A calma antes da tempestade

Bom, inútil gastar muitas palavras, o assunto foi amplamente tratado com boa antecedência: na dúvida, é só ver o que se passou nas várias Grécias e Irlandas.

Resumo.
Portugal, mergulhado nas dívidas, acabou de pedir ajuda internacional.

Isso significa que cedo chegarão, na ordem:
1. o dinheiro do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu (é a mesma coisa).
2. as ordens do Fundo Monetário Internacional.

Quanto dinheiro?
Na imprensa internacional fala-se de 80 mil milhões de Euros.

Quais ordens?
É possível responder com um exemplo: da última vez que o FMI esteve em Portugal, uma das exigências foi o fim da agitação social, leia-se nada de greves.

Quem mora em Portugal, nas próximas horas poderá até receber algumas boas notícias: por exemplo, o Governo acabou de abdicar da introdução das portagens nas vias denominadas SCUT.

E, provavelmente, aparecerão os especialistas que pintarão um quadro com tintas timidamente alegres. Por razões partidárias, por razões de auto-convencimento patriótico, por razões de cegueira económico-política, ou porque, muito mais simplesmente, vozes pagas pelos bancos.

Não se deixem enganar: é a calma antes da tempestade.
A realidade é só uma e irreversível: os destinos económicos de Portugal já não pertences aos Portugueses mas serão decididos fora do País. É assim que trabalha o FMI, é assim que deseja o BCE.

Os meus sentidos parabéns à classe política portuguesa:

  • ao Primeiro Ministro, José Sócrates, mentiroso até os derradeiros instantes (ontem, dia 06 de Abril: “Gabinete de Sócrates nega pedido de ajuda à UE avançado pelo Financial Times”)  
  • ao leader da oposição, Pedro Passa o Coelho, que em vez de ter em conta os interesses do País pensou apenas na oportunidade de governar (o PEC 4 era demasiado “pesado” para os Portugueses? Sem dúvida, melhores as próximas “ligeiras” medidas do FMI)
  • ao Presidente da República, cujo nada secundário papel na traição do País está a passar injustamente despercebido (obrigado Sr. Presidente para insistir na ajuda internacional enquanto o Governo trabalhava numa outra direcção, só espero que as contrapartidas prometidas pelos Seus chefes estejam à altura da Sua traição)
  • aos bancos, obviamente; e não deixa de ser amarga a constatação que afinal foram os únicos com uma atitude coerente nesta triste história.
  • e, obviamente, sem esquecer os Portugueses, que, à beira do mar, ficaram a olhar para as pontas dos próprios pés enquanto o barco passava.

Foram apanhados de surpresa? Aconteceu tudo muito depressa? Não tinham dado por isso? Uma situação nova e imprevisível?

Profecias para 2011:

Portugal

Portugal: Benfica campeão e FMI em Lisboa. Quando? O Benfica em Maio, o FMI antes: Março parece-me um bom mês, chegam as andorinhas e pode chegar também a “ajuda” internacional.

Errei acerca do Benfica (sigh…) e só de 7 dias acerca da ajuda.
Se um estúpido blogueiro pude escrever isso no já longínquo Dezembro de 2011, que ninguém por favor fale em surpresa.

Agora vamos em frente.
Há vida além de Portugal.

Ipse dixit.

2 Replies to “A calma antes da tempestade”

  1. Eu por acaso era mais pessimista e apontava o pedido de ajuda internacional para Fevereiro e obviamente que previa o Porto campeao 🙂

Obrigado por participar na discussão!

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