O que é o spread?
E se o spread aumentar, o que acontece?
É simples: o spread é o diferencial.
Sim, dito assim não significa muito.
Mas vamos ver.
Falamos, por exemplo, do diferencial entre o rendimento dos Títulos de Estado entre dois Países.
Do ponto de vista de quem emite o Título de Estado (e quem emite o Título de Estado? O Estado), o rendimento dum Título é o interesse que o Estado terá que pagar para ter dinheiro.
Eu, Estado, preciso de dinheiro; emito um Título de Estado com a promessa de pagar um interesse; alguém compra o Título (isso é: da-me dinheiro); eu; estado, terei que pagar um interesse.
Normal: se o Estado não pagasse interesse, ninguém compraria um Título, pois seria mais sensato investir o próprio dinheiro em operações que geram alguns lucros.
Assim, o spread mede a diferença que um Estado tem que pagar para vender o próprio Título quando comparado com outros Estados.
A Alemanha é uma economia sólida (mais ou menos e por enquanto…), para vender um Título precisa de oferecer 1% de juros (este é apenas um exemplo); a Grécia é um País falido, para vender um Título precisa de oferecer 100% de juros.
Porquê? Porque ao adquirir um Título alemão, tenho a razoável certeza que o Estado terá a capacidade para reembolsar o Título e para pagar os juros; isso é, é um investimento “seguro”.
Ao adquirir um Título grego, pelo contrário, tenho a razoável certeza que na altura de reembolsar o Título e pagar os juros, o Estado já estará totalmente falido; isso é, é um investimento suicida. E para conseguir atrair compradores,a Grécia tem que oferecer muito, muito mais…
Como ler os spreads?
Eis a tabela do spread de alguns Países europeus no passado dia 6 de Setembro:
Italia: 348
Espanha: 327
Irlanda: 655
Portugal: 900
Grécia: 1.550
Ohé, assim não se percebe nada: onde estão as percentagens?
Mas não é difícil.
A tabela ilustra o spread de alguns Países tendo como base o Bund, que é o Título de Estado alemão.
Se um Título tiver um rendimento de 7% enquanto o mesmo Título alemão (o Bund) tiver um rendimento de 3%, então o spread será: 7 – 3 = 4 %. Este último valor (4%) pode também ser lido como “4 pontos percentuais” ou ” 400 pontos bases”.
É desta forma que os valores aparecem na tabela. Que poderia ficar assim:
Italia: 3,48
Espanha: 3,27
Irlanda: 6,55
Portugal: 9,00
Grécia: 15,5
É a mesma coisa, só que os economistas gostam de complicar.
Portanto, o spread não é relevante em si, mas é o sintoma de algo mais: spread mais elevado significa que algo não bate certo na economia.
E que significa spread mais elevado?
Em primeiro lugar, é claro, significa que um Estado tem que pagar mais para obter dinheiro.
E no dia a dia?
Significa que se o Estado tem de pagar mais para obter dinheiro no mercado, tentará reduzir as próprias despesas: menos serviços aos cidadãos.
E, ao mesmo tempo, tentará encontrar dinheiro menos caro: o que significa mais taxas.
Este é o spread. Simples e bonito.
Parecido é o conceito de spread quando aplicado aos empréstimos bancários.
Neste caso, o spread pode ser visto como diferença entre o preço de compra e de venda.
O banco ganha quanto mais elevado for o spread, que indica a diferença entre quanto pagou para obter o dinheiro (em teoria, adquirido do Banco Central) e quanto ganhará ao emprestar o mesmo dinheiro (por exemplo, no caso dum empréstimo para a aquisição duma casa).
Lógico, assim, que será melhor para o cliente ter um spread baixo, quanto mais baixo possível: o banco ganha menos, mas nós poupamos mais.
Ipse dixit.
Fonte: Informazione Scorretta, Wikipedia (italiano), Il Sole 24 Ore.
"E, ao mesmo tempo, tentará encontrar dinheiro menos caro: o que significa mais taxas."
Não percebi muito bem "o que significa mais taxas", que relação tem com "tentará encontrar dinheiro menos caro".
Pergunta de leigo, talvez, mas agradeço a aclaração.
"mais taxas" para o cidadão pagar… pois o estado não encontrando dinheiro mais barato tem que obter financiamento pela outra via…
Pode sempre cortar nos serviços que presta… são meras escolhas!!!