Voar prejudica a saúde?
Depende. Se no vosso continente existe um vulcão em fase de erupção, então voar pode causar sérios problemas. Sobretudo aos motores dum avião, motores que parecem não digerir da melhor forma as cinzas vulcânicas.
Mas há quem diga que não, que uma nuvem de cinzas é um efeito cénico bem vindo que diverte sobretudo os passageiros mais pequenos.
Tentamos fazer um pouco de clareza. O que não é simples.
As companhias aéreas lamentam perdas consideráveis: segundo o ICAO, International Civil Aviation Organization, os prejuízos provocados ao tráfego internacional ultrapassam os causados pelos atentados de 11 de Setembro de 2001. Podemos questionar o bom gosto desta comparação, mas mesmo assim os dados apontam para uma perda diária de mais de 200 milhões de dólares. E já na UE há quem fale em ajudas excepcionais.
Esta a vertente económica.
Impressionante, sem dúvida, mas talvez um passageiro esteja mais interessado na própria saúde antes das condições financeiras da companhia. Que dizer: saber que o nosso avião pode aterrar assim como levantou voo é um pensamento reconfortante. O mesmo não se passa quando a ideia é a do avião sofrer avarias fatais: neste caso, predomina uma certa tendência para o pânico. O que estraga tudo.
Por isso as companhias aéreas realizaram testes. Os resultados? Perfeitos.
KLM e Lufthansa fizeram voar os próprios aviões no meio das cinzas. E os aviões ficaram como novos. Os motores gostam de cinzas, os sistemas eléctricos funcionam ainda melhor e os passageiros podem gozar de irresistíveis panoramas com efeito fumado.
Moral: não há contra-indicações.
Questão resolvida? Nem por isso.
Também a Nato conduziu experiências e os resultados são exactamente os opostos.
Eis a foto dum F 18 após o voo de teste:
Cinzas vitrificadas nos motores do caça. O que, realça a Nato, justifica os receios.
As cinzas podem penetrar nas câmaras de combustão, cuja temperatura ronda os 1.400 º C, e solidificar na turbina, provocando perda de potência e até o bloqueio do motor. Podem também contaminar o sistema de ar no interior do veículo e até o sistema eléctrico. Isso o que dizem os pesquisadores. De facto, não há um suficiente conhecimento dos efeitos destas partículas nos motores dos aviões.
Então, como ficamos?
Ficamos com a impressão que o stop aos voos foi coisa boa e justa, pois ainda não é claro qual o derradeiro efeito que a nuvem de cinzas pode provocar.
E ficamos também com a sensação das companhias aéreas terem pressa: pressa de amortizar os prejuízos.
Até o ponto de arriscar graves acidentes? Talvez não. Seria um duro golpe para as mesmas companhias: de imagem e económico, pois podem imaginar a atitude das seguradoras num cenário como este…
Ipse dixit
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