Netanyahu ganha as eleições

O que podemos aprender com a vitória eleitoral de “Bibi” Netanyahu? Várias coisas.

1. “Bibi” jogou bem. Venceu as eleições levando o seu partido (o Likud) a obter 35 assentos no Parlamento (o Knesset) e “pescando” na confusão dos aliados de direita e dos ultra-nacionalistas os outros 30 assentos que servirão para guiar o País. Pela quinta vez. E as sondagens acertaram, mais ou menos: davam o Likud como vencedor, mas na verdade o partido de Bibi foi além dos 27 assentos previstos.

2. A coligação de Esquerda ruiu. Especialmente os Trabalhistas (a miséria de 6 assentos) e os árabes, que tinham 13 deputados e agora correm o risco de permanecer fora do Knesset. Mau, muito mau mesmo.

3. Os apoios vindos do exterior foram extremamente importantes. Donald Trump tinha jogado a carta de “Jerusalém capital” antes e a seguir foi a vez do reconhecimento do Golan como “território metropolitano de Israel”. Outra ajudinha veio do Egipto onde o Presidente El Sisi convenceu Hamas a ficar quieto: nada do Líbano perturbou a campanha eleitoral. Isso enquanto Arábia Saudita e Monarquias do Golfo realçavam a extraordinária coincidência dos interesses estratégicos com israel. Toda a galáxia sunita junta contra o inimigo iraniano.

4. Putin, pois. Bibi pode agradecer o Presidente russo também. O Kremlin, junto com a Casa Branca, concordou em não alterar os equilíbrios regionais: garantiu o apoio da minoria russa (e da eslava em geral). Também devolveu os restos mortais de um soldado israelita morto no Líbano em 1982. “Bibi” foi em peregrinação a Moscovo alguns dias antes das eleições e valeu.

Este último ponto é o mais surpreendente. Ou talvez não. Seja como for: estamos perante dois líderes que até poucas semanas atrás trocavam ameaças e posicionavam armas no terreno (da Síria). Se o apoio de Trump era óbvio, por qual razão Putin ajudou Bibi?

Mais uma vez: esqueçam os ideais, esqueçam as ideologias. Putin não tem amigos nem inimigos mas apenas interesses. As eleições israelitas foram o pano de fundo dum jogo bem mais amplo onde podemos encontrar elementos sensíveis como o arranjo da Síria e do Médio Oriente em geral, os acordos (e as divisões) sobre as novas rotas energéticas e até uma possível frente comum contra a nova superpotência económica: a China.

A China? Mas não é aliada da Rússia? Sim, é. Mas Putin não quer que a Rússia seja forçosamente o aliado de Pequim. E isso pode ser obtido só se Moscovo tiver um papel estrategicamente activo. Defender o Irão, as futuras rotas energéticas e fazer frente à avançada israelita no Médio Oriente significa ter um papel estrategicamente activo, algo valioso que faz levantar o preço duma aliança com a China.

E no balde podemos enfiar mais algumas coisas. A necessidade de garantir a segurança internacional e equilíbrio ao menor preço possível, a luta contra o terrorismo jihadista; o ambiente, o aquecimento global e a emergência migratória. Muita carne no fogão. Jerusalém vale uma rodada de valsa diplomática. Triste, muito triste. Mas é assim.

No meio de tantos problemas, Bibi ganhou na loteria sem sequer ter comprado o bilhete. Como ser humano é uma lástima, como político ainda pior: mas encontrou-se no lugar certo na hora certa. Claro, a partir de agora terá que pôr de lado a proverbial arrogância e trocar os favores. Há muitos amigos que devem ser recompensados, velhos e novos. É provável que isso irá custar-lhe as próximas eleições. Mas este ó futuro. Para já: abram as asas ao sionista Bibi.

 

Ipse dixit.

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