É assim: para ler uma entrevista ao Professor Bonaventura de Sousa Santos, doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick, director dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril, Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, que fala das mudanças na América do Sul, é preciso entrar num site em Castelhano, Alianet.
Porque aqui estamos demasiado preocupados com as aventuras da Selecção de futebol, reality show, novelas e, sobretudo, com os servidores dos bancos que, com muita boa vontade, definimos “políticos”.
É justo assim.
Hoje, no início do século XXI, Mr. Warren Buffet diz que é injusto pagar menos impostos do que os seus empregados e quantifica: “Eu pago apenas algo como 20% e os meus empregados estão a pagar 40%, e eu sou o terceiro homem mais rico do mundo. O que está a acontecer?” Estas são as contradições.
Pois.
Vamos ler, então, as resposta que o Prof. Bonaventura fornece.
O Professor afirma que o modelo neoliberal procurou promover a democracia, para depois ocupa-la numa altura posterior? Pode esclarecer esse ponto?
Desde os anos 80, em todo o mundo houve a democracia como condição da política do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
As ditaduras já não são os regimes preferenciais, são as democracias. Mas as democracias sem redistribuição de riqueza, sem direitos sociais, sem classe média, porque a democracia é o sistema de governo que com mais legitimidade (e “paz social”) pode produzir aquelas fraquezas do Estado que o capitalismo financeiro espera. O capitalismo financeiro pode impor a uma democracia muito mais do que a uma ditadura. Esta foi a armadilha, a promoção da democracia, com o objectivo de ocupar mais o Estado.
O capitalismo financeiro dos Estados Unidos foi ainda mais longe, compra e paga a campanha eleitoral. É tudo bem documentado, com dados totalmente confiáveis. Nas últimas três décadas, Wall Street pagou as campanhas eleitorais de todos os presidentes, inclusive Obama, e por isso quer algo em troca. Não é filantropia, paga as eleições para que os seus “funcionários” sejam os únicos a comandar e fazer política.
É por isso que Obama nomeou na sua equipa económica e financeira todos os homens que até o dia anterior eram os grandes de Wall Street. e é impossível colocá-los na prisão por causa dos crimes que Wall Street cometeu. Foi possível com Madoff, por exemplo, que realmente era um especulador, mas apenas porque ele era um outsider em Wall Street, um indivíduo que trabalhava de fora, e por isso era um alvo fácil. Então, o problema que vivemos é apenas isso: não temos forças e modelos suficientemente fortes para ser capaz de combater esta situação.
E assim caminhamos num mundo de incerteza, embora não eu consiga ver tudo de forma negativa, porque vejo uma grande quantidade de energia que surge no Sul global. Vejo uma mudança do Capitalismo, de norte para sul, vejo como o diálogo emerge entre os hemisférios sul e norte. É uma incógnita, porque Países como China, Brasil, África do Sul, Índia e Turquia serão capazes de introduzir, em algum momento, elementos novos no modelo emergente que dizem defender? Quais novidades?
E vemos a China com as suas iniciativas fortes na África, com compras maciças de terra, porque há uma crise alimentar de que ninguém fala. Mas, também outros Países, como Coreia do Sul e Brasil, e muitas multinacionais estão a comprar terras numa nova forma de colonialismo. O clássico colonialismo foi caracterizado por ser uma dominação territorial de um País por parte dum Estado dominante. Agora é realizado com a ocupação territorial por empresas estrangeiras ou Estados, por causa dos contratos que foram assinados com os Estados “ocupados”, contactos que nunca incluem os agricultores, que mais cedo ou mais tarde serão forçados a sair.
Assim, além de todas essas crises, há inovações interessantes no mundo, há processos que estão em desenvolvimento no Sul, Índia, África do Sul, Brasil, Bolívia, Equador e Venezuela. Processos que têm tentado produzir uma alternativa. Particularmente as iniciativas no Equador e na Bolívia são processos contraditórios que sigo de perto, que levantam preocupações por causa da polarização política interna que está a ocorrer entre as forças de esquerda.
Há novas propostas para uma renovação do pensamento político, do pensamento económico, do pensamento como multiculturalidade e multinacionalidade, o viver bem e os direitos da Natureza. Esta é uma riqueza enorme que do ponto de vista do Norte global não é levado em conta. A abordagem é considerada ridícula, os movimentos intelectuais e políticos do Norte não querem entender o que está em desenvolvimento.
Quando fala de processos contraditórios, quais em particular?
Há muitos. O primeiro nó é que temos uma dualidade nesses Países, especialmente em Países como Bolívia e Equador, Países onde passaram-se inovadores processos constituintes, bons na medida em que essas transformações surgem de mobilizações populares. São processos que surgem a partir de baixo e não de cima. Antes eram os advogados que escreviam as Constituições, não foi assim na Bolívia e no Equador. Essas Constituições criam um projecto de sociedade, como a multinacionalidade, o Bom Viver, a Kawsay Sumak, a Suma Qamaña.
Então, onde está a contradição? Na dualidade entre um projecto de Estado multinacional e a realidade existente nesses Países, que são um Estado-nação com todas as velhas regras institucionais e os hábitos do burocrata colonial do Estado moderno. Há, igualmente, as contradições da economia devoradora, cujo desenvolvimento não é independente e sempre foi baseado na exploração dos recursos naturais de maneira não regulamentada, recursos que nunca como nesta altura económica tiveram uma conjuntura favorável por causa dos preços das mercadorias, e ao mesmo tempo um projecto de Constituição que procura o horizonte pós-capitalista do Bom Viver, um tipo diferente de sociedade.
A tensão é entre o antigo que ainda sobrevive e ainda está sólido perante do novo, que não existe e está apenas a nascer.
Estas contradições são reflectidas no campo social e político. No campo político temos as velhas Esquerdas que sempre foram modelados na Esquerda Europeia. Em primeira instância, são Esquerdas mono-culturais, eurocêntricas, pelo que nada do que existir fora da América do Norte ou da Europa tem importância.
Em segundo lugar, são Esquerdas que ficam polarizadas muito facilmente na luta para alcançar o poder, por causa das próprias divisões ideológicas. Como terceiro ponto, são Esquerdas que têm a mesma concepção de desenvolvimento das forças produtivas e a própria noção de exploração da Natureza.
Mas há iniciativas que nascem neste continente que, de certa forma, começam com os zapatistas e mais tarde com o Fórum Social Mundial, e têm um impulso grande o suficiente para mostrar que existem outras línguas da Esquerda, outros movimentos, que até então eram completamente invisíveis, outras formas de conceber a relação com a Natureza, outras concepções de desenvolvimento; é uma grande inovação e de alguma forma, observamos uma dualidade entre a Esquerda.
No Equador, assim como na Bolívia, encontramos grupos que são duas facções da Esquerda. Mas que não consideram a outra de Esquerda, isso é, que cada um acredita que o outro seja de Direita. Então, ao transformar o oponente Esquerda no inimigo, não há espaço para o diálogo. E assim chegamos à polarização política.
É um desgaste recíproco?
Um desgaste mútuo que favorece a Direita. O risco da Esquerda é muito forte, porque realmente a ideia dominante da Esquerda da América Latina é nacionalista e desenvolvimentista, e é muito difícil sair disso.
Sabemos que há uma transição do modelo de desenvolvimento para o Bom Viver, mas é algo que não pode ser feito num ano. E embora haja sinais de um início nessa direcção, é algo que é difícil perceber. Não vemos quando os índios da Bolívia são confrontados com o irmão Evo para a construção duma estrada no Parque Tipnis. Eu estiva muito envolvido neste conflito, falei com os índios e com a vice-presidente para tentar um diálogo, porque parecem ter muito em comum e mesmo assim não dialogam. Existem alternativas para a estrada.
Mas tudo que podemos observar são as contradições no seio da população, como dissemos, que se torna imediatamente polarizada, é um confronto que divide o campo popular entre camponeses e nativos, em nativos contra nativos.
No Equador vejo a mesma coisa, um confronto e uma incapacidade de diálogo. Para qualquer observador é estranho que no processo duma revolução popular, num Estado multinacional, haja 200 líderes indígenas e agricultores que estão a ser julgados, acusados de serem terroristas ou sabotadores. É compreensível no Chile, mas é difícil entender isso no Equador. São contradições muito fortes.
Para mim, ligados aos movimentos intelectuais e aos processos relacionados com a mudança da Esquerda, isso me preocupa porque são processos históricos, ricos em oportunidades que ocorrem raramente na história e acho que corremos o risco de desperdiçar oportunidades importantes para a mudança no continente.
Mas o que estamos a discutir é se forem realmente processos de mudança.
A minha opinião é que esta é uma mudança, talvez muito contraditória, que pode exigir uma reorganização, mas são processos nos quais há muitas coisas inovadoras e cruciais para o futuro da Humanidade.
Com um exercício de imaginação política que não é complicado, podemos esperar que uma divisão da Esquerda no Equador ou na Bolívia levará à vitória da Direita em ambos os Países. Uma coisa que é certa é que a Direita tem o objectivo principal de eliminar as Constituições. Dizem que a Constituição do Equador é aquela de Alberto Acosta Rafael Correa, não fazem distinções, apesar do facto de agora serem feitas o tempo todo. Esta é a visão que nós faz falta para acreditar no que eu chamo de pluralidades despolarizada. Somos plurais, mas não podemos polarizar ao ponto de ficarem derrotados.
Mesmo por causa das polarizações, os processos de mudança que ocorrem com muita inovação não são realmente visíveis. Olhe, como sociólogo eu não parei de ir no seio da comunidade. Agora estou a terminar um projecto sobre a justiça indígena na Bolívia e no Equador, com uma extensa pesquisa na comunidade.
É notável a riqueza da diversidade cultural, a tradicional ligação entre a coisa tradicional e a coisa moderna, a coisa eurocêntrica e a coisa ancestral, o que é feito nos territórios duma forma simples, sem grandes polarizações, as policiais que usam a autoridade ancestral, as autoridades ancestrais que falam com os defensores do País e conseguem entender-se.
Depois temos um nível macro, maior, com uma polarização enorme, onde os companheiros nativos rapidamente passam a ser considerados um obstáculo à mudança, porque eles não querem uma estrada, porque querem os direitos que são uma conquista colectiva, outra coisa que a Esquerda europeia ou eurocêntrica nunca conseguiu entender.
Mas devemos considerar, no entanto, que entra em jogo, neste como em outros Países da região, o facto destes serem processos muito complexos, com paixões que dão pouco espaço para o debate …
Tens razão, são muito rápidos e os novos processos não vêm de considerações teóricas da Esquerda conhecida como tal; as novidades chegaram com as notícias de outros movimentos sociais, a partir de outros actores.
De alguma forma a velha Esquerda tenta aprender, mas na realidade posso ver é que não têm aprendido o suficiente e também os movimentos deixaram caracterizar-se em demasia. Temos uma crise da Esquerda que não está ciente dessa complexidade, que não está em condições de compreender as contradições, o que pode fazer e o que não pode fazer.
Talvez tenhamos uma crise de liderança dos movimentos sociais também, incapacidade de compreender como as bases estejam a gerir as contradições do processo, no caso, por exemplo, das políticas que favorecem a inclusão, mas que ao mesmo é uma inclusão que exclui.
Uma coisa é criar uma nova economia, onde as pessoas possam prosperar numa economia popular e solidária, outra coisa é distribuir vouchers. Por os vouchers deixam sair da pobreza, mas não te deixam sair duma sociedade onde sem vouchers voltas para a pobreza. E, na prática, a política dos vouchers são as únicas políticas sociais que vemos no continente.
Fonte: Alai
Tradução: Informação Incorrecta
Max e amigos:
Estou com o professor. Não podemos deixar escapar o momento de recriar o pensamento de esquerda e penso que o sentimento bolivariano que se alastra pela América do Sul pode ser um bom campo para análises.
Até.
Walner.
Tá na hora da esquerda se desvincular do comunismo e/ou socialismo. É possível ouvir boas ideias de todos os lados. Creio eu que um pensamento oriundo de bases híbridas deve surgir, não ficanto estigmatizada em apenas um "lado".
🙂
ORDEM DO DIA DO COMANDANTE DA 3ª BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA.
UM POUCO DA VERDADEIRA HISTÓRIA.
ESTE CORAJOSO CORONEL SE PRONUNCIA.
Discurso de comandante:
ORDEM DO DIA DO Cmt INTERINO DA 3ª Bda CMec – Bagé-RS
Cel Mário Luiz de Oliveira, Ch EM da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada!
REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 31 DE MARÇO DE 1964
Soldados da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada !
Há 46 anos atrás, o presidente da República, João Goulart, era deposto.
Uns chamam esse acontecimento de golpe militar, outros, de tomada do poder. Para nós, brasileiros, ocorreu a Revolução Democrática de 1964, que afastou nosso querido país de uma ditadura comunista, cruel e sanguinária, que só os irresponsáveis, por opção ou por descuido, não querem enxergar.
A grande maioria de vocês, principalmente os mais jovens, foram cansativamente expostos à idéia transmitida pela propaganda política, inserida nas salas de aula, nos ditos livros didáticos, nos jornais, programas de rádio e de TV, que os militares tomaram o poder dos civis para impedir que reformas moralizantes fossem feitas; que para combater os "generais que usurparam o poder" os jovens da época uniram-se e lutaram contra a ditadura militar e que muitos deles morreram, foram mutilados, presos e torturados na luta pela redemocratização do país; que jovens estudantes, idealistas, embrenharam-se nas matas do Araguaia para lutar contra a ditadura.
Mas qual é a verdade sobre o Movimento de 31 de março ?
Para responder a esta pergunta, basta tão simplesmente voltarmos nossas vistas para aquela conturbada época da vida nacional. O país vivia no caos. Greves políticas paralisavam os transportes, as escolas, os bancos etc. Filas eram feitas para comprar alimentos. A indisciplina nas Forças Armadas era incentivada pelo governo. João Goulart queria implantar suas reformas de base à revelia do Congresso Nacional. Os principais jornais da época exigiam a saída do presidente, em nome da manutenção da democracia. Pediam para que os militares entrassem em ação, a fim de evitar que o Brasil se tornasse mais uma país dominado pelos comunistas. O povo foi às ruas pedindo o fim daquele desgoverno, antes que fosse tarde demais.
E, assim, aconteceu o 31 de março! Naqueles dias seguintes, editoriais e mais editoriais exaltando a atitude patriótica dos militares eram publicados, nos mesmos jornais que, hoje, caluniam a Revolução…Os comunistas que pleiteavam a tomada do poder não desanimaram e passaram a insuflar os jovens, para que entrassem numa luta contra seus irmãos, pensando que estariam lutando contra a ditadura. E mentiram tão bem que muitos acreditam nisso até hoje.
E foi com essa propaganda mentirosa que eles iludiram muitos jovens e os cooptaram para as suas organizações terroristas. A luta armada havia começado. Foram vários atos terroristas: atentados a bomba no aeroporto de Recife, em quartéis do Exército, em instalações diplomáticas de outros países; seqüestros e assassinatos de civis, militares e autoridades estrangeiras em solo brasileiro. A violência revolucionária havia se instalado. Naquela época, os terroristas introduziram no Brasil a maneira de roubar dinheiro com assaltos a bancos, a carros fortes e a estabelecimentos comerciais.
Foram eles os mestres que ensinaram tais táticas aos bandidos de hoje. Tudo treinado nos cursos de guerrilha em Cuba e na China. As polícias civil e militar sofriam pesadas baixas e não conseguiam, sozinhas, impor a lei e a ordem. Para não perder o controle da situação, o governo decretou medidas de exceção, pelas quais várias liberdades individuais foram suspensas. Foi um ato arbitrário, mas necessário.
(…)
(…)
Esta resposta também é simples:É porque eles sabem que nós, militares, não nos deixamos abater pelas acusações contra as Forças Armadas, porque, na verdade, apenas cumprimos o dever, atendendo ao apelo popular para impedir a transformação do Brasil em uma ditadura comunista, perigo esse que já anda ao derredor do nosso Brasil, só que com outra maquiagem. É porque eles sabem que nós, militares, levamos uma vida austera e cultivamos valores completamente apartados dos prazeres contidos nas grandes grifes, nas mansões de luxo ou nas contas bancárias no exterior, pois temos consciência de que é mais importante viver dignamente com o próprio salário do que realizar orgias com o dinheiro público.
É porque eles sabem que nós, militares, temos como norma a grandeza do patriotismo e o respeito sincero aos símbolos nacionais, principalmente a nossa bandeira, invicta nos campos de batalha, e o nosso hino, jamais imaginando acrescentar-lhes cores ideológico-partidárias ou adulterar-lhes a forma e o conteúdo. É porque eles sabem que nós, militares, temos orgulho dos heróis nacionais que, com a própria vida, mantiveram íntegra e respeitada a terra brasileira e que esses heróis não foram fabricados a partir de interesses ideológicos. É porque eles sabem que se alguma corrupção existiu nos governos militares, ela foi pontual e episódica, mas jamais uma estratégia política para a manutenção do poder ou o reflexo de um desvio de caráter a contaminar por inteiro um ideal. É porque eles sabem que nós, militares, somos disciplinados e respeitamos a hierarquia, ainda que tenhamos divergências com nossos chefes, pois entendemos que eles são responsáveis e dignos de nossa confiança e que não se movem por motivos torpes ou por razões mesquinhas. É porque eles sabem que nós, militares, não nos dobramos à mesquinha ação da distorção de fatos que há mais de 40 anos os maus brasileiros vem impondo à sociedade, com a clara intenção de impor-lhe a idéia de que os guerrilheiros de ontem (hoje corruptos e ladrões do dinheiro público) lutaram pela democracia, quando agora já está mais do que evidente que o desejo por eles perseguido há anos, 'sempre foi – e continua sendo` o de implantar no país um regime totalitário, uma ditadura mil vezes pior do que aquela que eles afirmam ter combatido. É porque eles sabem, enfim, que todo o mal que se atribui a nós, militares, e às Forças Armadas – por maiores que sejam os nossos defeitos e limitações – não tem respaldo na Verdade histórica que um dia há de aflorar.
Soldados da Brigada Patrício Corrêa da Câmara! Pertencemos ao Exército Brasileiro, brasileiro igual a todos nós e com muito orgulho no coração. Exército invicto nos campos de batalha, onde derrotamos comunistas, nazi-fascistas, baderneiros, guerrilheiros, sabotadores, traidores da Pátria, conspiradores, predadores do patrimônio público, bandidos e terroristas. Mas retornemos agora nossas vistas para o presente… O momento é decisivo para o Brasil, e por conseguinte, para todos nós, brasileiros.
(…)
(…)
Mas será que estamos realmente conscientes disso? Parece que não! O País vive em um clima de oba-oba, tipo "deixa a vida me levar, vida leva eu"… O dinheiro público é distribuído em alguns tipos de bolsas, umas de indisfarçável cunho ideológico revanchista e, outras, voltadas ao assistencialismo, nunca na história desse País visto em tão larga escala… A mídia satura a grande massa, "coincidentemente" o grande colégio eleitoral, com programas televisivos de baixíssima qualidade cultural, de cunho nitidamente apelativo, fabricando falsos heróis, que corroem os valores cristãos do nosso povo… como que distraindo-o, a fim de impedi-lo de enxergar o que anda acontecendo por aqui e ao nosso redor: situações idênticas ocorridas no Brasil e em outros países são tratadas de formas diferenciadas, conforme a simpatia ideológica; a palavra empenhada, as posições firmadas e documentos estratégicos são trocados ou modificados conforme a intensidade da reação da opinião pública, tornando transparente a falta de seriedade no trato dos destinos do Brasil, ou pior, revelando as verdadeiras intenções, ocultas e hediondas. Se não bastasse, serviçais de plantão vem à mídia tentar explicar o inexplicável, isso quando não jogam a culpa na opinião pública, dizendo que foi ela quem entendeu de forma errada ou procuram fazer-se de vítimas face à suposta campanha difamatória, quando na verdade os fatos estão aí, as claras? No entanto, parece que as pessoas encontram-se anestesiadas, apenas "vivendo a vida", discutindo qual a melhor cerveja, ou quem deve ser eliminado da casa, se tal jogador deve ser convocado…
O que vemos hoje já era utilizado nos tempos do antigo Império Romano, a estratégia do "pão e circo: dê ao povo comida e diversão de graça e ele esquecerá seus problemas…". Porém, ao longo da História da civilização, diversas personalidades já apontavam para os perigos desses momentos de desesperança, destacamos:
Martin Luther King – "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons…" ;
Burke – "Para o mal triunfar, basta os homens de bem não fazerem nada…" ;
Mario Quintana – "O que mata um jardim não é o abandono ! O que mata um jardim é esse olhar vazio de quem passa indiferente por ele" ; e Rui Barbosa – "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto" .
Não! Não deixaremos que os inimigos da Pátria venham manchar sua honra ou deturpar seus valores cristãos. Não envergonharemos nossos antecessores, os quais nos legaram esse Brasil-Continente, livre e soberano! Soldados da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, estaremos sempre atentos e, se o Bom Deus e Senhor dos Exércitos assim o desejar, cumpriremos nossa sagrada missão de defender a Pátria. Que seja isso, ou que o sol, sem eflúvio, sem luz e sem calor, nos encontre no chão a morrer do que vivo sem te defender…
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir da honra, a ter vergonha de ser honesto".
(Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
Anônimo,
Desculpe o atraso: é lógico que a esquerda cometeu, comete e cometerá seus excessos e seus desvios, mas a direita também os cometeu e as pencas. Cabo Anselmo, bomba no Rio Centro: seriam atentados contra o povo culpabilizando a esquerda. Muitíssima corrupção abafada pela mídia cooptada, que o sr. diz que fazia o jogo das esquerdas. Uma questão de ótica. A esquerda na mídia, esta sim, era pontual. Como poderia deixar de ser? Ai dos que se atrevessem! Mídia majoritariamente subserviente à elite patronal, que era assumidamente golpista. Hoje posso escrever um texto desta monta e assinar meu nome, como o senhor também poderia ter assinado o seu. Já na ocasião da qual o senhor tanto se orgulha, ao me identificar como produtor de um texto destes, no mínimo seria inquerido. Isto pra dizer o mínimo mesmo.
Outra, nunca ouvi militar algum reclamando das concessões recebidas, similares as bolsinhas que os despossuídos hoje recebem, embora estas sejam infinitesimais e um dos alvos de sua manifestação (as uso apenas para efeito comparativo), tais como: auxílio moradia, um generoso auxílio no caso de uma "necessária" mudança de cidade (esta uma verdadeira farra) e pensão eterna para filhas solteiras de militares falecidos (outra farra). Muitas são as moçoilas, filhas de militares, que se casam apenas no religioso para poderem usufruir, num tempo futuro, deste absurdo legado, gerado lá na Guerra do Paraguai. É muito mais fácil criticar atitudes inclusivas, principalmente para as elites onde o verbo distribuir não existe. E não me aborreçam com o papo da isca, do anzól, da vara… O pobre tem que humildemente receber lições. Muitos se locupletam e não são os desfavorecidos, alguns mais, mas ficam de olho no rabo alheio, apontando com o dedo inquisidor.
Uma esquerda treinada em Cuba, na União Soviética, enquanto que a extrema-direita de toda esta sulamerica tinha um quantitavo de aprendizes treinados nas salas de aula de Chicago, cujo professor, Milton Friedman, empurrou toda a sociedade para o abismo que ora se apresenta. Medo deste cenário, todos temos, daí supor, como alguns supõe, de que tudo é plantado pra criação de um totalitarismo global dominado pela esquerda, é fechar os olhos para o evidente poder das corporações por trás dos Estados. Só não vê quem não quer. A não ser que: George Soros, Rockfellers, Murdochs e assemelhados estejam implantando a ditadura do proletariado por convicções idealistas. Mas, se assim for, não foram os senhores militares patriotas desta sulamerica que defenderam o ideário destes abutres? Quem sabe, talvez tenham sido usados como instrumentos da revolução marxista?
Walner.
olá Walner: me permite te contar uma histórinha (real)?
Meu pai, um francês,nascido em 1890 foi mandado como soldado para a primeira guerra mundial. Como nunca esteve disposto a matar, dedicava-se a trocar cigarros com os alemães nas trincheiras. Mandaram-no para a Argélia. E lá ele deu um tiro na própria mão para ir para a reserva. Prenderam-no, e mandaram para a Guiana Francesa com a pena de desertor. Da prisão ele fugiu e foi dar no Brasil, daí eu ser brasileira,nascida quando ele tinha já 60 anos. Meu velho sempre dizia que quando o ópio dos exércitos deixasse de ser o patriotismo para converter-se em comida, os senhores da guerra conseguiriam o que bem entendessem. Hoje os exércitos são majoritariamente mercenários, e os meninos soldados brasileiros estão nas fileiras para garantir o parco soldo, nada mais. Êste comandante, como muitos dos militares graduados, se perderam na história. Nem se deram conta que a ideologia é só o tempero na comida.Abraços
Maria,
Grato pelo relato. Que história à de teu pai! Maria, entre ser um herói de guerra, ou me submeter à Corte Marcial, como fez o soldado Slovik, com certeza a segunda hipótese é a que melhor condiz comigo. Quando garoto, conheci um homem que para evitar ir para o Canal de Suez lutar, se escondeu na caixa d'água da casa do vizinho, quando o exército lá o esteve procurando. Covardia? Lutar a guerra de quem? Matar seu semelhante, pra quê? Aquela história até hoje me impressiona. Sempre que me dou conta de uma caixa d'água me recordo daquele homem e de seu gesto humano. O cara era um artista plástico de pouco talento, mas de muita humanidade. Nunca deixou de ser tratado com o devido respeito. Slovik virou tema de filme. Um libelo anti-belicista. Abraços pra ti Maria.
Walner.
Maria,
Apenas pra esclarecer: esta história foi contada ao meu pai por um amigo comum. Quando a guerra do canal estourou, eu ainda não tinha nascido. Ainda assim, aquilo me marcou e anos depois, quando assisti pela primeira vez o filme sobre Slovik, a história daquele humilde artista me veio à mente.
Walner.