iPhone 5: uma honra produzi-lo

Finalmente chegou o novo iPhone 5.

Por uns miseráveis 699 Euros (2.000 Reais, mais ou menos) está disponível em Portugal, enquanto no Brasil será preciso esperar até Dezembro.

Obviamente estes são os preços base, pois sem muito esforço é possível gastar bem mais: 919 Euros a versão de 64 Giga, 3.400 Reais a versão colorida.
E são satisfações.

Os novos proprietários estarão pouco interessados, mas aqui vamos ver “onde” e “como” é produzido o novo modelo de casa Apple que, como as versões anteriores, promete alterar as nossas vidas. No sentido positivo, óbvio.

Um jornalista do diário Shanghai Evening Post conseguiu ser assumido pela empresa Foxconn (pois a Apple não produz nada, limita-se a demandar a produção para a China), e a seguir eis o relato da sua experiência.
Boa leitura.

Primeiro dia: boa saúde e bilhete de identidade
Entrei em contacto com o gerente dos Recursos Humanos e responsável pelo recrutamento. Foi-me dito que, para trabalhar na Foxconn, devo ser saudável e na posse de um bilhete de identidade válido.
Quando cheguei à entrada da fábrica, fui abordado por um segurança. Pediu-me 100-200 Yuans (cerca de 15 a 18 Dólares) para obter uma maneira mais rápida para começar. Ignorei.
Deram-me um formulário para preencher a fim de verificar o meu estado psicológico. Cerca de trinta perguntas sobre o meu estado físico dos últimos 30 dias, as respostas “sim” ou “não”. Uma das perguntas: “Teve algum tipo de problemas psicológicos ultimamente?”.
Após preenchido o formulário, com os outros trabalhadores fomos carregados num autocarro e levados para uma fábrica da Foxconn em Tai Yuan.
A primeira noite nos dormitórios da Foxconn tem sido um pesadelo. O lugar inteiro cheira a lixo. É uma mistura de cheiro de suor e sujeira. Nos corredores fora de cada quarto, empilhados, resíduos de todos os tipos. Quando abri o meu armário algumas baratas fugiram para fora. Os lençóis que são distribuídos aos recém-chegados estão cheios de pêlos e poeira.
Segundo dia: contracto
No segundo dia, enquanto estava a tomar o café da manhã na cantina da Foxconn, ouvi alguém gritar. “Foda-se! A comida é uma merda! Não esperem que eu faça o extraordinário!”. O mesmo indivíduo sussurrou que, antes de sair, teria arruinado a cama do dormitório. Isso poderia ser uma boa explicação para o grande buraco na minha cama, na tábua de madeira onde apoia o colchão.
Após o pequeno almoço, assinou-se o contrato numa pequena sala ao lado da cantina.
No contrato são destacadas quatro secções que devem manter-se estritamente confidenciais:
1. Informações Técnicas
2. Os dados de vendas
3. Recursos humanos
4. Estatísticas de produção.
Não há referência específica às horas extraordinárias. Na secção “Os possíveis efeitos negativos para os trabalhadores durante o processo de produção”, a gerência solicita expressamente para escolher a reposta “Não”. Estes riscos incluem “ruído” e “poluição tóxica”. Gostaria de saber se o processo de produção realmente poderia causar qualquer dano.
Terceiro-sexto dia: formação
No dia após a assinatura do contrato somos reunidos numa sala onde somos informados sobre a história da Foxconn, as políticas e as medidas de segurança. Durante toda a conferência foi fortemente enfatizado um ponto: “Tudo que você tem de fazer é obedecer às instruções que lhe são dadas”.
Temos vindo a receber cartas que mostram 13 pontos sobre as políticas de compensação monetária em comparação com os 70 das sanções. O instrutor disse: “Alguns de vocês podem sentir-se desconfortáveis acerca de como são tratados aqui, mas tudo isso é só para o vosso bem”.
Depois, foi apresentado um vídeo de orientação da unidade produtiva Foxconn. Quando alguém falou dos casos de suicídio, solicitando informações sobre isso, o pessoal da empresa não evitou o assunto. No entanto, nem pareceu particularmente disposto a falar sobre isso.
Durante a discussão, alguns dos novos ressaltaram que o péssimo estilo de vida e as condições dos dormitórios poderiam levar alguém ao suicídio. Notei também que todas as janelas do dormitório têm barras.
Sétimo dia: repouso
Após a sessão de treino, recebemos rapidamente algumas instruções e somos organizados para o trabalho quando já é noite. É permitido descansar apenas durante o dia.
Tenho febre e dor de cabeça antes mesmo de começar a trabalhar. Peço para ser visitado no sistema hospitalar, mas dizem haver só um médico já com 4-5 pacientes.
Quando perguntei a uma das enfermeiras quanto teria que pagar para o médico, ela disse: “Vai pedir ao teu patrão”.
Nos últimos dias tenho visitado muitas estruturas da Foxconn: dormitórios, refeitórios, banheiros, sala-jogos, sala de ginástica, ambulatório, correios, biblioteca e lojas. Embora a maioria destas estruturas sejam gratuitas para os trabalhadores, exigem uma melhoria substancial. Dentro do centro de entretenimento, por exemplo, dois jogos de arcade em cada três não funcionam. A chamada “sala de cinema” só mostra a imagem de uma sala de reuniões.
Fora da fábrica não fui capaz de encontrar um lugar com um pouco de cerveja e um banquinho. Durante o fim de semana, no pátio, são organizadas reuniões onde todos os trabalhadores da Foxconn se juntam para dançar. Quem organiza a festa fala através de um microfone: “Estamos todos stressados pelo trabalho, não é permitido gritar durante a fase de produção. Mas aqui você pode gritar alto e desabafar”. Um dos meus colegas de quarto disse que gosta dessas reuniões semanais: gosta de dançar e também encontrou uma namorada.
Oitavo-décimo dia: produção
Chegámos à entrada do departamento de produção. Há um aviso em que está escrito: “AREA TOP SECRET”. Na porta está instalado um detector de metais. Fomos informados de que, se alguém entrar ou sair da porta e for encontrado na posse de qualquer tipo de metal (como uma fivela de cinto, brincos, máquinas fotográficas, telemóveis, leitores de mp3) é despedido logo na altura. Um dos meus colegas de quarto disse-me que um dos seus amigos foi despedido porque tinha com ele um cabo USB.
Depois de passar pelo detector de metais, logo entrado na sala da linha de produção, ouvi um barulho vindo das máquinas e um forte cheiro de plástico. O nosso supervisor disse: “Uma vez sentados, só têm que fazer o que for dito para fazer”. O supervisor finalmente mostra a todos a parte de trás do novo iPhone 5 e diz: “Esta é a parte de trás do novo iPhone 5. Devem ser honrados de construí-lo”.
A nossa linha está autorizada a utilizar fitas de papel e tampas de plástico para cobrir a entrada do jack dos headphones e as portas de ligação da placa traseira do iPhone, para evitar que, durante a fase seguinte do ciclo de produção, a tinta possa ser pulverizada dentro delas. O nosso supervisor pediu para usar uma máscara e as luvas e ver como os funcionários mais velhos estão a trabalhar.
Às onze da noite fomos jantar e depois da meia-noite começámos a trabalhar de novo. Foi-me atribuída a tarefa de marcar a posição da tampa posterior do iPhone com a tinta duma caneta especial. Sou muitas vezes acusado de gastar muito óleo na marcação. Ao meu colega de quarto é atribuída a colagem de fitas (menos de cinco milímetros de comprimento) sobre os pontos marcados. É acusado de colar de forma muito lenta.
O nosso supervisor diz que esses trabalhos são, na verdade, atribuídos a mulheres, pois elas têm dedos mais pequenos, mas por causa dos muitos trabalhadores que recentemente se demitiram, não têm escolha e atribuem essa tarefa aos homens.
A cada três segundos, a tampa traseira de um iPhone aparece na minha frente. Eu pego a placa, marco os quatro pontos de posicionamento com a caneta e volto a colocá-la na fita rapidamente, sem cometer erros. Depois de repetir a mesma acção durante várias horas, tenho o pescoço dorido e uma terrível dor no músculo do braço. Um dos novos sentado na minha frente, exausto, parou por um tempo: o supervisor reparou e decidiu puni-lo colocando-o num canto por 10 minutos, como se fazia uma vez na escola.
Temos trabalhado continuamente desde meia-noite até as seis da manhã seguinte. Pediram para continuar a trabalhar para manter a linha de produção em funcionamento. Ninguém está autorizado a parar enquanto a fita transportadora continuar a funcionar. Estou com fome e completamente exausto. De acordo com os meus cálculos, tenho que marcar pelo menos cinco placas traseiras por minuto. O que dá cerca de 3.000 placas a cada 10 horas. Existem quatro linhas de produção envolvidas no mesmo processo, cada uma com 12 empregados. Cada linha pode produzir 36 mil placas numa metade dum dia, é impressionante…
Parei de trabalhar às sete da manhã. Duas horas antes, às cinco horas, tinha sido convidado a continuar por mais duas horas. O supervisor gritou na nossa frente: “Quem quer descansar? Estão aqui para ganhar dinheiro! Trabalhem mais”. Eu perguntei a mim mesmo quem iria querer trabalhar nessas condições e fazer mais duas horas extra por apenas 27 Yuans (4 Dólares)?
O dia seguinte os supervisores foram como nos dias anteriores e muitos entre nós estavam com raiva. Cada vez exclamavam “fu**k” para descarregar o stress. Um dos funcionários mais velhos tinha aconselhado a parar de trabalhar na troca de turnos às cinco da manhã e não fazer as horas extra exigidas pelos supervisores. No nosso grupo, formado por 36 pessoas, apenas dois trabalhadores tinham a sorte e a rapidez para manter-se em linha com o controle de qualidade, por isso puderam descansar por 10 minutos a cada 2 horas. Nós, no entanto, tivemos que trabalhar sem parar 7 horas seguidas.

Algumas notas acerca da Foxconn.

A Foxconn International Holdings Ltd é a maior produtora de componentes electrónicos do mundo e trabalha por conta de empresas como Acer, Amazon, Cisco, Dell, HP, Intel, Microsoft, Motorola, Nintendo, Nokia (só para o mercado interno), Samsung, Sony, Toshiba. E, obviamente, Apple.

Dispõe de 13 unidades produtivas em nove cidades chinesas, enquanto a maior fica sediada em Longhua, Shenzhen, com milhares de trabalhadores (apesar do número exacto ser desconhecido: algumas fontes dizem 230.000, outras 300.000, outras ainda 450.000).

Também existem algumas unidades no México, uma em San Jerónimo (Estado de Chihuahua) e duas em Juárez (são as mesmas unidades palco de violentas manifestações contra o facto da empresa não pagar as horas de trabalho extraordinário).

Entre os produtos, destacamos o iPod, iPhone, iPad, PlayStation 2, PlayStation 3, Wii, Nintendo 3DS, Xbox 360, Amazon Kindle e os televisores LCD Sony Bravia.

Pormenores: os suicídios 

Além das queixas por causa das péssimas condições de trabalho, Foxconn pode apresentar um invejável historial no âmbito dos suicídios. Lembramos os suicídios bem conseguidos e aqueles que falharam:

Antes 2010
Ms. Hou, mulher, 19 anos, enforcada em 2007 (êxito: morta).   
Sun Dan-yong, homem, 25 anos, lançou-se do prédio do dormitório após ter sido batido (êxito: morto).

Ano 2010
Ma Xiang-qian, homem, 19 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Mr. Li, homem, 20 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Tian Yu, mulher, 17 anos, lançou-se dum prédio (êxito: paralisada)
Mr. Lau, homem, 23 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Rao Shu-qin, mulher, 19 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Ms. Ling, mulher, 18 nos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Lu Xin, homem, 24 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morto).
Zhu Chen-mingm, mulher, 24 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Liang Chao, homem, 21 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Nam Gan, homem, 21 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Li Hai, homem, 19 amos, lançou-se dum prédio (êxito: morto).
Mr. He, homem, 23 anos, lançou-se dum prédio (êxito: desconhecido).
Mr. Chen, homem, 25 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morto).
Mr. Liu, homem, 18 anos, lançou-se do prédio do dormitório (êxito: morto).
Nome desconhecido, homem, 23 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morto).

Ano 2011
Wang Ling, mulher, 25 anos, lançou-se dum prédio após ter sido enviada para o hospital psiquiátrico (êxito: morta).
Nome desconhecido, homem, 20 anos,  lançou-se dum prédio (êxito: morto).
Mr. Cai, homem, 21 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morto).
Li Rongying, mulher, 21 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morta).

Ano 2012
Nome desconhecido, mulher, 23 anos, lançou-se dum prédio (êxito: morta).

Pelo menos 12 mortos e um paralisado. Nada mal.
Mas paciência: não podemos esquecer que o novo iPhone 5 é 20% mais leve do que o iPhone 4 e 18% menos espesso também. Pesa 112 gramas (contra as 140 do anterior, uma enormidade) e consegue tirar uma fotografia com mais 40% de rapidez.

Contra factos não há palavras. E nem mortos: se os jovens Chineses não conseguem trabalhar para que o resto do mundo possa gozar das maravilhas do novo iPhone 5, o problema é deles. Nós não podemos ser acusados de nada: é uma culpa gostar dos produtos duma empresa que explora os trabalhadores, polui e causa mortes?

Ipse dixit.

Fontes: Shangai Evening Post (via newspaper.jfdaily.com), Wikipedia, Gizmodo, The Economist, Daily Mail, The Telegraph.

11 Replies to “iPhone 5: uma honra produzi-lo”

  1. É este o preço do Capitalismo. Nota-se aqui o interesse que a Apple tem, pelos trabalhadores que produzem os seus equipamentos.
    O lucro acima de tudo doe a quem doer e aconteça o que acontecer.
    Dinheiro façil de ganhar á custa da vida de outras pessoas que simplesmente querem ter o seu trabalho e construir uma vida mas torna-se impossivel mediante as condiçoes que encontram.
    Longas e extenuantes jornadas de trabalho passam sede e fome condiçoes de alojamento degradantes e subhumanas tudo isto para chegar ao fim do mês e receberem alguns trocos.
    Nem quero imaginar o sofrimento que muita gente passa naqueles locais de trabalho da Foxconn
    Uns têm tudo outros nao têm nada

  2. Olá Max:os padrões são os mesmos, ao longo do tempo, e em diferentes lugares: o patrão invisível, o capataz que incorpora os desejos do patrão, a contingência de trabalhar para tentar sobreviver, escravo ou escravo assalariado, dá no mesmo, os ritmos de trabalho extenuantes de "gastar corpos", que eu não considero que tenha explodido com a revolução industrial, mas sim quando homens descobriram que ao gastar corpos, desgastavam almas, em benefício da acumulação para os mais espertos,e alienação para os trabalhadores, a potência de resistência sob forma de suicídio, a fuga, a greve do trabalho, todas formas desgastadas de resistência.
    Ao ler o teu post, meu olho correu para os produtos…suspirei um pouco aliviada.Não tenho nada daquilo listado aqui em casa, nem vou ter.Porque se há uma forma de resistência que ainda acredito é a greve de consumo, aquela que todos nós, uns mais outros menos, podemos fazer, enquanto consumidores, inclusive consumidores de escravatura assalariada até morrer. Depois que me aposentei, recusei todo e qualquer convite para retornar, o que duplicaria meu salário.Inventei uma forma de reduzir em metade a minha despesa. Comprei uma máquina fotográfica recentemente para tentar fotos com maior aproximação e fidelidade de cor, para enviá-las para um amigo que não conhece muito as formas e cores do sul do Brasil. A minha anterior, que era a única aqui de casa, tinha 5 anos, e foi a primeira digital, porque a anterior usava filme.Por sinal, as fotos mais artísticas que tenho, foram tiradas e reveladas por um aluno meu, em preto e branco, e com uma máquina usada na segunda guerra mundial. Acho que não deixei desgastarem a minha alma. Abraços

  3. Nem mais…
    "Uns têm tudo outros nao têm nada"

    No meio disto, ironicamente, a grande maioria das pessoas para quem muitos destes produtos de "alta tecnologia" podem ter outro tipo de utilidade, podendo até significar mesmo muito mais do que nós comummente lhes vemos em termos de utilidade, nem sequer consegue comprar ou aceder aos produtos que a mais moderna tecnologia tem de melhor.

    Exploram-se pessoas, destroem-se vidas, produzem-se produtos que muitas vezes podiam significar a diferença entre pedir comida, ajuda de forma rápida e eficaz e ficar fechado no silêncio e na impossibilidade de comunicar… mas vendem-se… lá isso…

    Desabafos meus…

    Abraço
    Rita M.

  4. Muito bom post para se conhecer um pouco da realidade por detrás da ficção.

    Faltou dizer o custo de produção de um iphone, que ronda um punhado de dolares, penso que não chega a 4 dollars. Sob confirmação.

    abraço
    Krowler

  5. Bolas! Grande artigo! Vou partilhar.

    Ultimamente a Apple tem vindo a desiludir-me. Isto veio reforçar o meu sentimento. Sim… Porque apesar de tudo, continuo a ser demasiadamente estupidamente ingénua.

    Concordo com a Maria em tudo e faço minhas as palavras dela. Reforço a ideia que ela passa de não acreditar que este esclavagismo não nasceu com a Revolução Industrial – claro que não! A revolução só serviu para o legitimar. Desde a Roma antiga, pelo menos – alicerce da actual civilização – que isto acontece…

    Obrigada uma vez mais pelo excelente contributo Max!

    Abraço!

  6. Olá Ponto de Interrogação: também apreciei muito as informações partilhadas conosco pelo Max, neste post. Enquanto pensavas em Roma, eu pensava no Brasil. Aqui, de 20 milhões do tronco indígena tupi guarani, restam poucos mil. E dos quatro milhões de africanos provenientes da costa leste da África, metade também foi "gasta" em função do trabalho extenuante, embora um número significativo de suicídios, fugas seguidas de morte, torturas que causavam morte, doenças causadas pelo stress físico e moral, mas tudo vinculado ao uso e abuso de pessoas que foram literalmente gastas pelo trabalho exaustivo. Se juntarmos os brasilíndios e brasileiros mestiços e pobres escravizados sob o jugo de trabalhos abusivos, temos aqui o maior genocídio já perpetrado pelos poderosos dos últimos 5 séculos contra a humanidade. E isso segue acontecendo mais pelo abuso e exploração de quem trabalha consentidamente ou não,do que no uso das pessoas para a guerra. Abraços

  7. Não tendo muito a ver com os productos mencionados, faz muito tempo que abri a pestana relativamente a muitos outros produtos da dita moda.
    Quais?
    Adidas,Nikes, benettons, Puma entre muitas outras.
    Hoje, princialmente visto roupa sem marca que depois personalizo-a eu e quando por vezes, alguns cagões, armados aos cucos naquela de se armarem em high profile me perguntam com ar sarcastico-Irónico " Que ténis são esses pah…que marca é essa " ?
    Normalmente, respondo-lhes que é daquelas marcas que não explora crianças do outro lado do mundo para eu andar a viver á conta do sangue dos outros.

    Metem a viola no saco e calam o bico.
    No entanto, também tenho consciência que é muito dificil fugir aos productos manufacturados á custa de sangue e suor de outros mas enquanto conseguir ter opcção de escolha…á minha conta não.
    Eu mudo o meu mundo…os outros que façam a parte deles.

    1. Nem mais, nem menos. É isso mesmo.

      Quanto à questão dos suícidios, dou uma solução ao estilo FMI: "Façam fábricas e alojamentos de rés-do-chão."

      Abraço,

      Ricardo Saraiva

  8. olá Streetwarrior: comentário digno de aplausos, do meu ponto de vista. Bem haja, como dizem vocês aí em Portugal. Abraços

  9. Mano… Trabalho em um Shoping de uma das capitais Brasileiras. A Empresa que me contrata é a Burguer King. Jornada de 6 horas. 26 dias trabalhados pra se ganhar 574 Reais. Daí você desconta 6% de Vale Transporte e 8% de INSS. Sobram 494 Reais. Se Você considerar 1 Dolar equivalente a 2R$, vai ver que em moeda norte americana recebo 247 Dólares.
    Mano… o cara da Foxcom recebe 2 Dólares por hora. Trabalhando uma carga igual a minha com uma folga por semana o resultado dá 312 Dólares.
    Adidas, Nike, Apple? Fala sério!
    Antes desse trampo no shoping eu estava em uma gigantesca de Telemarketing que além de pagar menos, por ter vários descontos por não se bater metas, ainda eleva ilusóriamente os gráficos de aumento de empregos no país.
    Estamos cercados disso tudo aqui mesmo… mas Taiwan tá na moda né.
    De qualquer forma um ótimo post como sempre.
    Só queria que você colocasse o Link da empresa para eu poder mandar meu currículo.
    Paz, Luz, Férias na Praia e que Deus nos Pague em Dolar!

  10. Pois é Humberto…e os milagres que, nós brasileiros, fazemos com 500 reais, deves saber muito bem. Com tal rendimento, tu já constas nas estatísticas do Brasil como classe média, aquela que consegue, às vezes, aqui no nosso pedaço de terceiro mundo, comprar moto, e pensar em casar e ter filhos, e de lambuja,contando com o salário da cara metade, estudar a possibilidade de comprar um apto da Minha casa, minha vida. Não sei o que fazem os escravos chineses com o seu salário da Foxcom, mas sei o que a maioria dos brasileiros urbanos da chamada atualmente classe média faz, a partir da nossa escravatura moderna pelo trabalho.Não sei também se é o teu caso.O que me parece profundamente desgastante é que semelhante estilo de sobrevivência garante a eterna mesmice rotineira de um povo, que acaba vivendo sem poder pensar, acostuma-se a tais rotinas, pensando que isso deva ser a ordem natural das coisas.Abraços

Obrigado por participar na discussão!

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