Suicídios – 2

Karl Slym, 51 anos, decidiu suicidar-se duma forma um pouco estranha.

Encontrava-se num quarto do Hotel Shangri-La, em Bangkok, com a sua esposa. No quarto uma janela, muito pequena, ao ponto que teve de fazer um esforço considerável para passar. Mas conseguiu e acabou para parar só 22 andares mais em baixo.

O tenente-coronel Somyot Boonnakaew, da polícia:

Não encontrámos qualquer sinal de luta. A janela estava aberta. A janela era muito pequena, assim não é possível um acidente. Teve que enfiar-se através da janela pois era um homem grande. Pela minha investigação inicial pensamos tenha sido suicídio. 

No quarto, também uma carta de três páginas de despedida, logo enviada para a análise.
A esposa demasiado “chocada ” para responder às perguntas dos investigadores.

O que há de esquisito nesta morte? Aparentemente nada, a não ser que Slym, Director Geral da Tata Motors (Índia), decidiu suicidar-se poucos dias antes do lançamento do carro que promete revolucionar o mercado.

Tata e o ar

O veículo em questão é fruto do trabalho de Guy Negré, engenheiro ex-membro de uma equipa de Fórmula 1: o sistema chama-se MDI e utiliza ar comprimido para empurrar os pistões do motor e mover o carro. E o nome do novo modelo da Tata é Cat Mini.

Trata-se dum veículo simples, urbano, muito leve, com um chassis tubular, um corpo de fibra de vidro colado e não soldado. Um microprocessador é utilizado para controlar todas as funções electrónicas do carro. Um pequeno transmissor de rádio os comandos para as luzes, indicadores de direcção e todos os outros equipamentos eléctricos (que na verdade não são muitos).

O Cat Mini emite ar limpo, a uma temperatura entre 0 e 15 graus abaixo de zero, pelo que pode ser reutilizado para arrefecer o habitáculo, evitando assim o gás do ar condicionado e as relativas perdas energéticas.

Não há chaves, apenas um cartão de acesso, do tamanho dum cartão de crédito. Segundo os técnicos, o consumo é inferior a 50 Rúpias (€ 1 = 69 Rúpias) por cada 100 km: um décimo do custo de um carro a gasolina.

Outra mais valia é a autonomia, cerca de duas vezes a do carro eléctrico mais avançado, um factor que torna o Cat Mini a escolha ideal para o trânsito urbano. O carro tem uma velocidade máxima de 105 km/h e a autonomia situa-se na casa dos 300 quilómetros.

Para encher o depósito é necessário um compressores de ar adequado, enquanto o tempo de recarga é de dois ou três minutos. É também possível reabastecer em casa, mas neste caso o tempo aumenta até as 4 horas.

Dado que não há um processo de combustão, o motor pode utilizar óleo vegetal e o consumo é de cerca 1 litro por cada 50.000 km. Muito reduzida é a manutenção, devido à simplicidade do projecto.

Falta apenas um pormenor: o custo do veículo.
A Tata prevê vender o Cat Mini a partir das 365.757 Rúpias, cerca de 8.177 Dólares (5.225 Euros).

Não admira, portanto, que os Directores Gerais voem pelas janelas fora…

A seguir, uma reportagem do Discovery Channel que testou um dos protótipos (o vídeo já tem mais de dois anos), com entrevista ao engenheiro Negré:

Parte 1

Parte 2 

Ipse dixit.

Relacionados: O automóvel e o ar comprimido

Fontes: Le Monde, Syndicat CGT Inergy Groupe Plastic Omnium, Libération, Youtube Canal Tecnoandrelz

4 Replies to “Suicídios – 2”

  1. Há um ponto importante a referir sobre os carros a ar comprimido. É que eles tem um perigo: a explosão causada pelo ar comprimido pode ser bastante mais prejudicial do que uma por combustível. Um acidente pode desdobrar-se exponencialmente numa série de coisas desastrosas…

  2. Pior seria se houve carros movidos a gás, uma explosão de uma bilha de gás pode destruir um edificio de varios andares…..ahhh, pera…já há carros a gás GPL…e nada acontece devido a terem sido implementadas medidas e dispostivos de segurança para que isso se evite.

  3. fyPara comprimir o ar, será necessário um compressor que necessita de combustível para comprimir o ar.

    Não nego a possibilidade de esse tipo de motor ser um engenhoso meio de contornar a fragilidade das baterias do carro eléctrico.

    Mas alternativas realmente eficazes ao petróleo e nuclear, nunca poderiam vingar, num mundo em que o petróleo e o petrodolar, e toda a indústria energética, são as bases de quem beneficia do status-quo.

    Imagine-se, que alguém, (ou alguns), possui grandes interesses na industria petróleo, empresas fornecedoras de energia (como a nossa EDP) etc… no valor de muitos bilhões.

    Agora imagine-se também que algum cientista ou inventor mais atrevido, descobre como fazer um dispositivo que produza energia, quase sem custos e facilmente disponível para qualquer casa, veículo, fábrica etc. pelo preço de um vulgar electrodoméstico.

    O resto da história não será difícil de prever.

    Vender a patente para ser discretamente esquecida ou … ser suicidado.

    Dispositivos destes existem faz muito tempo, divulgá-los seria pura perda de tempo, a indústria de desinformação pública e consequente descrédito científico, é demasiado eficaz para quem se atreva a tal tarefa.

    Queimar petróleo e encher o planeta de radiações é obviamente, uma fonte de rendimentos demasiado preciosa para os que dominam o mundo.

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