gosto do modelo, é valida , porém muito havia por falar do sistema Suíço … é inconcebível no meu raciocínio que um sistema tão bom tenha sido demonstrado por um exemplo tão mau. E voltando ao assunto que me atormenta, resumo a um teorema de 4 pontos !
            A democracia direta funciona bem na Suíça (1). O sistema de financiamento da Suíça é abundante mas dos mais corruptos e imorais do mundo (2) . De que modo podemos aferir de forma isenta de que o sistema democracia direta funcionaria sem um sistema de financiamento abundante como o da Suíça ? (3)
            É possível dissocial o sistema de financiamento de um pais do seu sistema politico ? (4)

            Quando o dinheiro é muito qualquer forma de governo serve, até uma monarquia e se o financiamento falta até o melhor sistema politico será insuficiente para manter o pais .
            A entrevista que indiquei com o autor do livro ” A Suíça lava mais branco” ajudou-me a aprofundar essas dúvidas, o livro não li… mas vou ler.

            P.S. Se foi em turismo ao Alentejo… peça o dinheiro de volta, o meu caro foi burlado, ninguém volta do Alentejo assim…

            1. Tu parece tão magoado quanto o Max, por que é difícil entender que nem tudo é preto no branco e cada qual vê o mundo sob sua ótica própria? Há de respeitar as opiniões, essa lenga lenga mais parece uma competição e não leva a nada produtivo. Ps. Atacar alguém fazendo uso do “Alentejo, paraíso na terra” demonstra sua infantilidade a respeito de respeitar a opinião alheia.

              1. Pedro…Pedro…Pedro… atacar alguém fazendo uso do Alentejo???… hãããã ? Pedro está muito forte, põe mais tabaco nisso …

                1. Já reparou que quando alguém vai de encontro a tua visão tu só sabe atacar? Sabia que isso não é uma competição e sim um blog de exposição de ideias? Deixe os ataques de lado caro amigo, são improdutivos em nossa esfera. Que a paz de jah seja contigo.

  4. Olá Max: este vídeo de um porta voz alimentado pelo Instituto Mises ( e tu sabes perfeitamente suas posições na defesa do neo liberalismo, e da manutenção do pensamento ingênuo entre milhões de brasileiros). Bom, também não é a moda brasileira porque aqui tem várias modas.
    Vamos para a Suíça . Creio que a história cultural do povo seja bem diferente da nossa, mas não fico nem um pouquinho satisfeita que parte do dinheiro roubado daqui e de outros países do submundo esteja lá nos bancos e nos bancos dos bancos e nenhum grupo da população questione isso. Aquele pessoal deve pensar: viva a anarquia para nós, e fodam se os pobres do mundo.
    Na verdade é daqui que eu falo, e a tua descrição de democracia direta nada mais é que as ideias clássicas dos anarquistas políticos do século XIX, e naturalmente a tentativa de democracia direta, muito bem descrita por ti, é o pilar básico da sua existência. Sempre defendi o funcionamento da anarquia em grupos locais e vocacionados para tal. Sempre considerei o Anarquismo o máximo de perfeição sócio política econômica pensada pelo bicho homem. Mas bem cedo pressenti e vivo com homens e mulheres com formas de ser e viver que se aproximassem dos bichos já seria lucro. Demasiado “civilizados” para anarquia. Então desisti de todas as formas de democracia que conheço em grandes grupos não vocacionados para a solidariedade e o bem comum simplesmente porque vegetam na necessidade de sobreviver no dia a dia , a custa do que for , entre os pobres, e na conveniência dos ricos de enriquecer cada vez mais, haja o que houver.
    E penso no que existe aqui e agora no planetinha que, minimamente se aproxime do bem comum.
    No Brasil cito o Movimento dos Sem terra, que reúne coletividades imensas de gente que sobrevive pobre. e que avança em solidariedade e coletivismo. Vale apenas estudá-lo, suas perdas e suas conquistas ao longo de 20 anos, e não é sem razão que a atual governança luta para criminalizá-lo. Não é o único no gênero. O Movimento dos sem teto em são Paulo sofre os mesmos ataques, só para falar dos mais divulgados.
    Longe daqui procuro saber da Rússia, um país que nos anos 90 foi tão pilhado, e tornou-se tão miserável comparado ao Brasil de hoje. A Rússia ressurgiu como fênix das cinzas, mesmo com oposição ferrenha, e eu vi isto ao vivo e a cores, e os russos parecem estar vivendo razoavelmente bem, apesar de não escolher grande coisa.
    Gostaria imenso que tu, Max, dedicasses um tempo para fenômenos como esses, em plena vigência da globalização da miséria, da declínio do império ainda vigente e do surgimento do novo império chinês. (Dominação em novos moldes, suponho que mais inteligentes)

  5. Não vejo porque o modelo de Democracia Directa não possa ser aplicado noutros países.
    O sistema de governação representativa é muito permeável a influências externas e constitui a classe política como um poder.
    Eu preferia ver a política como um serviço público, real e não retórico, e não como um poder.

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