Insólito: o Mecanismo de Antikythera

Azar teu, sorte minha.

Se hoje estamos na posse do mecanismo de Antikythera, devemos agradecer duas tempestades separadas por cerca de 2000 anos.

A primeira, que ocorreu por volta de 65 a.C., destruiu o navio romano que viaja entre a ilha de Creta e a Grécia. Naquele navio era transportado o Mecanismo de Antikythera. Azar, sem dúvida.

A segunda tempestade ocorreu no ano 1900, e obrigou alguns pescadores de esponjas a encontrar refugio na ilha de Antikythera, onde descobriram os destroços de um navio romano. Sorte.

No ano seguinte, o arqueólogo Spyridon Stais examinou os artefactos recuperados do naufrágio e notou que um bloco de pedra continha uma engrenagem.

Com uma análise mais aprofundada, foi descoberto aquele que parecia à primeira vista uma pedra mas que, na verdade, um mecanismo fortemente incrustados e corroídos, do qual tinham sobrevivido três partes principais e dezenas de fragmentos menores: era um conjunto de rodas dentadas, cobertas com inscrições, partes de um mecanismo elaborado.

A máquina tinha um tamanho de cerca de 30 cm x 15 cm, a espessura de um livro, era construída em cobre e inicialmente montada num suporte de madeira: encontrava-se coberta com mais de 2.000 caracteres da escrita, dos quais cerca de 95% foi decifrado.

Alguns estudiosos argumentaram que o sistema era complexo demais para pertencer ao naufrágio e só em 1951 as dúvidas começaram a ser resolvidas. Naquele ano, o professor Derek de Solla Price começou a estudar o dispositivo, examinando cuidadosamente cada peça: algo que demorou décadas mas que finalmente parece ter resolvidos as dúvidas.

O Mecanismo de Antikythe, agora guardado no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, é realmente um artefacto com 2000 anos de idade. Peter Lynch, professor de meteorologia da Universidade College de Dublin (Irlanda) explica qual o funcionamento da máquina.

O mecanismo era accionado por um manipulo ligado a um sistema de mais de 30 rodas dentadas. É possível contar os dentes das rodas e observar os relacionamentos entre as várias engrenagens, detalhe este que permite compreender qual a função original do mecanismo.

As engrenagens estavam acopladas aos ponteiros na parte frontal e traseira do mecanismo, que mostram a posição do Sol, da Lua e dos planetas que enquanto se movem através do Zodíaco. Um braço extensível com um pino segue um sulco em espiral, de uma forma muito semelhante a um gira-discos. Uma pequena esfera, metade branca e metade preta, indicando as fases da Lua .

O que é tão surpreendente em tudo isso é a precisão na previsão das eclipses solares e lunares. Os babilónios tinham entendido que, ao observar uma eclipse lunar, um evento semelhante ocorrerá 223 luas cheias depois. Este período dura cerca de 19 anos e é conhecido como o Ciclo de Saros.

Para implementar o Ciclo de Saros no mecanismo, foi realizado um complexo raciocínio matemático e uma sofisticada intervenção tecnológica: o mecanismo é tão preciso que poderia fornecer previsões de eclipses durante as próximas décadas.

Surpreendentemente, o dispositivo também apresentava um mostrador concebido para indicar os anos do jogos gregos, incluindo os Jogos Olímpicos que ocorriam a cada quatro anos.

Actualmente, apenas uma engrenagem permanece sem uma função aparente, mas as pesquisas continuam.

Derek de Solla Price, afirmou que a descoberta foi como encontrar um motor de combustão interna no túmulo de Tutankhamon. Pode parecer um exagero, mas é bom não esquecer que mecanismos como estes só reapareceram na Europa da Idade Média, mais de mil anos depois.

Ainda assim, o Mecanismo de Antikythera conserva outro mistério: por qual razão é o único objecto deste tipo até agora descoberto? Se os gregos foram capazes de projectá-los e construi-los, por qual razão nunca foi encontrado algo parecido com este?

 

Ipse dixit.

Fontes: X-Tek X-ray, The Antikythera Machanism Research Project, Museu Arqueológico Nacional de Atenas, The Irish Time, Il Navigatore Curioso

5 Replies to “Insólito: o Mecanismo de Antikythera”

  1. Se os gregos foram capazes de projectá-los e construi-los, por qual razão nunca foi encontrado algo parecido com este?
    Porque os artefatos e mentefatos pensados fora do esquema geral do pensamento de uma época/lugar são considerados "malditos", tanto quanto os/as que os imaginam/constroem/tentam torná-los conhecidos dos demais. De forma que são pouco repetidos, e o pensamento/ação geral da época/lugar insiste de todas as formas para fazê-lo desaparecer.Na atualidade e em qualquer época/lugar te deparas com inúmeros exemplos, Max. Abraços

  2. Já tinha lido algo sobre este mecanismo há uns tempos atrás.

    Estou a gostar bastante desta série de posts sobre arqueologia.

    Continua Max, que ainda há muita coisa para colocar aqui no blog.

    Krowler

  3. Olá Maria, talvez seja porque há uma instituição "romana" que trabalha para ocultação da verdade e incentiva a proliferação da raça humana sob o controle dela.

  4. Olá Max

    Eles realmente acham que um dos cálculos marcam "jogos olímpicos'? como se isso fosse o marco histórico mais importante e para isso comparado com solstícios, equinócios, eclipses e conjunções planetárias?… Ou os jogos eram uma comemoração referente a um marco planetário que merecesse a reunião das pessoas para honrá-lo? Acho a visão dos estudiosos hilariante.

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