Insólito: Matrix, o nosso universo – Parte 2

A ideia de vivermos numa espécie de Matrix fascina não apenas os seguidores de ficção científica mas também os cientistas. Esta, aliás, é uma das áreas que regista contínuos desenvolvimentos.

Yoshifumi Hyakutake, da Universidade de Ibaraki (Japão) e os seus colegas parecem ter desenvolvido um modelo matemático que representa um argumento convincente na teoria do Universo holográfico: tudo o que vemos, incluindo este artigo e o computador que o Leitor utiliza para lê-lo, pode não passar dum projecção.

Hyakutake partiu duma ideia ‘estranha’, concebida em 1997 pelo físico teórico Juan Maldacena (Instituto de Estudos Avançados de Princeton, New Jersey, EUA), que propôs um modelo de Universo baseado na Teoria das Cordas.


Esta é uma teoria muito complexa que, todavia, podemos resumir da seguinte forma: na base do Universo formato por 10 dimensões (9 físicas e 1 temporal) existem cordas, cujas vibrações provocam o surgimento de coisas bem interessantes, entre as quais a força de gravidade. Este Universo das Cordas seria a projecção holográfica de um cosmos mais simples, com menos dimensões e sem gravidade.

FAQ’s Cordas
  • Onde ficam estas Cordas? Em lado nenhum. Ou em qualquer lado. Não temos que pensar em verdadeiras “cordas”, mas em estruturas que constituem as fundamentas do nosso Universo.
  • Podemos ver as Cordas? Não.
  • As Cordas são feitas de quê? Boh?
  • As Cordas são abertas ou fechadas? Boa pergunta. Se o Leitor encontrar a resposta, provavelmente irá ganhar um Nobel.
  • Quantas dimensões têm as Cordas? E com esta resposta os Nobeis já seriam dois.
  • Quantos são longas estas Cordas? Pouco. Falamos aqui dos elementos básicos do Universo:  mais pequenos do que um átomo, mais pequenos dum electrão, mais pequenos dos Quarks.
  • Quanto espessas são estas Cordas? Pessoal, eu sou blogueiro, não cientista, tá bom?

Cordas, Buracos Negros, Gravidade…

Explica o professor de física matemática Kostas Skenderis, da Universidade de Southampton:

A ideia é semelhante ao dos normais hologramas, onde a imagem é codificada em três dimensões numa superfície bidimensional, tal como os hologramas estampados nos cartões de crédito. O Universo inteiro é codificado da mesma forma.

A Teoria das Cordas, apesar de ainda não ter sido demonstrada,  entusiasma os cientistas porque oferece um sólido modelo que resolve as inconsistências entre a física quântica e a teoria da gravidade de Einstein.

Na verdade, a Teoria das Cordas pode ser vista como a Pedra de Rosetta dos físicos, algo que permite traduzir as duas “línguas” das duas teorias.

Como uma verdadeira demonstração ainda não tinha sido encontrada, Yoshifumi Hyakutake e os seus colegas começaram a desenvolver um rigoroso modelo matemático e em dois artigos publicados no ArXiv, os físicos japoneses forneceram uma prova convincente de que as ideias de Maldacena afinal podem estar correctas.

Os pesquisadores realizaram dois cálculos separados e, em seguida, fizeram uma comparação.
O primeiro cálculo partiu da evidência do que acontece num buraco negro, onde todos os objectos que caem no interior nunca poderiam estarem fisicamente contidos no buraco: na verdade, são “memorizados” como fragmentos de dados, com a particularidade de que cada fragmento contém toda a informação. Algo parecido com o que se passa num holograma.

Hyakutake calculou a energia interna de um buraco negro, a localização do seu horizonte dos eventos (a fronteira entre o “buraco negro” e o resto do universo), a entropia e os efeitos das chamadas partículas virtuais que aparecem e desaparecem continuamente a partir do espaço-tempo. Um cálculo simples, que cada um de nós pode fazer no intervalo dum jogo de futebol.

O segundo cálculo foi realizado pelos colegas de Hyakutake, para calcular a energia interna do Universo “inferior”, aquele com menos dimensões e sem gravidade.

Para surpresa dos pesquisadores, os dois cálculos coincidem. Num sentido mais amplo, a teoria sugere que a totalidade do Universo pode ser vista como uma estrutura bidimensional projectada num horizonte cosmológico tridimensional. Ou seja, o nosso universo 3D é uma projecção dum mais simples universo 2D.

Atenção: muitas páginas internet que tratam do assunto “Matrix” falam da nossa realidade como duma “ilusão”, mas neste caso falamos duma “projecção”. A diferença é notável: nós não vivemos numa “ilusão” em 3 dimensões, mas numa “projecção” onde as 3 dimensões existem e são bem reais. Tentem fechar os dedos no meio duma porta dum carro em 3D: dói ou é apenas uma ilusão de dor?

É o nosso Universo (aquele no qual vivemos) que não passa da projecção duma Universo mais simples.

“Parece ser um cálculo correto” diz o professor Maldacena, pai do modelo teórico, que acrescenta que a evidência numérica de que dois mundos aparentemente díspares são idênticos fornece a esperança de que as propriedades gravitacionais do nosso Universo serão um dia explicadas pela teoria quântica:

Os resultados são uma forma interessante de testar muitas ideias sobre a gravidade quântica e a Teoria das Cordas.

O Universo parece um lugar bem diferente daquele que costumamos imaginar.
Talvez muito mais simples: será que no Universo 2D a porta do carro ainda dói?

Ipse dixit.

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14 Replies to “Insólito: Matrix, o nosso universo – Parte 2”

  1. No teu próprio texto Max: É o nosso Universo (aquele no qual vivemos) que não passa da projecção duma Universo mais simples.

    Essa projeção (PTBR…) somos nós mesmos, nossa psique distorcida pela sociedade e distante de um eros. Ou para embolar um pouco mais o meio de campo, já diziam o Moebius e o Jodorowsky sobre um tal de exterior interno.

  2. Respostas "PINDERICAS" " de Pindar" às questões… Prepara o NOBEL S.f.f.

    FAQ's Cordas

    P : Onde ficam estas Cordas?
    R : Em todo o lado!

    P : Podemos ver as Cordas?
    R : Sim

    P : As Cordas são feitas de quê?
    R : De "magnetismo"

    P : As Cordas são abertas ou fechadas?
    R : Esta é para o Nobel… São "entrelaçadas".

    P : Quantas dimensões têm as Cordas? Num plano 2D… 3 Vectores… X,Y e Z…

    P : Quantos são longas estas Cordas?
    R :(Pouco. Falamos aqui dos elementos básicos do Universo ) mais pequenos do que um átomo, mais pequenos dum electrão, mais pequenos dos Quarks.

    P: Quanto espessas são estas Cordas?
    R : Da grossura necessária para mantêr a ligação…

    ……………………………..

    Sabes, não é nada novo, é apenas uma interpretação do "As above so bellow "… E nem sequer é inventado, é copiado da teoria da formação dosd elementos complexos, em que as cordas são a representação das pontes de hidrogénio. (As Ligações de Hidrogênio também existem dentro de uma mesma molécula, como nas proteínas e nos ácidos nucleicos. Em ambos os casos elas são importantes na manutenção da estrutura da macromolécula. )
    Nada de novo portanto… Quero o meu Nobel!
    Agora essa das "dimensões" nem vou entrar… Fico-me pela explicação do que são "Dimensões" e não são "Ficção Cientifica" e não dá para viajar no TEMPO ( por sinal uma invenção Humana… O tempo )…
    X, Y e Z… Estou certo que istio explica o "ESPELGHO HOLOGRAFICO"… RIDICULO na minha humilde opinião… Abraço Max!

  3. Jodorowsky usou informação deste tipo para fazer uma das bandas desenhadas mais distorcidas de sempre: "A casta dos metabarões".
    Nem sei como é que teve acesso a conceitos desses…deve ter sido a fumar Hayahuasca como o David Icke. O próprio Jodorowsky disse que esteve para fazer nos anos 60 um filme do Dune cujo objetivo era transmitir ao espetador as mesmas ilusões que teria se tomasse LSD. Muito cuidado com informação conseguida dessa maneira…

    Quanto a um pedaço conter a informação do todo, é como o ADN.
    Além de que a fratalidade está presente em tudo, ou seja. É, por exemplo, a partir da informação presente num pequeno organismo vivo que todo o ser vivo se forma.

    E querem ver que a saga Matrix não passou de mais programação preditiva?

  4. Para completar o ultimo comentário :

    – " Alejandro Jodorowsky nasceu em Iquique, Chile em 7 de Fevereiro de 1929. Em 1939, mudou-se para Santiago para estudar na universidade. Nessa época já trabalhava como palhaço de circo e artista de marionetes. "

    Está quase tudo dito, palhaço, marionetes… CIRCO!
    Estes gajos adoram ir buscar conceitos "cientificos" para os distorcerem da falta de compreensão… 😉

  5. E depois são "Canalizadôres"… Não é de METAFISICA não, é mesmo do cano…
    "Entrei de gaiato no navio, hei, entrei, entrei, entrei pelo cano! "

  6. Boa anónimo!

    Esta serve de adenda ao post anterir deste anonimo :
    " Alejandro Jodorowsky nasceu em Iquique, Chile em 7 de Fevereiro de 1929. Em 1939, mudou-se para Santiago para estudar na universidade. Nessa época já trabalhava como palhaço de circo e artista de marionetes. " …

    Está claro?! Ou é preciso cavar mais fundo?!
    Estes "Entertainers" são pessoas que apanham 1/10 e canalizam 9/10… Mas não é "Metafisicamente", é TECNICAS DE CANALIZADÔR ( do cano mesmo… )
    Este "pseudo-entendimento" do Quantico tem dado pano para mangas para CANALIZADORES, mas que ficam à primeira curva em "U" do cano…
    " O TAO DA FISICA " dá uma ideia, mas só mesmo quem tem conhecimentos "FISICOS" e "Quimicos" pode tentar compreender na totalidade, o que os "CIENTISTAS CIRCENCES" estão a tentar fazêr… É bonito sim Sr. para estes "Entertainers", mas se tivermos em conta que os "CIENTISTAS" não provam nada…! 🙂

    Ou os ""psicomagos"…
    Eu nem ligo a essas coisas, só mesmo quem não sabe justificar o que diz, é que arranja desculpas descabidas para a incompreensão do que expressa… 😉
    E percebe-se logo quem é quem… 🙂

  7. Na verdade os conceitos intelectuais não passam nada mais do isso. Apenas conceitos e imagens. Quem os vivifica e transforma em algo (de preferência) bom somos nós os seres humanos.

    A propósito, todo aquele que está só atrás de poder sempre vai acabar por pré-julgar os outros. Né não anônimo logo aí de cima?

    Rodrigo

  8. Então caro anónimo pretendente a nobel, x y z isso é 2d quando muito esteroescopia, aí o raciocinio tem que ser em 3d puro, só com esses 3 factores não dá! O raciocínio está interessante, mas faltam vários factores e factos e dimensões, a que dar tempo ao tempo. Essa do tempo está boa (e dava para 1001 conversas).Inclusive um ser que o queria medir e ficou sem tempo para nada, mas isso é outra história. Essa ultima pois,
    Nuno-f.

  9. Daqui ha alguns anos vão ter que jogar no lixo essa tal de teoria quântica, bem como a teoria de particulas. Essa tal de matemática ADAPTADA para explicar a física é que estraga tudo, é como um andaime construido ao redor do prédio para explicar a estrutura do prédio, explica, mas não explica.

  10. Pois é JJ, pensei que só eu tinha sentido isso…atribui à minha dificuldade de compreensão…acho que é muito para os meus atordoados neurônios. Abraços

  11. Max,

    Como grande fã da saga Matrix, respondo com :

    O que é real? Como defines real? Se estás a falar do que pode ser inalado, saboreado ou visualizado, então real é simplesmente um sinal eléctrico interpretado pelo teu cérebro.

    Um abraço

    Zarco

  12. LOL

    " Então caro anónimo pretendente a nobel, x y z isso é 2d quando muito esteroescopia, aí o raciocinio tem que ser em 3d puro, só com esses 3 factores não dá! O raciocínio está interessante, mas faltam vários factores e factos e dimensões, a que dar tempo ao tempo. Essa do tempo está boa (e dava para 1001 conversas).Inclusive um ser que o queria medir e ficou sem tempo para nada, mas isso é outra história. Essa ultima pois… "

    Como o Anónimo parece sabêr, o TEMPO é um conceito, que só pode sêr medido com 2 referencias.
    O tempo não existe… O tempo é um produto, não é um fundamento… A relação de tempo está sempre associada a espaço… Se souber "FISICA" saberá que tudo foi idealizado em 2D… Como tal essa do 3D ainda vai demorar, uma vez que a sua explicação de "DIMENSÔES" pertence ao sec ?! (A.C.)….
    Talvez a explicação da "WIKIPÈDIA" ajude a esclarecer o problema, via cientifica e não via "Filosófica"…

    O tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas. Uma definição do mesmo em âmbito científico é por tal não apenas essencial como também, em verdade, um requisito fundamental. Contudo isto não significa que a ciência detenha a definição absoluta de tempo: ver-se-á que tempo, em ciência, é algo bem relativo, não só em um contexto cronológico – afinal, as teorias científicas evoluem – como em um contexto interno ao próprio paradigma científico válido atualmente Nota 2 ."

    O tempo só existe graças a 2 pontos de referencia… o inicial e o final, logo se não existir inicio de registo, e fim de registo ( grosseiramente ) o TEMPO não existe, é uma convenção…
    Acerca das "cordas" foi respondido à parva, em 2minutos, poderia explicar melhor?! Podia, mas acho que não iam perceber… O Essencial está lá… :)O resto é puro "GÈNIO" como se nota… 🙂

  13. Lá por os cálculos coincidirem, não quer dizer que esse universo a 2 dimensões exista. Deixe-me usar uma metáfora para expicar o que quero dizer com isto: Se um aluno da Universidade tira um 16 em 20, isso quer dizer que de 0 a 10, tiraria 8. É sempre possível calcular qual seria o resultado de algo numa escala diferente e/ou inferior, que não é essa escala que lhe é inerente, que se lhe aplica, que conta.

Obrigado por participar na discussão!

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