Um Segunda de ordinária loucura

Será desta? Quem sabe…

A reunião das Mentes

O facto é que as Mentes Pensantes hoje estão reunidas em Bruxelas e não estava previsto.
O Chefe das Mentes, Herman Van Rompuy, convocou uma reunião de emergência.

Crise? Não, explica o porta-voz com um nome que mais parece o duma personagem de Walt Dinsey,  Birk De Backer: não é uma reunião de crise, é “um encontro para concertar posições”.
Ok, é uma reunião de crise.

À porta fechada vão estar o presidente da Comissão, Durão Barroso, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, e o comissário responsável pelos Assuntos Ecómicos e Financeiros, Olli Rehn. A nata da União, a elite das Mentes Pensantes. Que impressão!

Mas quais os assuntos? Basicamente dois:
1. Grécia (ainda…)
2. Itália

Grécia: falida mas com estilo

Oficialmente o tema central será Atenas.

Uma proposta francesa prevê genericamente o prolongamento da maturidade de 70 por cento dos Títulos detidos em obrigações.

Mas as agências de rating não gostam: Standard And Poor’s já avisou que vai considerar a Grécia em incumprimento selectivo (!!!), caso o novo pacote financeiro preveja esta condição.  

Ok, tentamos falar duma forma normal.

Existe uma proposta de França pela qual a Grécia pode adiar o pagamento de 70% da dívida.
Esta chama-se “reestruturação”.

Só que não fica bem dizer isso. Porque ao assumir a reestruturação, a União tem também de assumir que a Grécia não pode pagar as próprias dívidas, nem após o “resgate” do Maio passado, nem com o novo previsto para breve.

As agências de rating são más mas não são totalmente estúpidas. E já deram a entender que, no caso, a Grécia será considerada em estado de “incumprimento selectivo”. O termo é simpático e elegante, não há dúvida, mas seria melhor utilizar a expressão “bancarrota oficial”, mais clara e directa.

Próxima paragem: Italia?

Este o tema em foco.
Aparentemente.

Pois na verdade o assunto principal será outro, nomeadamente a morte do Euro. Pois o novo País nas miras dos “especuladores” é a Italia, para a qual não existe “ajuda” ou “resgate”: demasiado grande.

É desta? Talvez.

O Financial Times alerta que os fundos especulativos americanos estão a apostar na queda dos Títulos de Estado de Roma. E a altura parece favorável: o Ministro das Finanças, Giulio Tremonti, entrou em rota de colisão com o Primeiro Ministro, Silvio Berlusconi.

E não é apenas uma divergência: nas recentes eleições regionais, o Governo saiu derrotado de forma pesada, a suspeita é que a queda possa estar para breve, precipitando o País na incerteza.

Moral: melhor ter um olho nas Bolsas e os ouvidos em Bruxelas, pois o dia pode ser quente mesmo…

Christine: No travé la divíd! (mais ou menos…)

Uma última nota acerca do Fundo Monetário Internacional.

A directora-geral do (FMI), a simpática Christine Lagarde, interveio no debate político que divide democratas e republicanos sobre o endividamento dos Estados Unidos, pressionando o Congresso a um acordo para o aumento do limite da dívida pública.

Justo. Limites para quê? Afinal é a Terra da Liberdade ou não?
Então deixem a dívida correr feliz na vastas pradarias, deixem que possa crescer e multiplicar-se segundo os desenhos de Mãe Natureza.
Trava-la seria desumano, uma dívida em cativeiro é uma dívida que sofre.

Quanto devem os Estados Unidos? 14,3 milhões de milhões? Então, acham muito? As agências de rating não, por isso não fazem downgrade.

E a coisa mais divertida é que Washington será obrigada a aumenta-la, que goste ou não. Caso contrário, não terá capacidade para enfrentar as simples despesas de gestão.

A simpática Christine alerta para as “consequências devastadoras” que uma eventual entrada dos Estados Unidos em incumprimento teria a nível mundial, dizendo mesmo que não quer imaginar sequer um cenário desses.

Não quer? Eu não queria tantas coisas, mas mesmo assim….

Ipse dixit.

Fontes: Corriere della Sera, Público.

2 Replies to “Um Segunda de ordinária loucura”

  1. Creio que só um calote generalizado, um perdão total das dívidas, entre todos os países, possa ser uma saída.

Obrigado por participar na discussão!

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