A guerra é guerra.
Podemos chamá-la de outra forma, como operação de paz, mas a substância não muda.
O site WikiLeaks hoje publica um vídeo inerente a factos acontecidos no Iraque em 2007: trata-se do assassinato de 10 civis iraquianos, de Namir Noor Eldeen, jornalista da agência Reuter, e do seu motorista, Said Chmagh.
A Reuter já tinha pedido o vídeo às autoridades americanas mas estas responderam de forma negativa. WikiLeaks afirma ter obtido o filme a meio de uma não especificada “fonte interna”.
No vídeo aparece um grupo de pessoas, entre as quais Eldeen e Chmagh que carregam algo. Quem observa a cena são os pilotos de um helicóptero Apache; e eles pensam ver armas, nomeadamente lança-foguetes Rpg. Na verdade são fotocâmaras, mas o destino dos homens está traçado. Pouco depois o Apache abre fogo e semeia morte.
Said, ferido, tenta mexer-se e um dos pilotos diz via rádio
Tudo aquilo que tem que fazer é recolher a arma
Pouco depois chega uma carrinha com os socorros e o piloto pede autorização para abrir o fogo outra vez. Autorização concedida e para Said não há hipótese.
Mais logo chega uma patrulha americana e se apercebe dos factos: na carrinha encontram-se ainda duas crianças feridas.
O comando americano afirma que os dois dependentes da Reuters nada fizeram para ser reconhecidos.
A investigação do Pentágono acabou em nada pois segundo as autoridades os pilotos não podiam saber que entre os civis havia também reporters.
Não há culpados, é uma acção de guerra. Tudo normal.
Mudamos de país e tratamos de Afeganistão donde chega uma outra notícia.
O Times de Londres afirma que no passado dia 12 de Fevereiro forças especias do excército americano mataram 3 mulheres por erro.
Até aqui nada de grave, acontece, como vimos no caso do Iraque. Tudo normal.
O problema é que os soldados extrairam as balas e limparam as feridas com alcool para esconder o acontecimento.
E, embora o comando da Nato tivesse desmentido num primeiro tempo, agora confirma.
Ao que parece, as forças dos EUA cercaram uma casa onde se pensava estivessem talibãs e onde, pelo contrário, havia uma festa pelo nascimento duma criança. Pormenores, que não impediram aos soldados de matar dois homens e as mulheres, ambas grávidas.
A guerra é guerra.
Ipse dixit.