Quatro pólos e um cachecol

Eis uma notícia que será a felicidade dos que acreditam em próximas catástrofes planetárias. Mas que, pelo contrário, deveria fazer reflectir os mesmos.

Apesar dos últimos meses terem sido registadas algumas tempestades solares, com consequentes expulsões de massa coronal em direcção à Terra, o ciclo solar é muito fraco. Demasiado fraco.

De acordo com pesquisadores japoneses, a nossa estrela pode entrar num período de actividade bastante reduzida, o que poderia causar variações na temperatura da Terra.

Funcionários do Observatório Astronómico Nacional do Japão e da Riken Research Foundation afirmam que a actividade das manchas solares parece assemelhar-se ao período do século XVII conhecido como o Mínimo de Maunder, período em que as temperaturas globais foram inferiores em 2,5 – 3 ° C em comparação com a segunda metade do século XX.

Naqueles anos, o Tamisa congelou mais de seis vezes, de modo que no rio começou a tradição Ice Fair, com espectáculos, atracções e até negócios sobre o rio congelado. Os Invernos frios da Bélgica foram descritos pelos pintores flamengos, e em todo o mundo foram testemunhados anos particularmente difíceis.
O Mínimo de Maunder foi um período de 70 anos caracterizado pela ausência de qualquer actividade na superfície do Sol, e é lembrado como a parte central e mais fria da assim chamada Pequena Idade do Gelo.

O estudo japonês descobriu que a tendência actual de actividade das manchas solares é semelhante aos registos desse período.

Antes de prosseguir, duas observações.
1. E as terríveis tempestades solares que deveriam culminar em Dezembro de 2012 (data que, lembramos, representa o fim do mundo)?
2. E o terrível efeito estufa que deveria aquecer o mar, descongelar os pólos, fazer subir o nível das águas?

Não faz mal, vamos em frente.

Quatro Pólos

Os pesquisadores também encontraram sinais de mudanças magnéticas fora do normal. Pois também o Sol tem dois Pólos, tal como acontece na Terra.

Usualmente, o campo magnético do Sol inverte o próprio ciclo a cada 11 anos, em correspondência do máximo solar, cujas causas não são fáceis de entender (aliás, ninguém entende). A última vez que isso ocorreu foi em 2001, e os cientistas haviam previsto a ocorrência do fenómeno em Maio de 2013.

O satélite de observação Hinode descobriu que tudo está a acontecer com um ano de antecedência no Pólo Norte do Sol, ao contrário do Pólo Sul que não apresenta qualquer alteração substancial.
Se esta tendência continuar, o Pólo Norte poderia completar a sua inversão em Maio de 2012 (este mês), com a criação duma estrutura com quatro pólos magnéticos, dos quais dois novos perto do equador do Sol.

A polaridade magnética do Pólo Norte (falamos sempre do Sol) parece ter caído perto de zero, enquanto o Sul não evidencia alterações.
Jonathan Cirtain, do Flight Center Marshall Space da NASA em Huntsville, Alabama:

Neste momento há um desequilíbrio entre o Pólo Norte e o Pólo Sul

A razão pela qual o Pólo Norte se encontra em fase de transição bem antes do Pólo Sul permanece um mistério. Os dados de Hinode mostram observações directas deste “interruptor polar”, enquanto que uma nova técnica de observação permite deduzir a actividade magnética da superfície.

Consequências?

Esta observação contradiz todos os modelos utilizados até aqui como referências, que previam uma inversão dos pólos magnéticos do Sol sempre ao mesmo tempo. A inversão do Pólo Norte magnético é, portanto, um avanço no tempo, uma vez que o máximo solar é (ou era) esperado para o próximo 2013.

Se é algo muito especial ou se apenas estamos perante uma fase normal no ciclo da nossa estrela, não é fácil de determinar. Assim como não é simples determinar a influência directa que isso poderia ter para o nosso clima: a conexão entre a actividade solar e as épocas de gelo não é universalmente reconhecida, além disso começámos a medir com precisão o ciclo solar há apenas algumas décadas.

Muito pouco para construir modelos que permitam prever em detalhe o comportamento do Sol, que também já passou por ciclos “anormais” que em verdade podem ser perfeitamente normais.

A boa notícia é que, após as revelações japonesas publicadas no The Astrophysical Journal, provavelmente em Dezembro não iremos morrer todos assados.
Melhor preparar um cachecol.

Ipse dixit.

Fontes: Nasa

2 Replies to “Quatro pólos e um cachecol”

  1. Oi Max! Realmente, acho (baseado em informações derivadas de pesquisas, principalmente do Prof. Molion)que o AQUECIMENTO GLOBAL É UMA FARSA. Mas continuo a acreditar que o nosso planetinha é apenas mais um corpo que integra a grande galáxia e que um alinhamento mais significativo de corpos celestes pode influenciar o comportamento energético daqui. Não creio mais em catástrofes, mas em uma mudança de mentalidade que vá transformar os nossos mundos (em um mesmo planeta). Abração!

  2. Uau!!!, finalmente os cientistas estão entendendo (ou estão sendo obrigados a admitir) o que qualquer idiota já sabe: que a temperatura na Terra depende, quase em toda sua totalidade, dos "humores solares".
    Talvez dentro de alguns anos eles também possam admitir uma relação entre os ciclos solares e a fertilidade dos solos!
    Enfim, devemos sempre desconfiar quando algum daqueles apresenta um "novo modelo", afinal um modelo nada mais é que uma série de equações baseadas nas convicções daquele que o propõe à espera de confirmação pelos fatos, ou seja: TODO modelo nada mais é que uma suposição, inclusive aos referentes ao "suposto Aquecimento Global". Abraços

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