Origens – Parte II

Muito bem.
Então até agora vimos que as teorias apontam para um Universo criado com uma grande explosão (Big Bang), que esta explosão pode ter sido originada por um Deus ou nem por isso, e que o Universo é muito grande e muito velho também.

A forma do Universo

Falta dizer só uma coisa: qual a forma do Universo?
Aqui a escolha é do Leitor. Gosta dum Universo em forma de cubo? Então que assim seja, um Universo cúbico.
Não gosta de ângulos? Então eis um Universo esférico. Isso porque ninguém sabe dar uma resposta certa.

Os cientistas falam dum Universo finito mas infinito, de “horizonte cósmico”, de Universos em forma de cilindro e de toros (não o bicho mas a forma geométrica). Resumindo: não sabem.

E de facto não é simples, por várias razões.
Em primeiro lugar porque nós estamos no interior do Universo e não temos uma visão “geral” do mesmo.
Depois porque por causa das limitações tecnológicas não conseguimos observar todo o espaço.
E depois há outra razão, um pouco mais complicada.


Afirmar que o Universo tem uma forma qualquer significa presumir que visto “de fora” possa fazer lembrar uma figura geométrica qualquer. Mas “fora” onde?

As três dimensões nas quais vivemos e até o tempo (que pode ser encarado como uma quarta dimensão) foram criadas com o Universo: antes não existiam. E se antes não existiam, significa que “fora” do Universo também não existem. Por isso o conceito de “fora” pode estar errado, simplesmente pode não existir um “fora”. O que parece um absurdo.

Complicado, não é? Eu nem consigo imaginar algo assim, por isso melhor avançar.

O Sol preguiçoso

Após o Big Bang passou muito tempo antes das estrelas aparecerem. Mas afinal apareceram.
E o Sol também? Nem por isso. A nossa estrela é preguiçosa e demorou bastante.

O Sol apareceu quando o Universo já tinha mais de 8 biliões de anos e já muitas estrelas tinham sido criadas e tinham morrido. Como podemos saber isso? Não é tão complicado.

Se o meu carro tiver um depósito de 50 litros, gasta 1 litro de gasolina por cada 10 quilómetros e já percorreu 300 km, posso afirmar que o carro acabará a gasolina após outros 200 km, mais ou menos.
Com o Sol é a mesma coisa. O Sol é uma estrela, e uma estrela pode ser considerada como uma enorme central nuclear. Tal como uma central, precisa de combustível para “arder” e a quantidade de combustível disponível pode ser determinada a partir da massa da estrela.

Estrela grande = massa maior = mais combustível = tempo de vida maior?
Não, é exactamente o inverso.

Um carro grande costuma gastar mais do que um carro pequeno e com as estrelas o princípio é o mesmo: quanto maior for uma estrela, tanto maior será o combustível gasto para funcionar, tanto mais curta a esperança de vida (o funcionamento). A nossa é uma estrela de dimensões média, gasta de forma razoável, pelo que já funcionou ao longo de 5 biliões de anos mas tem combustível para outros 5 biliões.

Última pergunta: mas como se formou?
A ideia é que havia uma estrela nas redondezas, e que um dia acabou o combustível. As estrelas, ao acabar de funcionar, podem ter atitudes diferentes, entre as quais uma bastante aborrecida para os vizinhos: explodir.
Com a explosão, o material da estrela fica projectado no espaço. Com o tempo, este material pode tornar-se o ponto de partida para outras estrelas.

O Universo recicla? Assim parece.
Isso significa que todos nós somos reciclados? Sim, faz sentido: nada é criado a partir do nada e a matéria da qual o nosso planeta e nós estamos feitos, antes ficava no interior duma estrela.
Pelo menos, esta é a teoria, pois ninguém foi controlar.

Ok, ok, mas quando aparece a Terra?
Calma, já chega.

A Terra: um lugar horrível

À volta do Sol havia muita poeira, um disco de poeira: com o tempo a poeira condensou-se e criou os planetas, entre os quais a Terra. Simples, não é?
Não, pelo contrário: esta ideia está repleta de problemas.

Por exemplo: segundo as leis da física que conhecemos, os dois planetas gigantes do nosso Sistema Solar Urano e Neptuno não deveriam estar aí onde estão agora. Alguns astrónomos afirmam que foram criados mais perto do Sol e que depois migraram: mas já experimentaram mexer um planeta como Neptuno? É que dá uma trabalheira.

Sempre os planetas: se a ideia dum disco de poeira estiver correcta, os planetas deveriam ficar mais ou menos alinhados num plano horizontal. Mas assim não é.

Outro problema: a Lua. Porque o nosso satélite é uma anomalia, não deveria estar aí, é demasiado grande e não há uma teoria que consiga explicar isso (ok, há teorias segundo as quais o Lua é um satélite artificial, depois há sempre Nibiru, mas enfim…). E também outros satélites apresentam órbitas irregulares que não condizem com a teoria do disco de poeira.

Por isso: talvez houvesse um disco de poeira, talvez a partir daí algo aconteceu…

Mas como era a Terra recém criada? Um horror.
Quente, muito quente. Depois arrefeceu, mas mesmo assim continuava a ser uma desolação. Não havia nada, só rocha, nem um café, nem uma esplanada. Uma seca. Não havia vida (era estéril) e nem água.

A propósito da água: como é que chegou aqui? Mistério.
Peguem numa bola de rocha incandescente e tentem torna-la em algo cheio de água: não é simples.
Actualmente existem duas teorias para explicar a presença da água na Terra:

  • a primeira indica os cometas e outros “pequenos” objectos do céu como responsáveis: a queda destes objectos, com uma abundante componente líquida gelada, teria com o tempo formado os oceanos. Problema: mas quantos cometas teriam sido precisos para encher os oceanos?
  • a segunda teoria afirma que a actividade vulcânica (muito forte nas fases inicias do planeta) atirou para atmosfera grandes quantidades de vapor de água que, com o tempo, passou para o estado líquido. Problema: mas os vulcões onde buscavam o vapor de água?

Não sei porquê, mas ambas parecem teorias do tipo “sim, mais ou menos, todavia, aliás, vai lá saber…”. Mas se calhar é uma impressão minha.

E a atmosfera? Como era a atmosfera da Terra primitiva? Uma autêntica porcaria, cheia de enxofre, metano, dióxido de carbono e com um forte efeito estufa. De vez em quando aparecia uma molécula de oxigénio, mas era um mero acaso.

Não admira que na altura não habitasse ninguém aqui.
Mas mesmo assim algo mudou. Milagre? Obra de Deus? Processo natural? É o que vamos descobrir na terceira parte.

Ipse dixit.

5 Replies to “Origens – Parte II”

  1. Felizmente as Teorias da "criação do Universo" não passam de Teorias… e como qualquer boa teoria a mesma não significa que seja a Realidade. Acho deveras fantástico como se pode acreditar que todo o Universo que agora ronda os 47 biliões de anos luz de comprimento (e a expandir) tenha tido origem numa explosão! Ainda gostava de saber qual foi o detonador? Como aceito a noção de infinito sei que o meu muito limitado cérebro nunca vai conseguir entender o "universo" mas também isso é algo que não me preocupa minimamente… sinto-me satisfeito por conseguir ver as cerca de 3000 estrelas numa noite de lua nova sem nuvens! E isso já é simplesmente infinitamente fabuloso!

  2. Esqueci-me… copia/cola

    "Ó Cometa… estamos aquiiiiiiiiiiii!!!!

    E depois é só esperar por uma nova espécie! Esta já não tem hipótese…

    Por isso queridas bactérias… vos pedimos novamente que, após a "visita" do cometa, repitam novamente o fabuloso trabalho que já fizeram, e que voltem a tentar… Pode ser que desta vez a evolução das espécies corra melhor…

    Esta 1ª tentativa, agora para o fim, está que é uma desgraça!"

    Devo apenas acrescentar que o TEMPO urge.. é que o SOL já não vai durar assim tanto TEMPO como na 1ª tentativa!

  3. " As três dimensões nas quais vivemos e até o tempo (que pode ser encarado como uma quarta dimensão) foram criadas com o Universo: antes não existiam. E se antes não existiam, significa que "fora" do Universo também não existem. Por isso o conceito de "fora" pode estar errado, simplesmente pode não existir um "fora". O que parece um absurdo."

    Absurdo ainda maior é entender que o mesmo vale para o tempo: o "antes" também não poderia existir se o próprio tempo foi criado no big bang. Espaço e tempo formam uma unidade misturada chamada espaço-tempo, subordinada à velocidade da luz, a qual (a luz) também é uma outra mistura, de matéria e energia (dependendo da forma que "olhamos"), mas que provavelmente não é em si, nem uma coisa nem outra. Os animais humanos apesar de se vangloriar pela sua propensa ilimitada imaginação ainda esta acorrentado pelas finitudes intrinsecas de ser humano.

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