Bohemian Grove: quem tem medo da coruja?

Diz a omnisciente Wikipedia, que tudo sabe e tudo conta (quando não censurado):

Bohemian Grove é um acampamento de 2.700 acres (1.100 ha), localizado em Bohemian Avenue 20.601, em Monte Rio, na Califórnia, pertencente a um clube privado de homens sediado em San Francisco conhecido como Bohemian Club. Em meados de Julho de cada ano, o acampamento hospeda por três semanas alguns dos homens mais poderosos do mundo.

Desde 1899, atende apenas os membros masculinos do “Bohemian Club”, que são recrutados principalmente da elite política, economica, artistica e da mídia dos Estados Unidos para um retiro de 14 dias.

Em primeiro lugar: “económica” precisa de acento. E também “artística”. Já a gente aqui erra do seu, se depois também os “sagrados textos” dão más indicações…

Mas vamos ao que interessa: o Bohemian Club é uma organização fundada originalmente em 1872, em San Francisco, por um grupo de jornalistas: desde 1899 passou a organizar encontros reservados para as personalidades mais ricas e mais influentes dos Estados Unidos e do mundo.

Encontram-se num resort, o Bohemian Grove, que está no centro de uma área chamada “Sagrada Sonoma”, uma vez habitada pela tribo dos Pomo (adoradores da “Estrada da Morte”, um caminho sagrado feito de ritos de adivinhação e cremação).

Antes começamos com o ver quem são (e quem foram também) os membros desta organização; depois vamos ver o que fazem.

Quem são?

Eis algusn dos membros, passados e actuais, do Bohemian Grove. A lista original é muito mais comprida e pode ser encontrada neste link:

  • Martin Anderson (nascido em 1936), economista, um dos conselheiro do Presidente Ronald Reagan.
  • Stephen Davison Bechtel (1900 – 1989), filho do fundador da Bechtel Corporation (a 5ª empresa privada dos EUA) e presidente da mesma empresa.
  • Ambrose Gwinnett Bierce (1842 – 1914) um dos maiores escritores americanos.
  • Charles R. Blyth (1883 – 1959), fundador do Blyth, Witter & Co., o primeiro banco de investimento dos EUA ocidentais, depois Blyth, Eastman Dillon & Co..
  • George Herbert Walker Bush (1924), 41º Presidente dos EUA
  • Warren Minor Christopher (1925 – 2011), 63º Secretário de Estado com Bill Clinton
  • Alden Winship “Tom” Clausen (1923 – 2013) Presidente do Banco Mundial entre 1981 e 1986, Presidente do Bank of America em 1970 e 1986.
  • George Creel (1876 – 1953), chefe da United States Committee on Public Information, a organização de propaganda do Presidente Woodrow Wilson durante a Primeira Guerra Mundial.
  • William Henry Draper III (1928), especulador financeiro.
  • Leonard Kimball Firestone (1907 – 1996), embaixador na Bélgica, chefe da campanha política de Nelson Rockefeller em1964, Presidente da Richard M. Nixon Foundation.
  • Lawrence Simon “Larry” Gelbart (1928 – 2009), mas conhecido para ser o produtor da série televisiva M*A*S*H.
  • David Richmond Gergen (1942), comentador político e ex conselheiro com as administrações dos Presidentes Richard Nixon, Gerald Ford, Ronald Reagan, and Bill Clinton.
  • Herbert Clark Hoover (1874 – 1964), 31º Presidente dos EUA
  • Bobby Ray Inman (1931), almirante e parte da agência de intelligence dos EUA.
  • Henry Alfred Kissinger (1923), dispensa apresentações.
  • Ernest Orlando Lawrence (1901 – 1958), cientista nuclear, Prémio Nobel da Física em 1939, envolvido no Projecto Manhattan
  • John F. Lehman, Jr. (1942), banqueiro, ex-Secretário da Marinha com a administração do Presidente Reagan, membro da Comissão 9/11 e promotor do Project for the New American Century (“Projecto para um Novo Século Americano”). Conselheiro dos candidatos presidenciais John McCain em 2008 em e Mitt Romney em 2012.
  • John Griffith “Jack” London (1876 – 1916), o escritor Jack London.
  • Major General Sir Stewart Graham Menzies (1890 – 1968), chefe do MI6 (o serviço secreto britânico) durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Henry Sturgis Morgan (1900 – 1982), banqueiro, fundador da Morgan Stanley, hoje JP Morgan.
  • Sean Charles O’Keefe1956), ex-administrador da Nasa, da Dupont agora chefe da agência aeroespacial EADS North America,
  • David Packard (1912 –  1996), co-fundador da Hewlett-Packard e ex-Secretário da Defesa.
  • William A. “Pat” Patterson (1899 — 1980), Presidente da United Airlines entre 1934 e 1966.
  • Edwin Wendell Pauley, Sr. (1903 – 1981), político e homem de negócio, muitas vezes partner da Zapata Corporation de George H. W. Bush, fundador da Pauley Petroleum com Howard Hughes.
  • Rudolph Arvid Peterson (1904 – 2003), Presidente do Bank of America.
  • Ronald Wilson Reagan (1911 – 2004), 40º Presidente dos EUA.
  • Theodore “T.R.” Roosevelt, Jr. (1858 – 1919), 26º Presidente dos EUA.
  • George Pratt Shultz (1920), economista, ex-Secretário do Trabalho, do Tesouro e Secretário de Estado entre 1982 e 1989.
  • Samuel Langhorne Clemens (1835 – 1910), melhor conhecido como Mark Twain.

Nada mal.
Há também vozes de participações por parte de Alan Greenspan, David Rockefeller, Rupert Murdoch, Al Gore, Bill Clinton, Tony Blair, John Fitzgerald Kennedy. É provável que tenham sido presentes enquanto convidados, mas nunca forma membros do Bohemian Grove. Única excepção foi John Fitzgerald Kennedy, que todavia cedo abdicou do papel.

O que fazem?

Historicamente, Bohemian Grove é famoso por causa duma reunião em 1942, em que foi planeado o Manhattan Project, ou seja, a construção da bomba atómica, que mais tarde foi utilizada em Hiroshima e Nagasaki. Na reunião em questão (conforme relatado pela Wikipedia versão inglesa), participaram cientistas como Robert Oppenheimer e Ernest Lawrence (este ultimo também membro, como vimos) com diversas autoridades militares e representantes da Standard Oil e da General Electric.

E hoje?
Todos os anos é organizada uma reunião de Verão, com centenas de participantes (todos exclusivamente ricos e poderosos ), nas quais há conferências, espectáculos e rituais de ocultismo.

Em 2000, Alex Jones (de Infowars) conseguiu ter um infiltrado nas cerimónias do Bohemian Grove e o resultado é bastante triste: o que é possível ver, é um grande palco onde actuam pessoas com túnicas, há espectadores perto dum lago e não falta uma banda sonora. Grande final com fogos de artifício.

Tudo muito patético, a impressão é de encontrar-se no meio dum b-movie dos anos ’60. Se no meio do vídeo tivesse aparecido um disco voador, daqueles prateados e suspensos por fios, nem teria ficado surpreendido:

 
Desiludidos? Não viram os fogos de artifícios e nem ouviram a música? Pois, estão na segunda parte. Mas tudo bem: para que nade falte aos Leitores, eis o seguido. 
 

Pronto, agora viram os fogos de artifício, satisfeitos? Podemos ir em frente.

Em boa verdade, Alex Jones nem foi o primeiro a “revelar” Bohemian Grove. Já em 1974 um livro tinha falado do assunto enquanto em 1981 a rede americana ABC dedicou ao Bohemian Grove esta reportagem:

Ao longo da “festa”, é possível observar um ídolo, bastante alto (uma dezena de metros), que domina o fundo da cena. Quem e? É Moloch, que aparece som a forma duma coruja.

Moloch era uma divindade cananéia muito importante também pelos Fenícios e outros povos da Antiguidade.

Conforme relatado pela Wikipedia:

Moloch ou Moloque, [sim, já agora porque não “Moleque”? ndt] é o nome do deus ao qual os Amonitas, uma etnia de Canaã sacrificavam os seus recém-nascidos, jogando-os em uma fogueira. Também é o nome de um demónio na tradição cristã e cabalística.

Moloch era, ao mesmo tempo, um fogo purificador, destruidor e
consumidor. A aparência de Moloque era de corpo humano com a cabeça de
boi ou de leão, no seu ventre havia uma cavidade em que o fogo era aceso
para os sacrifícios.

Fontes como O Livro de Enoch ou os manuscritos não bíblicos de Qumran falam de Moloch qual chefe duma raça de anjos decaídos, conhecido como Vigilantes. Em qualquer caso, estamos perante uma divindade negativa, do âmbito satânico.

E o ritual mais importante do Bohemian Grove é conhecido como The Cremation of Care (“A Cremação da Cura”), que desenvolve-se desta forma: um cortejo fúnebre com tochas, homens vestidos de vermelho e um caixão no cujo interior está um esqueleto preto, vestido de mulher, que representa o Care.

Jones e outros pesquisadores também argumentam que nos vários rituais (nos sacrifícios para Moloch) praticados pelos membros do Bohemian Grove também são utilizadas crianças reais, e não apenas “bonecos”, como é afirmado oficialmente.

Então?

Então aqui paramos e deixamos que o Leitor escolha a explicação que preferir. Satanismo, Nova Ordem Mundial, Maçonaria… pessoalmente não apoio nenhuma delas.

Continuo a pensar, como já afirmado no passado, que somos governados por pessoas com sérios problemas. E o Bohemian Grove é mais uma prova nesta direcção.

Gostaria também de realçar uma explicação muito menos “espiritual” mas em por isso menos interessante. Segundo “vozes”, Bohemian Grove é uma arma utilizada pela CIA: ao longo da “festa” de Verão, no local são convidadas prostitutas e homossexuais também, que normalmente não poderiam entrar (uma entrada ultrapassa os 130.000 Dólares), mas cuja função é entreter os intervenientes. A seguir, fotografias e vídeos ficam com a Central Intelligence Agency, que bem podem utiliza-los quando for precisos para pressionar determinadas personalidades.

É provável que Bohemian Grove seja também isso, mas não só.

É sobretudo um ponto de encontro, tal como o Bilderberg, mas com uma direcção diferente: ao observar a lista completa dos membros não se pode não sublinhar como muitos destes pertençam ao mundo das artes. Pintores, escultores, actores, etc., todos ao lado de políticos, economistas e alguns cientistas.

Se o Bilderberg é de natureza económica, Bohemian Groveé mais abrangente e, suponho, tenta coordenar os esforços da elite (isso é, das pessoas mais ricas e poderosas do planeta) numa única direcção.

O satanismo, a procissão, os fogos de artifícios, as corujas…são todos chamarizes, bons para gatekeepers como Alex Jones.

Ipse dixit.

Fontes: Wikipedia (versão portuguesa, versão inglesa), Giacinto Butindaro: La Massoneria Smascherata

3 Replies to “Bohemian Grove: quem tem medo da coruja?”

  1. Moloch era adorado pelos antigos pagãos e está ligado aos famosos assassínios de crianças, e precisamente pela cremação. Na Bíblia está escrito para não fazer passar os filhos pelos fogos de Moloch.

  2. Sempre existiram cultos dedicados á elevação humana e cultos dedicados á degradação humana.
    Ninguém se poderá admirar que esta humanidade esteja nas mãos de sujeitos tenebrosos.

    Desconheço se esses infelizes a que se refere o artigo têm algo a ver com esses cultos "invertidos" … Nem me interessa, na verdade…

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