O eterno Far West

O frio avança em Millersburg, Ohio, e não há nada melhor do que um pouco de lenha no fogão para aquecer o ambiente.

Por isso Deborah pede ao filho para recolher um pouco de madeira, perto de casa. Mas o filho não concorda e, após a discussão, pega na caçadeira é mata a mãe com um tiro na cabeça.
Mas o filho não é um assassino de profissão e avisa um vizinho: “Chamem a polícia, atingi minha mãe”.

Uma vez chegados, os polícias pouco podem fazer: para Deborah McVay, que geria um centro de assistência sanitária para crianças com deficiência, já não há nada para fazer.
No quarto do filho encontram outra caçadeira, uma calibre 12 debaixo da cama, mas duas calibre 22 penduradas na parede. Normal, nos Estados Unidos todos podem possuir armas.

Só que neste caso, o dono das 4 caçadeiras, o filho que matou a mãe, tem 10 anos.

“Um grande momento na história americana”

Não é um caso isolado: é relativamente simples encontrar notícias acerca de crianças com armas nos Estados Unidos. A lobby dos fabricante de armas conseguem difundir a ideia pela qual cada cidadão tem o direito de possuir armas para poder-se defender.

Mas defender-se de quem? Dos outros cidadãos que compraram livremente armas para praticar assaltos.

No passado mês de Junho, a Corte Suprema dos EUA estabeleceu que as medidas tomadas por vários Estados da Federação com o fim de reduzir a posse de armas devem ser considerados inconstitucionais.
A Segunda Emenda estabelece mesmo isso: cada Americano, em qualquer zona dos Estados Unidos, tem o direito de possuir armas.

A National Rifle Association (NRA), a associação dos fabricantes, definiu a decisão como ”um grande momento na história americana”.

O seguinte gráfico bem ilustra o “grande momento” da história americana: é o número das armas por cada 100 habitantes nos vários Países, enquanto ao lado do nome do País é possível encontrar o total das armas presentes, em milhões de unidades:

Colt e cerveja

E, de facto, após a decisão da Corte Suprema as coisas estão a mudar: quatro Estados acabaram de promulgar leis que permitem entrar num estabelecimento público armados. Mesmo nas lojas onde é vendido alcool.

“Uma cerveja fresquinha, por favor. Importa-se se apoiar a minha Colt aqui no balcão? É que há tanta violência hoje em dia…”. Uma piada? Não, uma realidade no Tennessee, Arizona, Georgia, Virginia e em mais outro 18 Estados.

Resultado: nos Estados Unidos circulam no mínimo 200 milhões de pistolas.

E repare-se: já em 2005 o Congresso tinha aprovado uma lei pela qual os produtores e os vendedores de armas não pode ser alvo de acções legais promovidas pelas vítimas de crimes.     

“Foste baleado com a nossa Remington XP-100? Azar, nada mais. Nós vendemos armas, não dizemos para utiliza-las.”

Mais presos = Menos crimes?

Mais armas significa mais crime. Uma equação simples que cada pessoa pode entender. Cada pessoa que não seja um Americano, pois, como vimos, as armas são um direito inalienável. Neste caso, como combater o crime? Simples, com mais prisão.

Na América há  308 milhões de habitantes e 2,3 milhões de pessoas na prisão; na Europa, com 330 milhões e habitantes, existem 3-400mil prisioneiros.
Nos Estados Unidos, se juntarmos os presos com as pessoas em liberdade condicional à espera de julgamento, obtemos o total de 4 milhões de pessoas. Nos anos 60, havia 300 mil presos e 150 mil pessoas em liberdade vigiada e condicional. Um aumento de 8 vezes.

Nos últimos 30-40 anos os juízes começaram a  com condenação de 20 anos, enquanto na Europa, pelos  mesmos crimes, apanha-se um ano com a condicional. E depois há milhares de penas por crimes que não existem em Países civilizados.

Sogras…

O caso mais recente é o dum jovem técnico de informática, sem antecedentes criminosos, que estava deprimido e havia litigado com a esposa; disse à mãe que “ia fazer alguma coisa.”
E a mãe, ingenuamente, chamou a polícia. Que chegou e descobriu que o técnico tinha uma arma, regularmente declarada.

Ficou com uma pena de sete anos de prisão por causa dos polícias terem relacionado as frases que tinha dito à mãe com o facto de possuir uma arma.  Ele não tinha feito nada, apenas tinha conversado com a mãe numa altura de depressão, nunca tinha batido a esposa, e a arma, como vimos, estava regularmente declarada: mas foi acusado de ter a intenção de matar a esposa.

Sete anos de pena, agora está na cadeia no meio de criminosos.

Observem os seguintes gráficos: até 1970 havia cerca de 300 mil pessoas na prisão nos Estados Unidos, hoje são 2,2 milhões: um aumento de 600%

E não surpreende o facto dos Estados Unidos serem o País com a maior população prisional:

Afinal, a Segunda Emente fala claro…

Ipse dixit.

Fonti: Liberazione, il Nuovo, Cobraf
Gráficos: Wikipedia , Ohio Free Press

4 Replies to “O eterno Far West”

  1. Claro, claro, nos EUA o cidadão de bem pode adquirir sua arma, sem restrições de calibres, pode portá-la, mas lá é que a criminalidade explode, na Suíça onde o sujeito após cumprir o seu periodo de serviço militar leva o seu fuzil e sua pistola para sua casa (sempre houve a cultura do soldado cidadão) e se tem portanto um percentual da população fortemente armada os crimes também estão na estratosfera (ih, não estão, mas o raciocínio de mais armas mais crimes para onde vai hein? Detalhe que você inclui nessa sua equação as armas nas mãos dos cidadãos de bem, armados legalmente). Bom é o Brasil, que você tem a limitação de calibres, para os cidadãos de bem é claro, e você pode ter o seu revólver no máximo no calibre 38 e sua pistolinha no calibre .380 (que nas melhores configurações de munição é similar à porcaria do anêmico 9 makarov), é um parto para você conseguir comprar a sua arma e um parto e meio para conseguir um porte, que estupidamente é concedido à arma e não ao cidadão (vale para uma de suas armas especificamente, se precisar de manutenção você vai ficar no sereno pois não pode usar outra arma com o mesmo porte), mas é bom afinal no Brasil temos apenas….cerca de 50.000 homicídios por ano, mas é a política dos EUA que está errada nesse aspecto, claaaaaaaaro. Nossos “hermanos” argentinos riem da nossa cara, pois eles não estão sujeitos a essas limitações e adivinhe, a taxa de homicídios deles por habitantes também é menor que a brasileira.

    Muito boa a sua lógica de que mais armas mais crimes viu. 100%

    Agora quem sempre gostou muito de tirar as armas das mãos dos cidadãos de bem foram todos os debilóides ditadores de esquerda, aliás isso até fazia parte do “decálogo”camarada Lênin.

    Mas tudo tem que se reduzir a alguma espécie de maldade capitalista, num choro eterno. Pois bem, capitalismo é um horror, só perde no tanto que ele é horrível… para os demais sistemas.

    Lá na Rússia o cidadão comum via de regra não pode ter armas, que maravilha está lá não ? Máfia russa, o estado mesclado ao crime, tudo isso é uma maravilha, e esse mesmo estado é que diz se você pode ou não ter sua arma.

    Capitalismo de fato vende um monte de ilusões, mas o bom dessa história é que é você que terá que decidir se aceita ou não, responsabilidade pessoal, coisa que todo maluco de esquerda detesta pois prefere o estado-babá, que garante, mas não muito, a sua existência pedindo em troca só a sua liberdade, sua autonomia. Essas NWO que você tanto fala tem tudo a ver com a birutice esquerdista, aliás basta dar uma boa olhadinha que você vai perceber que a esquerda como alternativa de Nova Ordem jamais existiu, muito pelo contrário, já desde a revolução russa você tem grandes fortunas financiando essa ideologias estúpidas e os “salvadores” esquerdistas só fazem concentrar o poder para si e colocar os diziam que iam salvar numa fria ainda maior.

    Bom até algum tempo atrás eu até que estava gostando do seu blog, mas essas agora de reclamar do direito do cidadão possuir armas, usar aquelas estatísticas que os anti-armas tiram de dentro do próprio reto, com uma metodologia de pesquisa bem estranha foi de doer, e aliás as diretrizes para desarmar os cidadão vem justamente da “NWO”, ONU, e pessoas e grupos que não estão exatamente ligando para nossas liberdades individuais.

    A propósito há um ótimo livro chamado “Mais Armas, Menos Crimes”, do professor John R. Lott Jr, com uma metodologia verificável e constantemente atualizado, mas é claro que sempre pode se choramingar que ele é um malvado arauto do capitalismo e das fábricas de armas (que do jeito que você colocou fez parecer que todo sujeito que fabrica armas é um malvado interessado somente nos conflitos, como se as pessoas não comprassem armas até por colecionismo mesmo que nem pratiquem).

  2. Estou perplexo, não esperava ler isto. Vamos lá tentar mostrar-te outra perspectiva Max.

    Vamos começar com a população prisional, no artigo dás a entender que dada a facilidade em arranjar armas de fogo legalmente nos EUA são a causa, eu discordo e digo que a razão é a guerra contra as drogas:

    http://www.drugwarfacts.org/cms/Marijuana#Total

    http://stopthedrugwar.org/chronicle-old/409/toohigh.shtml

    Portanto, na minha opinião, a grande população prisional dos EUA deve-se ao exagero da guerra contra as drogas que escalou nos anos 70 com Nixon (ver o Documentário "Grass" para mais esclarecimentos sobre o escalar da guerra ao longo dos anos).

    Agora em relação à disponibilidade das armas de fogo e a potencialidade de crime derivado de tal, concordo que vai aumentar pela simples razão que a população dos EUA anda a ser drogada pelas farmacêuticas à décadas, portanto casos de depressão e outras condições mentais menos favoráveis misturadas com a situação económica que os espera, podemos esperar muita tensão e ver pessoas virarem-se umas contra as outras:

    Dado os perigos devemos proibir a compra livre de armas? Eu não acho, se há coisa que história ensina é que o que é ilegal cria mercado negro e isso cria crime e preços altos (bom negócio para quem vende) e dificilmente se vê uma mãe ou pai a ir até à esquina da rua comprar uma arma. Logo da maneira como está o mercado é regulado e (supostamente) são mantidos registos das armas, agora a mãe e o pai já vão a uma loja comprar uma arma, registada em seu nome, para protecção ou seja lá qual for a razão e se essa for de matar alguém legal ou ilegalmente a pessoa arranjaria sempre uma arma (já todos vimos as reportagens da SIC ou TVI que mostram o quão fácil é arranjar armas no país).

    Num futuro próximo se os EUA virem o país invadido por tropas estrangeiras, seja com capacetes da ONU ou NATO (possível razão "Martial Law" que irá acontecer eventualmente!) terão meios de protecção, pelo menos mais que qualquer outro país.

    Para terminar, as próprias prisões já são um negócio, não te esqueças que já muitas são privadas. Se usam ou não os prisioneiros para trabalho de mão barata não sei, mas nada é privado que não sirva para gerar lucros portanto quantos mais prisioneiros melhor o negócio.

    Boa reflexão, abraço.

  3. Passei meia hora a escrever um post para a google me dizer que era demasiado longo para publicar e perder tudo, ESTOU FRUSTRADO!!!!!!!! Basicamente discordei com o teu post Max mas não vou escrever mais por agora!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Obrigado por participar na discussão!

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