Eurobond: um bom começo

Outra vez? Pois é.

Portugal procura dinheiro, outra vez. E as taxas sobre os próprios Títulos de Estado sobem, outra vez.
Nada que não tivesse sido previsto.

Os juros da dívida portuguesa encontram-se em máximos históricos, depois do IGCP [Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, NDA] ter dito que vai fazer a primeira colocação de obrigações portuguesas na próxima quarta-feira.

A Bloomberg está a avançar que a autoridade monetária europeia comprou dívida portuguesa e cita duas fontes do banco não identificadas.

A notícia surgiu na manhã em que os juros das obrigações portuguesas tocaram novos máximos históricos. As compras terão envolvido títulos de dívida portuguesa de curto prazo, segundo a agência noticiosa.  […]

Os juros da dívida pública a 10 anos já tocaram um novo máximo histórico nos 7,161% e encontram-se ainda acima do anterior máximo de 10 de Novembro, quando negociaram com um juro de 7,036%. O agravamento dos juros verificado hoje, ocorre depois de uma subida de mais de 30 pontos na sessão de ontem. […]

“Os leilões da próxima semana serão o primeiro teste ao mercado primário [das emissões]”, disse o estratega de investimento em obrigações UniCredit, Kornelius Purps, à Bloomberg. “Não existe um interesse de compra renovado.”

E se Portugal não ri, no resto da Europa a situação não é melhor:

Também em Espanha se verifica uma subida dos juros. A remuneração da dívida a 10 anos progride 7,3 pontos base para 5,533% e sobe 10,2 pontos base para 4,921%. Já nas obrigações a dois anos, os juros ascendem 13,7 pontos base.

Em Itália a taxa de juro a 10 anos progride 4,8 pontos base para 4,815% e na Bélgica os juros sobem oito pontos base para 4,145% na mesma maturidade.

Esquisito, não é? O leilão dos novos Eurobond foi um sucesso, agora os “bonds” dos vários Estados fracassam.

Explicação? Sim, uma: o leilão dos Eurobonds teve a participação exclusiva dos investidores institucionais, simpático termo para indicar os bancos. Os mesmos bancos que depois não “empurram” nas compras dos Títulos de Estados dos vários Países.

O que querem demonstrar os Bancos?
Simples: que os Eurobonds são a solução. Solução ideal, pois endividam todos os cidadãos da União.

No específico, os Eurobond foram emitidos para salvar os bancos irlandeses, os mesmos que devem rios de dinheiros aos bancos de toda Europa; e estes Eurobonds foram adquiridos pelos “investidores institucionais”. Com qual dinheiro? Com o dinheiro das contas, o nosso dinheiro.

Por isso:

Quem salvou os bancos irlandeses e, de reflexo, os bancos credores europeus? Nós.
Quem ficou com a dívida desta operação? Nós.
Qual a novidade? Nenhuma: o plano para tornar os cidadãos europeus escravos dos bancos continua sem obstáculos.

Como inicio do novo ano não é nada mal.

Fonte: Jornal de Negócios

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