Os roubos de cobre

Há muitos anos estava a falar com um rapaz do Chile o qual contava: “Há inteiras famílias que procuram cobre. Vasculham tudo, juntam o cobre que conseguem encontrar e depois vão vende-lo. Para alguns é a única forma de sustentamento”.

Isso foi há muitos anos, como afirmado.
Agora a “fome do cobre” é um mal que atravessa o planeta.

Razão? Ao que parece o cobre está para acabar, os preços sobem, o cobre tornou-se um metal valioso. Não tanto como ouro e prata, isso não, mas mesmo assim valioso.

Os Leitores portugueses já estão acostumados ao problema: há muito que nos noticiários são relatados furtos que interrompem o fornecimento de serviços como a electricidade ou o telefono. Mas não é apenas um problema de Portugal.

BBC:

Mais de 100 pessoas enfrentam uma outra semana sem linha telefónica e sem internet depois de ladrões terem furtado mais de meia milha de cabo em Tickton, uma aldeia do Yorkshire do Leste.

Em Italia um rapaz morreu electrocutado enquanto estava a roubar cobre das linhas eléctricas. A ideia era conseguir algum dinheiro para depois ir com a namorada a comer uma pizza.

E dos Estados Unidos outra notícia: um jovem casal abateu 18 postes ao longo duma estrada para recuperar o cobre que, uma vez vendido, forneceu os 7.000 Dólares necessários para as despesas do casamento.
“Perdi o trabalho, o que poderia ter feito?” pergunta o recém casado.

Normal: como afirmado, o recurso parece estar perto do fim, o que, juntamente com as manobras  especulativas, torna o valor do metal mais elevado. E as pequenas coisas do dia a dia desmoronam: a panela de cobre, onde a minha avó preparava a polenta, agora tornou-se um objecto de valioso. Nunca poderia ter imaginado isso enquanto olhava para a minha avó que mexia no denso amarelado com o pau de madeira.

E este discurso leva até uma pergunta do próximo artigo: e se o principal dos nossos recursos, o petróleo, acabasse?

Ipse dixit.

Fontes: BBC, La RepubblicaWashington Post, Petrolio

One Reply to “Os roubos de cobre”

  1. Olha Max: algo me diz que a sanha desenfreada e extremamente rápida da privatização de tudo, regida pelo neo liberalismo e desembocada numa concentração da riqueza global de recursos nas mãos de pouquíssimos é uma demanda da escassez de tudo no planeta. Lástima que os pobres do mundo não se dão conta disso e querem simplesmente ter acesso ao que já não existe, ou só existirá para poucos, e não para a imensa maioria de pobres. Uma política realmente voltada para a sustentabilidade numa era pós recursos finitos, que está em curso, seria perfeitamente exequível se os pobres desenvolvessem valores ligados a sobrevivência em escala humana, se utilizando de recursos utilizáveis também em escala humana e predominantemente não na lista dos que se tornarão apenas do consumo dos ricos. É injusto? Claro que é! O que é que não vem sendo injusto? E não me falem em genocídios, porque o próprio neoliberalismo é em si uma estratégia genocida em curso. Estou a pensar numa forma de sobrevivência feliz para os que não se deixarem matar pelo neoliberalismo e suas consequências.
    Abraços

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