O que falta na nossa sociedade?
Faltam heróis.
Alguém uma vez escreveu “Triste o povo que precisa de heróis”, ou algo de parecido: e a ideia é correcta, pois quando temos que esperar a intervenção de alguém “superior” para resolver algo, significa que as normais medidas não resultaram.
Ao longo da última década aconteceram coisas surpreendentes: o 11 de Setembro de 2001, a luta contra o terrorismo, os atentados em Madrid e Londres; a guerra no Iraque; a guerra no Afeganistão; o terramoto-tsunami no Japão, a consequente emergência nuclear.
Mas houve também coisas “surpreendentes” e menos espectaculares, mas nem por isso menos importantes.
A crise económica começada em 2008; a novela do aquecimento global; a gasolina que custa como o whisky. Aqui na Europa, o multiculturalismo e uma moeda sem valor.
Vivemos anos tão anónimos que são definidos como “complexos”: idiotices, pois vivemos anos que não têm ninguém que possa representa-los. E que por isso não ficarão na História, a não ser como curiosidade estatística. A História é feita de rostos e sem rostos não há historias.
É um tempo sem heróis.
Símbolo da busca frenética dum herói num tempo sem heróis é o Sr. “Yes We Can”, Barack Obama, a hábil operação de marketing político que levou milhões de Americanos a comprar um produto falsificado, com a promessa de que isso teria feito novamente História (e os corações baterem).
Só na América poderia ter acontecido algo do género? Nem por isso: é coisa que acontece também nos nossos Países. Um Sócrates, um Pedro Olha que Passa um Coelho (ou algo de parecido) em Portugal; um Berlusconi em Italia. E no Brasil, Dilma não era suposto ser o “Lula com a saia”?
Tecnocratas, sem estatura para desafiar os horizontes dos sonhos.
Ao observar as décadas anteriores é possível encontrar heróis.
Che Guevara e JFK são talvez os primeiros nomes que podemos lembrar. Mas além destas figuras, cujo papel de “herói” foi influenciado pelo “mito” sucessivo à morte, houve pessoas que marcaram fortemente a época deles: De Gaulle, por exemplo, Mao Zedung (ou Tse-Dung ou como raio se escreve).
E ao considerar também os “vilões”, pontos de referência não faltam: Stalin, até Hitler.
Salazar em Portugal (se o nosso desejo for considera-lo vilão, óbvio), Franco em Espanha (idem).
Nestes dias, pelo contrário, nem um vilão decente conseguimos encontrar.
Nem vilões, nem heróis.
Os vilões são actualmente figuras construídas, em alguns casos ex-amigos, em outros autênticos fantasmas.
E os heróis? Há alguém, além de Lady Gaga?
Qual o ponto de referência, seja positivo, seja negativo, de hoje?
Ehi, um segundo: mas este artigo não começava com o pensamento: “Triste o povo que precisa de heróis”?
Se não precisarmos de heróis, talvez é porque as coisas não estão tão mal.
Talvez seja isso.
Ou isso ou um insondável anonimato.
O leitor é que escolhe.
Ipse dixit.
E de lideres assim que o mundo precisa. entao max, que acha de uma figura heroica como ele surga no mundo e de um jeito nele, vc em sua opiniao diria que ele e pior que a democracia liberal ou melhor que um ditatura despota.
Olá Anónimo!
Não percebi: acha que precisamos dum novo Adolf Hitler?
Eu prefiro pessoas um pouco mais calmas. E outro tipo de regime.
Uma democracia directa, por exemplo, onde os cidadãos possam realmente escolher e votar nos candidatos favoritos. Coisa que hoje não acontece.
Esta seria também uma boa maneira de "criar" novos heróis.
Porque a actual sociedade é estruturada para os medíocres: os que declinam as próprias ideias perante os poderes, os que ficam satisfeitos com o que temos, os sabem que adaptam os próprios ideais face à quantidade de dinheiro oferecida.
Este não é um tempo para os heróis e nem poderia se-lo.
Porque tenho que escolher entre uma democracia liberal e uma ditadura despota? São estas as únicas opções que temos? Não, meu amigo: estas são, juntamente com os regimes comunistas, as únicas alternativas que são apresentadas como viáveis.
Claro: perante este leque, uma pessoa acaba com o escolher a democracia liberal. Mas há mais do que isso. Muito mais. É só abrir os olhos e decidir procurar.
Abraço!