O Euro de Hitler

Segundo a historiografia oficial, no dia 25 de Março de 1957 nasceu a Comunidade Económica Europeia (CEE) com o Tratado de Roma, fundada por seis Países: Holanda, Bélgica, Alemanha, França, Itália e Luxemburgo.

Posteriormente, os Países que aderirem à CEE tornaram-se vinte e sete.

Outra data importante é 7 de Fevereiro de 1992, quando o Tratado de Maastricht institui a União Económica e Monetária Europeia, abrindo o caminho para a introdução da moeda única e definir os parâmetros económicos (e não só) que cada Estado deve respeitar.

Em 1 de Janeiro de 1993, são eliminadas as barreiras alfandegárias.
O nascimento oficial do Euro remonta a 1 de Janeiro de 1999, quando é introduzido em onze Países (França, Bélgica, Itália, Áustria, Alemanha, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Espanha, Portugal), mas é em 2002, especificamente no dia 3 de Maio de 2002, que o Euro tornou-se a moeda oficial dos Países da União Monetária Europeia.

Sempre segundo a historiografia oficial, quem foram as mentes brilhantes que elaboraram um tal projecto? Os País Fundadores da União: Konrad Adenauer Joseph Bech, Alcide De Gasperi, Jean Monnet, Robert Schuman, Paul-Henri Spaak, Altiero Spinelli (mas não podemos esquecer Jaques Delors e Robert Rothschild, este último autor do esboço do Tratado de Roma; curiosamente, o nome dele é quase sempre omitido…).

Foram estas as primeiras pessoas que imaginaram um continente europeu unificado, sem barreiras comerciais ou de alfandegas, sob uma única moeda, com uma só economia?
A resposta é não.

Em 1942, o Ministro da Economia Nazi, Walter Funk, organizou uma conferência com economistas, políticos e chefes das grandes indústrias. A questão sobre a mesa era: qual uso fazer dos territórios conquistados e daqueles que teriam sido conquistados posteriormente?

Albert Speer, o então Ministro dos Armamentos, sugeriu a necessidade de envolver outras economias europeias. Nascia assim um projeto com um nome inequívoco: Europäische Wirtschaftgesellschaft. Que, traduzido em bom português, significa “Sociedade Económica Europeia”.

Um sistema de trocas comercias, com base no uso de uma moeda única. Segundo Speer, questionado durante os interrogatórios conduzidos pelos Aliados após a guerra, os nazistas julgavam insuficiente a mera exploração das áreas ocupadas:

É melhor levantar as economias individuais e integrá-las num sistema de tarifa única para alcançar uma produção industrial em larga escala.

Sem taxas de alfandega, sem fronteiras, com uma moeda única. Faz lembrar alguma coisa, não é?

Outra teoria da conspiração? Nada disso. As declarações de Speer fazem parte dos documentos oficiais de Nuremberga e a questão foi estudada até por políticos.

É o caso de Boris Johnson, actual prefeito de Londres mas antes jornalista.
Johnson escreveu um longo editorial para juntar o Euro e Adolf Hitler, algo que ainda pode ser lido nas páginas do diário britânico The Telegraph.
Escreve Johnson:

Hoje, para nós, a perspectiva dum revanchismo alemão parece ridícula e as dificuldades de integração europeia parecem muito preocupante. […] Mas dizer que o euro não tem nada a ver com a guerra, ou Hitler, é um absurdo.

Uma frase demasiado forte? Talvez.
Mas a origem dela pode ser encontrada em alguns livros publicados na década anterior. Um dos que fizeram mais sucesso foi o do historiador John Laughland, The Tainted Source (“A Fonte Infectada”), acerca das origens anti-democráticas da ideia europeia. Nele, o historiador tenta demonstrar que o projecto duma Europa unificada não é filho do pensamento liberal, mas da ideologia totalitária. E, longe de representar uma vitória da liberdade, a superação da soberania nacional mina as próprias bases do Estado de Direito.

Doutro lado, não foi Paul-Henri Spaak, um dos Padres Fundadores, a afirmar em Roma, logo após a assinatura do Tratado, “Acho que temos reconstruido o Império Romano sem disparar um único tiro”? De facto, muito democrático não é.

Voltamos ao Nazismo.

A ideia de criar um grande espaço de comércio europeu, do qual a Alemanha era o centro, nem era uma novidade absoluta na conferência de 1942. Uma nota da chancelaria do Reich, em 1940, explica:

Os grandes sucessos da Wehrmacht alemã criaram as bases para a Nova Ordem Económica Europeia sob o domínio alemão. A Alemanha, depois de ter concentrado as suas forças nos últimos anos principalmente no rearmamento militar, seguirá no futuro também o caminho do crescimento económico e do desenvolvimento das suas forças produtivas e um grande crescimento nas condições de vida será a consequência.

Todavia, esta primeira ideia era asimétrica: os membros teriam sido colocados em dois grupos de diferentes importância, um “círculo interno” (composto pela Alemanha, Áustria, os Sudetos, o Protetorado da Boémia e Morávia, Polónia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e Luxemburgo) como Nações racialmente conexas mas também economicamente homogéneas, de modo a poder implementar um único nível de preços, rendimentos e salários; e um “círculo externo” (Suécia, Suíça, Portugal, Itália, Grécia e Espanha – olha, os PIGS! – com mais tarde União Soviética, Turquia e Irão).

Aqui os preços e os salários teriam sido mantidos baixos para incentivar as exportações em direcção do círculo interno (Europa “a duas velocidades”, já ouviram?).

O Marco deveria ter-se tornado a moeda comum e não teria faltado um Banco Central Europeu, com sede em Viena, que na altura já era território alemão.

Hoje a sede fica em Frankfurt.
Que sempre Alemanha é.

Ipse dixit.

Fontes: The Telegraph, Libero, Libre, Wikipedia (várias páginas acerca da história do Euro, versão italiana e inglesa)

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