BP: progressos frustrantes

Não há paz para a BP.

Aliás, não há paz para as águas do Golfo do México.

Top Kill?
Parada, pela segunda vez. E agora as dúvidas aumentam. Após a cúpula e o siringão, também a operação dispara-bolas-de-golfe-no-buraco não promete nada de bom.

Ansa de hoje (00:01 horas):

Dois dias ainda, e talvez mais, para ver se Kill Top trabalha, mas os problemas técnicos multiplicam-se no esforço para parar a catástrofe do petróleo que sai desde 1.500 metros sob o mar.

Hoje a operação foi suspensa pela segunda vez, após a BP ter disparado no poço pedras, pedaços de pneus e cabos (e bolas de golfe! NDT) numa tentativa de obstrui-lo e poder prosseguir com a injecção de lama especial da qual é esperado o corte do fluxo.

Um técnico da BP falando anonimamente com The New York Times contraria o administrador Tony Hayward, segundo o qual a operação é “prossegue bem”. Hayward tinha prudentemente estimado em 60-70 por cento a chance de sucesso porque a tecnologia Top Kill nunca foi usado nas águas assim profundas.

“Muito do que podemos ver sair do poço é lama”, tinha afirmado Hayward, que pela primeira vez em mais de um mês falou do derramamento como duma catástrofe ecológica, não um mero acidente. Até agora, os técnicos da BP tinham notado somente um sucesso parcial: o petróleo para de sair até que o fluido é bombeado no poço. O problema que as operações de bombeamento procedem de forma não continuada.

O técnico da BP fala em progressos frustrantes. Apesar das injecções com vários níveis de pressão, os engenheiros não conseguiram manter mais do 10 % da lama nos tubos.

Segundo a fonte do New York Times, as melhorias desde o começo da operação Top Kill foram mínimos. ‘Não sei se podemos recolher suficiente lama para faze-lo funcionar – afirmou o técnico – todos neste momento estão decepcionados.”

Um porta-voz da BP, Andy Gowers, disse que a empresa não pretende comentar cada passo da operação. Top Kill continua e continuará por mais 48 horas, disse Gowers. Segundo Thad Allen, o coordenador das operações em nome do governo que tem acompanhado Barack Obama nas costas da Louisiana, o fluxo de petróleo é agora contido mas poderia retomar.

Para a sociedade, de acordo com estimativas oficiais, o custo do desastre e de quase um bilhão de dólares: uma gota (de petróleo) no oceano dos lucros da multinacionais que no ano passado facturou 14 bilhões de dólares

Segundo a Agência Estadão agora nos EUA fala-se de boicote:

Cresce o movimento de boicote à empresa na internet. No Facebook, o número de fãs da página “Boycott BP” está ganhando velocidade espantosa. De alguns milhares na semana passada, a página tinha hoje 181.715 pessoas.

“Será que ninguém mais pensa que é hora de parar de dizer derramamento de petróleo? Trata-se de um fluxo ininterrupto, uma hemorragia”, disse Anita Heisley Harrington em um dos comentários.

Quando se digita no site de busca Google as palavras “boycott BP” aparecem 2,1 milhões de resultados. Em português, as palavras “boicote BP” mostram 63.200 resultados.
Vários sites estão vendendo modelos de camisetas com os dizeres “Boicote à BP”, em inglês. Em um deles, vários modelos são apresentados ao preço de US$ 21,95.

Se não fosse a maior catástrofe ecológica, até seria divertido…

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