A estrada, os faróis, o Grande Gato

Em primeiro lugar gostaria agradecer todos os que dedicam um pouco do próprio tempo para comentar.

Ontem estava a ler o que os Leitores escrevem, a seguir os links indicados…

Ricardo disse…

Faz sentido?
http://www.signoraggio.it/larmageddon-economico-e-imminente/
Sensacionalismo?
Grillo diz que não passa de outubro…

Anónimo disse…

Max, fugindo um pouco do assunto,
talvez seja interessante dar uma olhada:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=SJZ8wZrCCv0
E por favor, nada de pre-julgamentos ou preconceitos…

Marcelo disse…

A guerra dos governos contra o dinheiro vivo continua –
http://www.midiasemmascara.org/artigos/economia/14067-a-guerra-dos-governos-contra-o-dinheiro-vivo-continua.html

..quando de repente fiquei com a imagem dum carro que avança rápido, à noite, e dum gato que quer chegar do outro lado da estrada. Já viram uma cena destas? O gato começa a atravessar, de repente repara que o carro está muito perto, demasiado perto, então olha para os faróis que iluminam a estrada e…e fica aí, parado, imobilizado. Não se mexe. Quando a coisa mais inteligente seria começar a correr para salvar a vida, o gato não se mexe.

Mas o que importa aqui são os faróis: são eles que paralisam o gato, que mandam em corto-circuito o cerebrinho do animal, que impedem-o de tomar uma qualquer decisão. Antes de ser atropelado pelo carro, o gato é atordoado por um feixe de luz tão potente que o bicho não consegue entender: dum lado os olhos deles precisam de tempo para adaptar-se à nova realidade, dum outro tem que perceber o que se passa, donde chega aquela luz toda, como reagir. Sem considerar que o cerebrinho é o que é: o cerebrinho dum gato.

Infelizmente, na maior parte das vezes o bicho não consegue acabar todas as tarefas em tempos suficientemente rápidos e entra directamente no Paraíso Felino, um lugar onde manda o Grande Gato, criador de todas as coisas, com rios de leite sempre fresco e árvores de sardinhas.

A ideia é portanto convencer os Leitores a adorar o Grande Gato? Na verdade o objectivo é um pouco diferente: é observar quais as atitudes do gato.

O gato está aqui, na vidinha dele, tentando perceber alguma coisa do que se passa. Para fazer isso, compra jornais, liga a televisão, consulta sites e blogues. É aqui que o gato encontra os faróis, é nesta altura que fica pasmado com o que vê.

9/11, Ufo, Bilderberg, Primavera Árabe, Al-Qaida, Illuminati, Tesla, Maçonaria, Conspiração Sionista, Partidos Políticos, Subprimes, Coreia do Norte, Hugo Chavez, MK-Ultra, Vacinações, Haarp, Gripe das Aves, Cuba, Nuclear, Economistas, Maratona de Boston, Rockefeller, Rosacruz, Nestlé, Petrólio, Rothschild, Deepwater Horizon, Síria, Zona Euro, Afeganistão.
É muita luz, toda ao mesmo tempo.

O gato observa tudo isso: tenta perceber, encontrar um fio lógico que possa ligar os vários acontecimentos e dar um sentido. Mas é uma tarefa impossível, que ocupa demasiado tempo. Seriam precisos muitos gatos ao mesmo tempo, todos a trabalhar numa única direcção.

Infelizmente o mundo dos gatos é um mundo bem estranho. Cada exemplar parece ter as suas próprias ideias e está convencido de que sejam as melhores. Há os gatos que vêem nisso uma conjura dos Illuminati, na realidade um grupo de ratazanas maléficas; outros acham que a culpa é toda dos EUG, os Estados Unidos dos Gatos, que querem dominar o mundo; outros não acreditam em nada disso, desconfiam que seja tudo inútil e que a coisa melhor seja ir para um campo e cultivar árvores de sardinhas.

Leonardo numa atitude suspeita

E acontece uma coisa maravilhosa: todos os gatos enchem a estrada para discutir, defender as várias hipóteses, insultar os que não partilharem o mesmo ponto de vista. Até que poucos lembram duma coisa simples: o problema não são os faróis, mas o carro que fica atrás deles. Porque os faróis têm como única função atordoar os gatos, mantê-los num estado de paralisia para que possam ser atropelados. Mas quem atropela é o carro, não os faróis.

Como acaba esta história? Acaba mal. As estradas estão cheias de gatos atropelados.

Solução? Deve haver uma.
Mas, infelizmente, eu sou apenas um entre os muitos gatos. E o facto de ter um cão ao lado não adianta: Leonardo dorme sempre.

Por isso, apenas um palpite.

O que diria o Grande Gato? Diria: “Sigam as espinhas para encontrar o peixe”.
Aqui, entre nós: sigam o dinheiro para encontrar o dono do carro.
Mas, repito, é só um palpite.

Ipse miao.

8 Replies to “A estrada, os faróis, o Grande Gato”

  1. É meu caro vida de gato não é fácil! Penso que os gatos ao longo dos últimos 40 anos foram perdendo algumas características vitais. Não correm mais atrás dos ratos, porque ficaram obesos, preguiçosos e dependentes da ração servida cotidianamente. Alguns dirão: basta atravessarem a estrada de dia, quando a luz do sol for mais forte que a luz do farol, ou cavar um túnel sob a via.

    A primeira, parece-me limitadora demais e totalmente contrária a natureza boêmia dos felinos. A segunda parece impossível ainda, pelas próprias aptidões dos gatos. Haveria uma terceira, quarta alternativa? Claro! Basta pensarmos. Talvez já tenha aparecido algo na Itália nas últimas eleições (às vezes este gato ofuscado por tantas luzes gosta de sonhar um pouco também).
    Mas uma coisa é certa: somos muito mais que os carros; somos observadores por natureza, somos rápidos, ainda que tenhamos perdido tais características. Precisamos recupera-las. Não nos esqueçamos, porém, que os condutores dos carros querem que os gatos se exponham cada vez mais, para nos conhecer, saber quem somos e quantos somos. E também não nos esqueçamos dos gatos travestidos entre nós.

  2. Olá Max: eu sou aquela gata que senta na beira da estrada, e observa a matança consternada…leva as patinhas ao focinho ao sentir o cheiro do sangue dos irmãos de espécie derramado no asfalto, fecha, apertando os olhos felinos, tentando desviar sentidos e sentimentos da matança cotidiana. Então, quando vê seus amigos mais queridos frente aos faróis grita como louca: MIAAAAUUUU!!!SAI DA FRENTE DO CARRO IDIOTA! Aí ela volta-se sobre si mesma, e ronrona baixinho e tristemente:ronnn, porque será que ronnn os gatos tem tamanha atração rrrrrr… pela morte que o carro trás? E reflete, olhando no espaço coisas tais que só os gatos vêem: sentada ou não a beira do caminho, eu sou só uma coitada de uma gata. Abraços

  3. Eu prefiro virar as costas à estrada, ir pelo mato abaixo, e rezar para que o carro não seja um todo terreno.
    Já deu para perceber que, o que não faltam aí, são gatos que de tanto olhar para os farois estão cegos. Como tão bem relatou José Saramago num livro monumental chamado 'Ensaio sobre a cegueira'.

    Temos neste texto uma variante do discurso de Thomas C Douglas, 'Mouseland', convertido em Catland.
    Sheepland até que não era pior.

    abraço
    Krowler

  4. E por isso que gosto do seu blog Max,essa analogia assentou-me que nem uma luva, estou a ser honesto. Excesso de café talvez pode provocar um raciocinio labirintico. Mesmo depois de ter postado começei a pensar…porque não vais direito ao assunto, na vez de misturares alhos com bugalhos e provocar ainda mais confuzão no mundo felino. Abraço
    Nuno Oliveira

  5. olá gatos e gatas… o que o anonimo escreveu logo acima e também a Maria, é o que penso.
    Tem também os gatos cegos, perdidos no meio da estrada que nem os bigodes os ajudam a escolher um caminho melhor…

    E o meu receio é sempre o fato de que, quem guia o carro, joga os faróis sobre o gato assustado justamente para o ver e sem dó seguir adiante atropelando-o…
    Mas as arvores de sardinhas ficam sempre do lado errado da estrada, por isso nos arriscamos para poder alimentar os filhotes… e claro, queremos e achamos que temos direito a um borralho quente, então fica só a sensação de que fomos esfolados por querer uma vida digna e respeitosa… Enfim!

    Ok, vamos farejar onde está o rastro do dinheiro para localizar os ratos que estão fazendo ninho com ele! Tento fazer isso fuçando aqui e ali meio cega, bigodes quebrados, nariz entupido…rsta o sexto sentido! E algumas vidas para usar até que surja um farol à minha frente.

  6. Aqui do outro lado do mundo, nas estradas esburacadas do Brasil varonil, para quem não sabe, foi descoberta uma nova raça felina, que estão hipnotizadas por um "grande gato", e muitos, mas muitos gatinhos estão nessa estrada esburacada, antigamente chamavam de crente e depois dum exame minucioso estão chamando de evangelicos, ouvi dizer que alguns desses gatinhos tem varias empresas de atum enlatado, varias tocas e andam de carro importado!!!

Obrigado por participar na discussão!

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