Para boa sorte está Avaaz, a ONG que tudo relata.
Começamos com Danny, definido como “um cidadão jornalista participativo”, obviamente membro de Avaaz, enquanto relata pela CNN as terríveis condições da zona de guerra.
Na verdade este vídeo mostra o que acontece antes da ligação com a CNN: é noite, um bairro tranquilo duma cidade síria, Danny tem os dedos gelados, pede uma prostituta. Depois começa a ligação em directo e tudo muda: vê pessoas armadas nos telhados, vê mortos (“220 nas últimas horas” afirma), ouve explosões, Danny está no centro duma batalha e parece assustado.
Danny não é apenas um cidadão jornalista participativo e membro de Avaaz: é também um comum cidadão assustado enquanto mostra os mortos e os feridos provocados pelas bombas no próprio bairro:
Entre os feridos, não podemos não reparar no homem que aparece ao minuto 00:40, pois ele é Khaled Abu Saleh, outro heróico correspondente de Avaaz. Nós gostamos de lembra-lo assim, como neste outro vídeo, com a patinha ferida enquanto descreve a maldade do regime sírio que tinha feito explodir um oleoduto na localidade de Baba Amr.
Coitado do rapaz, poucos dias antes relatava a crueldade dos militares e poucos dias depois ficou vítima das fardas no mesmo bairro onde vive o cidadão e jornalista assustado que procura prostitutas, Danny. Pequeno o mundo, não é? Bom, a Síria de facto não é um País tão grande.
E como não realçar o lado humano de Khaled, que poucos dias antes tratava das feridas duma criança massacrada pelas armas do regime? Na verdade a criança dizia não estar ferida, mas Khaled insistia nos cuidados porque ninguém pode ficar insensível perante uma criança que sofre. Sobretudo se a criança está prestes a figurar num vídeo que relata os horrores do hospital de Homs e se a mesma criança tem que testemunhar os crimes de guerra na reportagem de AlJazeera.
Terrível a troca de palavras entre a criança e Khaled:
– Onde estás ferido?
– Eu não estou ferido
É uma criança em evidente estado de choque, tal como o outro paciente que afirma “Não mostrem a minha cara, se os meus pais virem isso morrem de enfarte”.
Mas Khaled tratava de todos os que precisavam de ajuda, não apenas das crianças. Por exemplo, havia uma jovem jornalista francesa ferida, Edith Bouvier: podia Khaled ter ficado imóvel? Não, não podia. Então eis que apareciam os cuidados e uma câmara de vídeo:
Neste caso Khaled (que por natureza era um rapaz tímido) aparece apenas ao minuto 05:16.
A propósito de jornalistas: que a situação seja particularmente grave é fácil perceber pois em Homs parece haver apenas um medico. O que trata a jovem Edith é o mesmo que trata o jornalista Paul Conroy:
É sempre o mesmo medico que cuida duma jovem mulher morta (atingida, ao que parece, por um penso no olho, uma morte horrível):
Mas ser médico em Homs é duro: porque quando o trabalho acabar é preciso voltar para casa e descobrir que o próprio irmão morreu num ataque do feroz regime. Neste caso o medico já não se encontra em serviço, percebe-se isso pelo facto de não ter o estetoscópio ao pescoço. Terrível.
Voltemos ao heróico correspondente de Avaaz.
Infelizmente nem sempre Khaled conseguia chegar antes da Irmã Morte ter acabado o próprio sujo trabalho. Eis Khaled, por exemplo, enquanto mostrava os corpos sem vida de dois jornalistas ocidentais,
Marie Colvin and Remi Ochlik:
Neste caso reconhecem-se claramente os corpos dos jornalistas ocidentais por via da coberta cinzenta clara (os civis morrem debaixo de cobertas cinzento escuro, os militares debaixo de cobertas miméticas).
Coitado de Khaled, sempre pronto a socorrer os outros e afinal ele mesmo vítima do sanguinário regime…ehi, esperem: mas o vídeo de Khaled ferido era do dia 5 de Fevereiro, os outros são mais recentes: milagre, uma recuperação espantosa!
Porque esta é a grande mensagem de Khaled e do amigo Danny: também numa zona de guerra é possível continuar a ter esperança. Sobretudo com o dinheiro de Avaaz e alguns figurantes.
Ipse dixit.
Foi por isso que eu enviei um e-mail para os gajos da avaaz a mandá-los f@$3r3m-se, porque para mim, já chega de propaganda.
Se eles vão ler o meu e-mail? Claro que não…mas fica a intenção.
Abraço,
—
R. Saraiva
Qual a ligação entre isto (Kony 2012) e isto (Reservas Petrolíferas no Uganda)?
Quer sensibilizar as pessoas para uma intervenção internacional no Uganda, com o pretexto de se procurar um criminoso? Não digo que o senhor não seja mau. Mas só ao fim de 26 anos é que alguém se lembrou que ele anda a raptar crianças e a violá-las…
Deixo ao vosso critério.
Abraço,
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R. Saraiva
Olá Saraiva: eu ando com uma raiva desta AVAAZ!! E fico mais furiosa quando não consigo pensar nada que possa fazer para conter essa organização que estou mais do que convencida está prestando um desserviço ao mundo. Não adianta escrever para eles. Já fiz isso e desisti, porque leem e se fazem de desentendidos, não respondem. Se atinares com alguma coisa que se possa fazer, me avisa. Abraços