Nigéria: a vida dum criança em 12 Dólares

O Presidente da Nigéria pediu a ajuda dos Estados Unidos para encontrar as 223 raparigas raptadas
em Fevereiro numa escola de Chibok pelo grupo islamista Boko Haram.

Por toda a Nigéria têm-se realizado manifestações contra os islamistas, além de surgirem muitas críticas ao Governo, que se tem mostrado incapaz para travar o grupo.

Diz o Presidente, Goodluck Jonathan:

Prometemos a estas jovens raparigas que, estejam onde estiverem, serão encontradas.

Há poucas dúvidas acerca dos autores do rapto: foi o mesmo Boko Haram que reivindicou o acto.
Diz o líder do grupo, Abubakar Shekau.

Eu raptei suas as raparigas. Com a permissão de Allah, vou vendê-las no mercado, Allah é grande.

Allah será grande, mas o Alcorão não diz de raptar menores para vende-los no mercado. 
Mas afinal quem é este Boko Haram?

Boko Haram e a Terra plana

Ustaz Mohammed Yusuf

Boko Haram é uma expressão da cidade de Maiduguri, no Nordeste da Nigéria, e significa “A educação ocidental é sacriléga”. Foi este o sobrenome dado ao Grupo da Gente da Sunna para a Propaganda Religiosa e a Jihad (em árabe: جماعة اهل السنة للدعوة والجهاد, Jamāʿat Ahl al-Sunna li-daʿwa wa l-Jihād), organização terrorista fundada em 2001 por Ustaz Mohammed Yusuf.

Inútil acrescentar que se trata dum grupo com inspiração islâmica de tipo radical, que tem como objectivo a abolição das instituições civis e a implementação da sharīʿa no País.

Antes de 2009 o grupo não tinha grande relevância, mas as coisas mudaram com as violências religiosas daquele ano, que provocaram a morte de mais de 1.500 pessoas.

Ustaz Mohammed Yusuf morreu no mesmo ano, substituído por Abubakar Shekau, mas não antes de ter deixado algumas pérolas de sabedoria: a Terra não é esférica, Charles Darwin estava errado, a chuva  não nasce da água evaporada pelo calor do Sol. E Yusuf era diplomado…

As autoridades nigerianas pensavam que Shekau tivesse morrido após um combate, sempre em 2009, mas um vídeo em 210 e o último, no qual reivindica o rapto, não deixam margem para dúvida.

12 Dólares  

Goodluck Johnatan

Mas como é suportado economicamente o grupo?

Aqui entramos no campo das hipóteses, como sempre quando o assunto for o financiamento do terrorismo internacional.

Oficialmente, o grupo pratica o roubo dos bancos; tem doações locais, como aquelas dos governadores do Estado nigeriano de Kano e do Estado de Bauchi; depois recebeu dinheiro de Al-Qaida (não podia ter faltado esta).

A propósito: no passado mês de Março, houve a interceptação duma conversa telefónica acerca da utilização da Turkish Airlines para entregar armas ao grupo Boko Haram, numa operação dirigida pela National Intelligence Organization, os serviços secretos da Turquia, e conhecida pelo Chefe do Primeiro-Ministro turco, Mustafa Varank. Como explica o artigo da BBC Turquia (link abaixo), a gravação do telefonema foi rapidamente retirada da circulação.

Mais uma vez, isso dá para entender qual a origem de determinados grupos “terroristas” e, sobretudo, que tem conveniência na existência deles.

Abubakar Shekau

Por enquanto, sabe-se que algumas das raparigas foram levadas para além das fronteiras da Nigéria, para os Camarões e o Chade. Os pais angustiados em Chibok perderam a
confiança no governo e nos militares, e imploram por uma ajuda
internacional.

No Domingo, cerca de 100 manifestantes reuniram-se na frente ao Alto Comissariado da Nigéria em Londres, gritando: “Traga-as de volta!” e “Não estão à venda!”. Houve também manifestações em Los Angeles.

As organizações humanitárias avisam que as jovens pode ser forçadas a casar-se com os extremistas ou com indivíduos de outros grupos: afinal, uma rapariga que atravesse a fronteira com o Chade ou os Camarões não vale mais de que 12 Dólares.

Nos Estados Unidos, o Secretário de Estado John Kerry prometeu fazer o que estiver ao seu alcance para ajudar a encontra-las.

Ipse dixit.

Fontes: BBC, CNN, Al-Jazeera, Público, BBC Turquia

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