Subprimes? Two Pack!

…ainda com esta história da informação? Este blog é um bocado chato, não é? Pois é.

O facto é que no mundo acontecem coisas, mas nós podemos saber apenas uma fracção delas. E engana-se quem pensa que os media “trabalham para nós”, escolhendo os assuntos mais importantes.
Há coisas excepcionalmente importantes que os media simplesmente não tratam.

Porquê? Deixamos que seja o Leitor a escolher a resposta.
Por enquanto, eis apenas dois exemplos.

Subprimes: às vezes regressam

Lembra-se o querido Leitor da história dos subprimes? Oh, nada de importante: foi apenas o factor que
desencadeou a crise de 2007, aquela que ainda não acabou. Atenção: não provocou, pois as origens ficam mais longe, mas despoletou.

Para simplificar: numa certa altura, os bancos dos Estados Unidos começaram a conceder empréstimos para a aquisição de casas sem que os clientes (até desempregados) tivessem uma real possibilidade de devolver o dinheiro obtido. Estes empréstimos de alto risco permitiam aos bancos criar produtos financeiros que depois geravam altos lucros. Obviamente o jogo durou alguns tempos para depois ruir e arrastar os bancos ocidentais e o sistema financeiro mundial.

Pensará o Leitor: “Bom, aconteceu uma vez, de certeza que aprenderam a lição”.
Errado: não aprenderam.

Doutro lado, aprender o quê? Esta é uma doutrina económica na qual é preciso acreditar, não há nada que tenha de ser entendido. Por isso não espanta que seja o simpático Barack Obama, o Nobel da Paz, a tentar estimular a economia com empréstimos que os clientes não podem pagar.

Para os muitos incrédulos, aqui a fiel tradução do artigo do Washington Post:

A administração Obama pressiona os bancos a conceder empréstimos a pessoas com baixa classificação de crédito

É um esforço que os especialistas acreditam irá ajudar a recuperação económica, mas que os cépticos afirmam abrir as portas para empréstimos de alto risco que já causaram o colapso imobiliário. Os funcionários da administração garantem que trabalham para garantir que os bancos emprestem a um cada vez maior número de pessoas que aproveitam os programas governamentais, que oferecem seguros contra a falta de pagamentos.

É também pressionado o Departamento de Justiça para que conceda a garantia aos bancos, muito cautelosos, para que não tenham que enfrentar problemas legais ou financeiros ao conceder empréstimos a clientes que hoje cumprem os requisitos mas que amanhã podem sofrer uma bancarrota.

Em suma, para reiniciar o mercado imobiliário, os bancos devem começar a conceder empréstimos a todos, mesmo a quem tenha escassa capacidade de devolver o dinheiro obtido. Única diferença: se desta vez tudo ficar de pernas para o ar, será o Estado a entrar em cena com rios de dinheiro. Dinheiro público, claro.

Pensando melhor: aprenderam a lição, e bem. Em vez de esperar que o sistema entre em crise para depois ser obrigados a fazer saltos mortais para utilizar o dinheiro público e salvar os bancos privados, desta vez as coisas ficam claras desde já: o Estado convida os bancos privados a conceder empréstimos “descontraídos” e promete intervir com o dinheiro dos contribuintes caso as coisas corram mal.
Até faz pressões sobre o Departamento da Justiça para que tudo fique registado.

Aprenderam, sim senhor, aprenderam…mas disso não se fala nos diários ou nas televisões.
Esquisito.

Two Pack!


O Two Pack foi aprovado. Satisfeitos?
Como “O que é este raio de Two Pack agora?”.
Ahhhh, entendo: ninguém vos avisou, não é?
Pouco mal, eis explicado. 

O Parlamento Europeu (12 de Março de 2013) aprovou o chamado Two Pack, isso é, a parte final do novo regulamento de estabilidade económica, que dá à Comissão um papel completamente novo: a possibilidade de opinar os orçamentos nacionais dos 17 Países da Zona NEuro (a partir de 2014) e, eventualmente, veta-los.

“Veta-los”??? Isso mesmo.
Até o final de Outubro de cada ano, os 17 Países da Zona NEuro terão de apresentar os seus orçamentos para o ano seguinte em Bruxelas. A Comissão Europeia (que, lembramos, ninguém elegeu) vai decidir caso a caso, examinando as contas apresentadas e, eventualmente, pedindo aos governos nacionais mudanças substanciais. E quem não obedecer? Fica com sanções, assim aprende o desgraçado.

Por isso: formalmente os Estados permanecem soberanos, na prática não, pois a Comissão Europeia tem o poder de recusar a aprovação do orçamentos nacionais e pretender modificações. A Comissão é mais importante do que os vários Parlamentos. Este é o Two Pack.

Ninguém tinha avisado o Leitor de que os representantes que elege para o Parlamento têm um poder limitado? De que há alguém, que nunca foi eleito, que pode impor a vontade dele nas política económicas do vosso País?

Lamento, mas é tarde demais, a lei já foi aprovada.
Olhe: azar.

Ipse dixit.

Fontes: The Washington Post, European Commission: Economic and Financial Affairs    

5 Replies to “Subprimes? Two Pack!”

  1. Olá Max: pronto…logo, logo, todos os desempregados no continente europeu poderão financiar casas novas! Então, de que te queixas, Max!? São apenas os novos dispositivos de poder da governança mundial em funcionamento, acionados para jogar no lixo da vida mais um contingente populacional, agora a população pobre, jovem e desempregada européia. Isso é fruto da afinidade completa entre as estratégias tecnocráticas de gestão em vigor + a longa preparação da mentalidade da população para acreditar e seguir tudo que lhe for ditado através dos meios de comunicação. Acho que hoje estou inspirada! Abraços

  2. pertencendo este blog a alguém ligado a italia, vim aqui pensando que encontraria um artigo relacionado com o que o senhor Ferdinando Imposimato disse:

    http://www.infowars.com/italian-supreme-court-president-blames-bilderberg-for-terrorist-attacks/

    dado conhecer bem a realidade italiana, diga-me, por favor, este senhor é credível (apesar de que aquilo que ele disse, qualquer imbecil já sabia ser verdade, pelo menos qualquer imbecil familiarizado com a nova ordem mundial e operação gladio)?

    desde já obrigado.

  3. essa estrategia do obama parece um bolsa familia fornecido pelos bancos, e pago por quem puder e quiser! esse barack tá muito comunista ultimamente hein

    Agora, os governantes dos países da europa tem medo de afrontar as decisões deste grupinho. Isso é uma vergonha. A União européia não tem como existir como um "nem-nem", nem um único país ou nem vários países soberanos. Ou fazem um esquema tipo os eua, onde os estados são tão soberanos quanto a comissão europeia quer que cada país seja, só que formalmente sem soberania, ou acabem logo com essa palhaçada de moeda única.

Obrigado por participar na discussão!

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