Viver sem dinheiro

É possível viver sem dinheiro?

Sim, é possível. Não parece ser realidade numa sociedade como a nossa, onde tudo tem um custo. Mas alguém consegue. E gosta, tanto que uma simples experiência tornou-se agora um estilo de vida.

Jornal de Notícias:

Viver sem dinheiro é possível. Mark Boyle quer prová-lo e, há mais de um ano, traçou um audacioso plano que, apesar de alguns reveses, manteve.
Inspirado em Gandhi, este irlandês de 29 anos abraçou uma causa – abolir o dinheiro como base de uma sociedade mais generosa e menos consumista.

Vive numa roulotte, junto a uma zona de cultivo biológico em Bristol (Inglaterra), come o que produz, troca ou recebe, cozinha numa fogueira e alimenta a energia solar o telemóvel (que só recebe chamadas) e o computador. Acredita na partilha, na parcimónia, na interdependência.
O ponto de viragem aconteceu em 2001, quando Mark, então estudante de Economia, viu o filme “Gandhi”. A vida do pacifista indiano impactou-o de tal forma que decidiu ser a mudança que deseja ver no Mundo.

Despertou para as questões ambientais e resolveu ganhar dinheiro de forma ecologicamente correcta. Criou uma empresa de produtos orgânicos e o negócio corria bem, mas Mark continuava insatisfeito.

“Dei-me conta de que nem mesmo negócios sustentáveis conseguem mudar as coisas”, conta no seu blogue.

Na procura do seu próprio caminho, descobriu que não bastava diagnosticar os problemas. Era preciso chegar às causas. Intervir.

“Decidi tornar-me um homeopata social, um pró-activista, e investigar as raízes dos sintomas”, explica Mark.

Nova vida, novo nome. Escolheu Saoirse, palavra em gaélico que significa Liberdade. O passo seguinte foi fundar uma comunidade virtual para troca solidária de conhecimentos e serviços, a Freeconomy.

O princípio é que todos têm algo que podem oferecer, seja uma explicação, um corte de cabelo – um dos serviços mais trocados -, uma reparação. Em quase dois anos, cerca de 15 mil pessoas de 118 países inscreveram-se no Freeconomy.

No ano passado, tentou ir a pé até à terra natal do seu mentor, mas ficou por França. Regressou à roullotte e continua a viver o seu sonho de um mundo sem dinheiro.

Boyle acredita que o próprio estilo de vida seja excêntrico hoje, mas perderá este cariz no futuro próximo:

Nos próximos 20 anos as pessoas terão de repensar a forma como vivem, consomem e desperdiçam. O meu plano é mostrar que é compensador e que podemos.construir uma comunidade sem dinheiro.

 Um estilo de vida que também enriquece. Não com dinheiro, claro:

O que aprendi? Que a amizade, não o dinheiro, é a segurança real. Que a pior pobreza ocidental é de tipo espiritual. Esta independência é realmente uma interdependência. Sem uma televisão com ecrã de plasma, as pessoas pensam que você é um extremista.

Vontade de voltar atrás?

Muitas vezes as pessoas perguntam se sinto falta do meu velho mundo de lucros e de negócios. Stress. engarrafamentos. Os extractos bancários. As contas.

Resposta bastante clara.

Do blog de Mark Boyle, duas frases:

O dinheiro tornou-se um anel que usamos inserido no nariz, o que nos permite ser conduzidos por aqueles que o controlam.
Mark Kinney

Procura o mais curto, o mais simples caminho entre a terra, as mãos e a boca.
Lanza Del Vasto

Fontes: JustForTheLoveOfIt, Jornal de Notícias
Imagem livro: The Guardian

One Reply to “Viver sem dinheiro”

  1. Caro Max, a edição portuguesa de "O Homem Sem Dinheiro" foi publicada há semanas pela Bertrand Editora.

    "O Diabo" da próxima terça-feira irá publicar a minha resenha do livro em questão (cuja compra sugiro a toda a gente).

    Só tenho pena de não ter sido eu a publicar este livro, mas se tivesse sido o mesmo não teria o alcance que deve ter.

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